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Resultados Locais da Política Territorial

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DO CMDRS AO DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL/SDT EM SANTARÉM PA: ATORES E GESTÃO SOCIAL DAS POLÍTICAS

4.4 IMPLANTAÇÃO DA POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL NO PARÁ

4.4.2 Resultados Locais da Política Territorial

As atividades da SDT no território do Baixo Amazonas iniciaram-se ainda no fim de 2003 com reuniões conjuntas com a câmara técnica do PRONAF. O que provocou a confusão supracitada. As reuniões foram feitas em Santarém, com o descolamento dos representantes das entidades de outros municípios feitas de barco e ficando hospedados em hotel, local das reuniões, com despesas pagas pela SDT.

Entre 2003 e 2004 o programa avançou na consolidação de uma CIAT, com coordenação ou núcleo diretivo composto por atores governamentais e não governamentais. Após disputa pela coordenação do CIAT, que no começo não tinha representante dos produtores familiares, houve uma recomposição neste sentido. Isso demonstra que a institucionalidade em construção, até então tem um caráter aberto à entrada de novos atores sociais e que o desenho do programa favorece isto. Pois no decorrer do processo de implantação, vários grupos organizados foram sendo convidados a participar das atividades do programa. O número de entidades passou de 39 para 55 em 2005, como vimos anteriormente.

De 2003 a 2005, o território do Baixo Amazonas passa por um ciclo de Oficinas, que fazem parte da primeira fase de implementação do programa, buscando informação, mobilização e sensibilização dos atores locais e estaduais, seguindo a estratégia supracitada de penetrar nos territórios através do envolvimento de organizações já estabelecidas.

A organização institucional do território conta com uma consultora territorial contratada pela SDT (Socorro Oliveira em 2005), um articulador (Josué Linhares) indicado pela CIAT, O Núcleo Diretivo – ND e a CIAT.

As ações até aqui desenvolvidas são mais voltadas ao programa (mobilização, gestão, planejamento e capacitação) e são poucas as ações voltadas ao território. Principalmente pelo fato dos projetos de Infra-Estrutura e Serviços Territoriais aprovados estarem tendo dificuldades para a liberação de recursos, em função da falta de qualidade dos projetos. Mas é fato a necessidade de capacitação das pessoas e dos grupos organizados em torno do programa e que isto não é algo localizado, mas sim um problema nacional. Conforme declaração de representante da SDT/Brasília:

Nós fizemos em 2005 um esforço a partir da Gerência de Infra-Estrutura e Serviços, responsável por parte dos projetos, no sentido de está capacitando pessoas ligadas aos territórios. Essas pessoas são indicadas pela institucionalidade do território, para se capacitarem e ajudarem na elaboração de planos de trabalho que são os projetos. Isto foi uma ação intencional da SDT no sentido capacitá-los. Pois os projetos que

estão vindo para cá (SDT/Brasília) com qualidade e redação muito ruim, ou seja, tinha que fazer muitos consertos aqui. Então é pertinente a capacitação mais direta de pessoas. Mas os territórios têm recursos para custeio que eles podem definir que tipos de capacitação querem utilizar. Que vai desde a capacitação mais política, ou da construção do plano territorial. Em alguns casos eles estão trabalhando com capacitação dos Conselhos municipais, aí tem uma liberdade que os territórios decidem onde vão utilizar estes recursos.

Para avaliar as ações desenvolvidas pelo programa até agora, é importante dizer que a SDT ainda não desenvolveu um instrumento de avaliação dos possíveis resultados conseguidos. Neste momento, o mais importante, segundo representante da SDT/Brasília (2005) são os atores sociais reagirem e se articularem em torno da institucionalidade criada no território:

A efetividade do programa se dá quando os atores locais tomam pra si as ações desenvolvidas no território. Eles têm que ser os protagonistas. Nós da STD provocamos, mas se não tiver uma reação de lá (território), não somos nós que vamos lá fazer o desenvolvimento territorial. Em nível nacional existem dinâmicas diferenciadas, tem territórios que o processo é mais rápido por que já existe uma experiência anterior de desenvolvimento local, ou os atores são mais organizados. Agora tem territórios que não tem nada. E aí o processo é mais lento. Então não se pode afirmar que o resultado é melhor aqui ou ali, pois são dinâmicas e processos diferenciados.

Neste sentido, em nível local, o programa tem avançado no envolvimento de atores não-governamentais, em relação ao início dos trabalhos. Isso se deve em grande parte ao fato de que as entidades ligadas à sociedade civil terem em alguns casos avançado sua organização localmente e regionalmente. Em outros casos, estas organizações já têm uma estrutura organizada e uma história como nos casos do STR e FETAGRI.

Um outro elemento importante é o processo de gestão social dos instrumentos criados ou assumidos pela política territorial, em especial da linha Infra-Estrutura e Serviços Territoriais. Essa nova forma de distribuição de poder e de responsabilidades é encarada pelas organizações locais como uma inovação e oportunidade de decidir para onde os recursos devem ser aplicados, o que expressa uma repartição do poder de decisão. Pois com a exceção do extinto PRONAF Infra-estrutura, as transferências de recursos do governo federal se dão diretamente às esferas estaduais e municipais de poder.

Não é por acaso que esta forma de fazer política tem gerado algumas resistências em forma de ausência ou pouco envolvimento de alguns atores governamentais na institucionalidade criada pelo programa. Isso é mais sentido em relação ao executivo municipal.

Partindo-se do objetivo mais geral do programa, que é apoiar a organização dos atores sociais em tornos da institucionalidade criada pelo território, podemos concluir que no

caso de Santarém, houve avanços neste sentido. As organizações que representam os trabalhadores e as ONG’s se fortaleceram e se articularam no processo e passaram a ocupar um espaço de coordenação das ações internas. Mas desde 2004 os acordos políticos em torno dos projetos territoriais parecem ter avançado. O que se materializa nos planos territoriais de desenvolvimento aprovados até agora pela CIAT, com obras de infra-estrutura para Santarém, Juruti, Oriximiná e Alenquer.

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