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No contexto da oficina foram analisadas as falas dos participantes durante os encontros. As falas evidenciaram as concepções dos membros do grupo em relação à leitura e à escrita.

O discurso dos pais/responsáveis permitiu identificar a presença de comportamentos e atitudes semelhantes aos das próprias crianças, em diversos momentos. As falas também indicaram, em algumas situações, que os pais vivenciam dificuldades próximas às das crianças na prática da leitura e da escrita.

A seguir, apresentamos a transcrição de alguns encontros que ilustram essas afirmações e outros diferentes comportamentos relevantes apresentados pelos participantes.

7. 1. Exemplo 1. Oficina - 3º encontro (Atividade envolvendo discussão acerca dos meios de comunicação escrita)

Neste encontro, a mediadora propõe que sejam sorteados pelos participantes os papéis trazidos por ela, sendo que cada participante deve retirar um papel. Em cada papel está escrito o nome de algum meio de comunicação escrita, e cabe a cada membro do grupo comentar sobre sua experiência envolvendo o meio sorteado. Inicialmente, alguns participantes expõem comentários relativos à habilidade e às atividades de leitura/escrita do cotidiano ao grupo.

A. (Mãe) diz: “Tenho dificuldade para ler até hoje, mas forço minha filha a ler, fazer lição. Minha mãe também fazia assim comigo, dava castigo... Enquanto eu não terminasse a lição, não saia da mesa com os cadernos. Mas isso me fez muito mal”.

Aos poucos, os participantes foram expondo suas opiniões e vivências envolvendo os diferentes meios de comunicação escrita, estes sendo os referidos pelos seus papéis sorteados ou não.

M.M. ( Mãe) diz: “Gosto de ler os rótulos e as embalagens dos alimentos, a quantidade de cada nutriente, se tem gordura, açúcar... Também vejo o telefone do atendimento ao consumidor, gosto de saber onde posso reclamar se precisar, porque já aconteceu de eu precisar, liguei e tive o retorno deles”.

A. (Mãe) diz: “Eu gosto de ler manual dos aparelhos de casa, leio todos, sei tudo como funciona”.

M. (Mãe) diz: “Eu gosto de ler o Código de Defesa do Consumidor, acho interessante saber nossos direitos. Já usei no dia-a-dia informações de lá”.

Ao ser sorteado o papel contendo “Internet”, o pai A.E. mostra-se bastante irritado e inicia inúmeros comentários envolvendo críticas a esse meio de comunicação.

A.E. (Pai) diz: “O manuscrito ajuda a desenvolver o pensamento, é também uma atividade, um exercício muscular, e isto vem se perdendo”, “Eu tento administrar o aprendizado do meu filho, quero que ele aprenda, escreva, não deixo muito vídeo-game nem computador”.

Os participantes da oficina também afirmaram a presença da omissão por parte dos professores ao perceberem esse uso intensivo do meio digital, e a conseqüente continuação do incentivo ao uso:

A.E. (Pai) diz: “O professor até prefere que colem tudo da Internet e não escrevam à mão, pois não compreendem a letra e a grafia dos estudantes”.

A.C. (Mãe) diz: “Minha filha já não gosta de escrever, prefere digitar”, “Minha menina diz que a professora não vê os erros dos trabalhos que ela cola da Internet, porque dá nota dez mesmo com erros”.

A.E. (Pai) menciona a interferência negativa do uso intensivo da Internet sobre a própria linguagem oral das crianças e jovens atualmente: “Hoje em dia ninguém os entende mais, eles soltam grunhidos. Para pichar, eles escrevem, fora isso não querem e não gostam”.

O uso da Internet na perspectiva dos participantes

De acordo com estudo(46) realizado, a Internet estimula o interesse pela escrita, tendo sido obtido, inclusive, um resultado positivo na experiência com crianças e o uso de blogs na prática escolar. Atualmente, meios diversos de comunicação têm tratado da questão do uso da Internet no desempenho da escrita com opiniões diversas e, muitas vezes, preconceituosas. Com o crescente desenvolvimento dessa nova tecnologia, vigora a presença da Internet na realização das atuais pesquisas. Os alunos referem que esta tecnologia foi capaz de proporcionar bons avanços e resultados, devido à disponibilidade de uma série de materiais que a rede proporciona, gerando menor custo de tempo e um novo suporte textual. Apesar das presentes evidências, os professores ainda relutam em aceitar essas práticas como sendo positivas e agregadoras ao desempenho dos alunos. É também referido que o uso da Internet nas pesquisas escolares pelos alunos não reduz seu teor e quantidade de trabalho, uma vez que o aluno pode, ainda assim, realizar suas próprias correções e apoiar-se nos recursos de correção que têm disponíveis, a fim de manter o rigor das regras ortográficas da língua. Desta forma, a produção destes alunos constitui-se como um texto construído em co-autoria com outros autores, como resultado de sua busca no meio virtual, ao invés de simples cópia, como afirmam muitos professores(1).

