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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, CONTABILIDADE E SECRETARIADO EXECUTIVO (FEAACS) DEPARTAMENTO DE TEORIA ECONÔMICA CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS MARLEY HENRIQUE CRUZ ZARANZA

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Academic year: 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, CONTABILIDADE E SECRETARIADO EXECUTIVO (FEAACS)

DEPARTAMENTO DE TEORIA ECONÔMICA CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

MARLEY HENRIQUE CRUZ ZARANZA

INVESTIMENTO PRODUTIVO NO SEGUNDO PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO

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MARLEY HENRIQUE CRUZ ZARANZA

INVESTIMENTO PRODUTIVO NO SEGUNDO PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO

Monografia apresentada à Faculdade de Economia, Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado Executivo, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Econômicas.

Orientador: Prof. Jair do Amaral Filho.

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MARLEY HENRIQUE CRUZ ZARANZA

INVESTIMENTO PRODUTIVO NO SEGUNDO PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO

Esta monografia foi submetida à coordenação do Curso de Ciências Econômicas, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Bacharel em Ciências Econômicas, outorgado pela Universidade Federal do Ceará

– UFC e encontra-se à disposição dos interessados na Biblioteca da referida universidade. A citação de qualquer trecho deste trabalho é permitida, desde que feita de acordo com as normas de ética científica.

Aprovada em : 26/02/2013.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________________ Prof. Dr. Jair do Amaral Filho (Orientador)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

____________________________________________________________ Profa. Dra. Maria Cristina Pereira de Melo

Universidade Federal do Ceará (UFC)

____________________________________________________________ Prof. Ms. José Haroldo Aguiar Junior

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AGRADECIMENTOS

A minha mãe, Marnye Cristina Ferreira Cruz, por existir na minha vida.

Aos meus avôs maternos, Maria do Socorro Ferreira Cruz e Francisco Bismanio Cruz, pelo amor, incentivo e apoio incondicional.

Aos meus avôs paternos, Maria José Sampaio Zaranza e Francisco de Paula Zaranza (in memorian), pelo amor e contribuição total na minha educação.

Ao meu pai, Jorge André Sampaio Zaranza, pelo incentivo.

Aos meus tios, Marney Eduardo Ferreira Cruz e Marden Cristian Ferreira Cruz, pelo apoio moral e intelectual.

As minhas tias, Janaína Sampaio Zaranza e Geórgia Sampaio Zaranza, pelo amor e palavras de incentivo.

Aos meus primos, pela alegria da convivência.

A minha namorada Lígia Lécia Lima Andrade, pelo amor a mim dedicado. A Eglantine Herbene Chaves de Lima e José Jorucene Andrade, pelo apoio, pelos momentos juntos e pelas conversas agradáveis.

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RESUMO

O Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento foi um plano que tinha como objetivo transformar o País em uma nação altamente industrializada, sendo a última tentativa governamental de converter o Brasil em um mesmo nível de países desenvolvidos. Esse plano tinha dois objetivos principais: tanto equilibrar e ajustar o balanço de pagamentos quanto o de

fazer avançar o processo de substituição de importações. Objetiva-se com este estudo, analisar

como se deram os investimentos no período correspondente ao plano e as consequências desses investimentos na economia brasileira no período posterior ao II PND. A pesquisa tem um caráter descritivo, sendo simultaneamente uma pesquisa documental, por analisar o próprio projeto e uma pesquisa bibliográfica, por observar textos que analisam o período estudado na monografia, avaliando o comportamento macroeconômico, afim de se ter uma análise consistente do tema. Identifica-se também a conjuntura a que o plano estava inserido. Como consequência do II PND, constata-se ser de fundamental importância no ajustamento externo, sendo essencial na manutenção do crescimento econômico. A taxa de investimento foi outro fator que procurou ser mantido em nível que evitasse atrapalhar os planos de sustentação do crescimento econômico, havendo enormes investimentos nas áreas selecionadas como prioritárias pelo plano. Houve uma diversificação da produção, inserindo outras regiões anteriormente pouco industrializadas, não tão modernizadas e incorporadas à dinâmica da produção do País, consolidando o mercado interno e aumentando a competitividade nacional. Mas, alguns investimentos não tiveram retorno e o mais impactante resultado negativo causado pelo plano, foi que um dos modos de investimento, advindo de empréstimos no exterior, causou um aumento substancial da dívida externa.

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ABSTRACT

The Second National Development Plan was a plan that was intended to transform the country, in a highly industrialized nation, the last government attempt to convert Brazil into the same level of developed countries. This plan had two main objectives: both balance and adjust the balance of payments as to advance the process of import substitution. Objective with this study was to analyze how the investment gave the corresponding period the plan and the consequences of these investments in the Brazilian economy in the period after the II PND. The research has a descriptive character but also a documentary research, by analyzing the project itself and a literature search, by observing that analyze texts the period studied in the monograph, evaluating the macroeconomic behavior in order to have a consistent analysis of the subject. It also identifies the situation that the plane was inserted. As a consequence of the II PND, it appears to be of fundamental importance in the external adjustment is essential in maintaining economic growth. The investment rate was another factor that sought to be maintained at a level that avoids disrupt plans for sustaining economic growth, with huge investments in the areas selected as priorities by the plan. There has been a diversification of production, inserting some other industrialized regions previously not so modernized and incorporated the dynamics of production of the country, consolidating the internal market and enhancing national competitiveness. But some investments did not return and the most striking negative result caused by the plan, which was one of the modes of investment, arising from loans abroad, caused a substantial increase in external debt.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Bens de Capital sob encomenda - Coeficiente de Exportação no Período 1969-1980... 35 Gráfico 2 - Taxas Reais de Crescimento de Variáveis Macroeconômicas Selecionadas

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Consumo (C) e Preços de Petróleo (P) para o Brasil: Indicadores

Selecionados durante os anos de 1967 – 1984... 13

Tabela 2 - Perspectivas da Economia Brasileira:1979... 18

Tabela 3 - Metas Físicas Estabelecidas para Setores Eleitos como Prioritários no II PND... 23

Tabela 4 - Investimentos Totais Previstos em Setores Industriais Eleitos como Prioritários no II PND no período de 1975-1979... 24

Tabela 5 - Investimentos Previstos entre 1975 e 1979 para os setores de Siderurgia e Metalurgia de Não-Ferrosos... 26

Tabela 6 - Investimentos Previstos entre 1975 e 1979 para os Setores de Mineração e Químico/Petroquímico... 27

Tabela 7 - Dados de 1974 e previstos para 1979 quanto às metas energéticas... 28

Tabela 8 - Investimentos Previstos para Infraestrutura no II PND... 30

Tabela 9 - Metas Físicas e de Investimento em Transporte Estabelecidas no II PND... 31

Tabela 10 - Principais Metas Previstas para Agricultura no II PND... 32

Tabela 11 - Investimentos Previstos entre 1975 e 1979 para o Setor de Fertilizantes... 33

Tabela 12 - Coeficiente de Importação do Setor de Bens de Capital (em %) – 1970 a 1983 (baseado em índices de quantum – ano base = 1970)... 34

Tabela 13 - Exportações Brasileiras de Máquinas e Equipamentos como porcentagem das Exportações de Máquinas e Equipamentos de Grupos de Países... 35

Tabela 14 - Indústrias de Insumos Básicos – Valores Efetivos... 36

Tabela 15 - Economia Brasileira: Síntese de Indicadores Macroeconômicos – 1974-1984... 39

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIQUIM Associação Brasileira da Indústria Química ALADI Associação Latino Americana de Integração BNDE Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico FGV Fundação Getúlio Vargas

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBRE Instituto Brasileiro de Economia

II PND Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento ONU Organização das Nações Unidas

OPEP Organização dos Países Exportadores de Petróleo

PASEP Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público

PIS Programa de Integração Social

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 10

2 SEGUNDO PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO... 12

2.1 Conjuntura Nacional e Internacional... 12

2.2 Opções de ajuste... 14

2.3 O Plano... 16

2.3.1 Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento... 16

2.3.2 Diagnósticos do Plano... 19

2.3.3 Fontes de Financiamento... 21

3 INVESTIMENTOS PRODUTIVOS... 23

3.1 Bens de Capital e Insumos Básicos... 23

3.2 Demais Investimentos... 28

4 RESULTADOS DO PLANO... 34

4.1 Resultados quanto aos Bens de Capital e Insumos Básicos... 34

4.2 Resultados quanto aos Demais Investimentos... 37

4.3 Resultados Gerais e os Investimentos sem retorno... 38

4.4 Balanço: Prós e Contras... 41

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 45

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1 INTRODUÇÃO

Na presente monografia será analisado mais aprofundadamente a conjuntura internacional e nacional que precedeu o Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento. Investigando com mais profundidade o que foi e que diagnóstico foi feito na economia brasileira por esse plano, observando os principais problemas indicados no II PND, como a concentração da estrutura industrial e o principal deles o da transformação dos recursos internos, em divisas. Esse último diagnóstico, por exemplo, foi apontado como sendo fruto de um problema estrutural.

