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CAPÍTULO 5 CARACTERÍSTICAS DE UM NEOSSOLO ADUBADO COM RESÍDUO

5.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observou-se que os valores médios para a altura do Eucalyptus urograndis clone E13 foram de 3,43 m no tratamento com calcário, 3,51 m no tratamento com lama de cal + oxyfertil e 3,24 m na testemunha (Tabela 9). Os valores médios obtidos para o diâmetro à altura do peito foram de 0,030 m para o calcário dolomítico, 0,027 m para a lama de cal + oxyfertil e 0,022 m para a testemunha. Os valores de ALT e DAP de eucalipto obtidos aos seis meses de idade crescidos em solo arenoso corroboram com a literatura.

Avaliando o crescimento inicial do Eucalyptus urograndis em função da aclimatação e de diferente textura de solo (arenoso com 85% de areia e argiloso com 60% de argila), Lopes et al. (2011), observaram aos seis meses após o plantio que, o eucalipto cultivado no solo argiloso teve um desenvolvimento em altura de 17,5% e DAP de 10,85% maior do que o eucalipto produzido em solo arenoso.

Por outro lado, Afzal et al. (2018), avaliando o desenvolvimento inicial de eucalipto em solo arenoso e argiloso, verificaram que não houve diferença estatística entre os dois tipos de solo, tanto para altura quanto para o diâmetro à altura do peito. No entanto, Afzal et al. (2018), ressaltam que, os solos argilosos devem ser cultivados com espécies agronômicas e os arenosos com espécies florestais. Espécies florestais como o eucalipto são capazes de crescer em diversas classes de solo (arenoso e argiloso) por terem extensos sistemas radiculares, acessando os nutrientes e água em maiores profundidades.

Os valores médios da resistência do solo à penetração foram de 0,60 MPa no tratamento com calcário, 0,80 MPa no tratamento com lama de cal e 0,94 MPa na testemunha (Tabela 9). E, a umidade gravimétrica foi de 0,03 kg kg-1 em todos os tratamentos, sendo

considerada baixa. O solo da área em estudo, apresentou valores de RP abaixo de 2,0 MPa para camada superficial de 0,00-0,20 m. Um valor ou faixa de valores críticos de resistência do solo à penetração que restringem o crescimento das plantas é o desejável por vários autores. Não existe consenso na literatura sobre qual é o limite crítico para desenvolvimento do sistema radicular do eucalipto, Reichert et al. (2007), encontraram valores próximos a 2,5 MPa, Magalhães et al. (2001) verificaram o valor de 2,2 MPa como crítico para a resistência do solo à penetração, enquanto Carvalho et al. (2012b) registraram que os valores entre 2,5 e 3,0 MPa são críticos para o pleno crescimento das raízes de espécies florestais.

A baixa compactação se deve a pulverização do solo ocorrida durante o manejo do solo para a correção e implantação do povoamento florestal de eucalipto. Fato esse observado por Carvalho et al. (2015), que verificaram baixa resistência do solo à penetração em

povoamento jovem de Eucalyptus urograndis sobre um Neossolo Quartzarênico no Cerrado, com todos os valores abaixo de 2,0 MPa na camada superficial do solo. Esses resultados devem- se, provavelmente, à maior interferência antrópica, ou seja, ao manejo do solo para a implantação das áreas de silvicultura do eucalipto, além do fato do Neossolo Quartzarênico possuir estrutura fraca, imprimindo baixa resistência do solo à penetração e baixa retenção de água no solo.

Os valores médios para os atributos químicos do solo, relacionados a fertilidade, indicaram baixos teores de nutrientes em todos os tratamentos, exceto os teores de cálcio e magnésio no tratamento com aplicação de calcário que apresentaram teores de 11,74 e 9,46 mmolc dm-3, respectivamente (Tabela 9). O Neossolo Quartzarênico caracteriza por ser de baixa

fertilidade natural, porém, as formas de uso e manejo do solo podem alterar seus atributos químicos do solo (OLIVEIRA et al., 2017). Considerando a baixa fertilidade destes solos onde as florestas de eucalipto estão sendo implantadas, faz-se necessário a adoção de alternativas econômicas e ambientalmente viáveis, para a produção de plantas sadias destinadas ao florestamento (SOUZA et al., 2017).