Por outro lado, os pais, nos encontros da oficina, foram unânimes na afirmação acerca da interferência negativa da Internet na vida escolar e no aprendizado de leitura/escrita das crianças. Afirmaram de maneira enfática, com base em suas experiências, que as crianças vêm apresentando prejuízos devido ao uso exacerbado dos meios digitais, prejuízos estes tanto na questão da escrita como da aquisição do conhecimento e formação do pensamento. Isso pode ser verificado nos comentários realizados durante os encontros (como no 3º dia de realização da Oficina).

O uso da informática despertou resistência e oposição nos participantes da oficina, que defendem os suportes convencionais de escrita e entendem que a informática e a Internet podem inclusive prejudicar a aprendizagem. De acordo com autores que estudam o fenômeno da difusão de tecnologia na sociedade moderna, essas reações fazem parte do

movimento da sociedade, em que os diferentes grupos vão incorporando os novos meios de comunicação de formas distintas, em diferentes tempos(78).

Atualmente, a hipótese mais assertiva do atual período é a da manutenção do livro eletrônico em eminente coexistência com o livro impresso, assim como a escrita manuscrita em coexistência com a publicação impressa e a textualidade eletrônica(79).

Pode-se concluir, portanto, que as manifestações e opiniões dos familiares participantes da oficina acerca da influência do uso da Internet na aquisição da escrita contrapõem-se aos achados de diferentes estudos e autores pesquisados, que vêem a Internet como uma aliada nessa aprendizagem. Essa divergência de opiniões encontra sustentação nas propostas de alguns autores anteriormente citados, sendo que um forte embasamento consistiria no modo como vêm sendo utilizados os novos meios de comunicação pelas crianças em seus ambientes de convívio - muitas vezes sem o controle dos adultos – e que pode prejudicar o desenvolvimento das crianças(78).

A relação dos pais com a leitura/escrita e com as dificuldades das crianças

Durante o presente encontro, uma das questões emergentes foi a dificuldade referida pelos adultos participantes em relação ao próprio aprendizado da leitura/escrita. Foram trazidos pelos pais/responsáveis relatos com menção à natureza de suas relações com a escrita, tendo sido esta, em alguns casos, construída desde o seu início de aquisição com base em situações desfavoráveis. Em estudo realizado envolvendo a relação pais x filhos x leitura/escrita, foram considerados aspectos como a preocupação por parte dos pais quanto a que seus filhos alcançassem o que eles mesmos não haviam alcançado, com relação ao desenvolvimento de leitura/escrita. Porém, muitas vezes, esses mesmos pais recorriam à noção de que deveriam obrigar as crianças a realizar atividades de leitura, sendo que eles próprios não haviam apresentado boa experiência e bons resultados com esse mesmo recurso. Com base nos achados do referido estudo, esses mesmos pais, de diferentes comunidades, esperam e exigem um bom desenvolvimento de seus filhos

relacionado à leitura/escrita, porém não auxiliam necessariamente essas mesmas crianças a alcançar tal objetivo(23).

Em estudo anteriormente citado envolvendo a realização de grupos vivenciais, os depoimentos de mães participantes sobre os insucessos nas suas próprias aprendizagens se deviam a uma criação traumatizante, vivenciada por castigos aplicados geralmente pelas respectivas mães. O estudo constatou que essas mães agiam com seus filhos da mesma forma, reproduzindo os modelos vividos em família na vida pregressa(74).

As falas dos participantes do presente encontro permitem concluir que a relação desses pais com a escrita foi construída com base na educação recebida de suas famílias, e esta vem se refletindo na criação dos próprios filhos, ocorrendo como relatado nos estudos anteriormente mencionados. Mesmo reconhecendo que a pressão e a coerção tiveram influência negativa, observamos, em alguns casos, que as famílias persistem em reproduzir essas práticas. Isto se deve, provavelmente, à intensidade e à amplitude da herança cultural diante, inclusive, de novas informações e novos conhecimentos, vinculando-se e se propagando ao longo das novas gerações.