Sendo assim, serão analisados detidamente quais eram as metas do plano para desenvolver o País e corrigir as distorções existentes no quadro da economia brasileira e averiguando também quais eram as intenções do II PND. Investiga-se como se deu o processo de Investimentos Produtivos no período do Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento e como isso modificou a estrutura produtiva brasileira.

Será estudado também, que setores foram mais beneficiados e que setores não foram contemplados pelo II PND, bem como, que investimentos não tiveram os retornos esperados. Examina-se quais foram as realizações ocorridas em cada setor abarcados pelo Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento, observando as fronteiras internas e externas aos objetivos do plano.

Tenta-se investigar o contexto econômico tanto do período que antecede o II PND, assim como o período do plano e algumas de suas consequências para a economia brasileira, averiguando todo o arcabouço teórico do Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento, apreciando cada um de seus principais pontos.

Ademais, serão analisados, na monografia, possíveis resultados concernentes aos Investimentos Produtivos realizados no II PND, observações como a de que foram utilizados créditos do BNDE a determinados setores favorecidos pelo plano que se beneficiaram do esforço governamental para desenvolver os setores já mencionados. Além desses pontos, analisa-se as críticas existentes ao plano.

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possíveis consequências no aumento da dívida externa. Assim como, se o Brasil continuou dependente externamente das importações de petróleo.

É justificada a elaboração da monografia, a partir de uma tentativa de se identificar a importância e a contribuição do Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento no crescimento e no desenvolvimento econômico posterior ao período do plano. Procura-se constatar se o II PND foi uma das principais ferramentas na contenção de um possível estancamento do processo de crescimento econômico do País no período estudado.

A presente monografia tem então por objetivo analisar o que foi o Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento, estuda-se seu exame da realidade brasileira e estrangeira, suas intenções como plano de governo, além de seus alvos e realizações, sobretudo no que concerne os Investimentos Produtivos.

Uma análise do Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento é necessária para se ter uma compreensão do desenvolvimento econômico brasileiro recente, sendo o plano fundamental, por ser a última tentativa governamental de converter o Brasil em uma “potência

emergente”, para tornar o País uma nação altamente industrializada.

Com esse plano, tentou-se complementar o processo de substituição de importações, que já estava sendo utilizado a alguns anos, mas que, antes do II PND, concentrava-se no setor de bens duráveis. Além disso, tentou-se com o plano, equilibrar o Balanço de Pagamentos, por meio de um ajuste estrutural, a partir de déficit externo.

O Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento mudou o foco dos investimentos públicos e privados, focalizando a partir desse momento os bens de capital, os de insumos básicos, como o petróleo, o aço, alumínio, entre outros, além de um setor bastante visado no plano, o setor energético, em que se verificou ênfase na parte de energia hidrelétrica.

A partir de um entrave no crescimento econômico do País, causado pela impossibilidade de ocupar a capacidade ociosa existente, já que a economia trabalhava em pleno emprego, tentou-se, então, corrigir esse problema com novos investimentos que foram incorporados ao II PND.

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2 SEGUNDO PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO

2.1 Conjuntura Nacional e Internacional

Ocorre, entre os de 1968 e 1973, um período com altas taxas de crescimento, queda da taxa de inflação, superávits crescentes do Balanço de Pagamentos, com crescimento do setor de bens duráveis, em especial a indústria automobilística, ademais um aumento da taxa de investimento, que se convencionou chamar de “milagre econômico”.

Esse período, foi favorecido por uma conjuntura internacional que estava com ampla disponibilidade de recursos, impulsionadas pelo crescimento do mercado de eurodólar, e também, crescimento do comércio internacional e das economias industrializadas, assim como uma alta dos preços dos bens primários e uma respeitável liquidez do mercado monetário internacional.

Criou-se, nesse período, um aumento da dependência externa, isso devido a uma repentina elevação das importações, bem como da dívida externa brasileira. Vê-se então uma forte dependência estrutural aliada a uma restrição externa e, ainda, no ano de 1973, ocorreu a Primeira Crise Internacional do Petróleo, fruto de um aumento do preço do petróleo e uma redução da oferta por parte dos países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, a OPEP, no período da Guerra do Yom Kippur, entre os Estados Árabes e o Estado de Israel.

Essa crise sinalizava, por parte dos países dessa organização que provocaram esse aumento de preços, uma tentativa de controle da produção mundial assim como o preço internacional desse combustível.

Batista (1987) observa que 80% do consumo de petróleo no Brasil tinha sua origem em importações, e que as chances de substituição de importações, no curto prazo, desse produto e de demais insumos estavam por demais limitadas. Logo, percebe-se que essa crise tinha grande potencial para afetar a economia brasileira.

Observa-se, então, uma grande dependência do petróleo importado pela economia brasileira, e que se agravou com o aumento dos preços do petróleo, causado pela Primeira Crise Internacional do Petróleo.

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Além disso, é notório, na análise da tabela 1, a piora na dependência das importações de petróleo, onde se vê que em 1967, havia 58,9% de importação, já em 1973 era de 80,9%. Quanto ao consumo desse combustível, houve um aumento substancial do período que vai de 1967 até 1974, saindo de 20688 mil m3 para 45804 mil m3, vide a tabela abaixo:

Tabela 1 - Consumo (C) e Preços de Petróleo (P) para o Brasil: Indicadores 1967 – 1984 – Anos Selecionados

C - Energia Primária C Final - Petróleo

Composição % por Fonte P.- Merc.

Ano Total

mil tep1 Total Petróleo Hidro Outras Total mil m3 % Import/Total Internacional US$/barril

1967 nd nd nd nd nd 20688 58,9 1,8 1971 77397 100 34,1 16,2 49,7 30500 70,8 2,24

1972 85638 100 37 17,2 45,8 34986 75,6 2,48

1973 93732 100 40,4 17,9 41,7 45804 80,9 3,29 1974 98842 100 40,3 19,3 40,5 47333 79,8 11,58 1978 125727 100 42,5 23,7 33,8 60919 84,7 13,6 1979 134009 100 41,5 25,2 33,3 67514 85,7 30,03 1980 138714 100 39,2 26,9 33,9 60772 82,7 35,69 1981 137719 100 38,1 27,5 34,4 60370 80,6 34,28 1982 143480 100 36,1 28,5 35,3 59692 76,8 31,76 1983 149426 100 34,1 29,4 36,3 61128 76,8 28,77 1984 163518 100 33,1 29,5 37,4 64029 58,1 28,66 Fonte: Consumo: IBGE, Estatística do Século XX. Disponível em www.ibge.com.gov.br. Acesso: 20/fev/2004 apud GIAMBIAGI, 2011, p.76.

No que tange os efeitos causados pela Primeira Crise Internacional do Petróleo, vê-se nos países de industrialização avançada uma diminuição da atividade econômica, com um acréscimo relativo nos juros nesses países. Como aconteceu no Brasil, os demais países em desenvolvimento sofreram com uma diminuição da capacidade de importação, que também afetava o crescimento das economias nacionais. Os países em desenvolvimento sofreram, então, com desequilíbrios em suas balanças comerciais, diminuição nos termos de intercâmbio, aumento da dívida externa e piora nos indicadores da inflação.