Os baixos teores de nutrientes encontrados estão de acordo com Silveira et al. (2001) que estabeleceram valores médios para solos arenosos cultivados com eucalipto, onde teores de P (5,6 mg dm-3), MO (12,0 g dm-3), pH (3,8), K (0,4 mmolc dm-3), Ca (2,8 mmolc dm- 3) e Mg (0,9 mmol

c dm-3) são ideais para o desenvolvimento da espécie. Os teores obtidos para

os atributos químicos do solo (Tabela 1) estão abaixo daqueles preconizados por Raij (2011) para culturas agrícolas e por Gonçalves et al. (2002) para a cultura do eucalipto. Em termos de demandas por nutrientes, espécies clonais de eucaliptos são pouco exigentes em nutrientes comparativamente à maioria das culturas agrícolas e mesmo em relação a muitas espécies arbóreas de rápido crescimento (RODRIGUES et al., 2016). Entretanto, há sempre a necessidade de corrigir a fertilidade do solo quando os níveis críticos dos nutrientes estiveram abaixo do adequado para a espécie (GUIMARÃES et al., 2015).

Tabela 9. Análise descritiva dos dados de atributos do eucalipto e físico-químicos do solo coletados na camada de 0,00-0,20 m para os tratamentos com calcário, lama de cal + oxyfertil e testemunha.

Estatística ALT DAP RP ---m---- MPa kg kgUG -1 ARE ---g kgSIL -1--- ARG mg dmP -3 g dmMO -3 pH ---mmolK Ca Mg Al SB CTC V m

c dm-3--- ---%--- Calcário Média 3,43 0,030 0,60 0,03 903,99 28,96 67,05 2,72 11,14 4,53 0,78 11,74 9,46 6,26 20,74 41,09 46,74 30,34 Mediana 3,50 0,031 0,55 0,02 904,75 29,15 69,10 2,00 11,00 4,00 0,80 11,50 9,00 6,00 21,15 40,20 51,07 20,00 CV (%) 20,14 20,14 16,32 25,71 1,13 31,45 5,89 29,75 10,42 0,77 24,30 76,53 71,42 69,80 65,17 27,10 46,29 91,29 CK -0,62 -0,62 4,42 -0,13 -0,26 -0,64 -0,54 0,05 0,47 -0,75 1,06 0,71 1,02 -1,13 -0,03 0,32 -1,09 -0,94 CA -0,59 -0,59 2,20 0,69 -0,13 0,14 -0,35 0,56 0,86 0,29 0,71 0,91 1,05 0,37 0,62 0,77 0,29 0,78

Lama de cal + Oxyfertil

Média 3,51 0,027 0,80 0,03 888,9 31,91 79,19 2,98 11,52 4,14 0,60 3,28 4,20 10,30 8,63 35,51 26,02 56,24 Mediana 3,60 0,028 0,79 0,03 888,20 32,90 78,35 3,000 11,00 4,00 0,50 2,00 3,00 12,00 5,85 35,45 17,00 67,5 CV (%) 18,23 23,45 27,97 18,91 0,82 17,91 6,90 22,98 11,13 11,00 48,65 86,46 84,15 47,69 93,28 15,02 85,87 51,02 CK 0,03 0,20 0,22 -0,13 0,10 -0,94 1,32 1,83 1,09 5,77 0,13 0,71 5,80 -0,57 7,80 2,26 1,78 -0,85 CA -0,63 -0,83 0,71 0,18 0,19 -0,44 0,75 0,82 0,98 1,51 0,79 1,17 2,23 -0,73 2,50 1,04 1,58 -0,70 Testemunha Média 3,24 0,022 0,94 0,03 894,56 33,03 72,00 2,30 11,30 4,28 0,76 4,88 4,64 10,14 10,84 35,89 26,64 55,1 Mediana 3,32 0,023 0,69 0,03 894,25 34,15 72,70 2,00 11,00 4,10 0,70 3,00 3,00 12,00 6,40 34,95 20,00 64,00 CV (%) 26,58 34,63 59,92 19,92 0,89 14,46 7,21 36,48 14,33 11,22 50,78 123,07 101,16 54,60 107,48 16,93 79,75 55,33 CK -0,39 -0,24 2,24 -0,61 0,05 -0,39 -0,62 1,39 1,73 0,55 1,54 4,79 3,11 -0,85 3,88 1,88 0,26 -0,87 CA -0,55 -0,17 1,77 -0,38 0,28 -0,78 -0,54 0,88 1,05 1,28 1,26 2,24 1,86 -0,75 2,04 1,04 1,20 -0,77

