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Resultados obtidos em relação aos limites de tolerância para Cd, Hg, Pb, Cu e Fe

CONSIDERANDO MÚSCULO E CASCA.

3.6 PREPARO DAS AMOSTRAS E DETERMINAÇÃO DOS ANALITOS 1 Avaliação do procedimento para decomposição das amostras

3.6.4 Resultados obtidos em relação aos limites de tolerância para Cd, Hg, Pb, Cu e Fe

Nos últimos anos, o foco da atenção foi a determinação dos elementos em frutos do mar devido aos benefícios nutricionais e concentrações toxicológicas dos elementos essenciais relatadas para contaminantes de influência antrópica (BARRENTO et al., 2008).

No decreto 55.871, de 26 de março de 1965, da ANVISA, estão propostos os limites máximos de tolerância (LMT) para alguns elementos, que estão mostrados no Quadro 6. (ANVISA, 2005).

Quadro 6. Limites máximos de tolerância para os elementos Cd, Hg, Pb, Cu e Zn de acordo com o

decreto 55.871, de 26 de março de 1965, ANVISA. Adaptado do decreto 55.871 de 26 de março de 1965.

Na Tabela 22 estão descritas as concentrações médias de Cu e Zn encontradas para as amostras de aratu, caranguejo e siri. É possível verificar que a concentrações desses elementos excedem o limite máximo de tolerância estabelecido pela ANVISA, Quadro 6.

Contaminante Inorgânicos

Alimentos em que podem ser encontrados

Limite Máximo de Tolerância (LTM) (ppm)

Cádmio Outros alimentos 1,00

Mercúrio Peixes, crustáceos e moluscos 0,50

Chumbo Pescado 2,00

Cobre Outros alimentos 30

Tabela 22. Valores médios de concentração para Cu e Zn considerando todas as amostras de aratu,

caranguejo e siri adquiridos no período entre setembro de 2010 e fevereiro de 2011.

Considerando os desvios obtidos para a média das concentrações dos analitos nas amostras, verifica-se uma diferença acentuada entre si. Por isso, é necessário ter muita cautela ao afirmar que determinado alimento está contaminado porque o fato das concentrações excederem àquelas regulamentadas por lei e de existir discrepâncias entre as concentrações de uma mesma espécie pode ser explicado pelos diferentes locais de coleta, pelo procedimento de captura e catação do crustáceo, pela manipulação que é realizada, em alguns casos, no estabelecimento de venda, pelo tipo de equipamento utilizado para determinação dos analitos e pelo processo de pesagem, estocagem e digestão das amostras. Portanto, é necessário realizar um estudo prévio sobre a biologia e a ecologia da espécie estudada antes de fazer uma afirmação mais comprometedora.

A distribuição de elementos nos tecidos de crustáceos decápodes é afetada por diversos fatores sendo eles ambientais, fisiológicos e genéticos. A bioacumulação e a excreção de espécies químicas nos animais dependem de diversos fatores, tais como tamanho, sexo, dieta concentração do metal, etc, além da temperatura, salinidade e sazonalidade. Pode-se entender que a concentração de metais nos crustáceos pode ser usada para fazer inferências sobre a condição do local em que o mesmo foi pescado uma vez que estes animais estão em contato direto com o sedimento e se alimentam de organismos que são considerados como excelentes bioindicadores em estudos de poluição por metais tóxicos.

A maioria dos crustáceos e moluscos possui hemocianina, pigmento que contém cobre como seu principal carregador de oxigênio e, portanto, concentrações mais elevadas de cobre pode ser resultado, em parte, da capacidade desse metal de se ligar á hemocianina, presente em grandes quantidades nesses animais (WHO, 1998). Além disto, valores muito elevados indicam uma maior afinidade ou menor eficiência na excreção desses metais.

Amostra [Cu] µg.g-1 [Zn] µg.g-1

Aratu 63,6 ± 12,9 159 ± 10

Caranguejo 53,3 ± 18,0 309 ± 71

Levando em consideração o LTM para ―outros alimentos‖, as concentrações de Cu e Zn nas amostras analisadas estão superiores ao estabelecido no decreto citado acima. Isto se torna preocupante, pois apesar de serem elementos essenciais para o bom funcionamento do corpo humano, os mesmos em excesso são prejudiciais à saúde.