As divisas ligadas às exportação de petróleo dinamizaram o mercado de eurodólares nesse momento por meio dos chamados de petrodólares, foram alocados em instituições financeiras no mercado financeiro internacional, em geral para os países industrializados, gerando uma enorme liquidez no mercado internacional. Aliada a essa liquidez internacional, houve também diminuição das taxas de juros internacionais. Vale

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ressaltar que “os petrodólares acabaram financiando os déficits em conta corrente de países endividados, como o Brasil” (GIAMBIAGI, 2001, p. 77).

Do ponto de vista político, o governo do então presidente Geisel caracterizou-se pelos primeiros sinais de crise do regime ditatorial, com o início do período de abertura política, que se deu de maneira lenta.

Observam-se, nesse período, pressões internas ao regime, sobre o governo Geisel, ligadas a linha-dura do regime, além de pressões mais fortes de setores da oposição. Concluí-se, então, que a “abertura foi lenta, gradual e insegura, pois a linha-dura se manteve como uma contínua ameaça de retrocesso até o fim do governo Figueiredo.” (FAUSTO, 2001, p.

271).

2.2 Opções de Ajuste

Com a crise Primeira Crise Internacional do Petróleo e suas consequências anteriormente analisadas, o governo brasileiro tinha que fazer escolhas quanto à direção de sua política econômica.

Uma opção, quando utilizada, estava relacionada com um desaquecimento da economia, com uma possível ocorrência de recessão, por meio de uma retirada de liquidez do mercado, assim como dos créditos concedidos pelo governo, atrelando o crescimento a um aumento das exportações com desvalorização cambial. Neste caso, utiliza-se ou de política fiscal restritiva conjuntamente ou não, com política monetária de mesma característica, deixando ao mercado regular os efeitos destas políticas.

É necessário analisar que, além dessas políticas restritivas outras circunstâncias

poderiam ocorrer, como a de que, “[...] a variação dos preços relativos (e, em particular, a alteração da taxa de câmbio) poderá ser utilizada, para intensificar os sinais de mercado e,

com isto, incitar o reajustamento da economia, através da mudança na composição do gasto.”

(CASTRO; SOUZA, 1985, p. 28)

Castro e Souza (1985) também observam que algumas economias utilizaram da política de reajustamento de suas economias e, para isso, tiveram que diminuir a intensidade de suas economias.

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Por outro lado, havia a opção de um ajuste estrutural, com o uso da ação governamental, por meio de um aumento dos investimentos públicos, mas também na tentativa de impulsionar os investimentos privados, com o intuito de alavancar a industrialização nacional, diminuir a dependência externa e incentivar as exportações, com a utilização de uma política de industrialização por substituição de importações. Esse ajuste se dá pelo reordenamento da estrutura produtiva do País.

Para que se dê este processo, onde coexiste a utilização de políticas estruturais, incentivos ao aumento das exportações por meio de uma política de industrialização por substituição de importação, é necessário a utilização de financiamento, para por em prática essas políticas.

Sendo assim é indispensável a existência de uma liquidez no mercado internacional e, no período, como já foi demonstrado neste trabalho, havia disponibilidade de recursos estrangeiros que poderiam financiar os processos de ajuste estrutural, a partir do crescimento do mercado de eurodólar, impulsionado pelos petrodólares, que seriam usados como fontes de empréstimo.

No caso da segunda, o financiamento exclui o ajustamento conjuntural e recessivo por acreditar que problemas como o da crise do período, provocada pelo Primeiro Choque Internacional do Petróleo, seriam momentâneos e posteriormente não afetariam mais as

economias de forma substancial. Como observa Langoni, “Estava implícita, na estratégia de

financiar o desequilíbrio, a hipótese acerca do caráter transitório do choque do petróleo”

(CASTRO; SOUZA, 1985, p. 29)

A opção escolhida pelo governo brasileiro foi a do ajustamento externo por meio da industrialização por substituição de importações e aumento das exportações, utilizando-se de financiamento externo. Essa era uma busca de se complementar um processo que já havia sido utilizado, mas que, desta vez focalizava outros setores.

Para Velloso (1998), a escolha feita pelo governo, que se materializa na utilização do II PND para fazer o ajuste, era a melhor opção, já que a opção de ajuste recessivo, onde se teria um processo de recessão, seria uma não-solução.

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Foi exigido, então, que o ajustamento externo devia ser feito de maneira gradual, a partir de retornos futuros esperados dos investimentos feitos, conjuntamente a uma eliminação dos déficits em conta corrente.

Então, por meio do uso de poupança externa, o governo financiou o seu novo plano de crescimento, utilizando-se demasiado de empréstimos no exterior, com o intuito de fazer as políticas de ajustamento estrutural, para desenvolver a economia brasileira, e assim crescer com endividamento.

2.3 O Plano

2.3.1 Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento

Publicado em setembro de 1974 e aprovado em 1975, o Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento, tinha intenção de “cobrir a área de fronteira entre o subdesenvolvimento e o desenvolvimento” (II PND, p. 7, apud BATISTA, 1987, p. 30), e plano esse, elaborado

pelo Ministério do Planejamento.

O II PND teria que manter as altas taxas de crescimento a que o País estava atingindo nos anos anteriores ao plano, taxas de crescimento que, em nenhum momento, foram menores do que 9%, e com uma média de crescimento de 11,1%.

Tendo como um dos principais propósitos, obter elevadas taxas de crescimento da economia brasileira, por meio de uma ampliação da capacidade produtiva nacional, com uma mudança no foco dos investimentos, que se deslocaria do setor de bens de consumo duráveis para o setor de bens de capital e insumos básicos, assim como da eletrônica pesada.

O plano observa que seriam necessários, para manter as altas de crescimento que caracterizaram o período anterior, alguns esforços quanto a superação da crise do petróleo, e desenvolvimento do processo de industrialização brasileiro.

Uma leitura do texto oficial do Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento percebe-se os objetivos gerais do plano, que era fazer com que houvesse crescimento, com controle do processo inflacionário, utilizando-se do método gradualista, equilibrando, também, o balanço de pagamentos.

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A indústria básica era o setor que recebia maior atenção por parte do plano, e isso se deve ao diagnostico feito pelos formuladores do Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento. O objetivo central dessa política era fazer a industrialização por substituição de importação, mudando o seu conteúdo se comparado com os processos passados de substituição de importação, e aumentando a oferta de bens dos setores que produziam para exportação.

Além dessa preocupação com o planejamento da industrialização por substituição de importação, havia uma atenção voltada para a questão energética, com o intuito de diminuir a dependência externa do petróleo, a partir de substituição de importações no setor de energia. E, incentivos governamentais, no sentido de uma substituição parcial da gasolina pelo álcool. Outro ponto importante são os investimentos quanto a construção de hidrelétricas, como a de Itaipu, no Paraná.

Almeja-se também com o II PND, uma sustentação das altas taxas de crescimento econômico, com a intenção de financiar os déficits em conta corrente por meio de superávits na conta de capital, com a intenção de sustentar o equilíbrio do balanço de pagamento, além de se tentar melhorar a distribuição de renda individual e intraregional.

