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Resultado diagnóstico nas empresas – caracterização

No documento 2018CristianTeixeiraMarques (páginas 81-87)

4.1 DIAGNÓSTICO LOCAL

4.1.3 Resultado diagnóstico nas empresas – caracterização

Ao todo foram contatadas 21 empresas, sendo inclusa neste total a empresa do teste piloto, conforme já descrito no item 3.4.1 da metodologia. Dessa amostragem de 21 empresas, 12 responderam ao questionário e as demais não se pronunciaram.

O questionário aplicado às empresas foi estruturado em duas partes distintas, sendo a primeira responsável pela realização de uma caracterização da empresa, buscando identificar o segmento de atuação, os tipos de obras, o número de funcionários, o público-alvo, o número de obras já executadas, entre outras informações.

Os dados iniciais das empresas participantes da pesquisa podem ser visualizados na Tabela 3. A fim de não haver a identificação das organizações, essas foram renomeadas com números, sendo que a empresa 1 é aquela que ficou com a melhor colocação no resultado do diagnóstico deste trabalho e assim por diante, conforme ainda será explanado na sequência com o ranking (Figura 27).

Tabela 3 – Dados das empresas

EMPRESA 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Ano de início de atuação

no mercado (ano) 2007 2013 2009 1984 2008 1996 2009 1975 1984 2011 2004 1998 Obras/projetos já executados (und.) 4 2 3 200 2 5 7 60 25 3 7 30 Obras/projetos em 2017 (und.) 1 1 3 4 2 3 2 3 1 1 1 4 Nº de empregados da empresa (Nº de colab.) 0 30 30 318 53 48 15 180 60 25 41 91 Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Ao observar-se a Tabela 3, constata-se a amplitude de características evidenciadas entre as empresas participantes do estudo, de modo que se pode destacar desde empresas com muitos anos de atuação no mercado e com um número grande de colaboradores, como por exemplo as empresas 4 e 8, até a empresas consideravelmente novas e com poucos colaboradores, como por exemplo as empresas 2 e 10. A partir desses dados, diferentes questionamentos podem ser formulados, a fim de que possamos melhor entender o posicionamento do setor da construção civil do município de Passo Fundo frente aos desafios da construção sustentável:

1. O fato de a empresa ter mais experiência, no sentido de estar há muitos anos atuando no mercado da construção civil, influenciou positiva/negativamente na adoção de práticas sustentáveis? E as empresas com menos tempo de atuação no setor?

2. O fato de a empresa ter mais experiência, no sentido do número de empreendimentos já executados, influenciou positiva/negativamente na adoção de práticas sustentáveis? E para as empresas com um menor número de obras executadas?

3. O número de obras em execução ao mesmo tempo (em andamento em 2017), influenciou nas atividades das organizações, facilitando ou dificultando a implementação de práticas sustentáveis?

4. O número de colaboradores influenciou nas atividades das organizações, facilitando ou dificultando a implementação de práticas sustentáveis?

De maneira geral, busca-se responder qual a influência dos aspectos listados na tabela 4, para o diagnóstico das práticas sustentáveis. Um dos pontos discutidos por esta pesquisa é a ideia de que apenas as empresas grandes conseguem implementar a sustentabilidade dentro de suas práticas, uma vez que, para isso, seja necessária uma quantidade grande de recursos e investimentos. A elucidação dos questionamentos formulados levará ao entendimento dessa sentença, dentre outras que se apresentam.

Outra importante análise a efetivar é a comparação desse diagnóstico local com o contexto brasileiro atual da construção civil, a fim de estabelecer-se, dessa forma, um

benchmarking de avaliação. Em 2015, o Centro de Tecnologia de Edificações (CTE) e a

Criactive Assessoria Comercial realizaram a pesquisa “Sustentabilidade – Tendências da Construção Brasileira”, na qual foram entrevistadas as construtoras líderes do país para identificar suas práticas sustentáveis no âmbito corporativo, com foco nos empreendimentos que estão buscando certificações ambiental e nos que já foram certificados pelo sistema Leed e Aqua. Ao final, foram realizadas 265 entrevistas, com um percentual de participação de 77% (CTE, 2015). Essa pesquisa da CTE traz informações importantes acerca da problemática da construção sustentável no país, permitindo a realização de um comparativo da realidade brasileira com a realidade do município de Passo Fundo levantada na presente pesquisa.