Considerando os resultados obtidos para Cd, Hg e Pb por ICP-MS, Tabela 21, pode-se constatar que os teores de Cd e Pb estão abaixo do valor regulamentado pela ANVISA. Vale destacar que as concentrações obtidas para Hg nas amostras C5, S7, S9, S12, S13, estão um pouco acima do limite de tolerância para este analito. A maior concentração encontrada foi para a amostra de siri adquirida na Ribeira, junto à marisqueiras da praia da Penha.

Informações sobre composição de alimentos são importantes para que sejam construídos valores em relação à educação nutricional, além de contribuir para o controle de qualidade bem como para avaliar a ingestão de nutrientes dos indivíduos. Uma comparação se torna necessária para dar subsídios de uma investigação mais detalhada e que realmente retrate a realidade do local em estudo. Os resultados obtidos neste trabalho foram comparados com os valores publicados na Tabela Brasileira de Composição dos Alimentos (TACO, 2006) mostrados no Quadro 7. Um parâmetro que pode ser observado ao comparar o Quadro 6 com o Quadro 7 é que a concentração de cobre encontrada para cada 100 g de caranguejo cozido está menor do que o limite máximo de tolerância estabelecido pela ANVISA, enquanto que a concentração de Zn está maior.

Quadro 7. Concentração dos elementos Mg, Mn, P, Fe, Na, K, Cu e Zn, em µg g-1 que foram determinados de carne de caranguejo cozido.

Adaptado da Tabela Brasileira de Composição de Alimentos, TACO. Versão II, 2º edição, 2006.

Elemento Concentração Elemento Concentração

Mg 520 Na 3600

Mn 0,7 K 1860

P 1540 Cu 7,2

Na Tabela 23 são observadas as concentrações de alguns analitos determinados neste trabalho em comparação com outros trabalhos reportados na literatura. As concentrações de Cu determinadas no presente trabalho se assemelha as obtidas por Garcia et al (2011), referente a amostra de caranguejo de Aracajú, SE. Os resultados obtidos para Pb nos três tipos de crustáceos são semelhantes às

concentrações relatadas no trabalho desenvolvido por Guérin et al. (2011) em

amostras de caranguejo. Para os elementos Fe, Pb e Zn verifica-se uma grande variação nos valores de concentração. Estas diferenças podem ser creditadas aos locais de coleta, ao manuseio das amostras e aos diferentes métodos analíticos utilizados para o pré-tratamento e preparo das amostras, além das técnicas empregadas para a detecção dos analitos.

Tabela 23. Comparação entre teores (g g-1) de alguns elementos determinados neste trabalho nas amostras de aratu, caranguejo e siri e reportados na literatura para os mesmos tipos de matriz.

*Os métodos analíticos realizados nestes artigos estão descritos no Quadro 2.

Amostra Local de captura Cd Cu Fe Pb Zn Mg Mn Referência Pescados Não informado 1 30 - 2 50 - - ANVISA Caranguejo Não informado - 7,2 29 - 57 520 0,7 TACO Lagosta Lousiana-

EUA 0,49 0,49 47,3 18,0 - - - al., 2010 MOSS et

Caranguejo - 12,9 78,3 0,101 42,8 - 2,90 GUÉRIN et al., 2011 Aratu Aracajú- SE - 52,73 90,24 16,32 179,48 - - et al., 2011 GARCIA Caranguejo Aracajú- SE - 50,44 120,6 20,32 328,16 - - et al., 2011 GARCIA Siri Aracajú- SE - 48,41 70,40 7,39 136,89 - - GARCIA et al., 2011 Siri azul Cubatão- SP 0,16 15 - 1,17 15 - - al., 2007 VIRGA et Aratu Salvador-

BA < LOQ 63,6 ± 1,4 65,7 ± 2,00 0,088 ± 0,018 159 ± 3 3002 ± 47 2,91 ± 0,25 trabalho Neste Caranguejo Salvador- BA 0,346 ± 0,0340 50,2 ± 4,5 69,8 ± 6,0 0,149 ± 0,008 286 ± 6 3615 ± 66 3,69 ± 0,31 trabalho Neste Siri Salvador- BA 0,343 ± 0,023 66,9 ± 1,2 32,3 ± 3,1 0,117 ± 0,013 184 ± 1 3249 ± 151 7,33 ± 2,51 trabalho Neste

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