Assim como, procurava-se avançar com a distribuição de renda individual e intraregional, o Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento buscou organizar recursos e investi-los no sentido de determinar políticas de desconcentração industrial, para expandir a produção para outras regiões do Brasil, que não apenas Rio de Janeiro e São Paulo, mas também estados do Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

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Tabela 2 - Perspectivas da Economia Brasileira: 1979 MAGNITUDES GLOBAIS PREVISÃO PARA 1974 PREVISÃO PARA 1979 AUMENTO NO PERÍODO (%) PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) (Cr$) bilhões

de 1975 (*) 785 1.264 61

POPULAÇÃO (milhões) 104,2 119,7 15

PIB PER CAPITA (Cr$ mil de 1975) 7,5 10,5 40

PIB (US$ bilhões de 1973) (**) 78 125

PIB PER CAPITA (US$ de 1973) (**) 748 1044 INVESTIMENTO BRUTO FIXO (Cr$ bilhões de

1975) 196 316 61

CONSUMO PESSOAL (Cr$ bilhões de 1975) 546 847 55

PRODUTO INDUSTRIAL (Cr$ bilhões de 1975) 212 374 76

PRODUTO DA INDÚSTRIA DE

TRANSFORMAÇÃO (Cr$ bilhões de 1975) 154 274 78

PRODUTO AGRÍCOLA (Cr$ bilhões de 1975) 93 130 40

POPULAÇÃO ECONOMIACAMENTE ATIVA

(milhões) 32,9 38 16

EMPREGO INDUSTRIAL (milhões) 6,1 8,1 33

EMPREGO INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO

(milhões) 3,3 4,2 27

EXPORTAÇÃO DE MERCADORIAS (US$ bilhões) 8 20 150

Fonte: II PND2.

Os índices das expectativas refletem o quão audaciosas eram as metas do Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento e, ademais, também mostram que o plano tinha a intenção de elevar o Brasil à condição de país desenvolvido do ponto de vista econômico, mais especificamente industrial, vide, os dados previstos para os anos subsequentes quanto ao PIB, com uma evolução prevista de 61% entre os anos de 1974 e 1979. Durante o mesmo período, percebem-se as atenções focalizadas na indústria e isso é notado nos dados previstos para seu crescimento no período, 76% no produto industrial e 78% na indústria de transformação. Além disso, é possível ver uma afirmação direta do texto do II PND, sobre a política cambial, onde se afirma que se manterá o sistema de minidesvalorizações.

O Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento se constituiu, então, em uma tentativa de elevar o Brasil à condição de país desenvolvido, sobretudo na parte industrial, colocando em prática uma estratégia de industrialização por substituição de importação, focalizando não mais as indústrias de bens de consumo, anteriormente utilizadas nos processos de industrialização através de substituição de importação, mas sim, as de bens de

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capital, como por exemplo, máquinas e equipamentos, e de insumos básicos, além de uma preocupação com o aumento dos investimentos no setor energético e de infraestrutura.

Quanto à infraestrutura, tentava-se com o II PND, desenvolver os transportes de massa, principalmente o de transportes de cargas, bem como o transporte ferroviário e o hidroviário, com a intenção maior de avançar na construção de “corredores de transporte” e nos de “corredores de exportação”.

Para esse plano, o governo tentou articular as relações entre o capital privado, tanto investindo com ela como tentando regulá-la, o capital público, com os investimentos feitos por meio dos órgãos criados para isso, como o BNDE, e o capital estrangeiro, no qual o governo tenta com suas diretrizes, priorizar em que setores o capital de fora do país deveria investir e dinamizar, ou seja, determinando as preferências quanto aos destinos desses investimentos.

Esse plano também veio no sentido de corrigir determinados desequilíbrios internos no setor industrial, fortificando o setor privado nacional, equilibrando investimentos públicos, privados e estrangeiros. Outro ponto forte é que o plano intencionava fortalecer as indústrias de bens para exportação, equilibrando o Balanço de Pagamentos.

2.3.2 Diagnósticos do Plano

O Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento diagnosticou que a economia brasileira, do ponto de vista industrial, estava trabalhando em sua total capacidade e, em alguns setores da indústria, estava superaquecida. Configura-se, segundo o plano, que a economia encontrava-se com altas taxas de investimentos e que esse processo poderia ser mantido com mais investimento, ou até mesmo aumentado. Lessa (1978) observa que a economia brasileira tinha uma taxa de investimento bruto da ordem de 25% do Produto Interno Bruto no período 1972/1973.

Quanto ao comércio internacional, constata-se que o País obteve bons resultados no que tange a diversificação de sua pauta exportadora, além de aumentar o número de mercados que atingia.

Sobre a Primeira Crise Internacional do Petróleo e suas consequências na

economia brasileira, o plano diagnostica que essa crise era grave e que ela abalava “os

fundamentos da sociedade industrial moderna” (II PND, 1974 apud CASTRO; SOUZA,

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devido as condições de produção industrial, suas reservas naturais e sua pouca dependência de importações.

Vê-se na poupança externa uma saída para se alavancar a produção interna, o que aumentaria a capacidade de produção da economia brasileira, impulsionando também o setor energético e de infraestrutura.

Além do desenvolvimento dos setores de base, em especial bens de capital, de eletrônica pesada e de insumos básicos, o plano também previa uma ampliação da exportação de produtos manufaturados, desenvolver a tecnologia industrial, impulsionar a indústria de alimentos, descentralizar a produção industrial.

Além disso, observa-se que era necessário que o País mantivesse as altas taxas de crescimento que vinha tendo nos anos anteriores ao II PND, mas, preocupando-se com distribuição de renda. Outro ponto que é de fundamental importância nas constatações que o plano faz da situação da economia nacional do período é a necessidade de descentralização espacial dos investimentos públicos e privados, de São Paulo e do Rio de Janeiro, ou seja, seriam necessários novos investimentos em regiões anteriormente não tão dinâmicas quanto esses dois estados.

Precisava-se desenvolver regiões como o Nordeste e o Norte do Brasil, investindo na Amazônia, incentivar a integração nacional, modernizando e associando regiões até então, com pouco foco de investimentos. Era indispensável à dispersão, mas de maneira organizada, da produção industrial brasileira para as regiões menos desenvolvidas.

Lessa (1978) constata um diagnóstico implícito ao Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento. Para esse autor, por trás de um discurso em que o governo se mostra respeitoso e preocupado em demonstrar que é necessário uma continuidade do regime, reside

um clima de euforia, herdado do período anterior, o “milagre econômico”, e de autoridade,

onde o regime impõe suas ordens e diretrizes econômicas.

Segundo esse autor, o governo à época, considerava-se protetor dos mais fracos, tendo a função de construir todas as relações entre os agentes econômicos, no sentido de desenvolver o país.

Além disso, uma mudança quanto às políticas de distribuição de renda, já que anteriormente o crescimento econômico era o mais importante, e colocando para o futuro, a distribuição dos ganhos auferidos com o crescimento.

(22)

industrial, que se concentravam nos estados do Rio de Janeiro e, sobretudo no estado de São Paulo.

Lessa (1978) constata então, uma mudança na política de desenvolvimento utilizada pelo governo militar, o que retoma um caráter de projeto nacional-desenvolvimentista, mas, que demonstra ainda, um sentido de continuidade, mudando as prioridades, mas sem criticar as políticas econômicas adotadas pelos governos militares anteriores.

2.3.3 Fontes de Financiamento

O financiamento para a realização dos projetos relativos ao Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento se deu tanto a partir de financiamento externo quanto público. Mas, a essa parte do plano não foi dada tanta importância, já que as autoridades analisavam a conjuntura do II PND como propicia para investimento, e os financiamentos seriam automáticos, a partir do substancial crescimento do País nos anos anteriores.

A principal fonte de financiamento, do ponto de vista público, era o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE). Este órgão tinha a função fundamental de financiar os investimentos industriais privados, a partir da utilização de créditos subsidiados para esses financiamentos. Além do BNDE, o governo, por meio dos ministérios também financiava esses investimentos.

Para os investimentos públicos, as fontes de financiamento estavam ligadas, a recursos do orçamento, que advinham dos impostos pagos para a União. Além disso, utilizou-se de empréstimos internacionais, que foram obtidos pelas grandes empresas estatais.

Essas empresas ligadas ao governo conseguiram esses empréstimos externos porque se comparados às empresas privadas, estavam em condições mais favoráveis para a obtenção de empréstimos.

Os setores que mais se beneficiaram dos recursos do BNDE e dos fundos de poupança compulsória podem ser vistos na tabela 4, e são os setores de siderurgia e o de bens de capital.

Durante os anos que concernem a implantação do II PND, observa-se uma relativa estabilidade da carga tributária, um aumento da participação do setor governamental nos investimentos, em especial na Formação Bruta de Capital Fixo.