7. 2. Exemplo 2. Oficina - 9º, 10º e 11º encontros (Realização das atividades referentes ao Projeto envolvendo leitura e escrita)

9º encontro

A mediadora comenta com os participantes, logo ao início da sessão, que estes não se aproximaram ao redor da mesa ao centro da sala para realizar as atividades da oficina (referentes ao Projeto). Estes, então, mostrando-se de maneira geral desanimados, reúnem-se em torno da mesa para realizar as tarefas, cada qual próximo ao seu grupo. O grupo responsável pelos mini-livros encontra-se na fase de furação das páginas para passagem das fitas que as prenderão. Todos os grupos levaram atividades para casa e trouxeram-nas adiantadas, cada qual em seu ritmo.

P. (Mãe) diz: “Ó, eu já pintei as capas dos meus livros de história. Quando eu fico em casa sozinha, vou fazendo, isso vira minha terapia” (mostrando os livros de histórias para desenhar xerocados na quantidade exata e com as capas já pintadas).

A.E. (Pai) diz: “Por que não fazemos quebra-cabeças assim ó, com tampas de caixas de calçados infantis, pois nestas tampas há a imagem, o escrito, e a criança vai se identificar por estar familiarizada com os personagens, como o Superman, o Homem Aranha?” (Participante menciona sua sugestão apontando a tampa de uma caixa de calçado infantil que este já trouxe de casa para a presente sessão, com a imagem do personagem Homem-Aranha).

A mediadora sugere que os participantes que possuem caixas de calçados infantis em casa as tragam, a fim de auxiliar o grupo responsável pela montagem dos quebra-cabeças, e se propõe a buscá-las também.

As mães se exaltam com a idéia apresentada pela mediadora (até então não recordada pelos participantes) de realizar as atividades para 25 crianças (número de crianças acompanhadas no serviço, correspondendo a um almanaque completo para cada criança). Os participantes do trio responsável pela montagem dos mini-livros se desesperam ao constatar que devem recortar e montar um número total de trezentos cartões.

L. (Mãe) diz à mediadora: “Vou te matar!”

Os participantes do mesmo grupo se dividem e se organizam para ver quem corta os cartões, quem recorta as figuras e quem as cola.

L. (Mãe) diz: “Trezentos! Tô com trauma desse número! Ai, que desânimo, meu Deus!”

A.C. (Mãe) diz: “A gente tava feliz com o livro prontinho, a gente achava que era um só, não lembrava que era responsável por todos os livros para as crianças!”

E. (Mãe) diz à mediadora: “Você jogou um balde de água fria por lembrar a gente disso!”

L. (Mãe) diz: “Eu sei que cada grupo é responsável por uma atividade para todas as crianças, mas você quebrou nossas pernas!”

Os participantes dos outros grupos se mobilizam para auxiliar o grupo dos mini- livros a recortar os cartões.

Comportamentos e sentimentos dos participantes em relação às atividades da oficina durante o 9º encontro

Nas falas dos participantes foi possível constatar em diferentes momentos a tensão resultante da vontade de realização do que foi planejado no contexto do grupo. Foram também observadas atitudes dos participantes evidenciando o sentimento de solidariedade de uns para com outros, na tentativa de verem findadas definitivamente as atividades do Projeto, em uma busca por auto-reconhecimento e satisfação pela conclusão de um objetivo. Esses comportamentos sugerem a organização do grupo de participantes da oficina, apesar das inúmeras dificuldades enfrentadas no decorrer dos encontros. Os depoimentos permitem também concluir sobre o fato de que a constituição de um grupo organizado em função de uma dada tarefa demanda tempo, persistência e esforço conjunto de todos os participantes.

10º encontro (Continuação das atividades da sessão anterior, referentes ao Projeto)

Algumas mães, logo à chegada ao grupo, conversam sobre a montagem dos mini-livros, enquanto a mediadora conversa com A.E. (Pai) sobre a execução dos quebra- cabeças. Posteriormente, as mesmas mães comentam sobre os cartões dos mini-livros e a quantidade que ainda falta recortar.

E. (Mãe) diz: “Eu tô quase dormindo aqui em cima desse papel!”

H. (Mãe) diz: “Olha que coisa gostosa de se fazer, olha, ocupando a cabeça!” E. (Mãe) diz: “Ocupando a cabeça? Ocupando? Tá é dando sono!”