ALT = altura das árvores; DAP = diâmetro à altura do peito; RP = resistência do solo à penetração; UG = umidade gravimétrica; ARE = areia; SIL = silte; ARG = argila; P = fósforo; MO = matéria orgânica; pH = potencial hidrogeniônico; K = potássio; Ca = cálcio; Mg = magnésio; Al = alumínio; SB = soma de bases; CTC = capacidade de troca catiônica; V = saturação por bases; m = saturação por alumínio; CV = coeficiente de variação; CK = coeficiente de kurtose; CA = coeficiente assimetria.

De acordo com a classificação do coeficiente de variação (CV) proposta por Pimentel-Gomes e Garcia (2002), a variabilidade de um atributo pode ser classificada segundo a magnitude de seu coeficiente de variação. A altura (ALT) apresentou média variabilidade para o tratamento com aplicação de calcário (CV = 20,14%) e lama de cal + oxyfertil (CV = 18,23%) e, alta variabilidade para a testemunha (CV = 26,58%). O diâmetro à altura do peito (DAP) apresentou alta e muita alta variabilidade com CV’s de 20,14% para o tratamento com calcário, 23,45% para o tratamento com lama de cal + oxyfertil e 34,63% para testemunha.

A variabilidade dos dados de altura (ALT) e diâmetro à altura do peito (DAP) obtidos por meio do coeficiente de variação estão corroborando com os resultados obtidos por Rosa Filho et al. (2011) que, encontraram CV de 14,4% ao avaliar produtividade e atributos do solo em um sítio florestal de Eucalyptus urophylla.

Os atributos físicos do solo apresentaram coeficientes de variação de baixo a muito alto (Tabela 9). A areia e a argila apresentaram CV’s baixos, entre 0,82 e 7,21%. Os coeficientes de variação para a resistência do solo à penetração (RP) foram de média a muito alta enquanto para a umidade gravimétrica (UG) foi de média a alta. Desta forma, os atributos granulométricos na camada avaliada apresentaram baixo coeficiente de variação indicando a homogeneidade do solo. Por outro lado, os valores médios para a umidade gravimétrica em ambos os tratamentos avaliados e a resistência do solo à penetração nos tratamentos com calcário e lama de cal + oxyfertil são considerados homogêneos e, para a testemunha, heterogêneo, fazendo com que a média tenha pouco significado. Corado Neto et al. (2015) avaliando a variabilidade espacial de um Neossolo Quartzarênico explicaram que, os altos coeficientes de variação são em decorrência da variabilidade existente no solo.

A variabilidade dos atributos químicos do solo em sua maioria apresentou coeficientes de variação muito alto para os atributos K, Ca, Mg, Al, SB, V e m com CV’s entre 46,29% e 123,07% para os três tratamentos, no entanto, as maiores variabilidades foram encontradas para a testemunha. Os atributos P, MO, pH e CTC apresentaram variabilidade baixa, média e alta, pois os CV’s variaram entre 0,77 e 27,10%. De fato, os menores CV’s foram para o tratamento com aplicação de calcário e os coeficientes altos para a testemunha. A variabilidade dos atributos químicos do solo, apresentaram CV’s alto e muito alto, onde Artur

et al. (2014), relataram que as variações dos atributos químicos do solo estão relacionadas a

alterações provocadas por adubações e calagens irregulares e, devido à alta heterogeneidade dos teores médios para os atributos químicos na área avaliada. Essa heterogeneidade pode ter

várias causas, dentre elas, a classificação do solo (Neossolo Quartzarênico), o processo de formação do solo e do fluxo de água na área.

De modo geral, o coeficiente de variação deve ser utilizado como parâmetro para validar os valores médios encontrados, uma vez que, segundo Pimentel-Gomes e Garcia (2002), coeficiente de variação maior que 30% revelam que a média tem pouco significado e valores maiores que 60% refletem série de dados muito heterogênea anulando a confiabilidade da média. Contudo, se for menor que 30%, os dados são homogêneos e a média tem significado, podendo ser utilizada como representativa para os dados obtidos. Entretanto, nas sugestões de Pimentel-Gomes e Garcia (2002) não há especificidade quanto à natureza do ensaio/tratamentos, quanto à cultura estudada, quanto aos atributos utilizados e classificação de solo, quais podem ser relevantes no momento da interpretação de tal medida, haja vista que nem sempre experimentos conduzidos em casa de vegetação estão associados a baixo CV, como é o caso de ensaios em vasos e com solos de baixa fertilidade, como os encontrados nos Cerrados (AMARAL et al., 1997; MARTINS et al., 2015).

