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5.1 Composição da Amostra Geral

Seguindo os critérios de inclusão e exclusão, a amostra geral constituiu-se de 24 crianças, sendo 12 diagnosticadas com AH/S e 12 de desenvolvimento típico, sendo 18 do sexo masculino (75%) e 6 do sexo feminino (25%) (Tabela 1). A idade da amostra total variou de 7 a 11 anos, com idade média de 9,00 anos (DP = 1,56) (Tabela 2). Em termos do nível socioeconômico, 41,7% das crianças pertenciam à classe A (renda familiar acima de R$ 15.970,00), 16,7% à classe B1 (renda familiar entre R$ 7.092 a R$ 15.970,00), 16,7% à classe B2 (renda familiar entre R$ 3.940,00 a R$ 7.092), 16,7% à classe C1 (renda familiar entre R$ 1.576,00 a R$ 3.940,00) e 8,3% à classe C2 (renda familiar entre R$ 788,00 a R$ 1.576,00) (Tabela 3). As médias dos percentis obtidos pelos dois grupos no Teste das MPCR foi de 97 para o G1 e 70 para o G2.

Tabela 1.

Variável sexo na amostra geral

Sexo Frequência (N) Percentual (%)

Masculino 18 57,1

Feminino 6 42,9

Tabela 2.

Variável idade na amostra geral

Idade Frequência (N) Percentual (%)

7 6 25% 8 2 8,3% 9 8 33,3% 10 4 16,8% 11 4 16,6% Tabela 3.

Variável nível socioeconômico na amostra geral

Nível Socioeconômico Frequência (N) Percentual (%)

Classe A (mais de R$ 15.760,00 ) 10 41,7% Classe B1 (entre R$ 7.092 e 15.760,00) 4 16,7% Classe B2 (entre R$ 3.940 e 7.092) 4 16,7% Classe C1 (entre R$ 1.576 e 3.940) 4 16,7% Classe C2 (de R$ 788,00 a 1.576,00) 2 8,3%

5.2 Análise dos desempenhos nos subtestes de funções executivas

Foi realizado a comparação dos desempenhos obtidos pelos dois grupos nos subtestes Atenção Auditiva, Conjunto de Respostas, Classificando Animais, Fluência de Desenhos, Inibindo Respostas e Relógios. Os resultados não evidenciaram diferença significativa entre as médias obtidas (p>0,05), indicando quase similaridade no desempenho entre o grupo clínico e controle infantil como costa na Tabela 5.

Tabela 4.

Média e desvio padrão dos desempenhos entre os grupos clínico e controle

(grupo clínico) n=12 (grupo controle) n=12 U de Mann-Whitney P (Sig) Atenção Auditiva 10,17 (± 4,08) 11,00 (±3,41) U=65,500/z = -0,379 0,704 Conjunto de Respostas 9,50 (±2,97) 11,08 (±2,42) U=49,000/z = -1,340 0,180 Classificando Animais 7,92 (±2,10) 7,33(±2,42) U=61,500/z = -0,613 0,540 Fluência de Desenhos 10,17(±2,94) 7,50(±3,68) U=44,000/z = -1,625 0,104

Inibindo Respostas 9,92 (±4,52) 8,92 (±4,12) U=61,500/z = -0,610 0,542 Relógios 5,83(±3,40) 9,00(±5,36) U=43,500/z = -1,658 0,097

5.3 Análise de Cluster

Foram submetidas à análise descritiva multidimensional do tipo Clusters, sete variáveis comuns a todos os participantes do estudo, quais sejam: “Atenção Auditiva - Escore total”, “Conjunto de Respostas – Escore Total”, “Classificando Animais – Escore Total”, “Fluência de Desenhos – Escore Total”, “Inibindo Respostas – Erros totais” “Relógios – Escore Total” e “Percentil do Raven”.

