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É de responsabilidade da interface digital do REA, a depender da sua complexidade, o oferecimento da informação sobre o tipo de ferramenta que o

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO

Premissa 3: É de responsabilidade da interface digital do REA, a depender da sua complexidade, o oferecimento da informação sobre o tipo de ferramenta que o

usuário está utilizando e o entendimento da real necessidade desse usuário. Para isso, faz-se necessário a aplicação de estudos sobre o comportamento e sobre as práticas informacionais desse usuário.

Para entender como a interface digital poderá fazer a mediação entra a informação e o usuário, aborda-se agora um tópico sobre mediação e apropriação da informação.

Sobre os estudos de usurários, na forma de ressalvas, González-Teruel (2011) pondera sobre um conjunto de aspectos que considera ter bastante relevância, os

quais influenciam diretamente na realização destes estudos, mas que nem sempre são considerados:

 se o usuário que tem uma necessidade informacional não vai buscar a informação, ele não entra nos estudos, e seria importante saber o porquê de não buscar essa informação (GONZÁLEZ-TERUEL, 2011);

 o contexto anterior à busca, ou o que estimula o usuário buscar essa informação;

 as barreiras que o usuário deve ultrapassar para obter essa informação, incluindo sua falta de habilidade para utilização de um determinado sistema (GONZÁLEZ-TERUEL, 2011); ou ainda

 a opção de um determinado sistema por outro (GONZÁLEZ-TERUEL, 2011). Para se compreender como a interface digital poderá fazer a mediação entre a informação e o usuário, na sequência, serão apresentados aspectos gerais da mediação e apropriação da informação.

3.3 Mediação e apropriação da informação: aspectos gerais

De um modo bem geral, as informações utilizadas no cotidiano são produzidas em um contexto e utilizadas em outro. Essa é também uma realidade no contexto dos REAs, estes são produzidos em um determinado contexto, com uma intenção específica para atender diferentes demandas informacionais. E, por ser um objeto de informação aberto, pressupõe-se que o acesso esteja disponível a qualquer pessoa, porém esta característica exige ações próprias para que o usuário tenha, além do acesso físico, o acesso cognitivo. Por isto, é evidenciado o desafio de aproximar o contexto de produção da informação presente nos REAs do contexto de uso deste recurso, o que não é uma tarefa simples, por tratar-se de, no mínimo, dois contextos ancorados em referenciais distintos. Dessa forma, nesta seção, primeiramente, é apresentado o conceito de mediação da informação e, posteriormente, o de apropriação da informação.

3.3.1 Mediação da informação

Os processos de ensino-aprendizagem trazem, implicitamente, a transferência da informação, a qual não é suprida somente com o acesso físico. Uma vez que o acesso depende de uma ação com origem numa demanda individual e da organização física da informação em algum suporte. Enquanto, por outro lado, a transferência da informação, além do acesso, depende da existência de um processo comunicativo entre as partes (ou atores) envolvidas – a parte que quer a informação (receptor) e a parte que a possui (emissor) –, com o intuito de viabilizar a apropriação da informação. Contudo, cabe lembrar que se trata de um processo complexo, uma vez que este mesmo processo deve considerar os universos social, psicológico e cognitivo, visto que o problema não é relativo ao acesso ou disponibilização da informação, mas é uma questão relativa à competência para utilizar um conhecimento que não está disponível de forma concentrada e integrada (SMIT, 2009, p.63). Evidentemente, neste caso, há grande dependência da comunicação para promover o processo de transferência da informação. Nesse sentido, Smit (2009), a exemplo de Fujino (2000), destaca a ação de mediação da informação como uma atividade essencial para a promoção do acesso cognitivo à informação e, fundamentalmente, promover a apropriação desta.

Observa-se que, no caso dos REAs, a mediação está presente em todo o processo de ensino-aprendizagem, particularmente quando, no ato de ensinar, encontra-se a necessidade de existir interação entre contextos, produzindo diálogo entre a fonte e o receptor e, com isto, busca-se favorecer e promover a alteração da realidade por meio da apropriação da informação pelos usuários de REAs.