Os valores de assimetria positiva para RP, P, MO, pH, K, Ca, Mg, SB, CTC e V para os tratamentos calcário e lama de cal + oxyfertil foram globalmente abaixo da média observada, sendo tal tendência tanto mais expressiva quanto maior for o valor obtido. Situação inversa observou-se para valores negativos da assimetria obtidos para ALT, DAP, SIL e m. Os atributos que apresentaram distribuição de frequência platicúrtica, ou seja, curtose negativa para ambos tratamentos foram RP, P, MO, K, Ca, Mg e CTC. A UG, SIL, Al e m tiveram distribuição de frequência leptocúrtica em ambos tratamentos, evidenciando, assim, que uma minoria dos atributos do solo possui os dados próximos ao seu centro no gráfico de distribuição de frequência. Embora os coeficientes de assimetria e curtose demonstrem que os atributos do solo possuem distribuições assimétricas, os valores da média e mediana das variáveis estudadas se evidenciaram similares, indicando que o conjunto de dados não apresentou assimetria acentuada se aproximando da distribuição normal. Isso pode indicar que as medidas de tendência central não são dominadas por valores atípicos no conjunto de dados (CORADO NETO et al., 2015).

Na análise de componentes principais, foram considerados os dois primeiros componentes (CP1 e CP2), pois estes conseguem reter simultaneamente a quantidade suficiente da informação total contida no conjunto das variáveis originais para cada tratamento, que foi definido por 18 atributos, o que possibilita sua localização com um ponto em um gráfico bidimensional, biplot (Figura 5). Inicialmente o intuito foi verificar a relação entre os atributos

do solo e os diferentes tratamentos avaliados. Na ACP utilizou-se um conjunto dos atributos de planta e físico-químicos do solo para a camada de 0,00-0,20 m considerando apenas os dois primeiros componentes principais. Verificou-se que os dois primeiros componentes principais foram capazes de explicar 54,96% da variabilidade contido nos atributos avaliados, isto é, 35,19 e 19,77% para CP1 e CP2, respectivamente.

A análise de componentes principais (ACP) que explicou 54,96% da variabilidade dos dados está de acordo aos observados por Soares et al. (2016), onde os mesmos explicam que, após esta etapa, os resultados obtidos por meio da análise multivariada, podem ser utilizados como sendo as variáveis mais relevantes na caracterização e no planejamento de uso sustentável de ambientes naturais.

Figura 5. Gráfico biplot dos componentes principais gerados a partir dos atributos de planta e solo para os tratamentos com calcário, lama de cal + oxyfertil e testemunha na camada de 0,00- 0,20 m.

Os atributos de planta e solo no tratamento sob aplicação de calcário estão majoritariamente no quadrante 4 (esquerda do gráfico biplot), sendo influenciado por valores negativos do componente CP1 (Figura 5), indicando que esses pontos apresentaram, como se esperava, alto pH e altos teores de Ca, em contraste, essas amostras apresentaram baixos valores de umidade gravimétrica e alumínio (Tabela 10).

A testemunha, dentre os tratamentos, foi o que se apresentou mais espalhado pelo gráfico, concentrando-se nos quadrantes 1 e 2 (direita do gráfico biplot), ou seja, apresentando

UG Areia Argila P MO pH Ca Al -3 -2 -1 0 1 2 3 CP1 (35.19%) -3 -2 -1 0 1 2 3 4 C P 2 ( 1 9 .7 7 %) Calcário Lama de Cal Testemunha DAP ALT

um subagrupamento de pontos proporcionando um contraste entre Ca e pH, Al e UG, onde o Al e a UG apresentaram elevados valores, sendo influenciado por valores positivos da CP1 (Figura 5). Enquanto os dados do tratamento utilizando lama de cal + oxyfertil se concentrou no quadrante dois, havendo um contraste entre ALT, DAP e areia vesus a argila sendo influenciado por valores negativos da CP2.

