• Nenhum resultado encontrado

Verificou-se que o glifosato não foi eficaz sobre L. perenne. em ambas as doses: 17,5%, (720 g e.a. ha- 1

) e 69,2% (1.800 g e.a. ha-1), confirmando a presença de populações resistentes ao glifosato (GR) no campo

Os herbicidas quizalofope-P-etilo (aplicado em seqüência com o glifosato), cicloxidime ou flazasulfurão (em ambas as estratégias, mistura ou sequência de herbicidas) foram eficazes no controlo das populações GR de L. perenne. Pelo contrário os herbicidas diquato, cletodime e fluazifope-P-butilo não apresentaram eficácia aceitável. Estes resultados confirmam os obtidos nos ensaios realizados em 2011 (Portugal et al., 2012) e acentuam que a estratégia a seguir (mistura ou sequência de herbicidas) depende da s.a. e das condições edafo-climáticas da região onde são implementadas. Todavia, contrariam as previsões que preconizam que a mistura de herbicidas é mais eficaz do que a sequência de herbicidas no controlo de populações resistentes ao glifosato (Diggle et al., 2003; Neve 2008; Bechie e Rebaud, 2009). Todavia Jaquemin et al. (2009) são ainda mais cépticos relativamente à utilização de misturas no controlo de populações resistentes, salientando por outro lado que podem ter potencial na prevenção da ocorrência da resistência. Numa estratégia pro-activa

149

a selecção de s.a. a incluir numa mistura devem obedecer não só aos princípios de Wrubel e Gressel (1994) mas só serão eficazes se houver antagonismo entre elas, o que raramente acontece.

Os estudos, na região do Douro vinhateiro, continuam em 2014, para obtenção de resultados mais robustos.

Banco de sementes

No Pinhão os resultados foram os esperados. De facto, o banco de sementes de Lolium foi mais elevado na modalidade (5) glifosato (1970,3 pl m-2), enquanto a conjugação com o corte das plantas na linha permitiu uma redução significativa do numero de sementes (577,5 pl m-2) similar a da testemunha com corte – Quadro 4. Confirmando-se a eficácia do corte na redução do banco de sementes de Lolium (F = 5,26, p <0,01). Do total de emergências, 90 % das plântulas de Lolium eram resistentes ao glifosato. Pode-se especular que a aplicação continuada de glifosato, em anos anteriores, já exerceu a seleção para resistência ao glifosato, no banco de sementes superficial das vinhas do Douro. Esta estratégia pode ter efeitos no reservatório de sementes do solo, por reduzir a produção de semente (por corte da inflorescência) e a corresponde ‘chuva de sementes’ responsável pela renovação do banco de sementes do solo. Considerando a persistência de sementes de Lolium (Goggin et al., 2012), o reservatório de sementes do solo mantém o seu papel tampão na evolução na manutenção da resistência no campo, pelo equilíbrio entre sementes da população S e a população R ao glifosato de L. perenne, ao longo do tempo (Gressel, 2002).

CONCLUSÃO

Estratégias de gestão com programas de herbicidas que combinam glifosato com herbicidas com diferente modo de acção como cicloxidime, quizalofope-P-etilo (inibidores da ACCase -HRAC-A) ou flazasulfurão (inibidores da ALS -HRAC-B) podem ser alternativas eficazes para o controle de populações de Lolium perenne resistentes ao glifosato em vinha. Confirmou-se também a eficácia do corte na redução do banco de sementes de Lolium.

Os resultados permitem concluir que a conjugação destes dois métodos de luta, aplicação de herbicida e corte da vegetação na linha, pode contribuir para uma gestão sustentável da resistência em vinha.

AGRADECIMENTOS

Este estudo foi parcialmente financiado pelo protocolo Univ Cordova - Monsanto. Os autores agradecem a Maria de Lurdes Silva, do INIAV, a disponibilidade e dedicação na manutenção dos ensaios de estufa e a Pedro Ramos, da Bayer CropScience Portugal, pela excelente assistência a nível regional.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Beckie, H.J. e X. Reboud (2009) - Selecting for weed resistance: herbicide rotation and mixture. Weed Technology, 23: 363-370.

150

Calha, I.M.; Portugal, J.; Gonzalez-Torralva, F.; Roldan, R. e DePrado, R. (2013) - Distribution and characterization of glyphosate resistance in perennial crops in Portugal. 20th Symposium EWRS, 24-28 Jul, SanSun, Turquia.

Cook, T.; Moore, J. e Peltzer, S. (2005) - Integrated Weed Management in Australian Cropping Systems, Cooperative Research Centre for Australian Weed Management. p 149-153.

Goggin D.E.; Powles, S.B. e Steadman, K.J. (2012) - Understanding Lolium rigidum seeds: the key to managing a problem weed ? Agronomy, 2: 222-239.

Diggle, A.J.; Neve, P.B. e Smith, F.P. (2003) - Herbicides used in combination can reduce the probability of herbicide resistance in finite weed populations. Weed Research, 32: 371–382. Ehler, L.E. (2006) - Integrated pest management (IPM): definition, historical development and

implementation, and the other IPM . Pest Management Science, 62: 787 – 789. Gressel, J. (2002) - Molecular Biology of Weed Control. Taylor and Francis, London, UK,

Jacquemin, B.; Gasquez, J. e Reboud, X. (2009) - Modelling binary mixtures of herbicides in populations resistant to one of the components: evaluation for resistance management. Pest Management Science, 65: 113-121.

Harker, K.N. e O'Donovan, J.T. (2013) - Recent weed control, weed management, and integrated weed management. Weed Technology, 27: 1-11.