E. (Mãe) diz: “Não, eu quero dormir. Vou ver se dá tempo de tirar um cochilo ainda, antes de ir trabalhar”. (E. trabalha no período noturno).

A.C. (Mãe) diz: “Meu marido me ajudou em casa, recortou com guilhotina”. (referindo-se ao auxílio que recebeu em casa no recorte dos cartões para a montagem dos mini-livros) “Quando minhas crianças tão na escola e minha nenê dorme, eu fico fazendo isso aqui”.

Diante da necessidade de colocar em ordem as fichas dos mini-livros, os participantes referem que L. (Mãe) foi quem as colocou em ordem no encontro anterior, tendo a mesma faltado neste dia.

Os participantes apresentam-se bastante entrosados e, durante a realização das atividades referentes ao projeto, conversam brevemente sobre diferentes assuntos.

Alguns dos participantes se oferecem para trazer ao grupo tampas de caixas de calçados infantis para auxiliar o grupo dos quebra-cabeças.

P. (Mãe) diz à mediadora: “Você podia ir na reunião que tá sendo organizada no grupo que é feito aqui de quinta-feira, né?” (referindo-se ao grupo de pais que é realizado na mesma Clínica, referente a outro projeto, em outro dia da semana).

A mediadora informa acerca de sua impossibilidade de comparecimento ao grupo, devido ao dia e horário.

H. (Mãe) diz, sem qualquer questionamento prévio à mediadora acerca dessa possibilidade: “Podemos então fazer uma comemoração também de terça-feira, sem problema nenhum!”

Comportamentos e sentimentos dos participantes em relação às atividades da oficina durante o 10º encontro

Pelas falas apresentadas pelos participantes no presente encontro, é possível identificar a duplicidade de sentimentos e reações evidenciadas, uma vez que, ao mesmo tempo em que alguns participantes demonstram desinteresse e desânimo ao realizar as

atividades referentes ao Projeto – alegando sono, desejo de dormir – evidenciam também a atitude de levar os materiais para serem confeccionados em casa nos momentos que seriam de descanso, com solicitação inclusive de auxílio de outros membros da família, com a demonstração implícita de que julgam tratar-se de tarefas importantes e que merecem tempo de dedicação.

11º encontro (Continuação das atividades da sessão anterior, referentes ao Projeto)

Neste encontro, somente compareceram mães. As mães responsáveis pela elaboração e montagem dos mini-livros se queixam novamente da quantidade de cartões a serem recortados para a confecção de todas as páginas. A mediadora conversa com as mães sobre a finalização das histórias em quadrinhos e dos quebra-cabeças.

As participantes se reúnem novamente para realizar as atividades referentes ao projeto. Continuam a confeccionar os mini-livros, e procuram pelas figuras na ordem para colarem.

L. diz: “Vou levar as fichas dos mini-livros pra casa, que meus filhos me ajudam a colar” “Mas esses trezentos... Nossa!”

E. diz: “Depois desses trezentos, a L. desanimou geral”. L. diz: “Esses trezentos não vão deixar saudade!”

As mães, então, se organizam para levar os cartões dos mini-livros para terminar em casa.

L. diz: “Vou levar pra casa, deixa eu separar”.

H. diz: “A gente já traz tudo pronto!” (auxiliando os membros do grupo dos mini-livros, apesar de ser participante do grupo das histórias em quadrinhos).

E. diz: “Nem acredito que estamos terminando tudo!” L. diz: “Precisamos comemorar!”

Comportamentos e sentimentos dos participantes em relação às atividades da oficina durante o 11º encontro

Neste encontro, as falas das participantes evidenciaram novamente uma duplicidade de sentimentos que permeou várias sessões. Se, em alguns momentos, as participantes se queixaram do fato de serem responsáveis por confeccionar uma grande quantidade de materiais e não terem o efetivo desejo de realizar uma tarefa tão árdua, em outros se envolveram com as atividades, esperando levá-las para casa para concluí-las e alegrando-se em vê-las chegando ao final, com o anseio inclusive de comemorar a finalização do trabalho. A solidariedade dos outros grupos também esteve presente, uma vez que membros responsáveis por outras tarefas prontificaram-se a auxiliar no término dos mini-livros, e, assim como os participantes do respectivo grupo, tornaram-se responsáveis por atividades para serem feitas em casa.

