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PARTE II – Projetos ligados à prática profissional desenvolvidos durante o estágio

1.4. Resultados e Discussão

No mês de setembro de 2018, durante o qual foi executado este projeto, foram realizados 114 atendimentos nos quais existia a possibilidade de o utente optar entre um medicamento original ou o seu genérico. Em 49% dos casos o utente optou pelo genérico, face aos 32% em que o utente optou pelo original (figura 1).

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Figura 1 Percentagem de utentes que optam pelo medicamento original, genérico ou que se

mostram indecisos

Ao longo deste estudo, verificou-se que os utentes que optam pelo medicamento genérico correspondem maioritariamente a indivíduos que realizam tratamentos para doenças crónicas, como por exemplo a hipertensão arterial, e que iniciaram o tratamento com o genérico ou que já mudaram para este no passado, tendo verificado que conseguem controlar a doença com um medicamento eficaz, a um preço mais económico. Observou- se também que para situações agudas (uso de AINEs, analgésicos e anti-histamínicos, por exemplo), os utentes optam também pelo genérico, pois reconhecem a sua eficácia, associada à vantagem do preço mais reduzido.

A percentagem de utentes que opta pelo medicamento original é ainda significativa, correspondendo aproximadamente a um terço dos atendimentos realizados. Mesmo após ser fornecida alguma informação sobre os medicamentos genéricos durante o atendimento, estes utentes continuam a preferir o original, por várias razões, entre as quais se destacam a preferência por continuar um tratamento crónico que foi iniciado com o medicamento original e a desconfiança nos medicamentos genéricos. Esta desconfiança pode ser resultado de uma experiência passada com os genéricos, na qual o utente experimentou alguma reação adversa (possivelmente devida a algum excipiente da formulação), a recomendação médica de não optar pelo genérico ou a ideia de que o genérico não resolve a situação/controla a doença. Por exemplo, com o uso de antibióticos é frequente os utentes preferirem o medicamento de marca, por considerar que o genérico não é tão eficaz ou que é necessário mais tempo de tratamento para resolver a infeção.

Embora a maior parte da população contemplada neste estudo se mostre decidida na sua escolha (92 utentes de 114, aproximadamente 80%), existe uma parcela dos utentes avaliados que se mostra indecisa e procura o conselho do farmacêutico (19% dos

Genéricos; 49,1

Originais; 31,6 Indecisos; 19,3

P E R C E N T A G E M D E U T E N T E S Q U E O P T A M P E L O O R I G I N A L O U P E L O G E N É R I C O

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casos), correspondendo principalmente a utentes que vão iniciar um tratamento, seja este pontual ou crónico. Os motivos mais frequentes desta indecisão são o desconhecimento da existência do medicamento genérico, da diferença relativamente ao original e o receio do genérico, por ser mais barato, apresentar uma menor eficácia.

A população alvo deste estudo são os utentes incluídos no grupo «indecisos» da figura 1, ou seja, os utentes que mostram dúvidas em relação à escolha entre genérico ou original durante o atendimento. A todos estes utentes foi dada uma breve explicação oral, incidindo sobre os motivos que permitem que um medicamento genérico seja mais barato, sem comprometer a sua eficácia, segurança e qualidade. Assim, foi explicado que os medicamentos genéricos têm um preço mais reduzido por serem necessários estudos menos complexos e demorados que os requeridos para o original. De modo a reforçar a informação oralmente transmitida, foi entregue a cada um dos utentes indecisos um panfleto informativo (anexo X). Após este breve diálogo, 73% dos utentes mostraram-se mais recetivos e esclarecidos em relação aos medicamentos genéricos, reconhecendo a sua mais-valia e optando pelos mesmos (figura 2), uma vez que são equivalentes aos originais, mas com a vantagem de terem um custo menor. Contudo, esta abordagem não foi completamente eficaz, uma vez que ainda persiste em alguns utentes a desconfiança nos medicamentos genéricos. Do total dos utentes que se mostravam indecisos, 23% optou pelo original, mesmo após a entrega do panfleto. Nestes casos, apesar de ser garantida a segurança, eficácia e qualidade dos genéricos e explicada a vantagem face aos originais, os utentes continuam a não confiar no genérico.

Figura 2 Percentagem de utentes indecisos que optam pelo medicamento original ou genérico, após a entrega do panfleto informativo

Genérico; 73,3 Original; 22,7

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1.5.

Conclusão

Os medicamentos genéricos têm vindo a aumentar a sua representação no mercado nacional de forma constante nos últimos anos, até se tornarem a opção privilegiada em aproximadamente metade dos atendimentos em que há possibilidade de escolha entre um medicamento original e um genérico. A realidade na farmácia Bom Despacho acompanha esta tendência verificada a nível nacional.

O aumento da quota de mercado dos medicamentos genéricos tem sido acompanhado pela realização de inúmeras campanhas de divulgação ao longo dos anos, com o objetivo de transmitir à população geral dados sobre os medicamentos genéricos que aumentem a confiança nos mesmos e promovam que os utentes optem por estes em vez dos originais. No entanto, existe ainda uma grande parte dos utentes que, perante a escolha, optam pelo original ou se mostram indecisos.

A população alvo deste trabalho são os «indecisos», ou seja, aqueles utentes que desconhecem os medicamentos genéricos, as suas diferenças em relação ao original e a mais-valia de optar por eles. O desconhecimento e a falta de informação aumentam o receio a e desconfiança nos medicamentos genéricos. Contudo, se cada vez que um utente se mostra indeciso e pede conselho ao farmacêutico, este explicar que os genéricos mantêm a mesma eficácia, segurança e qualidade que o original, por apenas uma fração do preço, tal como foi feito durante a realização deste projeto, os utentes reconhecem as vantagens e optam pelo genérico.

Com este trabalho pretendeu-se divulgar os medicamentos genéricos na população constituída pelos utentes da farmácia Bom Despacho, através da entrega de um panfleto informativo acompanhado por uma explicação oral simples e acessível. Os utentes demonstraram-se abertos a esta iniciativa, a ouvir a explicação e a ler o panfleto, garantindo terem ficado mais esclarecidos em relação aos genéricos e às vantagens de optar pelos mesmos, sendo o fator económico a principal razão que os motiva a escolher o genérico. Através desta inicaitiva, os utentes também tiveram a oportunidade de colocar as suas questões relativamente a este assunto, o que me permitiu construir um diálogo mais personalizado, garantindo uma eficaz comunicação da informação.

As campanhas de divulgação de medicamentos genéricos nos meios de comunicação têm-se mostrado essenciais para o aumento da quota de mercado dos genéricos. Todavia é essencial que estas sejam acompanhadas por iniciativas como a proposta neste projeto, que permitam personalizar e adequar a informação a cada utente individualmente.

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