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4 RESULTADOS DO PLANO

4.1 Resultados quanto aos Bens de Capital e Insumos Básicos

Os bens de capital contribuíram substancialmente no processo de industrialização por substituição de importação, que é um dos objetivos do Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento, e que verifica uma queda nas importações desse tipo de bem, já na década de 1980, e dentro da pauta importadora, o percentual de participação dos bens de capital, também caiu no período. Podemos ver, o quanto diminuiu o coeficiente de importação no período de 1970 a 1983, na Tabela 12:

Tabela 12 - Coeficiente de Importação do Setor de Bens de Capital (em %) – 1970 a 1983 (baseado em índices de quantum – ano base = 1970)

Ano Coeficiente de Importação

1970 24,13 1971 27,9 1972 29,4 1973 25 1974 28,8 1975 32,1 1976 23,4 1977 19,7 1978 21 1979 19 1980 19,9 1981 22 1982 19,2 1983 17,3

Fonte: Conjuntura Econômica, Bonelli e Werneck (1978), Serra (1981), Relatório Anual do Banco Central e FIBGE apud Batista, 1987.

A partir da tabela 12, observamos que em 1970 o coeficiente de importação, no setor de bens de capital, estava no patamar de 24,1%, chegando a 32,1, em 1975, e passou para 17,3 em 1983. Demonstra-se uma substancial queda no coeficiente de importação, que se configura a partir do ano de 1976.

Já quanto às exportações de bens de capital, o desempenho é melhor do que o das importações, vide o Gráfico 1, que mostra o desempenho dos bens de capital sob encomenda, a partir do coeficiente de exportação:

Gráfico 1 – Bens de capital sob encomenda – coeficiente de exportação

Fonte: Próprio autor, 2013. 4

Com o gráfico é visível o quão substancial é o aumento da participação dos produtos exportados, quando comparados com toda a produção, saindo de 3,1% para 15,9% em uma década.

Com esses dados vemos que, quanto aos bens do setor de bens de capital, obtiveram resultados bastante satisfatórios, cumprindo tanto a meta de industrialização por substituição de importação, quanto à intenção de aumentar os índices de exportação desse tipo de bem e de diminuir suas importações.

Com a tabela 13, fortifica-se a tendência de aumento das exportações de insumos básicos e bens de capital, aumento do peso do País no cenário internacional, observe:

Tabela 13 - Exportações Brasileiras de Máquinas e Equipamentos como porcentagem das Exportações de Máquinas e Equipamentos de Grupos de Países

Ano Mundo Países em desenvolvimento ALADI Sul e Sudeste Asiáticos

1970 0,11 6,79 30,29 10,83 1973 0,18 6,62 28,8 9,85 1974 0,31 9,87 47,3 14,48 1975 0,37 12,59 54,12 19,79 1976 0,35 10,1 54,91 14,13 1977 0,44 11,58 61,16 16,4 1978 0,51 12,29 59,67 17,18 1979 0,55 11,76 63,25 16,17 1980 0,66 12,46 68,92 17,04 1981 0,81 13,73 71,75 18,91 1982 0,68 10,78 70,36

Fonte: Handbook of International Trade and Development Statistics, ONU; Yearbook of International Trade Statistics, ONU apud Batista, 1987, p. 73).

O Brasil saiu de 0,11% de participação no mercado mundial, no ano de 1970, para 0,81%, no ano de 1981, além de um aumento substancial da participação percentual do País no comércio com os países que fazem parta da Associação Latino-Americana de Integração (ALADI), saindo de 30,29% em 1970, para 70,36% em 1936, verificando que a política adotada no período, de substituição de importação, gerou resultados satisfatórios, quanto a exportação esse tipo de bem para diversas áreas do mundo.

Outro importante resultado é relativo aos insumos básicos que podemos ver na tabela 14, onde vemos que as taxas de crescimento do setor de siderurgia foram inferiores as almejadas no plano, embora superiores as do período anterior ao II PND.

Tabela 14 - Indústrias de Insumos Básicos – Valores Efetivos5

INDÚSTRIAS TAXA DE CRESCIMENTO ANUAL EFETIVA (%) 1974-1979 Metalurgia

aço em lingotes 13,1

aço plano(1) 18,6

aço não plano(2) 9,1

alumínio(3) 15,9 cobre(3) 0 zinco(3) 15,2 Químicos ácido sulfúrico 15,8 soda cáustica 24,7 cloro 33,2 fertilizantes 23,6

resinas termoplásticas fibras sintéticas/artificiais 19,9

elastômeros sintéticos 7,6 detergente etileno 18,6 amônia 12,3 Não-metálicos cimento 10,8 celulose 19,7 papel 10

Fonte: Conjuntura Econômica, Anuário Estatístico do Brasil, FIBGE; CONSIDER; ABIQUIM; Superintendencia da Borracha; Associação Br. de Prod. De Fibras Artificiais e Sintéticas; Banco do Brasil; Pesquisas Industriais, FIBGE apud Batista, 1987, p. 74.

Já no caso dos químicos o aumento foi substancial, sendo maiores, menos no caso do ácido sulfúrico e da amônia, que as taxas de crescimento que o plano projetava. Quanto a

5 Notas: (1) Inclusive perfis pesados.

alguns produtos do setor de metalurgia, como o alumínio, o zinco, o aço plano e não plano, o aumento efetivo foi maior do que o aumento projetado pelo II PND.

Do ponto de vista geral, houve um aumento substancial da capacidade de produção dos insumos básicos, sendo notáveis, os ganhos relativos a adoção da política de industrialização por substituição de importação, que priorizava o aumento das exportações e a diminuição das importações.

Quanto ao desempenho de cada setor o de siderurgia, o plano avançou no sentido de substituição de importação, estendeu-se a capacidade produtiva do País, e melhorou as tecnologias utilizadas, além do avanço do parque industrial nacional.

No que se refere ao setor de químicos e petroquímicos, houve uma ampliação dos parques industriais existentes, assim como a criação de novos, elevando a produção nacional, com ampla atuação do BNDE, financiando os principais projetos existentes, além de uma ampla interferência do capital estrangeiro no desenvolvimento desses projetos.

No setor de papel e celulose, houve também uma grande atuação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, que possibilitou o incremento da produção e o aperfeiçoamento tecnológico do setor.

4.2 Resultados quanto aos Demais Investimentos

No tocante aos investimentos feitos no sentido de se libertar da dependência externa do petróleo, aconteceram mas só começaram a se demonstrar a partir de 1979, fruto segundo Batista (1987), de um franco processo de exaustão das terras produtoras desse combustível, e dos prazos existentes para se começar a produção de petróleo, no caso das novas regiões encontradas.

O consumo aumentou no período fruto a contenção, a partir de uma visualização do mercado internacional, dos preços internos. Esse consumo foi impulsionado pelo aumento da demanda fruto da maior produção nos setores de produção de bens de capital e os de insumos básicos, grandes usuários de energia e que estavam em processo de industrialização por substituição de importação além do aumento das exportações desses produtos. Mas, esse consumo, só se tornou de fato fruto, em grande parte, de origem nacional, e não de importação, a partir de 1979.

Quanto à política de energia, do ponto de vista mais amplo, houve aumento do consumo de energia de origem primária, sobretudo, do consumo das hidrelétricas existentes.

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