Heap, I (2014) - The International Survey of Herbicide Resistant Weeds. Disponível online http://www.weedscience.org, acesso Janeiro 2014.

Megasaran, M.B.; Mashhadi, H.R.; Zand, E. e Alizadeh, H.M. (2007) - Comparison of three methodologies for efficient seed extraction in studies of soil weed seedbanks. Weed Research, 47, 6: 472 – 478.

Neve, P. (2008) - Simulation modelling to understand the evolution and management of glyphosate resistance in weeds. Pest Management Science, 64:392–401.

Norsworthy, J.K.; Waard, S.M. e Shaw, D. (2012) - Reducing the risk of herbicide resistance: best management practices and recommendations. Weed Science. Special Issue: 31-62.

Powles, S.B. (1997) - Success from adversity: Herbicide resistance can drive changes to sustainable weed management systems. Brighton Crop Protection Conference, 10B-1: 1119-1126.

Portugal, J.; Calha, I.M.; Gonzalez-Torralva, F.; Roldan, R. e DePrado R (2012) - Management strategies for Lolium sp. resistant to glyphosate with herbicide programs. International Workshop on “European status and solutions for glyphosate resistance”, Maio 2012, Córdova, Espanha. Portugal, J.; Calha, I.M.; Gonzalez-Torralva, F.; Roldan, R. e DePrado R (2013) - Resistência ao

glifosato em vinhas do Douro: 139-148, Actas do 9º Simposio Vitivininicultura do Alentejo. Vol 2, Maio, Évora, Portugal.

PPDB (2014). Pesticide Properties DataBase. Disponível online

http://sitem.herts.ac.uk/aeru/ppdb/en/ acesso Março 2014.

Wrubel, R. P. e J. Gressel (1994). Are herbicide mixtures useful for delaying the rapid evolution of resistance? A case study. Weed Technology, 8:635–648.

151

QUADROS E FIGURAS

Quadro 1. Eficácia de métodos de luta para o controlo de Lolium rigidum

Método Eficácia média (%) Limites da eficácia (%)

Queima resíduos da cultura 50 0-90

Lavoura 95 80-99

Escarificação de Outono 15 0-50

Mobilização 60 0-90

Herbicida não selectivo ‘knockdown’ 80 30-95

Herbicida não selectivo

‘doubleknockdown’

95 80-99

Herbicida de pre-emergência 70 50-90

Herbicda selectivo de pós-emergência 90 80-95

Aplicação topical ‘overthetop’ 80 60-90

Aplicação topical com herbicida selectivo

70 50-90

Produção de silagem 80 50-95

Aplicação topical em pastagem 80 30-99

Sideração 90 70-95

Pastoreio 50 20-80

Variedades competitivas 50 20-80

Fonte: Cook et al.(2005)

Quadro 2. Modalidades do ensaio de campo com herbicidas Nº Pos-Emergência precoce Inicio do afilhamentro BBCH (13-18) Pos-Emergência Afilhamento (BBCH 21-25) Pos-Emergência tardia Espigamento (BBCH 59) 1 Testemunha Corte

2 glifosato 720 e.a. ha-1 Corte

3 glifosato 720 e.a. ha-1

( MON79991)

Corte

4 glifosato 1800 e.a. ha-1

5 glifosato 1800 e.a. ha-1 Corte

6 glifosato e 1800 e.a. ha-1 ( MON79991)

Corte 7 glifosato 1800 e.a. ha-1 cletodime 100 g ha-1

8 cletodime 100 g ha-1+

glifosato 1800 e.a. ha-1 9 glifosato 1800 e.a. ha-1 cicloxidime 250 g ha-1

152

glifosato 1800 e.a. ha-1 11 glifosato 1800 e.a. ha-1 flazasulfurão 50 g ha-1

12 flazasulfurão 50 g ha-1+

glifosato 1800 e.a. ha-1 13 glifosato 1800 e.a. ha-1 quizalofope- P-etilo 125 g

ha-1

14 quizalofope-P-etilo 125 g ha-

1

+ glifosato 1800 e.a. ha-1 15 glifosato 1800 e.a. ha-1 fluazifope- P-butilo 250 g ha-

1

16 fluazifope- P-butilo 250 g ha-

1

+ glifosato 1800 e.a. ha-1 17 glifosato 1800 e.a. ha-1 diquato 800 g ha-1

Quadro 3. Modo de acção (MOA) e classificação toxicológica e ecotoxicológica dos herbicidas Substância activa MOA Classificação

toxicológica

Classificação ecotoxicológica

cletodime A Xn Perigoso para organismos

aquáticos

cicloxidime A Xi Nocivo para organismos

aquáticos

diquato D T; N Muito tóxico para organismos

aquáticos

fluazifope-P-butilo A Xi; N Perigoso para organismos aquáticos.

flazasulfurão B N Extremamente perigoso para

organismos aquáticos.

glifosato G Is Baixa toxicidade pra para

organismos aquáticos

quizalofope-P-etilo A Xn; N Muito perigoso para

organismos aquáticos

Fonte: PPDB (2014)

Quadro 4. Efeito das modalidades no banco de sementes de Lolium (0-10 cm)

Modalidade pl m-2 SE

1 - Corte 509,6 (222,39) 4 - glifosato 1970,3 (546,7) 5 – glifosato + corte 577,5 (198,08)

153

Figura 1. Eficácia do glifosato (modalidades 2-6) e de outros herbicidas aplicados em mistura (modalidades

pares) ou em sequência (modalidades impares) com o glifosato na população de Lolium sp. GR.

EFI

C

IA

(%)

MODALIDADES

154

A INVESTIGAÇÃO EM PROTECÇÃO INTEGRADA DE CITRINOS EM PORTUGAL