7. 3. Exemplo 3. Oficina - 14º encontro (Atividade de leitura conjunta realizada pelos participantes)

Nesta oficina, a mediadora propôs a atividade de leitura conjunta entre os participantes, uma vez tendo findado as atividades referentes ao Projeto. A mediadora sugeriu a leitura oral realizada por ela a todos, a leitura oral realizada por eles próprios - alternando-se, e a leitura silenciosa. Segue um trecho desse encontro, neste dia composto unicamente por participantes do sexo feminino:

As participantes referem que estão traumatizadas com as atividades do projeto anteriormente desenvolvido. L. (Mãe) se mostra desconfiada quando a mediadora informa que trouxe a eles outra proposta, para “perderem o trauma do projeto”.

A mediadora explica que trouxe um texto para ser lido e deixa a critério das participantes a forma como será realizada essa leitura (oralmente pela mediadora; oralmente por elas próprias, revezando-se; ou de maneira silenciosa).

A.C. (Mãe): “Hoje eu quero ficar bem quietinha”.

L. (Mãe): “Já fiz até um travesseiro aqui pra eu dormir”.

As participantes decidem de forma unânime que a leitura deve ser feita pela mediadora. Dizem, em sua maioria, juntas: “Ah, lê você o texto pra gente”. As demais também manifestam-se na seqüência, referindo a preferência pela leitura realizada pela mediadora do grupo.

E. (Mãe) diz: “Se eu ler, dá sono”.

As mães indagam, de forma geral, se o texto é grande.

Após a leitura oral da crônica “O coração roubado”, de Marcos Rey, pela mediadora, as participantes de forma geral se mostram surpresas com o final da história; sendo que algumas riem, evidenciando o entendimento. A maioria das mães demonstra ter compreendido o desfecho do texto.

A. (Mãe) refere não ter entendido o final da crônica: “Não gosto de interpretação de texto, porque até hoje não sei fazer! O que aconteceu? Não entendi”.

L. (Mãe) e a mediadora explicam a A. (Mãe) o que ocorreu ao final da história. L. (Mãe) ri muito pelo desfecho surpreendente.

A. (Mãe) diz: “Eu achei um texto difícil, né, bem, o conteúdo, os termos, um pouquinho difícil, assim...” (Diante do questionamento feito ao grupo pela mediadora, acerca do grau de dificuldade encontrado na realização da leitura). Houve a presença de uma segunda participante a referir dificuldade, porém esta não desejou manifestar-se mais.

A. (Mãe) complementa: “Achei difícil o vocabulário. Não é assim, né, como a gente fala”.

A. (Mãe) e H. referem, respectivamente: “Nossa, me perdi algumas horas”/ “Perdi a atenção na leitura em algumas horas, olha que horror!”.

H. (Mãe) e L. (Mãe) discutem sobre o conteúdo lido.

E. (Mãe): “Ela entendeu tudo do livro, eu hein...” (referindo-se a L.)

A.C. (Mãe): “Eu prestei mais atenção ao conteúdo, eu não ia conseguir ler sozinha”.

A. (Mãe): “Eu, quando vejo um texto difícil pra ler, vixi, jogo tudo pro lado”. L. (Mãe): “Eu gosto de ler”.

H. (Mãe): “Eu não”.

A. (Mãe), em seguida, menciona: “Eu gosto de livro que fala com a gente, na nossa linguagem, né, e a gente não usa essa linguagem”.

E. (Mãe): “Nóis fala tudo errado, como é que vai falar na nossa linguagem?” L. (Mãe): “Eu gosto de ler romance, atualmente não leio mais nada. Romance é mais fácil, porque eu vivo a história”.

E. (Mãe) diz sobre o comentário de L. (Mãe): “Você viaja, né...”, “Ela viaja lendo romance”.

A mediadora sugere a realização de uma segunda leitura, e indaga como as participantes desejam, desta vez, que seja realizada. Elas optam pela leitura silenciosa.

E. (Mãe) diz: “Todo mundo ler?” “O outro era bem curtinho...” (em tom de ironia).

L. (Mãe): “Tem figura no texto? Se eu ver a figura, eu já sei o que vai acontecer, nem preciso ler”

E. (Mãe): “Olha lá!” “Isso ai é o curtinho?”

L. (Mãe) comenta com as demais mães: “Eu disse pra ela que ia fazer um cachecol pra laçar ela de longe por fazer essas coisas” (referindo-se às propostas de atividades sugeridas pela mediadora).

L. (Mãe): “Ontem minha filha tirou 10 em produção de texto, em compensação

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