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períodos de carência. Outra ferramenta era o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Produtivo Integrado (PROGIRO), utilizado para se fazer operações de financiamento para capital de giro das empresas de tipo industrial.

Além do BNDE, coexistiam outros bancos de desenvolvimento federal, que atuavam tanto em nível nacional quanto em níveis regionais e estaduais, com Banco do Nordeste do Brasil e o Banco da Amazônia. Outra fonte de financiamentos eram os bancos estaduais que ajudavam nos investimentos.

O BNDE impunha medidas que facilitavam a obtenção dos créditos por parte das empresas, como taxas flexíveis, e também, uma correção monetária dos empréstimos que tornavam os financiamentos, se comparados com as taxas do período, ganhos para os que estavam obtendo empréstimos junto a esse banco.

(24)

3 INVESTIMENTOS PRODUTIVOS

3.1 Bens de capital e Insumos Básicos

Dentre os investimentos produtivos alvos do II PND, os setores de bens de capital e de insumos básicos foram os principais dos investimentos do plano, responsáveis pelos principais empreendimentos que tinham verbas para serem construídos ou melhorados, e onde a produção para exportação era mais esperada para aumentar.

Com o Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento tentou-se elevar a produção de bens com alto grau de tecnologia, em empresas nacionais. Segundo BNDE (2004), nesses setores tinha-se uma produção de mercadorias de alta tecnologia, e seriam beneficiados pela demanda fruto de investimentos nas indústrias de bens intermediários, nele encontram-se os setores de mecânica pesada e eletroeletrônica, assim como do aumento nos investimentos em infraestrutura dos transportes, sobretudo na parte de materiais de transporte, além de outras áreas onde os investimentos estavam aumentando devido ao II PND.

Quanto aos insumos básicos, os investimentos de maior porte se concentraram nos setores de mineração, siderurgia, metalurgia de não-ferrosos, além de química e petroquímica, fertilizantes, celulose e papel, cimento, e por final alguns tipos de equipamentos.

Na tabela 3 é possível ver quais eram as metas do governo, quanto a produção de bens de capital, siderurgia e metalurgia, além de bens intermediários não metálicos e química:

Tabela 3 - Metas Físicas Estabelecidas para Setores Eleitos como Prioritários no II PND

1974 Metas para 1979 Aumento entre 1974 e 1979 (%)

Bens de Capital (Mil t) 2000 3400 70

Eletromecânica (Mil t) 898 1603 79

Tratores (Mil Unidades) 44 84 91

Construção Naval (Mil TPBs) 410 1140 178

Material Ferroviário (Mil t) 122 214 75

Siderurgia e Metalurgia (Capacidade Instalada em Mil t) 17463 44008 152

Aço 17300 43700 152

Alumínio 120 190 58

Cobre 10 60 500

Zinco 33 58 76

Bens Intermediarios Não-Metálicos (Capacidade Instalada em Mil t) 20944 31950 52

Cimento 17130 26190 53

Celulose 3814 5760 51

Química (Capacidade Instalada em Mil t) 3422 8593 151

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É possível ver na tabela 3 que as metas propostas pelo II PND eram audaciosas quanto ao crescimento percentual da produção dos bens assim listados. Quanto aos bens de capital, vemos que esperava-se para o período 1974 até 1979 um aumento de 70 na produção desse tipo de bem. A construção naval era a área onde a expectativa de crescimento era maior, da ordem de 178%.

No setor de siderurgia e metalurgia, a expectativa de crescimento era ainda maior, percentualmente, um aumento de 152%. O cobre era a área com maior expectativa, da ordem de 500%. Os bens intermediários não-metálicos e a industria química, esperavam por parte do governo, um crescimento da produção da ordem de 52% e 151%, respectivamente.

A indústria química se beneficiava do fato de que outras indústrias precisavam utilizar que bens dessa natureza como insumo nas suas produções, além de investimentos em polos petroquímicos, Camaçari e Triunfo, e que tinham investimentos tanto publico quanto privado, nacional e internacional, em suas elaborações.

Quanto ao aumento previsto de 53% na produção de cimento é justificado pela demanda crescente desse produto, principalmente na construção das hidrelétricas de Itaipu e Tucuruí e no aumento da demanda fruto dos investimentos em habitação.

Na tabela 4, mostra-se o total dos Investimentos Totais previstos para os anos que abrangem o II PND:

Tabela 4 - Investimentos Totais Previstos em Setores Industriais Eleitos como Prioritários no II PND – 1975/1979 (Em milhões de UPCs)

SETORES UPCs

Mineração 28

Siderurgia 119

Metalurgia 22

Química/Petroquímica 31

Cimento 9

Celulose e Papel 53 Bens de Capital 100

Total 362

Fonte: BNDE, 1974 apud BNDES, 2004.

Os investimentos totais esperados pelos formuladores do plano estão de acordo com as metas físicas, anteriormente analisadas, e são fruto dos financiamentos feitos junto ao BNDE e dos fundos de poupança compulsória, para alavancar os propósitos esperados.

(26)

respectivamente. Esses setores principais com investimentos previstos eram seguidos pela celulose e papel, química e petroquímica, mineração e cimento.

A principal preocupação segundo o texto oficial do Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento quanto à produção do setor de bens de capital, era a de que

[...] particularmente quanto a equipamentos não seriados, a preocupação fundamental é no sentido de inverter a tendência, que se vinha observando, a que o comprador se colocasse na posição de procurar importar o máximo, pelas

desvantagens que a compra de equipamento nacional oferecia.” (II PND, p. 23,

1974).

Nesse trecho, percebe-se a preocupação dos formuladores do plano quanto a industrialização, mais especificamente, quanto a questão crucial desse plano, que era fazer a industrialização por substituição de importação.

Além do desenvolvimento desses setores, o plano também desejava ampliar a pauta exportadora de produtos manufaturados, desenvolvendo a industrialização de minérios, ampliando sua tecnologia industrial, por exemplo, na produção de energia elétrica, para que o País pudesse competir internacionalmente com esse produto.

Procurava-se também, desenvolver a indústria de bens de eletrônica básica, com um aumento dos investimentos nos setores de informática e de comunicação, procurando interligar esses dois setores e desenvolver a eletrônica digital. Além disso, tenta-se aumentar as exportações de bens dessa natureza, já que esses bens poderiam gerar progressivo valor adicionado, de modo a fazer com que a economia nacional crescesse.

Os investimentos ocorreram a partir de financiamentos que se baseavam nas condições existentes em cada um dos setores que faziam parte das prioridades do II PND, a partir dessas condições, eram propostos os prazos a seguir pelas empresas, e também quais seriam as taxas cobradas. Tentava-se fazer com que houvesse em alguns setores, economias de escala dentro das empresas, desenvolvendo as tecnologias incorporadas por elas, aperfeiçoar as técnicas de produção, tornar essas empresas mais competitivas e com melhores gestões internas.

Quanto aos investimentos previstos em projetos e empreendimentos nos setores de siderurgia e de metalurgia de não-ferrosos, podemos ver na tabela 5 quais eram os investimentos previstos para o período de 1975 a 1979:

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Tabela 5 - Investimentos previstos entre 1975 e 1979 para os setores de siderurgia e metalurgia de não-ferrosos

Projeto Objetivo Valor Total (milhões de UPCs) Operação Data da

Usiminas Estágios I, II e III 9,8 n.d.

Cosipa Estágios I, II e III 13,5 n.d.

CSN Estágios II e III 13,2 n.d.

Mendes Jr. Implementação de usina de laminados não-planos 7 n.d. Aços Villares Implementação de usina de laminados, fundidos e forjados 3,9 n.d. Tubarão Usina para a produção de semi-acabados para exportação 12,9 1979

Siderbrás Planejamento estágio IV de siderurgia 14,7 1979

Aço Minas Usina para a produção laminados não-planos 6 1979

Colavi Integração entre redução e aciaria e ampliação da laminação 1,8 1979

Fiel Korl Integração entre redução e aciaria 1,7 1979

Cosinor Implementação de usina para laminados planos e fundidos 0,3 n.d. Anhaguera Aumento de produção de aços laminados não-especiais 0,3 n.d. Recimap Ampliação de pátio de beneficiamento de sucata 0,04 n.d.

