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4. RESULTADOS

4.3. RESULTADOS DA ANÁLISE DE MEDIAÇÃO DA RELAÇÃO ORIENTAÇÃO

A análise de mediação, segundo Iacobucci, Saldanha e Deng (2007), parte do pressuposto teórico da existência de uma variável interveniente (M) no processo através do qual uma variável independente (X) impacta em uma variável dependente (Y). Diante desta lógica, o pesquisador busca avaliar o quanto do efeito, da variável independente na variável dependente, é direto ou indireto via o mediador hipotético (IACOBUCCI; SALDANHA; DENG, 2007). É pertinente retomar que, neste estudo, focou-se na possível influência de mecanismos vinculados à orientação para aprendizagem e à cultura inovadora como prováveis variáveis mediadoras na relação entre a orientação para o empreendedorismo e a performance. Previamente, no item 2.2, foram apresentadas justificativas para essas relações.

Seguindo as orientações de Iacobucci (2010), empregou-se, para análise das referidas mediações, a ferramenta estatística de modelagem de equações estruturais. Essa técnica, em particular, permite estimar uma série de relações simultaneamente, sendo extremamente eficiente para fins de investigação de mediações (IACOBUCCI, 2010). A Figura 2 reproduz o formato trivariado padrão para teste de mediação, evidenciando a estimação de três caminhos em um único modelo (IACOBUCCI, 2010). Os termos a, b e c da figura retratam os

coeficientes de regressão que capturam as relações entre as variáveis (IACOBUCCI; SALDANHA; DENG, 2007).

Figura 2 – Formato de Mediação Trivariado

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___________________________________________________________________________ Fonte: Iacobucci, Saldanha e Deng (2007).

Cabe esclarecer que, em um primeiro momento, foi realizada a estimação do modelo de equações estruturais para verificação da mediação da orientação para aprendizagem na relação entre orientação para o empreendedorismo e performance organizacional. Em seguida, processou-se uma nova análise com o construto de cultura inovadora. Optou-se por testar os dois fatores mediadores separadamente pela insuficiência de estudos relacionando os construtos ao mesmo tempo. É importante salientar que, para endereçar essas mediações no AMOS, foi desenvolvida, e utilizada como input, uma matriz das correlações entre os construtos (inicialmente, com as relações OE-OA, OE-PO e OA-PO), conforme abordagens equivalentes empregadas por Kirca, Jayachandran e Bearden (2005) e Brown e Lam (2008).

A Tabela 11 apresenta a matriz de correlação meta-analítica construída como base para investigar os efeitos diretos e indiretos (através da orientação para aprendizagem) da orientação para o empreendedorismo na performance organizacional. Em específico, para gerar a matriz mencionada, foram calculadas as correlações médias ajustadas pelo tamanho da amostra para cada par de construtos do modelo (VISWESVARAN; ONES, 1995). A seguir, os valores encontrados a partir dos dados disponíveis.

Tabela 11 – Matriz de Correlação Meta-Analítica: Orientação para Aprendizagem

1 2 3

1. Orientação para o Empreendedorismo 0,828

2. Performance Organizacional 0,443 0,845

3. Orientação para Aprendizagem 0,522 0,430 0,832

Notas: Os valores da linha diagonal (em itálico) representam a confiabilidade média ponderada pelo

tamanho da amostra. Os demais valores refletem o valor médio da correlação ponderado pelo tamanho da amostra. Y M a b c X

Nota-se, tendo em vista a Tabela 11, que, nesse conjunto de estudos, a correlação ponderada pelo tamanho da amostra entre orientação para o empreendedorismo e performance organizacional alcançou um valor médio de 0,443. Para a relação entre orientação para o empreendedorismo e orientação para aprendizagem esse número foi de 0,522. Na mesma linha, a correlação entre orientação para aprendizagem e performance organizacional obteve uma média de 0,430. Esses números demonstram uma força de associação considerável entre as variáveis.

Diante desse contexto, foi estruturado o modelo de mediação hipotético da orientação para aprendizagem, esquematizado na Figura 3.

Figura 3 – Modelo de Mediação Hipotético da Orientação para Aprendizagem

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___________________________________________________________________________ Fonte: A autora (2016).

A matriz de correlação produzida e ilustrada na Tabela 11, como já comentado, foi então selecionada como dado de entrada da análise do modelo de equações estruturais, estimado pelo método de escolha do programa AMOS, Maximum Likelihood (ML), com aplicação do processo de bootstrapping (BYRNE, 2010; KLINE, 2011). Vale destacar que o bootstrapping é recomendado na literatura, uma vez que possibilita não só a correção de problemas associados a não normalidade nos dados, mas também porque pode ocasionar o aumento do poder estatístico para identificação de efeitos de mediação (WOOD et al., 2008).

No presente caso, o resultado da mediação da orientação para aprendizagem é mostrado na Figura 4. Orientação para o Empreendedorismo Performance Organizacional Orientação para Aprendizagem

Figura 4 – Resultados da Mediação da Orientação para Aprendizagem

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Nota: ** p < 0,01.