Com base nos agrupamentos obtidos para os atributos do eucalipto e do solo, o gráfico biplot com as principais variáveis obtidas e, a distribuição espacial dos grupos gerados para o calcário, a lama de cal + oxyfertil e a testemunha, melhora a avaliação destes grupos quando inter-relacionados ao solo por meio de sua interpretação, distribuição espacial e correlação com propriedades geomorfológicas (OLIVEIRA et al., 2018).

Na análise de componentes principais com as variáveis de maiores escores, foram extraídos dois componentes principais que, de forma acumulada, explicam 54,96% da variabilidade total dos dados (Tabela 10). O primeiro componente explicou 35,19% da variabilidade total dos atributos analisados da área experimental, apresentando correlações significativas com os atributos UG, pH, Ca e Al para a profundidade de 0,00-0,20 m, onde o pH e cálcio se correlacionaram de maneira negativa, enquanto a umidade volumétrica e alumínio se correlacionaram positivamente. O segundo componente principal explicou 19,77% da variabilidade dos dados e apresentou correlações significativas com o DAP, areia, argila, teor de fósforo e matéria orgânica do solo. No entanto, apenas a areia teve correlação positiva no CP2, os demais atributos correlacionaram-se negativamente (Figura 5).

Tabela 10. Coeficientes de correlação dos componentes principais por meio de análise multivariada dos atributos de planta e solo, para a camada de 0,00-0,20 m.

Atributos CP1 CP2

ALT (Altura do eucalipto) 0,106 -0,445

DAP (Diâmetro à altura do peito) 0,283 -0,587*

UG (Umidade gravimétrica) 0,789* -0,066 Areia -0,462 0,551* Argila 0,477 -0,601* P (Fósforo) -0,239 -0,539* MO (Matéria orgânica) -0,128 -0,553* pH (Potencial hidrogeniônico) -0,854* -0,294 Ca (Cálcio) -0,859* -0,213 Al (Alumínio) 0,907* 0,191 Autovalor 3,421 1,878 Variância Explicada (%) 35,19 19,77

A correlação das variáveis e a representação gráfica nos componentes principais permitiram caracterizar as variáveis que melhor discriminaram na formação e diferenciação dos ambientes (Tabela 10 e Figuras 5 e 6). A UG foi responsável por separar os tratamentos lama de cal+ oxyfertil, do calcário e controle, enquanto a MO separou o tratamento calcário dos demais tratamentos (Figura 5). Para o agrupamento no tratamento com calcário, os atributos de maior influência foram areia, Ca, pH, ALT, DAP e argila.

Para o agrupamento pertencente ao tratamento calcário os atributos que mais influenciaram foram areia, Ca e pH, para o agrupamento pertencente ao tratamento com lama de cal + oxyfertil foram a ALT, DAP e argila e, para a testemunha, apesar de mais difuso, observa-se que foram o Al e UG.

Os dendrogramas obtidos pela análise de agrupamentos hierárquica, em que a variação expressiva nos valores de distância euclidiana entre os acessos para o conjunto de variáveis consideradas torna possível fazer uma divisão de grupos nos diferentes tratamentos (Figura 6). A variação expressiva nos valores de distância euclidiana entre os acessos, para o conjunto de variáveis consideradas, faz uma divisão de quatro grupos para o tratamento com calcário, dois grupos para o tratamento com lama de cal + oxyfertil e três grupos para a testemunha com parcelas homogêneas.

Nesta análise, as amostras de solos foram agrupadas com base no seu grau de semelhança, com o objetivo de classificá-las em grupos homogêneos (Figura 6). Assim, foi admitido um corte na distância euclidiana de ligação de 9, 14 e 15 para o calcário, lama de cal + oxyfertil e testemunha, respectivamente. Indicando que o uso do conjunto de dados para os atributos de planta, físicos e químicos, foi possível ordenar os dados em grupos, conforme seu respectivo tratamento.

O agrupamento das classes de solos em grupos homogêneos, deve-se ao fato de que a aplicações do calcário e do resíduo de celulose para a correção da fertilidade e alteração da qualidade física do solo, apresentam comportamento mais homogêneo e menos variável para a lama de cal + oxyfertil e testemunha (SILVA et al., 2010b).

Figura 6. Dendrograma resultante da análise hierárquica de agrupamentos mostrando a formação de grupos gerados a partir dos atributos de planta e solo para os tratamentos com calcário, lama de cal + oxyfertil e testemunha na camada de 0,00-0,20 m.

