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De 1.5 a 1.9 – Pontuação ruim, empresa/incubadora apresenta poucas

4. Resultados Obtidos 1 Perfil das Empresas

A análise dos dados será iniciada pelas questões complementares9 do questionário que visavam apreender uma ideia geral sobre características essenciais dos empreendedores e da incubadora – traçando assim o esboço de um perfil. O estudo deste perfil das empresas focou primeiramente nas características pessoais dos empreendedores – gênero, idade, escolaridade e natureza de suas atividades. Em segundo lugar, buscou-se obter informações essenciais acerca das empresas como número de funcionários, tempo de constituição da empresa, ramo e instituições com as quais as empresas interagem durante o processo de incubação. Essas informações são necessárias como pano de fundo para as questões relativas ao processo de internacionalização das empresas e suas barreiras que foram divididas nos quatro construtos já discutidos: Gestão Estratégica da Internacionalização; Gestão das Incubadoras; Barreiras Internas (Barreiras de Gestão) e Barreiras Externas.

O primeiro ponto que se percebe nas empresas incubadas é a maioria de homens na posição de comando, 82% na posição de fundadores/CEOs contra 18% de mulheres. Considerando-se as devidas distinções, é interessante comparar esse resultado com o estudo realizado pelo SEBRAE (2013) entre os anos de 2001 e 2011 em que o perfil dos donos de negócios no Brasil foi traçado. Em média, 70% dos negócios registrados no Brasil estão no nome de homens durante este período, apontando para uma tendência no aumento de participação das mulheres baseado nos dados do Global Entrepreneurship Monitor (IBQB, 2012; SEBRAE, 2013).

O número de mulheres gerindo empresas incubadas em Natal/RN, 18%, é significativamente menor que a proporção do número de mulheres de negócios no Brasil entre 2001 e 2011, 30%. Essa disparidade fica ainda mais evidente, quando comparada com a distribuição de empreendedores iniciais no Brasil entre os anos de 2002 e 2012, na qual a média de mulheres é de 46% (IBQP, 2012; SEBRAE, 2013; SEBRAE, 2015).

Não foi constatado nenhum motivo específico durante o estudo que aponte para uma explicação para essa disparidade, porém, uma futura pesquisa focada nas diferenças de gênero entre empreendedores de empresas incubadas assim como empresas de alta tecnologia parece necessária, de modo a chegar ao cerne dessa questão.

A idade dos empreendedores foi outro ponto estudado, como mostra a figura abaixo:

Figura 1 –Faixa Etária dos Empreendedores nas Empresas Incubadas

Pode-se ver um perfil de empreendedor ainda relativamente jovem, 1/3 dos entrevistados possui entre 21 e 30 anos, enquanto a maioria de 41% está entre 30 e 40 anos. Esses dados revelam um empreendedor jovem, porém já com idade suficiente para ter acumulado alguma experiência relevante para o cuidado de seu negócio. Nenhum dos entrevistados tinha menos de 21 anos. O contraste com a faixa etária entre donos de negócios estudados pelo SEBRAE é patente, a média de idade entre donos de negócios no Brasil é 43 anos. Apenas 26% dos donos de negócios se encaixam na faixa entre 30 e 39 anos, e apenas 15% entre 18 e 29 anos (SEBRAE, 2013). É possível inferir que os empreendedores de empresas incubadas abrem seu negócio mais cedo que os donos de negócios em geral, reforçando assim, a perspectiva destes empreendedores possuírem um perfil jovem.

A escolaridade é outro fator essencial, já que as empresas incubadas tendem a ter em sua natureza produtos e serviços intensivos de capital intelectual (AUTIO et al., 2000; CORONA et al., 2006; ENGELMAN; ZEN; FRACASSO, 2015). A figura 2 destaca a escolaridade entre os empreendedores das empresas incubadas:

Figure 2 – Escolaridade dos Empreendedores nas Incubadoras 0% 32% 41% 27% Menos de 21 anos Entre 21 e 30 anos Entre 30 e 40 anos Mais de 40 anos 0% 0% 9% 46% 9% 36% 2º Grau Incompleto 2º Grau Completo Superior Incompleto Superior Completo Pós-graduação incompleta Pós-graduação completa

81% dos entrevistados possuem pelo menos o nível superior completo (46% possuem apenas nível superior). O número que completou pós-graduação chega a 36%. Em contraste, segundo o SEBRAE (2013) apenas 14% dos homens e 9% das mulheres possuem nível superior completo ou mais. Enquanto nas incubadoras não há nenhum empreendedor que não tenha pelo menos cursado uma universidade (9% superior incompleto), no Brasil, a grande maioria de donos de negócios 52% de homens e 36% de mulheres não possuem instrução ou não concluíram o 2º grau.