De modo geral, os resultados da Figura 4 revelam coeficientes que retratam um efeito direto, positivo e significativo da orientação para o empreendedorismo na orientação para aprendizagem (β = 0,55, p < 0,01) e da orientação para aprendizagem na performance organizacional (β = 0,29, p < 0,01). Consistente com o previsto, é demonstrado ainda um impacto direto e positivo da orientação para o empreendedorismo na performance organizacional (β = 0,33, p < 0,01). Além disso, é evidenciado um efeito indireto significativo da orientação empreendedora na performance organizacional por meio da orientação para aprendizagem (β = 0,16, p < 0,01).

Por consequência, esses achados, como um todo, fornecem suporte empírico para a H2. Partindo do pressuposto de que organizações orientadas para o empreendedorismo, que

possuem uma atitude inovadora, tolerante ao risco e empreendedora, são mais propensas a encorajar uma atmosfera fértil de aprendizagem, como argumentado por Hakala (2013), era esperado que esse ambiente pudesse promover efeitos benéficos no desempenho empresarial. Nesse panorama, foi também recapitulado e fortalecido o link direto entre orientação para o empreendedorismo e performance organizacional, o que implica no papel mediador parcial da orientação para aprendizagem nessa relação.

Sequencialmente, com o propósito de examinar a possível mediação da variável de cultura inovadora (H3), como um mecanismo de processo através do qual a orientação para o

empreendedorismo afeta a performance, utilizou-se a mesma sucessão lógica de etapas e a mesma estratégia de análise estatística exposta anteriormente para determinação da mediação de orientação para aprendizagem. Sendo assim, foi criada uma matriz de correlação entre OE- PO, OE-CI e CI-PO. A Tabela 12 sintetiza os valores correspondentes a essa matriz de

Orientação para o Empreendedorismo Performance Organizacional Orientação para Aprendizagem 0,55** 0,29** 0,33** Efeito indireto = 0,16**

correlação, especificada no software AMOS para estimação do modelo analítico multivariado de interesse.

Tabela 12 – Matriz de Correlação Meta-Analítica: Cultura Inovadora

1 2 3

1. Orientação para o Empreendedorismo 0,850

2. Performance Organizacional 0,429 0,846

3. Cultura Inovadora 0,583 0,300 0,858

Notas: Os valores da linha diagonal (em itálico) representam a confiabilidade média ponderada pelo

tamanho da amostra. Os demais valores refletem o valor médio da correlação ponderado pelo tamanho da amostra.

Resumidamente, como apurado na Tabela 12, as correlações médias ajustadas pela amostra permitem determinar a real existência das associações sistemáticas entre as três variáveis, de modo que a correlação mais forte foi entre orientação para o empreendedorismo e cultura inovadora (0,583). De posse dessas informações, foi disposto o modelo de mediação hipotético da cultura inovadora para a relação entre a orientação para o empreendedorismo e a performance organizacional, representado na Figura 5.

Figura 5 – Modelo de Mediação Hipotético da Cultura Inovadora

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___________________________________________________________________________ Fonte: A autora (2016).

A Figura 6, projetada abaixo, exibe os resultados obtidos pelo cálculo do modelo estrutural. Em particular, a avaliação dos caminhos diretos e indiretos da orientação para o empreendedorismo na performance organizacional, em conformidade com as justificativas elucidadas para sustentação da hipótese em questão (H3), revela que os efeitos entre

orientação para o empreendedorismo e cultura inovadora (β = 0,55, p < 0,01), cultura inovadora e performance organizacional (β = 0,07, p < 0,01) e entre orientação para o empreendedorismo e performance organizacional (β = 0,35, p < 0,01) são diretos, positivos e

Orientação para o Empreendedorismo

Performance Organizacional Cultura Inovadora

significativos. O efeito indireto da orientação para o empreendedorismo na performance organizacional por intermédio da cultura inovadora, por sua vez, também apresentou um nível adequado de significância (β = 0,04, p < 0,01). Apesar disso, ressalta-se a reduzida magnitude desse efeito.

Figura 6 – Resultados da Mediação da Cultura Inovadora

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Nota: ** p < 0,01.

Portanto, fundamentando-se nesses resultados, a terceira hipótese (H3) proposta nesta

tese pode ser confirmada. A premissa dessa constatação é embasada na influência positiva que a orientação para o empreendedorismo, primordialmente pelos elementos de pró-atividade e propensão a riscos, pode exercer na cultura inovadora que, posteriormente, impacta positivamente no desenvolvimento de vantagens competitivas que contribuem com o desempenho organizacional (RHEE; PARK; LEE, 2010). Somando-se a isso, pode ser visualizada, ainda na Figura 6, a noção de mediação parcial da cultura inovadora nessa relação entre orientação para o empreendedorismo e performance empresarial, o que é consistente com a descoberta de Hult, Hurley e Knight (2004).

4.4. RESULTADOS DA ANÁLISE DE MODERAÇÃO DA RELAÇÃO ORIENTAÇÃO