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Resultados de Pesquisas sobre a Heterogeneidade de Variâncias nas

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Avaliações Genéticas

6 7

Em gado de corte ou de leite inúmeros trabalhos têm estudado os efeitos da 8

presença de heterogeneidade de variâncias genética e/ou residual nas avaliações 9

genéticas de reprodutores e matrizes, tanto em avaliações nacionais como 10

internacionais. 11

Quando a heterogeneidade de variância é desprezada, embora esteja presente, a 12

produção das filhas de determinado reprodutor será ponderada na proporção dos desvios 13

padrão dos rebanhos nos quais essas filhas foram criadas. O resultado é que as 14

produções das filhas, oriundas de rebanhos com maiores variâncias, influenciarão mais 15

a avaliação de reprodutores do que a de filhas oriundas de rebanhos com menores 16

variâncias. No caso de as filhas dos diversos reprodutores serem distribuídas, 17

uniformemente, entre os rebanhos com variação diferente, nenhum vício seria 18

observado. Entretanto, se as estimativas de herdabilidades também diferissem entre os 19

rebanhos, a acurácia das avaliações genéticas dos animais seria reduzida, em razão de 20

não serem consideradas essas diferenças (Torres, 1998). 21

Os vícios são maiores na seleção de mães de reprodutores, visto que elas tendem 22

a expressar suas produções em um único rebanho (Vinson, 1987) e também na avaliação 23

de touros jovens, uma vez que, esses animais têm seus valores genéticos estimados com 24

base na média de seus pais e, de acordo com Wilhelm et al. (1989) citado por Van Der 25

Werf et al. (1994), freqüentemente, tais valores são considerados maiores que os valores 26

genéticos baseado no teste de progênie do próprio animal. Esse viés no valor genético 27

conduz a seleção errônea de animais causando atraso no progresso genético dos 28

rebanhos que utilizaram tais touros jovens como reprodutor. 29

Carvalheiro et al. (2002) avaliando os efeitos da heterogeneidade de variância 30

residual entre grupos de contemporâneos na avaliação genética de bovinos de corte, 31

concluíram que esses efeitos estão associados à pressão de seleção e aos níveis de 32

heterogeneidade, sendo que, se correções não forem feitas, rebanhos que praticam 1

seleção intensa e que apresentam níveis acentuados de heterogeneidade de variância 2

residual podem ter seus animais classificados de maneira incorreta e, conseqüentemente, 3

menos resposta a seleção. 4

Carneiro et al. (2006), em trabalho de simulação com diferentes graus de 5

heterogeneidade entre rebanhos e com diferentes graus de conexidade genética, 6

observaram que a presença de médias genéticas diferentes entre rebanhos prejudica a 7

acurácia da predição dos valores genéticos de touros e, principalmente, de vacas e 8

touros jovens, acarretando grandes erros na classificação dos animais geneticamente 9

superiores. Os autores discutiram ainda que, na presença de heterogeneidade para média 10

genética, a conexidade genética entre rebanhos melhorou a predição dos valores 11

genéticos de touros, porém, os erros na classificação de vacas e touros jovens ainda 12

permaneceram altos. 13

Um dos principais problemas dos componentes de variâncias heterogêneos na 14

avaliação genética é que animais acima da média podem ser superavaliados nos 15

rebanhos com maior variação e, como resultado, maior proporção de animais 16

provenientes desses rebanhos serão selecionados (Varkoohi et al., 2006). 17

Nuñez-Dominguez et al. (1995) e Crews & Franke (1998) encontraram mudança 18

na classificação dos animais, quando compararam modelos que consideravam ou não a 19

heterogeneidade de variância, em características de crescimento e de carcaça de animais 20

de diferentes grupos genéticos. Também avaliando a presença de heterogeneidade entre 21

grupos genéticos, Oliveira et al. (2001) observaram a existência de variâncias 22

heterogêneas nos grupos genéticos participantes da formação da raça Canchim para 23

peso aos 365 e 550 dias. Em outro trabalho, também comparando os grupos genéticos 24

formadores da raça Canchim, no entanto utilizando abordagem bayesiana (MTGSAM), 25

os mesmos autores observaram que os grupos genéticos 1/2 Charolês-Zebu, 26

3/4 Zebu-Charolês e 5/8 Charolês-Zebu apresentaram variância genética aditiva 27

homogênea. Em relação à variância residual, os grupos genéticos 1/2 Charolês-Zebu e 28

3/4 Zebu-Charolês apresentaram variâncias homogêneas e discordantes do grupo 29

genético 5/8 Charolês-Zebu. 30

Araújo et al. (2002) observaram que as estimativas de herdabilidade e correlação 31

genética para a produção de leite e de gordura na raça Pardo-Suíça revelaram que a 32

heterogeneidade de variância presente foi, principalmente, de natureza não genética, 1

afetando, sobretudo, rebanhos de menores produções. Para a produção de gordura, os 2

diferentes valores estimados para herdabilidade nos níveis de produção e o alto valor de 3

correlação genética mostraram que a fonte de heterogeneidade de variância resulta, além 4

de fatores ambientais, também de fatores genéticos. Os autores discutem ainda, que se a 5

seleção de reprodutores for realizada por meio do desempenho de suas filhas, sem 6

considerar essa variabilidade entre rebanhos, podem-se promover falhas na avaliação 7