Buscou-se também averiguar a natureza das atividades dos empreendedores como forma de indicar quanto se dedicavam exclusivamente à empresa, o que pode ser, a priori, considerado como um ponto forte. A figura 3 oferece mais detalhes.

Figura 3- Natureza das Atividades dos empreendedores

É interessante notar que quase 60% dos empreendedores dedicam-se exclusivamente à empresa incubada enquanto quase 25% possuem outra empresa ou trabalham como autônomos, demonstrando um aparente bom nível de foco profissional.

Como é possível ver na figura 4, as empresas incubadas seguem um processo de consolidação, com 50% delas apresentando entre dois e três anos de atividade.

Figura 4 – Tempo de Constituição das Empresas 59% 0% 23% 9% 9% Dedica-se apenas à empresa. Estudante. Autônomo/possui outra empresa. Trabalha no setor privado. Trabalha no setor público. 14% 18% 50% 9% 9% Menos de 1 ano Entre 1 a 2 anos Entre 2 a 3 anos Entre 3 a 4 anos Mais de 4 anos

Não existe um tempo ideal para o período de incubação, este pode variar de acordo com o ciclo de desenvolvimento do produto/serviço. Todavia, três anos tende a ser em média o tempo que as empresas passam pelo processo de incubação e se tornam graduadas – empresas de base tecnológica tendem a necessitar de menos tempo dada a natureza dinâmica do mercado em que está inserida, enquanto algumas tendem a ficar um período mais longo por não conseguir estabelecer um modelo de escalabilidade satisfatório (ANPROTEC, 2016; MCADAM; MARLOW, 2007).

As empresas também se destacam devido ao seu potencial de geração de emprego. Apenas 9% delas são compostas por empreendedores individuais, 1/3 das empresas emprega entre um e três funcionários, outro 1/3 chega a empregar entre quatro e seis funcionários10. Esses resultados são positivos tendo em vista que nos primeiros meses de 2018, as micro e pequenas empresas foram responsáveis por nove em cada dez empregos formais gerados no Brasil. Isto gira em torno de 328 mil vagas, quase 90% dos 367 mil postos de trabalho pelo setor privado de janeiro a maio de 2018 (VILLAS-BOAS, 2018). Ver figura 5 para maiores detalhes.

Figura 5: Número de Funcionários nas Empresas Incubadas

Outro ponto levantado pela pesquisa foi o ramo das empresas – área do mercado em

que elas se inserem ou atuam (BURNS;VEECK;BUSH, 2017). As definições mais genéricas

de ramo dizem respeito a primário (extrativo), secundário (indústria) e terciário (comércio e serviços). Nas modernas economias têm-se também os ramos quaternário (conhecimento) e quinário (cultura e pesquisa) (BURNS;VEECK;BUSH, 2017; SEBRAE, 2016; GUIBERT; JAGANIER; VOLLE, 1971). Todavia, tais descrições, como todas as macroescalas, são muitos vagas, especialmente para lidar com os fenômenos das startups e born global organizações, (BURNS; VEECK; BUSH, 2017; AXINN; MATTHYSSENS, 2002; CHANG,

10

Esses números se referem à funcionários, estagiários, sócios e demais colaboradores. 9% 36% 32% 14% 9% Empreendedores Individuais Entre 1 e 3 Entre 4 e 6 Entre 7 e 10 Mais de 10

2011; WOOD et al., 2011; MORT, WEERAWARDENA; LIESCH, 2012 ; KNIGHT: CAVUSGIL, 2004).

Levando-se em conta a complexidade inerente a uma classificação aparentemente simples assim como o pequeno número de empresas estudadas, optou-se por deixar que o empreendedor classificasse o ramo de sua empresa da maneira que mais lhe conviesse, o que levou a predominância das classificações em Tecnologia da Informação e Serviços: 50% das empresas avaliadas. Mais detalhes no Quadro 18 abaixo:

Quadro 18 – Empresas e Ramo por Incubadora

Incubadora Empresa Ramo

ITNC

Ecore9 Energias Renováveis

Old 2 Tecnologies Tecnologia (Software)

Apicultec Agronegócio

Manguetech (Neopay) Tecnologia (varejo)

Crioula Bagwear Indústria e Comércio

Café Com Negócio Serviços

Coasters Indústria e Comércio

Pet Friendly Petshop (Varejo)

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