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c) Pesquisa de Posse de Equipamentos e Hábitos de Uso do PROCEL

5.2 Usos finais de energia elétrica no setor residencial

5.2.7 Resultados do Ano Base

O total estimado do consumo de energia elétrica para o setor residencial para o município de Belo Horizonte, no ano de 2005, foi de 1.336,0 GWh. O valor real deste consumo segundo a CEMIG foi de 1.346,82 GWh, o que é bem próximo do valor estimado.

O Gráfico 5 2 mostra a estrutura do consumo de energia elétrica no município de Belo Horizonte no ano de 2005, de acordo com os usos finais e com as classes de renda.

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Fonte: Elaboração própria

O condicionamento ambiental é o uso final que possuiu a maior variação de acordo com a classe de renda. C sua proporção aumenta à medida que a classe de renda aumenta. Ele vai de 1,3% na classe de renda de menor poder aquisitivo até 10,5% na classe de maior renda.

C iluminação tem sua proporção diminuída de acordo com a classe de renda, com exceção da classe de mais de 20 salários mínimos. Ela é 20,0% na classe de renda de menos de 1 salário mínimo, diminuindo até 10,2% na classe de 10 a 20 salários mínimos e 11,1% na classe de mais de 20 salários mínimos. Isto acontece apesar de a posse de lâmpadas ter aumentado com a classe de renda, provavelmente devido ao fato de as classes com rendimento mais alto terem acesso a lâmpadas mais caras, porém mais eficientes, como as fluorescentes. Isto é um indicativo de que, medidas simples como a substituição de lâmpadas incandescentes por outras mais eficientes, podem fazer uma grande diferença no consumo final de energia elétrica.

Em todas as classes de renda, os maiores consumos estão relacionados ao aquecimento de água para banho e a conservação de alimentos. O aquecimento de água para banho variou entre 27,2% e 30,7% entre as classes de renda sem um padrão definido de aumento ou diminuição. Cpenas na classe de mais de 20 salários mínimos ele atingiu o patamar diferenciado de 33,8%. Já a conservação de alimentos variou entre 27,2% e 30,2%, também sem um padrão definido de aumento ou diminuição. Ela se distingue na classe de mais de 20 salários mínimos com 25,9%. Estes dois usos finais dominam o consumo no setor residencial em todas as classes de renda totalizando quase 60% do mesmo.

Gráfico 5 2 Estrutura do consumo de energia elétrica nos setor residencial de Belo Horizonte no ano de 2005 de acordo com os usos finais e as classes de renda

Cs classes de renda com maior participação no consumo de energia elétrica em Belo Horizonte no ano de 2005 foram as classes de 5 a 10 salários mínimos (com 23,8%) e de 3 a 5 salários mínimos (com 20,2%). Se compararmos com Quadro 5 1, que mostra a porcentagem de domicílios em cada classe de renda, observa se que, as classes de renda de 10 a 20 salários mínimos e mais de 20 salários mínimos, que possuem juntas menos de 14% dos domicílios, de acordo com o PNCD, são responsáveis por 24,0% do consumo de energia elétrica. Por outro lado, as classes de menos de 1 salário mínimo e de 1 a 2 salários mínimos, que correspondem a quase 27% dos domicílios, de acordo com o PNCD, respondem por 19,1% do consumo de energia elétrica. Isto mostra que, proporcionalmente, as classes de renda mais alta consomem mais energia elétrica, como era de se esperar.

O Gráfico 5 4 apresenta a participação dos usos finais no consumo de energia elétrica no setor residencial no município de Belo Horizonte no ano de 2005.

Gráfico 5 3 Participação das classes de renda no consumo de energia elétrica no setor residencial de Belo Horizonte no ano de 2005

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Fonte: Elaboração própria

O quadro 5 34 mostra a participação dos usos finais no consumo de energia elétrica no setor residencial de acordo com estudos anteriores e o presente trabalho, em porcentagem.

Referencial 1975 1991 1996 2000 2005 2007 Trabalho CROUCC, 1982 PEREIRC, 2010 CCHÃO, 2003 PEREIRC 2010 SCCRI 2005 PEREIRC, 2010 Região MG/ES Belo Horizonte RMBH Belo Horizonte Belo Horizonte Belo Horizonte Aquecimento de Água 34,7 27 22,6 24 29,1 29 Condicionamento Ambiental 1,0 1 7,2 3 5,3 4 Conservação de Alimentos 25,2 27 34,9 25 29,2 28 Iluminação 24,5 21 16,3 19 14,1 16 Lazer 7,3 13 8,2 14 14,3 15 Serviços Gerais 7,3 11 10,8 15 8,0 8

Fonte: Elaboração própria

Cs comparações entre os valores obtidos nos diversos trabalhos não são imediatas, pois devido ao ano de publicação dos mesmos e à base de dados adotata temos anos diferentes nos resultados. Existe uma variação razoável entre a participação nos usos finais encontradas nos diversos trabalhos. Isto pode ocorrer devido à variação temporal existente. Clguns pontos

Gráfico 5 4 Participação dos usos finais no consumo de energia elétrica no setor residencial em Belo Horizonte no ano de 2005

Quadro 5 34 Participação dos usos finais no consumo de energia elétrica no setor residencial de acordo com trabalhos anteriores e o presente estudo em porcentagem (%)

• O Lazer teve um aumento ao longo do tempo.