genética dos animais, visto que os grupos mais variáveis possuem maior número de 8

animais. Como resultado, a seleção dos animais seria realizada pelo melhor ambiente, e 9

não pelo verdadeiro mérito genético dos animais. 10

Balieiro et al. (2004a), ao analisarem dados de ganho de peso na raça Nelore 11

com o objetivo de avaliar o efeito da heterogeneidade de variâncias na avaliação 12

genética dos animais, observaram que o teste de Bartlett foi significativo para o ganho 13

de peso da desmama ao sobreano em escala original, logarítmica e raiz quadrada, 14

indicando a presença de variâncias heterogêneas dentro das subclasses de grupos de 15

contemporâneos, mesmo após a transformação dos dados por esses dois métodos 16

citados. No entanto, a transformação para a observação menos a média da subclasse de 17

ano-estação, dividido pelo desvio padrão fenotípico da subclasse e observação dividida 18

pelo desvio padrão fenotípico da subclasse estabilizaram as variâncias dentro das 19

classes de grupos de contemporâneos. Os autores concluíram que mesmo com a 20

estabilização houve tendência de redução na magnitude da relação entre os 21

componentes de variâncias genético aditivo e residual, culminando em incrementos na 22

magnitude das estimativas de herdabilidade em 1%. 23

Varkoohi et al. (2006) também relataram resultados significativos para o teste de 24

Bartlett para os dados transformados para escala logarítmica realizados, utilizando-se 25

dados de produção de leite divididos pelo desvio padrão fenotípico do grupo de 26

contemporâneos. Os autores discutiram que a transformação reduziu a heterogeneidade, 27

mas não foi capaz de removê-la totalmente e que os dados transformados resultaram em 28

valores pouco maiores de herdabilidade, os quais diminuíram da primeira para a terceira 29

lactação. Também observaram pequena diferença entre as análises uni e bicaracterística. 30

Em continuação ao estudo citado anteriormente, Balieiro et al. (2004b) 31

investigaram então, a utilização do modelo multicaracterístico considerando os dados 32

estratificados por níveis de produção como características diferentes, comparados com 1

modelo unicarater. Os autores observaram aumento da média de ganho de peso da 2

desmama ao sobreano e dos componentes de variâncias genética, residual e fenotípica 3

com o aumento do nível de variabilidade dos grupos de contemporâneos. Os 4

componentes de variância genética foram maiores que os obtidos em análise unicarter, e 5

os componentes de variância residual foram menores, resultando em estimativas de 6

herdabilidades maiores, para as análises de característica múltipla. Entretanto, os 7

autores concluíram, com base nas estimativas de correlações de Pearson e Spearman, 8

que desconsiderar a heterogeneidade de variâncias não acarretaria alterações profundas 9

na classificação dos touros e das vacas para a característica ganho de peso da desmama 10

ao sobreano em Nelore. 11

Campêlo et al. (2003) também constatam que apesar das variâncias genética e 12

residual, das herdabilidades, das médias e dos desvios padrão dos valores genéticos dos 13

reprodutores terem aumentado com o aumento do desvio padrão fenotípico da classe, a 14

heterogeneidade de variâncias não causou mudança na ordem de classificação dos 15

reprodutores da raça Tabapuã. 16

Devido aos fatos da heterogeneidade de variâncias e dos métodos de estimação 17

de componentes de (co)variâncias afetarem a avaliação genética de bovinos de corte e 18

de grande parte dos estudos sobre este efeito, encontrados na literatura, serem realizados 19

com bovinos leiteiros levaram a realização desta pesquisa, com o objetivo geral de 20

comparar o efeito de contemplar ou não a heterogeneidade de variâncias na avaliação 21

genética de bovinos da raça Nelore. Assim o tema foi tratado nos seguintes capítulos: 22

23

Capítulo 2, denominado Estimativa de parâmetros genéticos e tendência 24

genética para características de crescimento da raça Nelore, apresenta-se de acordo 25

com as normas de publicação na Revista Brasileira de Zootecnia. O objetivo 26

específico foi estimar parâmetros genéticos para características de crescimento 27

utilizando-se a metodologia REML. Também teve por objetivo avaliar a tendência 28

genética das características estudadas tanto para o efeito direto como para o materno. 29

30

Capítulo 3, denominado Inferência Bayesiana no estudo da heterogeneidade 31

de variância residual em características de crescimento de animais da raça Nelore, 32

apresenta-se de acordo com as normas para a publicação na Revista Brasileira de 1

Zootecnia. O objetivo desse capítulo foi, utilizando inferência bayesiana, verificar os 2

efeitos da heterogeneidade de variância residual na estimativa de componentes de 3

variâncias e na avaliação genética de animais da raça Nelore para características de 4

crescimento sob efeito materno até um ano de idade. 5

6

Capítulo 4, denominado Heterogeneidade de variância residual entre 7

rebanhos para características de crescimento na raça Nelore, apresenta-se de acordo 8

com as normas para a publicação na Revista Brasileira de Zootecnia. A meta nesse 9

capítulo foi verificar os efeitos da heterogeneidade de variâncias na estimativa de 10

componentes de variância e na avaliação genética de animais da raça Nelore realizada 11

com base em características de crescimento, através da comparação de dois 12

procedimentos de estimação via Amostragem de Gibbs, os quais diferem em contemplar 13

ou não a presença de variâncias residuais heterogêneas. 14

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