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Resultados Alcançados pelo Diagnóstico Físico-Conservacionista no Médio Curso A partir dos resultados obtidos dos índices dos parâmetros da fórmula descritiva

Mapa 12 – Índice de Cobertura Vegetal (ICV) do Médio Curso do Rio Aracatiaçu em 1981 e 2009.

7.3. Resultados Alcançados pelo Diagnóstico Físico-Conservacionista no Médio Curso A partir dos resultados obtidos dos índices dos parâmetros da fórmula descritiva

dos setores, constatou-se que:

I. O parâmetro índice climático (IC), resultado da relação entre o índice efetivo de umidade (Im) e o número de meses secos, representado no mapa pelo índice de severidade do clima, mostrou que o setor C é o mais vulnerável à adversidade do clima, devido a cerca de 97,13% de sua área apresentar severidade do clima alto. Já no setor A as condições climáticas melhoram de maneira expressiva, pois cerca de 84,67% de sua área apresenta severidade média. No setor B a severidade do clima também se mostra com maior predominância de severidade alta, equivalendo a 53,16% da área.

168 II. A erosividade da chuva (R) foi maior nos setores A e B. De modo geral, esse parâmetro foi considerado baixo no médio curso da bacia, estando 42,91% dominada pela erosividade baixa, seguida de 19,65% muito baixa, 19,13% média e 8,30% alta.

III. A erodibilidade dos solos (K) apresentou-se consideravelmente maior no setor A, cerca de 73,96% de erodibilidade muito alta. Isso se deve ao fato do predomínio de planossolos, que são mais sujeitos aos processos erosivos devido as suas características naturais. Os setores B e C destacam-se por apresentarem maior predominância de erodibilidade baixa, sendo respectivamente os valores de 60,43% e 61,34% em suas áreas.

IV. A declividade média (DM) é mais acentuada no setor C, pois grande parte do relevo nessa área é formada pelas serras do Missi, Angico, Lolaia e dos serrotes dos Cachorros, Arraia, Tigre e Pelado. Os setores A e B são expressivamente especializados pela depressão sertaneja e pelas planícies fluviais.

V. A densidade de drenagem (DD) decresce do setor A para o C. Isso ocorre devido à conjunção de características geológicas, pedológicas, hipsométricas que em associação determinam as características da DD nos setores.

VI. A associação de todos esses parâmetros analisados no Diagnóstico Físico- Conservacionista refletem diretamente na vegetação, sendo um elemento de suma importância para a proteção dos solos. O médio curso do rio de um modo geral, possui a predominância de um ICV moderamente baixo, com cerca de 42,37% da bacia. O predomínio dessa classe representa condições desfavoráveis para o estado físico-conservacionista dos recursos naturais, particularmente, dos solos que sofrem diretamente com a falta da cobertura vegetal e da intensificação dos processos erosivos. Também, isso deve-se ao reflexo das formas com que vem ocorrendo o processo de uso e ocupação no médio curso.

169 7.4. Cobertura e Uso do solo no Médio Curso do Rio Aracatiaçu

A presente análise teve como finalidade fazer um complemento ao diagnóstico físico-conservacionista realizado no médio curso do rio Aracatiaçu. O objetivo foi fornecer informações sobre as condições da cobertura e uso do solo nos anos de 1981 e 2009, o que possibilitará entender melhor as transformações que ocorreram na bacia.

As categorias selecionadas para a referida análise foram: i) vegetação de Caatinga; ii) área urbana; iii) corpos d’água; e iv) solo exposto/uso agropecuário. As imagens Landsat, possuem baixa resolução e detalhamento. Dessa forma elas são usadas para mapeamentos de vegetação, solo exposto, áreas urbanas, identificação de recursos hídricos, tudo que possa ser identificado em pequenas/médias escalas. Porém, para a realização deste estudo as classes elencadas dos tipos de cobertura e uso na bacia, possibilita uma análise efetiva sobre as transformações na cobertura da vegetação. A análise foi feita na área do médio curso entre os anos de 1981 e 2009. A escolha desse intervalo de anos deve-se a restrita disponibilidade de imagens de boa qualidade que apresentassem uma perspectiva espaço-temporal e que abrangesse a área de estudo.