Sibra Ampliação de ferroligas 0,2 n.d.

Acesita Ampliação 4,1 1980

Mannesmann Ampliação 5,5 1980

Cosigua Ampliação 2 n.d.

Itaqui 14,8 1982

Tubarão 12,9 1979

Total 124,8

Metamig Complexo integrado de zinco, chumbo, cádmio e ácido sulfúrico 0,5 1978

Eluma Exploração e refino de cobre 0,9 1978

Albrás Produção de alumina e alumínio 14,7 1980

Ifema Usina para refino de alumínio 19,5 1978

Total 35,5

Fonte: BNDE, 1974 apud BNDES, 2004

Os investimentos em siderurgia concentraram-se em aumento da produção internas e melhoria das tecnologias utilizadas, com amplos investimentos na construção de novas estruturas ou no desenvolvimento dos projetos já existentes. Foi criada no ano de 1974, a holding social chamada Siderbrás que tinha o objetivo de coordenar a administração da expansão feita com esses investimentos. Quanto aos empreendimentos realizados nos setores de siderurgia e de metalurgia de não-ferrosos, estes se basearam na quantidade de produção e na nacionalidade dos investimentos feitos.

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conjuntamente com a ação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, possibilitaram uma maior expansão dos investimentos nesse setor. Já no setor químico e petroquímico, os investimentos em projetos de Pólos do setor, se deram em diferentes regiões do País, como na Bahia, no Rio Grande do Sul e em São Paulo.

Na tabela 6, podemos ver quais os projetos, os objetivos dos empreendimentos feitos no período e seus respectivos valores previstos e as data de operação:

Tabela 6 - Investimentos Previstos entre 1975 e 1979 para os Setores de Mineração e Químico/Petroquímico

Projeto Objetivo Valor Total (Milhões de

UPCs)

Data da operação Eletrificação da Ferrovia

Vitória-Minas (CVRD) 1,4 n.d.

Concentração Minério Conceição Complementar obras do Complexo Cauê e aumentar a capacidade da Mina Conceição 2,1 1978

Carajás

Atingir a exportaçao de 44 milhões de t em

1980 18,5 1985

Complexo Minas-Ferrovia-Porto Exportação de 80 milhões de t em 1980 10,3 n.d.

Rio Doce

Três usinas com capacidade de cinco milhões

de TPAs 1,5 1978

Pelotização em Associação Quatro usinas com capacidade de cinco milhões de TPAs 2,4 1978 Alumínio Rio do Norte Implementação da mineração de bauxita 2 1978

Docegeo Pesquisa básica de minério 0,2 n.d.

Pelotização em Ipatinga Usina com capacidade de quatro milhões de TPAs para atender à Usiminas 0,7 1978

Manganês de Urucum Aproveitamento de reservas 0,3 1978

Valep (CVRD) Aproveitamento de reservas de fosfato 0,6 1978

Samarco n.d. 2,8 1976

Sama (Amianto) Elevar a capacidade de produção de 48 mil para 115 mil t/ano 0,2 1978

Caraíbas Mineração e concentração 1,4 n.d.

Total 44,6

I Pólo (São Paulo) 90 n.d.

II Pólo (Bahia) 1300 1978/79

III Pólo (Rio Grande do Sul) 800 1980

Salgema Soda Cáustica e cloro 70 1977

Pólo Cloroquímico (Alagoas) 100 1979

Alcanorte 100 1978

ICC Ácido sulfúrico 30

Nutiflex 100

Estireno 50

Dow Soda e óxido propeno 80

Outros 300

Total 3020

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Nela, podemos ver o tamanho dos investimentos relativos aos setores de mineração e químico/petroquímico, apoiando-se no desenvolvimento dessas áreas, com incentivos ao aumento da produção, com financiamentos ligados ao BNDE e outros órgãos, a partir de taxas flexíveis, e que se concentravam na construção e ampliação de determinados empreendimentos, possibilitando a integração entre os vários complexos industriais.

3.2 Demais Investimentos

Além da política adotada pelo governo de industrialização por substituição de importação, com o II PND, foram planejadas medidas no sentido de diminuir a dependência energética a que o País estava imerso. Para isso, o Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento propôs a construção de plantas energéticas e o aperfeiçoamento tecnológico do setor.

Quanto às metas de energia elétrica e de petróleo, é possível visualizar no gráfico a seguir, o que se almejava por parte do plano, para a produção, investimento e consumo dos anos do decorrer do II PND:

Tabela 7 - Dados de 1974 e previstos para 1979 quanto às metas energéticas

Energia Elétrica

Potência Instalada (milhões de kW) 17,9 28 59

Consumo (bilhões de kW/h) 61 107 75

Petróleo

Capacidade de Refino (mil barris/dia) 1020 1650 62

Investimentos em Exploração e Desenvolvimento da Produção (em Cr$ bilhões de 1975) 2,2 8 264

Investimento Total (Cr$ bilhões de 1975 26 56 115

Fonte: Lessa, 1978.

Essas metas baseiam-se em uma política governamental que tenta diminuir a dependência externa quanto à produção de petróleo, já que o Brasil na época, do petróleo consumido, 80% tinha origem nas importações desse combustível, o que tornava o País bastante vulnerável a oscilações no mercado mundial de Petróleo. E, para crescer economicamente, seria necessário que a produção de energia acontecesse na mesma velocidade, para que ocorresse nenhum tipo de crise energética.

(30)

Outro ponto que o plano incentiva é uma mudança na composição do consumo dos combustíveis, apoiando a utilização de outros combustíveis além do petróleo. Ademais, o plano incentiva o consumo industrial de petróleo.

O carvão era outro ponto relevante, o intuito do II PND era se beneficiar da produção dessa fonte de energia, já que o Estado de Santa Catarina era grande produtor desse produto.

Essa procura por outras fontes de energia, que não o petróleo, se deu para a substituição por produtos como o xisto e a energia nuclear, como os investimentos na usina em Angra dos Reis, já que no período, essa fonte tinha progredido substancialmente do ponto de vista tecnológico.

Tendo como principal meta a diminuição das importações dos combustíveis mais comprados fora, em maior medida o petróleo, na tentativa de se encontrar novas fontes de energéticas de consumo.

Quanto aos investimentos físicos, a área com maiores investimentos, nesse sentido, é a de energia hidrelétrica, já que gerava um grande numero de empregos, seus custos eram menores se comparados a outros combustíveis, e impulsionava o desenvolvimento das regiões onde esse investimento acontecia.

Quanto ao setor energético, é notório a descentralização regional dos investimentos, já que os grandes empreendimentos, se localizavam em regiões que anteriormente não eram alvos de investimentos de magnitudes tão altos. E que esses investimentos em empreendimentos do setor de energia se beneficiavam da mudança dos preços relativos e das baixas taxas de juros internacionais.

Na tabela 8 vemos os investimentos previstos para as áreas de infraestrutura, onde se vê as áreas de energia, transporte e comunicações:

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Tabela 8 - Investimentos Previstos para Infraestrutura no II PND

US$ MILHÕES %

Energia 30776 44

Elétrica e Nuclear 18676 27

Petróleo, Carvão e Gás 12100 17

Transportes 27338 39

Ferrovias 6875 10

Construção Naval 3656 5

Rodovias 8125 12

Portos 1538 2

Transporte Aéreo 1375 2

Reparo Naval 119 0

Outros 5650 8

Comunicações 12268 17

Telefonia 8313 12

Correios 1330 2

Outros 2625 4

Total 70381 100

Fonte: BNDE, 1974 apud BNDES, 2004.

Vemos na tabela 8 que o setor com maior porcentagem de crescimento previsto era o setor de energia, visto que o principal objetivo era uma diminuição da dependência das importações de petróleo.