De acordo com CTE (2015), nos anos de 2009 a 2014, houve uma significativa evolução das obras sustentáveis em relação ao total de obras do mercado. No ano de 2009, as obras sustentáveis representavam 1% de toda a m² útil em construção; já no ano de 2014, esse percentual atingiu o patamar de 7,3%, representando uma evolução de 780% ao longo dos anos (Figura 22).

Figura 22 – m² útil de todos os empreendimentos do mercado x m² útil dos empreendimentos sustentáveis

Fonte: Baseado em CTE (2015), adaptado pelo autor.

Analisando as datas de início das obras, é possível perceber que o grande volume dos empreendimentos sustentáveis começou a ser construído a partir de 2010, demonstrando que a busca pelas certificações ambientais é bem recente no Brasil (CTE, 2015), e no município de Passo Fundo, isso não é diferente. O diagnóstico do presente estudo para o município de Passo Fundo ainda identificou, em meio às organizações pesquisadas, duas que atualmente estão com obras em execução que possuem a Etiqueta Procel Edifica (eficiência energética), sendo que numa destas, a certificação diz respeito apenas a áreas de uso comum. Com relação a outras certificações ambientais, como por exemplo o Leed, o Aqua e o Selo Casa Azul, o diagnóstico não identificou nenhuma obra no município com tais certificações. Percebe-se, portanto, um avanço bastante tímido com relação a esse tipo de certificação no município.

A pesquisa da CTE, ao realizar o mapeamento do mercado da construção sustentável no país, segmentou os empreendimentos em quatro setores, de acordo com as suas tipologias: comercial, residencial, industrial e infraestrutura. A maioria dos participantes da pesquisa é composta por empreendimentos comerciais (63%), seguidos por 25% de edifícios residenciais, 9% de obras industriais e apenas 3% de obras de infraestrutura (CTE, 2015). Apesar da pesquisa da CTE ter um foco diferente deste estudo, avaliando apenas os empreendimentos, e não as empresas como um todo, ambos os resultados podem ser comparados no intuído de obter-se um panorama referente a estas questões, uma vez que o

diagnóstico desta pesquisa realizado nas empresas do município de Passo Fundo também buscou identificar a problemática dos empreendimentos sustentáveis para as empresas locais.

Na presente pesquisa, as empresas de Passo Fundo também foram questionadas em relação ao segmento de atuação, bem como à extensão geográfica de suas atividades. Como resultado, de maneira geral, as principais atividades das organizações pesquisadas é a execução de edificações do tipo residenciais e comerciais, e, também, a incorporação e venda de imóveis para o mercado local e regional, como exposto na Figura 23.

Figura 23 – Segmento e extensão geográfica de atuação das empresas

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Como pode ser visto, em Passo Fundo as construtoras trabalham predominantemente com edificações residenciais, diferente do que ocorre no Brasil no que diz respeito às obras sustentáveis, que em sua maioria são do tipo comercial. Em nível nacional, pesquisando a localização dos empreendimentos, a Região Sudeste é a responsável por quase 80% dos empreendimentos sustentáveis (CTE, 2015). Quando os empreendimentos foram segmentados por tipologia e pelo seu estado de origem, constatou-se que o Estado de São Paulo é o que concentra o maior número de empreendimentos (Figura 24).

Figura 24 – Localização dos empreendimentos sustentáveis no Brasil

Fonte: Baseado em CTE (2015), adaptado pelo autor.

Pesquisou-se também a localização da sede das empresas que estão construindo e/ou construíram essas obras, os seguintes percentuais foram obtidos: 81% das construtoras têm sua sede na Região Sudeste, 8% na Região Sul, 5% na Região Norte, 3% na Região Nordeste e 3% na Região Centro-Oeste (CTE, 2015). Esses dados apontam para o fato de que os empreendimentos ainda estão sendo executados por construtoras que têm sua sede na mesma região das edificações sustentáveis.

No diagnóstico local, a pesquisa também buscou identificar nas organizações os seus públicos alvo com relação ao tipo de empreendimento e ao segmento de demanda. Como resposta foi constatado que, de uma forma geral as empresas executam edificações residenciais de médio e alto padrão para seus respectivos públicos, predominantemente médio padrão, conforme exposto na Figura 25.

Figura 25 – Público-alvo quanto ao tipo de empreendimento e ao segmento da demanda

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

A discussão dessas informações ainda será retomada, por meio de uma comparação dessas juntamente com os resultados levantados em relação à sustentabilidade das empresas, ensejando a solução dos questionamentos formulados.

No documento 2018CristianTeixeiraMarques (páginas 81-87)