• Nenhum resultado encontrado

4. RESULTADOS

4.2. RESULTADOS DA RELAÇÃO ORIENTAÇÃO PARA O

Com o objetivo de avaliar o efeito global da orientação para o empreendedorismo na performance organizacional, e testar a hipótese 1 deste trabalho de que a relação entre esses dois construtos é direta e positiva, os dados codificados foram submetidos à análise com auxílio dos softwares Microsoft Excel e Comprehensive Meta-Analysis. Como já mencionado, 78 estudos forneceram as estatísticas necessárias (coeficientes de correlação de Pearson ou coeficientes de regressão padronizados convertidos em r) para o teste dessa relação. Para descrever a distribuição das correlações recuperadas é apresentado um histograma no Gráfico 2.

Gráfico 2 – Histograma da Distribuição das Correlações entre OE e Performance

Fonte: Dados da pesquisa.

0 10 20 30 40 -0,4 -0,3 -0,2 -0,1 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 F re q ü ê n ci a Correlações

Especificamente, nota-se, através do exame do histograma (Gráfico 2), alguns aspectos marcantes da amostra de correlações. Entre esses aspectos, pode-se destacar a forma da representação gráfica produzida entre o eixo x (valores das correlações) e o eixo y (contagem de frequência), próxima ao desenho de uma distribuição normal. Além disso, é possível perceber, com o referido gráfico, em observação preliminar, que não existem casos expressivos de outliers, que poderiam distorcer e violar o formato geral da distribuição (DECOSTER, 2009).

A Tabela 10 reporta uma síntese dos principais resultados meta-analíticos encontrados.

Tabela 10 – Síntese dos Resultados da Relação Orientação para o Empreendedorismo e Performance Organizacional

Relação K E N Variação de r Média de r ͞rn ͞rca Z Sig. IC de 95% Q(df) Sig. FSN

Performance

Organizacional 78 137 19.514 -0,330 0,690 0,240 0,248 0,299 15,012 0,000 0,262 0,335 1.592,065(136) 0,000 6845

Notas: K = número de estudos da análise;

E = número total de effect sizes extraídos dos estudos para análise; N = tamanho total da amostra acumulada dos estudos analisados;

Variação de r = variação (mínimo e máximo) das correlações simples encontradas nos estudos; Média de r = média simples das correlações encontradas nos estudos;

͞rn = média ponderada e corrigida pela amostra das correlações encontradas nos estudos; ͞rc = média ponderada e corrigida pela confiabilidade das correlações encontradas nos estudos;

a = em estudos que não apresentaram a confiabilidade, foi calculada a confiabilidade média para o construto entre todos estudos; Z = valor do teste Z;

Sig. = significância;

IC de 95% = intervalo de confiança de 95% (inferior e superior);

Q(df) = valor de Q com graus de liberdade – estatística de heterogeneidade; Sig. = significância;

FSN = fail safe number, número de estudos com resultados nulos necessário para reduzir o effect size cumulativo encontrado a um valor inferior a 0,05 – abordagem de Orwin.

No total, para essa análise, foram considerados 137 effect sizes, extraídos dos 78 estudos incluídos na base de dados, com uma amostra acumulada de 19.514 participantes. As correlações recuperadas, em específico, ficaram entre o valor mínimo de -0,330 e o máximo de 0,690, com uma média de 0,240. Para avaliação da magnitude do effect size médio resultante, sendo este corrigido pelo erro de amostragem (tamanho da amostra) e erro de mensuração (confiabilidade das medidas), partiu-se da categorização de referência de Cohen (1988), que define convencionalmente que: r até 0,10 retrata um índice de effect size com magnitude pequena; r até 0,30 retrata um índice de effect size com magnitude média; e, r até 0,50 retrata um índice de effect size com magnitude grande.

Particularmente, os resultados quantitativos da análise bivariada revelaram uma associação positiva entre a orientação para o empreendedorismo e a performance organizacional (r = 0,299). De fato, em consonância com a classificação proposta por Cohen (1988), obteve-se um efeito de magnitude média, o que é consistente com os achados de Rauch et al. (2009). A Tabela 10 também mostra que foi evidenciada significância para a relação entre os dois construtos, uma vez que o intervalo de confiança de 95% não incluiu o valor de zero, determinando que o efeito da orientação para o empreendedorismo na performance difere significativamente de zero (e.g., ROSENBUSCH; BRINCKMANN; BAUSCH, 2011).

Adicionalmente, a Tabela 10 demonstra que a estatística Q produziu um resultado significativo (Q = 1.592,06; df = 136; p < 0,001), indicando uma distribuição de effect sizes heterogênea e sugerindo que essa variabilidade pode ser explicada pela existência de variáveis moderadoras (e.g., RUBERA; KIRCA, 2012). Em outras palavras, o teste da hipótese nula de homogeneidade da população de correlações entre orientação para o empreendedorismo e performance organizacional, com seu valor p correspondente, apontou para confirmação da hipótese alternativa, de heterogeneidade, suportando a necessidade de examinar características relevantes de amostra e mensuração que podem justificar essa variância (CARD, 2012; HUNTER; SCHMIDT, 2004).

Outro ponto importante da Tabela 10, já mencionado anteriormente, está vinculado ao fail safe number, ou publication bias, para essa relação, que foi de 684. O alto número gerado pela estimativa permite inferir, de maneira geral, que estudos novos ou não publicados, com resultados nulos (ausência de um efeito estatisticamente significativo), que não foram incluídos no processo de meta-análise não ameaçam seriamente a validade dos achados discutidos nessa etapa de análise bivariada da relação entre orientação para o

empreendedorismo e performance organizacional (DECOSTER, 2009; LIPSEY; WILSON, 2001).

Em síntese, com base nos dados agregados e apresentados na Tabela 10, salienta-se a confirmação da H1. Como argumentado, uma linha expressiva de estudos na área de gestão

enfatiza que organizações que adotam uma postura estratégica orientada para o empreendedorismo, priorizando comportamentos inovadores e pró-ativos, e embarcando em negócios com um relativo grau de risco, podem obter diversos benefícios em termos de performance, como incremento no desempenho financeiro e melhora no desenvolvimento de novos produtos (LI; LIU; ZHAO, 2006; RAUCH et al., 2009; ZAHRA, 1991). É citado inclusive que a orientação empreendedora é um elemento fundamental para o crescimento e para a rentabilidade das empresas (ZAINOL; AYADURAI, 2011).

De forma complementar, foram conduzidas análises, descritas na seção 4.5, sobre o efeito da orientação para o empreendedorismo em três categorias de performance: performance geral, crescimento e rentabilidade.

4.3. RESULTADOS DA ANÁLISE DE MEDIAÇÃO DA RELAÇÃO ORIENTAÇÃO