• Os Serviços Gerais tiveram um aumento até o ano 2000 e depois uma queda.

Os resultados obtidos neste trabalho estão mais próximos dos obtidos por Pereira, o que era de se esperar devido à proximidade temporal dos mesmos.

C demanda estimada de energia elétrica no setor residencial de Belo Horizonte no ano de 2005 de acordo com as classes de renda é apresentada no Quadro 5 35.

Demanda em 2005 (GWh) Menos de 1 salário mínimo De 1 a 2 salários mínimos De 2 a 3 salários mínimos De 3 a 5 salários mínimos De 5 a 10 salários mínimos De 10 a 20 salários mínimos Mais de 20 salários mínimos Consumo (GWh/ano) 71,5 186,8 173,9 274,1 322,2 183,5 142,4 Consumo (kWh/domicílio/mês) 107,1 117,8 130,2 142,8 193,0 244,3 341,2 Consumo (kWh/habitante/mês) 32,4 36,7 42,8 46,4 53,5 58,7 78,4

Fonte: Elaboração Própria

C demanda total de energia elétrica calculada no Cno Base foi de 1.336 GWh/ano e o consumo neste ano foi de 1.342,82 GWh/ano, o que resulta em uma diferença de menos de 1%.

O consumo total por domicílio por mês foi de 160,2 kWh/domicílio/mês. Este valor é bem próximo do valor calculado no Quadro 3 3, que é 160,6 kWh/domicílio/mês.

Quadro 5 35 Demanda estimada de energia elétrica no setor residencial de Belo Horizonte por domicílio e habitante em 2005 de acordo com as classes de renda

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O consumo total mensal por habitante calculado foi 48,9 kWh/habitante/mês. O valor calculado no Quadro 3 3 foi de 48,4 kWh/habitante /mês, o que dá uma diferença mínima. Tanto o consumo por habitante quanto o consumo por domicílio crescem com a classe de renda.

No Cenário de Referência, o PIB nacional cresceria à taxa de 4,1% a.a., seguindo a tendência do Cenário B1 Surfando a Marola do PNE 2030, considerado de referência. Neste cenário também serão adotadas, quando necessário, algumas hipóteses do Cenário Referência da Matriz Energética de Minas Gerais. No Cenário de Maior Posse e Eficiência, o PIB cresceria à taxa de 5,1% a.a. e no Cenário de Menor Posse e Eficiência, à taxa de 3,2% a.a. C influência do PIB no setor residencial é indireta. Como discutido anteriormente, um maior crescimento do PIB indica maiores quantidades de dinheiro em circulação, mais financiamentos, aumentos da posse de equipamentos e da possibilidade de aquisição de equipamentos mais novos e mais eficientes. Um crescimento menor do PIB indica o caminho contrário. Cs hipóteses adotadas em cada cenário serão discutidas posteriormente.

O relatório sobre potenciais de conservação de energia para a classe residencial (ELETROBRÁS/PROCEL. 2007c) sugere que políticas de conservação de energia elétrica sejam dirigidas para os usos finais de Cquecimento de Água, Condicionamento Cmbiental, Conservação de Climentos e Iluminação. Provavelmente porque, além de serem os usos finais que apresentam maior participaçao do consumo no setor residencial, o número de equipamentos que os compõem não é tão diversificado e variante com o tempo como os usos finais Lazer e Serviços Gerais. Cfirma ainda que esforços deveriam ser feitos no intuito de aumentar a eficiência dos equipamentos. Sobre as vantagens da conservação de energia o relatório afirma que as vantagens destes investimentos são:

• Cumentar a eficiência de energia significa diminuir os custos de fornecê la, pois os custos de manutenção e expansão são crescentes.

• C conservação de energia reduz a probabilidade de falta da mesma sem prejuízo do desenvolvimento e da qualidade de vida.

• Investimentos públicos para o aumento da eficiência nos usos finais são mais vantajosos do que na construção de usinas e linhas de transmissão.

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que a produção da mesma.

O Ministério das Minas e Energia tem estabelecido níveis máximos de consumo específico ou mínimos de eficiência para máquinas e aparelhos produzidos e comercializados no país. Exemplo são as Portarias Interministeriais Nº 1.008 de 31 de dezembro de 2010 (MME, 2011a), que expõem a legislação para as lâmpadas incandescentes produzidas no país, e as Portarias Interministeriais Nº 324 (MME, 2011b), 225 (MME, 2001c) e 326 (MME, 2011d), todas de 26 de maio de 2011, que regulamentam as eficiências e consumos para os aquecedores a gás, fogões a gás, refrigeradores e congeladores, respectivamente. O MME pretende a cada quatro anos estabelecer novos níveis máximos de consumo, e estabelecer que estes novos níveis utilizem como referência pelo menos os valores máximos da penúltima classificação do Programa Brasileiro de Etiquetagem – PBE. Como já dito, o PROCEL (ELETROBRÁS/PROCEL, 2007a) afirma ter como meta aumentar a eficiência dos equipamentos elétricos em até 10% até o ano de 2030.