Da aplicação da referida análise, evidenciou-se conjunto de variáveis relevantes para a partição do efetivo global em dois agrupamentos compostos com, respectivamente, 58,3% (Grupo 1) e 41,7% (Grupo 2) do efetivo da amostra, não havendo perda, ou seja, sujeito- participante não-incluído em um dos dois grupos, conforme ilustrado a seguir na Figura 7

Figura 7: Tamanhos dos clusters

Destacou-se como partição de qualidade de cluster razoável, em que a medição de silhueta de coesão e separação foi igual a 0,3. A Figura 8, destaca os preditores de maior importância na distinção entre os clusters formados. Foram consideradas as variáveis com

limiar de importância mínima próxima a 0,3 (num intervalo de 0,0 a 1,0, com índice mínimo usual de 0,5).

De acordo com o exposto na Figura 8, a variável de maior força na partição entre os Clusters formados, foi “Atenção Auditiva”, seguidas por “Fluência de Desenhos”. As categorias “Classificando Animais”, “Inibindo Respostas”, “Conjunto de Respostas”, “Relógios” e “Percentil no Raven” tiveram menor importância para a partição dos grupos, porém foram analisadas de modo a ampliar a caracterização de cada um dos grupos segmentados.

Figura 8: Apresentação das variáveis relevantes para a distribuição da amostra em dois clusters.

O Grupo 1 caracterizou-se pela predominância de pontuação média no subteste de “Atenção Auditiva”, e acima da média em “Fluência de Desenhos”. Por sua vez, o Grupo 2 se caracterizou pelo maior número de respostas que expressaram a classificação acima da média no subteste “Atenção Auditiva” e limítrofe em “Fluência de Desenhos”.

5.4 Análises Correlacionas dos testes

A intensidade da relação linear entre o desempenho dos subgrupos de crianças nos diferentes subtestes da Bateria NEPSY-II e do testes MPCR foi avaliada através do coeficiente

de correlação de Spearman (r). Trata-se de índice com valores situados ente -1,0 e 1.0 que varia desde a correlação perfeita (positiva ou negativa) entre duas variáveis quantitativas até a total independência entre elas. Dancey e Reidy (2006) interpretam a magnitude da correlação da seguinte forma: r = 0,10 até 0,30 (fraco); r = 0,40 até 0,6 (moderado); r = 0,70 até 1 (forte).

Diante disso, foram investigadas as correlações entre os subtestes que avaliaram as funções executivas e o Teste das Matrizes Coloridas de Raven (capacidade intelectiva). Identificou-se correlação positiva, porém fraca, entre o teste MPCR com AA (atenção auditiva) (p=0,098), CA (classificando animais) (p=0,058), IR (inibindo resposta) (p=0,224) e FD (fluência de desenho) (p=0,378). Contudo, os subtestes CR (conjunto de respostas) e RL (relógios) possuem correlação negativa fraca com o teste MPCR, respectivamente, (p=-0,180) e (p=-0,275), conforme explicitado na Tabela 5.

Tabela 5.

Correlações entre os subtestes de funções executivas e inteligência geral no grupo clínico e controle infantil

Subtestes (Sig) P (Spearman) P Interpretação

Atenção Auditiva 0.649 0.098 Fraca

Conjunto de Respostas 0.399 -0.180 Negativa Fraca

Classificando Animais 0.789 0.058 Fraca

Fluência de Desenhos 0.069 0.378 Fraca

Inibindo Respostas 0.292 0.224 Fraca

6. Discussão dos Resultados

O presente estudo objetivou investigar as relações entre inteligência fluida e funções executivas, considerando para tanto dois patamares distintos de inteligência, a saber, aquele situado dentro da denominada variação normal de inteligência e aquele situado em patamares superiores. Este último, em associação com características comportamentais como motivação e criatividade, circunscrevendo o que se denomina altas habilidades/superdotação. Participaram do estudo 24, sendo 12 crianças identificadas com altas habilidades/superdotação (AH/S), com idades entre 7 e 11 anos e, 12 crianças hígidas, pareadas por sexo, idade e nível socioeconômico em relação às crianças com AH/S. Adicionalmente, buscou-se verificar em que medida o desempenho em tarefas de FE’s correlacionavam-se com a capacidade intelectiva.