Neste caso, a mediação se faz necessária, pois é preciso estabelecer um fluxo comunicativo, para que sejam concedidas condições de uso da informação contida nos REAs pelos usuários deste recurso, tendo em vista a necessidade que este usuário tem de (re)significar a informação recebida e modificar sua realidade (MARTÍN-BARBERO, 1997), a partir de uma nova informação recebida e internalizada. Particularmente neste trabalho e enquanto objetos informacionais, os REAs devem ser apresentados em formato adequado – em termos de forma,

conteúdo e acessibilidade – aos usuários deste recurso. Portanto, no caso dos REAs disponíveis em ambientes digitais, torna-se imprescindível a disponibilidade de uma interface (ou camada) de mediação, a qual deve ser capaz de fomentar a devida aproximação do usuário (em seu contexto – o de uso) com o conteúdo informacional (também no seu contexto – o de produção).

Claramente, no caso dos REAs, os quais não são “culturalmente neutros”, a mediação é essencial. Especialmente, quando se busca, por meio de recursos tecnológicos (como as TICs), aproximar informação e usuário, bem como, cultura e sujeitos, nota-se que faz-se necessário algum tipo de “tradução”, a qual torne possível prover significação e compreensão às partes (ALMEIDA, 2013). Assim, cabe lembrar, conforme Garcia et al. (2011), que a mediação é uma ação que se faz presente em todo o processo informacional da área de CI. Neste caso e no contexto deste trabalho, adotou-se o conceito de mediação apresentado por Martín-Barbero (1997) que analisou o processo e a expressão mediação, expondo a necessidade de se estudar os meios, objeto de estudo da área de Comunicação, considerando as significações dadas pelos indivíduos, a partir das comunicações realizadas nesses meios. Percebe- se, nesta abordagem que o meio apresenta conotação de espaço, onde tudo está disperso, e a mediação consiste na ação que organiza o que está disperso no meio. Em linhas bem gerais, Silva (2010, p.42) sintetiza o conceito de mediação como “o lugar onde se outorga o sentido à comunicação”. Assim, considerando os pressupostos associados à definição de REA, o conceito de mediação proposto por Martin-Barbero (1997) é o que mais se adequa às características dos REAs. Os autores, Martin-Barbero e Muñoz (1992), define o espaço de mediação como

[...] lugar de onde é possível compreender a interação entre o espaço da produção e o da recepção o que [a mídia] produz não responde unicamente a requerimentos do sistema industrial e a estratagemas comerciais, mas também a exigências que vêm da trama cultural e dos modos de ver28. (MARTÍN-BARBERO e MUÑOZ, 1992, p.20)

28 Lembrando que para a obra de Martín-Barbero (2007) é voltada para o entendimento do conceito de informação com o olhar na expansão da influência social da mídia de massa, da imprensa diária de grande tiragem, do rádio e da televisão.

Na mesma linha, Fujino e Jacomini (2007) utilizam os conceitos de mediação de Martin-Barbero (1997) e Orozco-Gómez (1997) e definem mediação como

“é um conjunto de influências que estrutura, organiza e reorganiza a percepção da realidade em que está inserido o receptor e simultaneamente o lugar que possibilita compreender as interações entre o espaço da produção e o espaço da recepção” (FUJINO; JACOMINI, 2007, p.82). No caso dos REAs, a plataforma em que estiverem inseridos ajudará a construir o espaço de mediação, que se dará a partir de uma interface digital oferecida pelo recurso. Dessa forma, o design dos REAs e de suas plataformas deve ser pensado com profundidade para abarcar a construção desse espaço de mediação, que tem de ser voltado para o usuário, considerando seu papel ativo no processo de apropriação da informação. Isto porque, os REAs são ferramentas que potencialmente contribuirão para o desenvolvimento das capacidades intelectuais de seus usuários, de modo que esses sujeitos tenham mais autonomia para se apropriar de informações, com criticidade. Assim, com um espaço de mediação bem construído na interface do recurso, conjectura-se que o sujeito se apropriará da informação também no campo simbólico, promovendo, assim, a interação social de uma maneira ideal.

Por isso, antes de tratar do conceito de apropriação da informação, traz-se aqui mais uma Premissa para a criação de REAs:

Premissa 4: O sistema onde o REA estiver inserido, juntamente com sua