Já no setor de transportes, com percentual de crescimento de 39%, as principais medidas foram os investimentos quanto à melhora na malha de transportes, com a criação de canais de articulação tanto no sentido de melhorar a malha de transportes nas grandes cidades e estados, quanto para agilizar o transporte de produtos industriais, sobretudo os para exportação.

Foram colocados investimentos com a intenção de desenvolver a malha rodoviária recapeando as rodovias. Além disso, foram aumentados os investimentos no setor de navegação, com o aumento da tonelagem da frota, no setor que recebeu mais atenção, o de construção naval.

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Tabela 9 - Metas Físicas e de Investimento em Transporte Estabelecidas no II PND

1974

Previsto para 1979

Aumento no período (%)

Transporte

Rodovias 41,2 63 53

Rede Rodoviária Federal Pavimentada (mil Km) 41,2 63 53 Rede Rodoviária Federal Implementada e não Pavimentada (mil Km) 33,5 45,8 37

Ferrovias

Total de Investimentos Cr$ bilhões de 1979) 12,5 28 124

Navegação

Total da Frota (mil tpb) 4205 9438 124

Total da Frota de Longo Curso (mil tpb) 3436 8079 135

Total da Frota de Cabotagem (mil tpb) 612 967 58

Total da Frota de Navegação Interior (mil tpb) 157 392 149

Petroleiro (mil tpb) 1297 2280 75

Graneleiros (mil tpb) 783 2089 167

Mistos (mil tpb) 819 2546 211

Fonte: BNDE, 1974 apud BNDES, 2004.

As melhorias pretendidas com esses investimentos tinham a intenção de facilitar os transportes dos produtos ancoras do II PND, como os bens de capital, sobretudo, os bens para exportação, onde a rapidez era necessária no transporte dessas mercadorias. A massa de investimentos teve como um dos principais destinos à região da Amazônia, haja vista o plano de ocupação do governo para essa região do Brasil.

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Tabela 10 - Principais Metas Previstas para Agricultura no II PND

1974 para 1979 Previsto Aumento no período (%) Produção

Cerais (milho, arroz, trigo e feijão, em milhões de t) 30 45 50 Oleaginosas (algodão, soja, amendoim e mamona, em milhões de

t) 10 16 60

Utilização de Insumos Modernos

Fertilizantes (milhões de t de nutrientes) 1,6 3,1 94

Defensivos (mil t) 90 200 122

Semente melhoradas (% sobre o total de sementes de algodão, amendoim, arroz, batata-inglesa, feijão, mandioca, milho, soja e

trigo) 40 50 25

Tratores em operação (mil unidades) 254 510 101

Rações (milhões de t) 5,7 11 93

Eletrificação Rural

Linhas construídas (mil km) 11 114 936

Irrigação pública e privada (mil há) 737 1100 49

Abastecimento

Armazenagem (capacidade estática, em milhões de t) 23 28 22

Centrais de Abastecimento (nº de centrais) 12 22 83

Fonte: II PND, 1974 apud Lessa, 1978.

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Tabela 11 - Investimentos Previstos entre 1975 e 1979 para o Setor de Fertilizantes

Projeto Objetivo Valor Total (US$ Milhões) Data da Operação Petrobras

(Sergipe) Produção de amônia e uréia 150 1980

Arefértil Produção de amônia e uréia 150 1980

Petrobras

(Paraná) Produção de amônia e uréia 150 1980

CRN Produção de amônia e uréia 150 1980

Rodhia Exploração de jazida de P205 20 1980

Fosforita Exploração de jazida de P205 50 1980

Ipanema Produção de jazida de P205 35 1980

Serrote Produção de jazida de P205 53 1980

Valefértil Produção de jazida de P205 260 1980

Catalão Exploração de rocha fosfática 40 1980

Fosfórico Produção de P205 80 1980

Petroquisa/Lume Produção de PK20 150 1980

Total 1288

Fonte: BNDE, 1974 apud BNDES, 2004.

Para que essas metas fossem alcançadas, o II PND tentou orientar as metas no sentido de buscar uma maior integração entre os produtores no sentido de desenvolver os mercados agrícolas. Outra orientação era diversificar a produção nacional para que se auferissem mais ganhos na agricultura. Para então, expandir a produção tanto para consumo interno quanto, principalmente, para exportação.

A intenção maior do plano era tornar essa estratégia do setor de agropecuária, era

dado “a vocação do Brasil como supridor mundial de alimentos, matérias-primas agrícolas e

produtos agrícolas industrializados” (II PND, p. 41 apud Lessa, 1978, p. 41), tornar de fato o

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4 RESULTADOS DO PLANO

4.1 Resultados quanto aos Bens de Capital e Insumos Básicos

Os bens de capital contribuíram substancialmente no processo de industrialização por substituição de importação, que é um dos objetivos do Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento, e que verifica uma queda nas importações desse tipo de bem, já na década de 1980, e dentro da pauta importadora, o percentual de participação dos bens de capital, também caiu no período. Podemos ver, o quanto diminuiu o coeficiente de importação no período de 1970 a 1983, na Tabela 12:

Tabela 12 - Coeficiente de Importação do Setor de Bens de Capital (em %) – 1970 a 1983 (baseado em índices de quantum – ano base = 1970)

Ano Coeficiente de Importação

1970 24,13

1971 27,9

1972 29,4

1973 25

1974 28,8

1975 32,1

1976 23,4

1977 19,7

1978 21

1979 19

1980 19,9

1981 22

1982 19,2

1983 17,3

Fonte: Conjuntura Econômica, Bonelli e Werneck (1978), Serra (1981), Relatório Anual do Banco Central e FIBGE apud Batista, 1987.

A partir da tabela 12, observamos que em 1970 o coeficiente de importação, no setor de bens de capital, estava no patamar de 24,1%, chegando a 32,1, em 1975, e passou para 17,3 em 1983. Demonstra-se uma substancial queda no coeficiente de importação, que se configura a partir do ano de 1976.

Já quanto às exportações de bens de capital, o desempenho é melhor do que o das importações, vide o Gráfico 1, que mostra o desempenho dos bens de capital sob encomenda, a partir do coeficiente de exportação:

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Gráfico 1 – Bens de capital sob encomenda – coeficiente de exportação

Fonte: Próprio autor, 2013. 4

Com o gráfico é visível o quão substancial é o aumento da participação dos produtos exportados, quando comparados com toda a produção, saindo de 3,1% para 15,9% em uma década.

Com esses dados vemos que, quanto aos bens do setor de bens de capital, obtiveram resultados bastante satisfatórios, cumprindo tanto a meta de industrialização por substituição de importação, quanto à intenção de aumentar os índices de exportação desse tipo de bem e de diminuir suas importações.

Com a tabela 13, fortifica-se a tendência de aumento das exportações de insumos básicos e bens de capital, aumento do peso do País no cenário internacional, observe:

Tabela 13 - Exportações Brasileiras de Máquinas e Equipamentos como porcentagem das Exportações de Máquinas e Equipamentos de Grupos de Países

Ano Mundo Países em desenvolvimento ALADI Sul e Sudeste Asiáticos

1970 0,11 6,79 30,29 10,83

1973 0,18 6,62 28,8 9,85

1974 0,31 9,87 47,3 14,48

1975 0,37 12,59 54,12 19,79

1976 0,35 10,1 54,91 14,13

1977 0,44 11,58 61,16 16,4

1978 0,51 12,29 59,67 17,18

1979 0,55 11,76 63,25 16,17

1980 0,66 12,46 68,92 17,04

1981 0,81 13,73 71,75 18,91

1982 0,68 10,78 70,36

Fonte: Handbook of International Trade and Development Statistics, ONU; Yearbook of International Trade Statistics, ONU apud Batista, 1987, p. 73).

(37)

O Brasil saiu de 0,11% de participação no mercado mundial, no ano de 1970, para 0,81%, no ano de 1981, além de um aumento substancial da participação percentual do País no comércio com os países que fazem parta da Associação Latino-Americana de Integração (ALADI), saindo de 30,29% em 1970, para 70,36% em 1936, verificando que a política adotada no período, de substituição de importação, gerou resultados satisfatórios, quanto a exportação esse tipo de bem para diversas áreas do mundo.