Os resultados desse estudo indicam que não houve diferenças significativas entre os desempenhos de crianças com AH/S e os de crianças típicas nos subtestes de FE’s. Apesar da inexistência de significância estatística, é interessante notar que o grupo de crianças com altas habilidades obteve resultados superiores, em comparação com o grupo controle, em apenas dois dos seis subtestes do domínio de atenção e funções executivas da Nepsy II. Esse resultado pode, à primeira vista, parecer contraditório, uma vez que se alimenta o mito que tais crianças são diferenciadas em todos os domínios cognitivos. Entretanto, muitos autores discutem o quanto o elevado nível de inteligência pode conviver com déficits significativos em habilidades cognitivas específicas, tais como a escrita, a leitura e a atenção, configurando o que se denomina ‘dupla-excepcionalidade’(Reis, Baum & Burke, 2014).

Entende-se por dupla-excepcionalidade aquelas condições nas quais os alunos demonstram alto potencial intelectual, ou de criatividade, em um ou mais domínios, tais como matemática, ciências, tecnologia, artes, dentre outros, acompanhado de uma ou mais desabilidade. Tais desabilidades incluem transtornos de aprendizagem, alterações de linguagem, desordens emocionais e sociais, autismo e, de forma mais acentuada, transtornos de atenção/hiperatividade (Reis, Baum & Burke, 2014).

Isso posto, é interessante notar que as crianças deste estudo apresentaram pior desempenho, na comparação com as crianças do grupo controle, nos subtestes do Nepsy II: ‘atenção auditiva’, ‘conjunto de respostas’, ‘inibindo respostas’ e ‘relógios’. Os três primeiros subtestes avaliam respectivamente os mecanismos de atenção sustentada; memória operacional

e atenção alternada; controle inibitório e automonitoramento. O comprometimento da dimensão atencional, de forma recorrente, está presente no discurso de pais e professores (Nicpon, Assouline & Colangelo, 2013), bem como na avaliação comportamental de crianças com AH/S (Habib, 2015).

Porém, as alterações atencionais nem sempre estão diretamente vinculadas a contexto de dupla-excepcionalidade. É importante considerar dois aspectos centrais, a ebulição de pensamentos e ideias que simultaneamente são processadas pelas crianças com AH/S (Lee & Olenck, 2016) e a falta de interesse em tarefas tradicionais, monótonas e pouco desafiadoras, o que muito se assemelha à modalidade costumeira de avaliação da atenção sustentada (Habib, 2015).

Estudo sugerem que a combinação de traços das AH/S e do TDA/H contribuem para a inabilidade em tarefas que envolvem controle inibitório e alternância do foco atencional (Budding & Chidekel, 2012). Adicionalmente, discute-se que o traço comportamental denominado por Winner (1998) de “range to master”, exibida por grande parte das crianças com AH/S, descrita como um persistente e intenso foco em área restrita de interesse; em interação com traços do TDA/H, consequentemente leva a dificuldades na alternância do foco e na atenção sustentada, mas exclusivamente para aquelas tarefas pouco motivadoras. Em alguns casos, o impacto da competição entre os traços pode resultar numa demonstrada insubordinação e teimosia que faz fronteira com o desafio (Reis, Baum & Burke, 2014).

Outro dado encontrado, e que merece discussão, é o pior rendimento do grupo de crianças com AH/S, em comparação com o grupo controle, no subteste ‘relógios’, que investiga os domínios do planejamento, organização espacial e visoconstrução. Autores sugerem que o perfil cognitivo de crianças com AH/S comporta simultaneamente a presença de dificuldades nos mecanismos atencionais, como descritos anteriormente, e dificuldades na memória de trabalho. Esta última, por sua vez, pode vir a comprometer o planejamento das ações (Habib, 2015). Esta é uma hipótese plausível para compreender as dificuldades supracitadas.