Na Figura 7, visualiza-se o posicionamento dos agrupamentos na área experimental oriundos das divisões do dendrograma, onde o tratamento com calcário apresentou 4 agrupamentos, lama de cal + oxyfertil foram 3 agrupamentos e a testemunha foram 4 agrupamentos. No tratamento com aplicação de calcário, o agrupamento 3 foi responsável por 32% da área total, em sua maioria situado na região centro-oeste da área, seguido pelo agrupamento 2, com 28% e, os agrupamentos 1 e 4 com 20% cada. O tratamento lama de cal + oxyfertil apresentou dois grupos distintos, sendo que, o agrupamento 2 correspondeu a 78% da área total com distribuição ampla em toda a área. Por outro lado, a testemunha apresentou três grupamentos, sendo que, o agrupamento 2 apresentou 64% da área total, estando este distribuído em toda a área avaliada.

Assim, o agrupamento 1 apresentou os maiores valores de fósforo, matéria orgânica do solo, diâmetro à altura do peito, argila, pH e cálcio (Figura 5). Enquanto o agrupamento 2, caracterizou-se pelos maiores valores de teor de areia, UG e teor de Al.

Calcário 43 46454244322347431211916208191514131018652735254024393731174830294938226282250362173341341 0 5 10 15 20 D is n c ia e u c li d ia n a Lama de cal 29 30 23 31 11 47 49 5 44 27 3 35 34 10 36 25 26 20 43 33 15 32 8 38 37 17 14 18 16 13 40 9 39 7 41 42 28 24 50 6 48 2 46 12 4 22 21 19 45 1 0 5 10 15 20 25 30 35 D is n c ia e u c li d ia n a Testemunha 32 39 29 47 25 19 35 24 37 16 27 26 44 43 45 20 33 23 41 10 7 30 28 22 18 40 34 5 46 48 50 36 3 9 6 15 13 4 17 14 31 2 38 21 12 11 49 42 8 1 0 5 10 15 20 25 30 D is n c ia e u c li d ia n a

Figura 7. Distribuição espacial dos grupos gerados a partir dos atributos de planta e solo para os tratamentos com calcário, lama de cal + oxyfertil e testemunha na camada de 0,00-0,20 m.

Na Figura 8, são apresentadas as médias padronizadas dos atributos de plantas e solo para cada grupo e cada tratamento, segundo análise de agrupamentos não hierárquica k- means. Para o tratamento com aplicação de calcário, observa-se que os três agrupamentos seguiram padrões semelhantes, com exceção do agrupamento 1 que teve maiores valores de Al e consequentemente menores valores de Ca e pH.

Para a testemunha, os agrupamentos foram bem distintos, onde o agrupamento 1 teve baixos valores de Al, resultando na altura média do eucalipto, porém, para o agrupamento 2, o maior teor de Al no solo foi o que resultou nas menores alturas do eucalipto. As médias padronizadas demonstraram haver uma tendência onde as áreas com os maiores teores de Al, ocorreram os menos teores de Ca e pH e, consequentemente as menores alturas do eucalipto. Esses dados corroboram com Oliveira et al. (2017) que, avaliando atributos químicos de um Neossolo Quartzarênico de Cerrado sob diferentes sistemas de uso e manejo com espécies arbóreas, verificaram que, quanto maior o teor de Al no solo, menor é o pH, resultando em menor desenvolvimento das espécies arbóreas.

Altos teores de Al no solo tenderam a resultar em menor desenvolvimento do eucalipto, contudo, Foy et al. (1978), reportaram que a toxidez por alumínio pode causar inibição da divisão celular e lesões na membrana além de alterar a rigidez da parede celular. Porém, Silva et al. (2012) estudando resistência de eucalipto ao alumínio, verificaram que dependendo da quantidade de alumínio no solo, não interfere no seu desenvolvimento.

De modo geral, as técnicas multivariadas são ferramentas muito importantes, no sentido de evidenciarem relações não visualizadas por meio de outras técnicas estatísticas, sugerindo-se o uso mais intenso dos métodos multivariados em diferentes aplicações.

Figura 8. Médias padronizadas geradas a partir dos atributos de planta e solo para cada grupo segundo análise de agrupamentos não-hierárquica k-means para os tratamentos com calcário, lama de cal + oxyfertil e testemunha na camada de 0,00-0,20 m.

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