Outro importante resultado é relativo aos insumos básicos que podemos ver na tabela 14, onde vemos que as taxas de crescimento do setor de siderurgia foram inferiores as almejadas no plano, embora superiores as do período anterior ao II PND.

Tabela 14 - Indústrias de Insumos Básicos – Valores Efetivos5

INDÚSTRIAS TAXA DE CRESCIMENTO ANUAL EFETIVA (%) 1974-1979

Metalurgia

aço em lingotes 13,1

aço plano(1) 18,6

aço não plano(2) 9,1

alumínio(3) 15,9

cobre(3) 0

zinco(3) 15,2

Químicos

ácido sulfúrico 15,8

soda cáustica 24,7

cloro 33,2

fertilizantes 23,6

resinas termoplásticas fibras sintéticas/artificiais 19,9

elastômeros sintéticos 7,6

detergente

etileno 18,6

amônia 12,3

Não-metálicos

cimento 10,8

celulose 19,7

papel 10

Fonte: Conjuntura Econômica, Anuário Estatístico do Brasil, FIBGE; CONSIDER; ABIQUIM; Superintendencia da Borracha; Associação Br. de Prod. De Fibras Artificiais e Sintéticas; Banco do Brasil; Pesquisas Industriais, FIBGE apud Batista, 1987, p. 74.

Já no caso dos químicos o aumento foi substancial, sendo maiores, menos no caso do ácido sulfúrico e da amônia, que as taxas de crescimento que o plano projetava. Quanto a

(38)

alguns produtos do setor de metalurgia, como o alumínio, o zinco, o aço plano e não plano, o aumento efetivo foi maior do que o aumento projetado pelo II PND.

Do ponto de vista geral, houve um aumento substancial da capacidade de produção dos insumos básicos, sendo notáveis, os ganhos relativos a adoção da política de industrialização por substituição de importação, que priorizava o aumento das exportações e a diminuição das importações.

Quanto ao desempenho de cada setor o de siderurgia, o plano avançou no sentido de substituição de importação, estendeu-se a capacidade produtiva do País, e melhorou as tecnologias utilizadas, além do avanço do parque industrial nacional.

No que se refere ao setor de químicos e petroquímicos, houve uma ampliação dos parques industriais existentes, assim como a criação de novos, elevando a produção nacional, com ampla atuação do BNDE, financiando os principais projetos existentes, além de uma ampla interferência do capital estrangeiro no desenvolvimento desses projetos.

No setor de papel e celulose, houve também uma grande atuação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, que possibilitou o incremento da produção e o aperfeiçoamento tecnológico do setor.

4.2 Resultados quanto aos Demais Investimentos

No tocante aos investimentos feitos no sentido de se libertar da dependência externa do petróleo, aconteceram mas só começaram a se demonstrar a partir de 1979, fruto segundo Batista (1987), de um franco processo de exaustão das terras produtoras desse combustível, e dos prazos existentes para se começar a produção de petróleo, no caso das novas regiões encontradas.

O consumo aumentou no período fruto a contenção, a partir de uma visualização do mercado internacional, dos preços internos. Esse consumo foi impulsionado pelo aumento da demanda fruto da maior produção nos setores de produção de bens de capital e os de insumos básicos, grandes usuários de energia e que estavam em processo de industrialização por substituição de importação além do aumento das exportações desses produtos. Mas, esse consumo, só se tornou de fato fruto, em grande parte, de origem nacional, e não de importação, a partir de 1979.

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Demonstra-se que houve uma substancial melhora no sentido de diminuir a dependência da produção de petróleo.

Foi bastante substancial a melhora da estrutura produtiva nacional no setor de produção de energia, fruto do aumento dos investimentos e da construção de novos empreendimentos de produção de diferentes fontes de energia.

No que tange o setor de transportes, é notório o fracasso da política adotada pelo governo, consubstanciado pelo Segundo Plano Nacional de Desenvolvimento, que tentavam investir no setor ferroviário, procurando diminuir a importância que dava, do ponto de vista relativo, ao setor rodoviário. Esse setor rodoviário obteve um crescimento no transporte de passageiros da ordem de 94, segundo Batista (1987).

Os investimentos no setor ferroviário não tiveram êxito, e isso é demonstrado pelo não término da ferrovia do aço, que ligaria Belo Horizonte a São Paulo, e que geraria um grande transporte de cargas, e que segundo Batista (1987), esse transporte seria da ordem de 50 milhões de toneladas de ferro e aço, se constatou um fracasso.

Quanto à comunicação, os resultados, segundo esse autor, foram substanciais quando comparados com as metas do plano, como aumento do número de comutadores eletrônicos, dos terminais da linha doméstica de telex e dos circuitos interurbanos.

4.3 Resultados gerais e Investimentos sem Retorno

No período relativo ao II PND, a economia cresceu 6,7% e no biênio 1979/1980 cresceu 8%, frutos dos processos provocados pelas medidas utilizadas no plano.

A inflação foi contralada apenas na sua taxa crescimento, não sendo evitado seu elevado índice, saindo de 37,8% no período quase todo do plano para 93% no período 1979 e 1980.

Na tabela 15, podem ser vistos alguns dos principais resultados quanto aos indicadores macroeconômicos. O crescimento mais notável é o da Balança Comercial que configura-se como sendo deficitária entre os anos de 1974 e 1980, mas que posteriormente, melhora substancial, chegando a 13090 milhões de dólares no ano de 1984.

Outra taxa que apresenta uma melhora considerável, é a taxa de crescimento das exportações de bens, que no período 1974 à 1978 era de 15,3% aumentou para 23,3% em 1984.

(40)

1981 à 1983, com taxa negativa de 12,4%, quanto no ano de 1984, com taxa de crescimento negativa de 9,8%.

Tabela 15 - Economia Brasileira: Síntese de Indicadores Macroeconômicos – 1974-1984

Indicadores 1974-1978 1979-1980 1981-1983 1984

Crescimento do PIB (% a.a) 6,7 8 -2,2 5,4

Inflação (IGP dez./dez., % a.a.) 37,8 93 129,7 223,9

FBCF (% PIB a preços correntes) 22,3 23,5 22,4 18,9

Tx. de cresc. das exportações de bens (US$ correntes, % a.a.) 15,3 26,1 26,1 23,3 Tx. de cresc. das importações de bens (US$ correntes, % a.a.) 17,2 29,5 -12,4 -9,8

Balança Comercial (US$ milhões) -2283 -2831 2818 13090

Saldo em conta corrente (US$ milhões) -6548 -11724 -11584 95 Dívida Externa líquida/Exportação de bens 2,5 2,9 3,7 3,3

Fonte: Giambiagi, 2001, p. 86.

A Balança Comercial mostrou-se deficitária no período do plano, mas se tornou superavitária nos anos subsequente, dado, as políticas de incentivos as exportações, e de desestímulos as importações.

Quanto aos dados de Investimento, Consumo, Absorção Doméstica e PIB, podemos ver, como se deu o comportamento dessas variáveis durante o período de 1973 até 1981, no gráfico a seguir:

Gráfico 2 - Taxas Reais de Crescimento de Variáveis Macroeconômicas Selecionadas

Fonte: Próprio autor, 2013. 6

6

Imagem

Tabela  1  -  Consumo  (C)  e  Preços  de  Petróleo  (P)  para  o  Brasil:  Indicadores  1967  –  1984  –  Anos  Selecionados
Tabela 2 - Perspectivas da Economia Brasileira: 1979  MAGNITUDES GLOBAIS  PREVISÃO PARA 1974  PREVISÃO PARA 1979  AUMENTO NO PERÍODO (%)  PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) (Cr$) bilhões
Tabela 3 - Metas Físicas Estabelecidas para Setores Eleitos como Prioritários no II PND  1974  Metas para
Tabela 4 - Investimentos Totais  Previstos em Setores Industriais Eleitos como Prioritários no  II  PND  –  1975/1979 (Em milhões de UPCs)
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