Porém, a análise clínico-qualitativa da produção das crianças revela uma característica relevante, a saber, a criatividade de suas produções. Estudos têm destacado que criatividade é o componente-chave das AH/S (Kim & Cho, 2016). Nessa direção, é interessante notar que a produção do grupo controle é composta apenas pelos elementos básicos que compõem um

relógio, enquanto a produção do grupo de crianças com AH/S busca construir contextos, apresentando diversos tipos de relógios, sempre com grande quantidade de detalhes, conforme ilustrado a seguir.

Figura 9: Extrato de criança de 9 anos com Altas Habilidades/Superdotação no subteste Relógios (NEPSY-II)

Figura 10: Extrato de criança de 9 anos com desenvolvimento típico no subteste Relógios (NEPSY-II)

Figura 11: Extrato de criança de 10 anos com Altas Habilidades/Superdotação no subteste Relógios (NEPSY-II)

As relações entre inteligência e criatividade vêm sendo extensivamente estudadas e documentadas. Nesse domínio, é corrente afirmar que a correlação entre ambos os construtos só é identificada em sujeitos com QI acima de 120 (Jauk, Benedek, Dunst, & Neubauer, 2013). Estudos desenvolvidos por Silvia & Nusbaum (2011), P. Silvia (2015), indicam que a inteligência fluida seria um preditor da criatividade. Adicionalmente, discutem que o efeito da inteligência sobre a criatividade seria mediado pela habilidade executiva de flexibilidade cognitiva.

Tais achados são corroborados pelo presente estudo na medida em que o subteste que mais diferenciou os dois grupos foi ‘fluência de desenhos’, que investiga a flexibilidade cognitiva, associando-se à criatividade. Destaca-se aqui o quanto a tarefa proposta (criar diferentes desenhos ligando pontos) assemelha-se ao Teste de Avaliação da Criatividade por Figuras de Torrance, considerado padrão-ouro na investigação da criatividade pictórica.

Ressalta-se que a flexibilidade cognitiva pode ser descrita como a capacidade de alternar entre diferentes aspectos de um estímulo, entre diferentes conjuntos de regras ou diferentes pontos de vista. Sendo assim, tal habilidade está subjacente à execução da tarefa proposta pelo segundo subteste no qual o grupo AH/S saiu-se melhor que o controle, a saber, ‘classificando animais’.

De forma global, pode-se concluir que o perfil cognitivo de crianças com AH/S é caracterizado pelo estabelecimento da flexibilidade cognitiva e da criatividade como pontos de força, bem como da atenção sustentada e controle inibitório como pontos de fragilidade, isso se compararmos essas crianças com elas mesmas e o com o grupo de crianças com inteligência dentro da variação normal.

O segundo conjunto de dados oriundos da presente pesquisa é aquele resultante da análise de cluster. O uso dessa ferramenta tem como principal objetivo segmentar a amostra global de participantes do estudo em grupos, estabelecendo fatores explicativos para a tal partição.

Inicialmente, é interessante notar que a inteligência não despontou como fator com maior contribuição para a partição entre os grupos, mas sim as habilidades executivas de atenção sustentada e flexibilidade cognitiva. Os dois grupos são caracterizados por relativo antagonismo entre as habilidades. O grupo 1 foi caracterizado pelo desempenho mediano em

atenção sustentada e acima da média em flexibilidade cognitiva, enquanto o grupo 2 obteve desempenho acima da média em atenção auditiva e limítrofe em flexibilidade cognitiva.

Tais resultados podem ser discutidos no bojo da polêmica em torno da flexibilidade cognitiva. Seria esta habilidade uma habilidade específica ou uma propriedade de vários processos cognitivos? (Ionescu, 2011). Os achados sugerem que não há relação entre flexibilidade e atenção sustentada. Porém, como discutido anteriormente, o desempenho inferior do grupo de AH/S pode ser explicado pela natureza monótona da tarefa, o que poderia implicar em desmotivação e rebaixamento do desempenho, e não, necessariamente, dificuldades atencionais. Tal direção de investigação deve ser aprofundada em estudos futuros da área.