7.4.1. Análise da Cobertura e Uso do Solo no Médio Curso entre os anos de 1981 e 2009 Em 1981, a cobertura pela vegetação Caatinga no médio curso da bacia era de 52,13%. No ano de 2009 esse percentual reduziu para 36,57%. Essa diminuição ocorreu devido à intensificação das atividades agropastoris e das práticas agrícolas insustentáveis, que utilizam de técnicas rudimentares como a brocagem e as queimadas para o preparo da terra para cultivo, estando associada a essas práticas o extrativismo indiscriminado.

Referindo-se a influência da área urbana na região da bacia, observa-se que em 1981 essa categoria de análise abrangia 0,049% do médio curso, aumentando para 0,67% no ano de 2009. Essa classe não possui relevância quando analisada sob a ótica do processo de degradação da cobertura vegetal e uso do solo no âmbito do médio curso.

Quanto a classificação solo exposto/uso agropecuário, utilizou-se essa classe, pois as áreas com solo exposto na área de estudo aumentam devido as atividades, como a extração de madeira, agricultura e a pecuária, por isso a ênfase. Analisando a espacialização na região do médio curso, constata-se que essa classe no ano de 1981 correspondia a 46,40% da área, ocorrendo uma expansão dessa classe no ano de 2009 para 61,35%, comprovando o que vem sendo dito até aqui, sobre como as práticas agroextrativistas e agropecuárias são forças motrizes no processo de degradação ambiental do médio curso.

170 O mapa 13 traz a análise da cobertura e uso do solo entre os anos de 1981 e 2009. E as tabelas 33 e 34 constatam as informações mapeadas e verificadas em campo na área do médio curso do rio Aracatiaçu no intervalo de anos analisados.

Tabela 33 – Cobertura e Uso do Solo por Km² dos setores do médio curso em 1981.

Cobertura e Uso do Solo Ano de 1981

Setor A (Km²) Setor B (Km²) Setor C (Km²)

Vegetação de Caatinga 164,94 228,61 357,18

Área Urbana 0,42 0,10 0,20

Corpos d’água 2,48 8,26 9,72

Solo Exposto 107,98 279,10 281,14

Fonte: Ronaldo Mendes Lourenço (2013), pesquisa direta.

Tabela 34 - Cobertura e Uso do Solo por Km² dos setores do médio curso em 2009.

Cobertura e Uso do Solo Ano de 2009

Setor A (Km²) Setor B (Km²) Setor C (Km²)

Vegetação de Caatinga 93,23 180,62 252,81

Área Urbana 0,55 0,16 0,26

Corpos d’água 5,52 12,39 11,02

Solo Exposto 176,52 322,90 384,15

Fonte: Ronaldo Mendes Lourenço (2013), pesquisa direta.

O resultado da análise da cobertura vegetal e uso do solo nos setores do médio curso comprovam que o setor C sofreu uma maior variação em relação aos outros setores da bacia, indicando que este, mesmo com um menor risco de degradação que o setor A, constata- se que houve uma redução da área com cobertura vegetal. No entanto, com base no NDVI pode-se perceber que o nível de proteção dada pela vegetação na área diminuiu.

As tabelas acima permitem identificar que o Setor A em 1981 apresenta cerca de 59,8% de vegetação Caatinga, ocorrendo uma redução para 33,8% no ano de 2009. A expansão da área urbana nesse setor foi de 0,42% em 1981 para 0,55% em 2009, e a expansão das áreas de solo exposto/uso agropecuário aumentou de 39,15% para 64% nesse setor da bacia, ocorrendo também o aumento significativo dos corpos d’água de 0,9 em 1981 para 2% em 2009. Nesse contexto, explica-se o porquê desse setor apresentar a maior unidade de risco à degradação na bacia, como também esclarece a questão da deterioração dos recursos naturais.

No setor B pode-se observar que a vegetação de Caatinga reduziu de 44,3% em 1981 para 35% no ano de 2009, apresentando também um significativo acréscimo das áreas de solo exposto/uso agropecuário, que em 1981 era de 54,8% passando para 62,57% em 2009 na área de estudo, ocorrendo um aumento significativo de corpos d’água de 8,26% em 1981