• Nenhum resultado encontrado

3 MATERIAL E MÉTODOS

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os geoprópolis denominados GP foram coletados na localidade Cauaçu no município de Palmeirândia – MA , Baixada maranhense, e em análise sensorial apresentaram-se como fragmentos de resíduos de diferentes tamanhos, com granulometria heterogênea, inodoros, insípidos e com coloração marrom, conforme tabela 2.

Tabela 2. Local de coleta, peso e características sensoriais de geoprópolis de Melipona fasciculata GP “in natura”.

Geoprópolis Local da Coleta Peso (g) Características sensoriais

Odor Cor Sabor

GP Palmeirândia/

Cauaçu 2083,4 Inodoro Marrom Insípido

Legenda: GP: Geoprópolis

Dutra et al. (2008) analisaram amostras de geoprópolis coletadas nos municípios de São Bento, Arari e São João Batista, da Baixada maranhense, em agosto de 2003, e demonstraram que os mesmos são inodoros, amargos e de coloração marrom escura.

O rendimento extrativo foi de 1,46%, e o extrato hidroalcoólico apresentou sabor amargo, coloração marrom, e odor balsâmico (tabela 3).

Segundo Dutra et al. (2008) a predominância de terra na geoprópolis “in natura” é o fator que não permite uma diferenciação sensorial, mas nos extratos hidroalcoólicos, livres de terra, observa-se diferenças principalmente no odor.

Estudos realizados por Dutra (2006) e Dutra et al. (2008) em extratos de geoprópolis de Melipona fasciculata da Baixada maranhense, demonstraram rendimentos extrativos variando de 1,1 - 5,83 %. Azevedo (2009) analisando amostras de geoprópolis da mesma região verificou variações de rendimentos extrativos de 0,72 - 3,03%, já Batista (2008) em geoprópolis do Cerrado maranhense obteve variação de extrativos de 0,24 a 10,02%. Cunha e Ribeiro (2009) obtiveram rendimentos extrativos de 1,77% a 10,68% em geoprópolis da Baixada maranhense.

Azevedo (2009) realizou análises sensoriais de 13 extratos de geoprópolis de M. fasciculata da Baixada Maranhense, observando a predominância de coloração marrom, sabor

amargo (61,5 %), e aroma resinoso (69,3%). Abreu et al. (2007) e Abreu (2008) em estudos semelhantes com geoprópolis de abelhas sem ferrão (M. fasciculata Smith) da região do Cerrado maranhense obtiveram características similares. Cunha e Ribeiro (2009) observaram em estudos com geoprópolis da Baixada maranhense extratos com colorações variando de amarelo-claro à marrom escuro.

Tomás-Barberán et al. (1993) estudaram a relação entre a cor dos extratos metanólicos de própolis de Apis mellifera e sua composição, indicando que extratos avermelhados escuros continham grandes quantidades de compostos fenólicos, enquanto os incolores não continham substâncias fenólicas. Os extratos amarelos apresentaram compostos fenólicos, mais em pequenas quantidades quando comparados com os extratos escuros.

As características sensoriais e granulometria são parâmetros para a identidade e controle de qualidade de própolis de Apis mellifera (BRASIL, 2001), os quais dependem da procedência e da origem botânica (MARCUCCI, 1996).

A abordagem química do EHAGP mostrou a presença fortemente positiva de compostos fenólicos e triterpenos (Tabela 3).

Tabela 3. Rendimento extrativo, caraterísticas sensoriais e perfil químico do extrato hidroalcoólico de geoprópolis de Melipona fasciculata (EHAGP).

Legenda: (+) Presença: + + + fortemente positivo; + + positivo; + fracamente positivo; (-) Ausência.

EHAGP= Extrato hidroalcoólico de geoprópolis

Nogueira et al. (2004), Nogueira (2005), Marques (2006), Abreu et al. (2006), Dutra et al. (2008), Azevedo (2009) e Cunha e Ribeiro (2009) verificaram a predominância de compostos fenólicos, flavonóides e triterpenos em amostras de geoprópolis de abelhas sem ferrão (Melipona fasciculata Smith), originárias do estado do Maranhão.

Velikova et al. (2000a), isolaram 3 compostos terpênicos em própolis de Melipona quadrifasciata anthididioides, coletada no estado do Paraná, sendo um deles responsável por sua atividade antibacteriana.

Extrato Rendimento

Características sensoriais Perfil químico

Odor Cor Sabor fenólicos Comp. Triterpenos Alcalóides

Bankova et al. (1998) analisaram amostras de geoprópolis de 3 espécies de abelhas indígenas onde identificaram mais de 50 compostos, em sua grande maioria da classe dos compostos fenólicos e terpenos.

Vários estudos têm relacionado a composição química de geoprópolis à flora visitada pelas abelhas, no Brasil onde existe uma maior diversidade florística estas apresentam-se com variadas composições químicas, associadas à localização geográfica e espécie de abelha.

O Brasil é considerado um dos países de maior biodiversidade do mundo, caracterizada nos seus principais biomas que são: mata atlântica, floresta amazônica, cerrado, caatinga e pantanal. Essa megadiversidade encontra-se associada a uma riqueza de diversidade cultural com forte influência da cultura indígena, africana e européia, marcando fundamentalmente o conhecimento popular sobre o uso e manejo de recursos naturais para fins terapêuticos até o presente momento. A utilização de biodiversidade pelo homem confunde-se com a sua própria existência, a domesticação de espécies úteis está diretamente associada à civilização. A busca de novos produtos oriundos da diversidade biológica (bioprospecção), permite agregar valor à espécies desconhecidas ou pouco valorizadas.

O Maranhão por ser um estado de transição geográfica, com características climáticas peculiares e grande diversidade florística, favorece a distribuição de abelhas sem ferrão em seu território, seus produtos (própolis, geoprópolis, mel, cera, entre outros) são utilizados há séculos pelos índios, e popularmente para tratar inúmeras doenças ou como alimento, no entanto existem poucos estudos que avaliem a citotoxicidade de própolis de abelha sem ferrão, bem como os geoprópolis produzidos por meliponíneos.

O bioensaio com larvas de Artemia salina, um crustáceo encontrado em águas salinas e salobras de todo o mundo, é considerado simples, eficiente e de baixo custo (ALMEIDA, 2002). É utilizado como screening para determinação de atividades biológicas, como anticancerígenas, inseticida e antimalárica, monitorando os princípios responsáveis por essas ações e também para determinar a toxicidade de produtos (OJALA et al., 1999; MATTHEWS, 1995). Desta forma foi avaliada a citotoxidade de EHAGP frente ao microcrustacéo Artemia salina, como forma de triagem, com o objetivo de conhecer a potencialidade de ação biológica do extrato, conforme dados da Tabela 4.

Tabela 4. Índice de letalidade de Artemia salina quando submetidas ao extrato hidroalcoólico de geoprópolis de Melipona fasciculata (EHAGP)

AMOSTRA

Documentos relacionados