Por fim, destaca-se que não foi identificada correlação positiva e forte entre os subtestes do Nepsy II e o TMPCR, ou seja, as habilidades executivas aqui investigadas não possuem relação significativa com a inteligência fluida. É preciso salientar que tal associação tem provocado grande polêmica. Se de um lado há estudiosos que apontam para evidências de relação direta entre os construtos (Friedman et al, 2006; Arffa, 2007; Roca et al, 2013; Abreu, Siquara, Leahy, Nikaedo, e Engel de Abreu, 2014;), outros destacam a ausência de correlações ou, no máximo, correlações não significativas, como as encontradas no presente estudo (Welsh, Pennington e Groisser, 1991; Ardila, Pineda e Rosseli, 2000; Finch, Neumeister, Burney, Cook, 2014)

Arenas, Trujillo – Orrego e Salazar (2010) ao comparar o desempenho de crianças com inteligência muito superior à média e crianças típicas em tarefas de FE’s, apontou que a única diferença existente entre os dois grupos, foi encontrada nas tarefas de fluidez verbal fonêmica, em favor das crianças com capacidade intelectiva muito superior.

Nessa mesma direção, Ardila, Pineda e Rosseli (2000) argumentam que os instrumentos tradicionais de avaliação da inteligência não avaliam efetivamente os construtos das FE, e apontam dois fatores que podem comprometer a identificação de correlações significativas entre esses dois fenômenos: ou os elementos das FE não fazem parte de um “comportamento inteligente”, ou os testes psicométricos de inteligência são insuficientes na avaliação do fenômeno que busca investigar.

Por fim, sabe - se que a inteligência é um preditor robusto de resultados importantes da vida, incluindo nível educacional, ocupacional, administração com sucesso de situações da vida cotidiana, boa saúde e longevidade. Diante disso, esse estudo buscou ampliar a compreensão acerca do perfil cognitivo de crianças com capacidade intelectiva significativamente acima da média da população. Concluindo que o alto potencial intelectual não está diretamente relacionado a um funcionamento executivo igualmente acima do esperado.

Considerações Finais

O objetivo geral do presente estudo foi investigar as funções executivas em crianças diagnosticadas com AH/S. Os resultados do estudo evidenciaram que os desempenhos das crianças diagnosticadas com AH/S em tarefas de funções executivas quando comparados aos de crianças típicas não apresentam significância estatística. No entanto, ao analisar os resultados qualitativamente, observou-se algumas fragilidades e potencialidades do grupo de crianças com AH/SD, que corroboram com achados da literatura e atuais discussões da área. Adicionalmente, não foram encontradas correlações estatisticamente significativas entre as habilidades executivas investigadas e a inteligência fluida.

Espera-se que os resultados aqui destacados contribuam com a quebra de alguns mitos que circundam o universo das altas habilidades, notadamente aquele que advoga que tais crianças são excepcionais em todos os domínios e que a capacidade intelectual e o desempenho escolar/acadêmico estão fortemente correlacionados (Winner, 2000). Tais mitos dificultam a identificação deste grupo clínico, pois muitas vezes estes apresentam dificuldades escolares ou comorbidades que convivem com o talento.

Por outro lado, os dados abrem espaço para a discussão entre a inteligência e a flexibilidade cognitiva e criatividade. Tais características parecem ser a chave central para compreender as altas habilidades, ao mesmo tempo em que se configuram como via de desenvolvimento da criança e de potencialização. Diversos programas de enriquecimento das altas habilidades são baseados na criatividade, o que pode igualmente ser estendido para o desenvolvimento típico.

É pertinente considerar que, assim como toda pesquisa, esta também teve suas limitações, tal como o fato de se ter trabalhado com uma extensa faixa etária (7 a 11 anos), com número reduzido de participantes, bem como a ausência de avaliação da habilidade executiva de memória operacional, comumente associada à inteligência, e da criatividade. Tais sugestões podem ser consideradas em estudos futuros, de forma a ampliar a compreensão acerca do funcionamento cognitivo dessas crianças, subsidiando dessa forma a proposição de programas e políticas públicas que garantam e favoreçam o seus potenciais, sem que o Brasil seja conhecido como um país que desperdiça seus talentos.

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