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RESULTADOS DA SISTEMATIZAÇÃO DAS EMENTAS

Neste capítulo, pretende-se identificar, num primeiro momento, os contextos das ações relacionados às decisões dos magistrados do TJPR, nos casos em que o MST é citado. Para tanto, foram consideradas as ementas dos acórdãos, disponíveis para consulta no site da instituição (www.tjpr.jus.br) nos últimos 10 anos: de 2002 a setembro de 2011. A consulta realizada utilizou o verbete “MST” e obteve como resultado 50 acórdãos (ver Anexo A).

Como forma de sistematizar os dados coletados, com base em uma análise quantitativa e qualitativa, foram elaboradas oito perguntas para identificar quais os contextos das ações do MST relacionadas às decisões dos magistrados, assim como – se há ou não procedimentos e elementos comuns nos julgados, caracterizando-se como favoráveis ou desfavoráveis ao MST. As perguntas são as seguintes:

1. O MST é parte? Em qual polo, autor ou réu? Recorrente ou recorrido?

2. Qual o tipo de ação e recurso? Classificada em Cível ou Criminal; a espécie da ação; e do recurso.

3. O Estado é considerado responsável pelas ações do MST? (sim/não) Tem o dever de indenizar os proprietários em razão da ocupação? (sim/não). O Estado é considerado omisso quando não fornece reforço policial para as operações de desocupação? (sim/não).

4. Quantas decisões utilizam como fundamento ou reforçam o direito à propriedade privada? Quantas decisões tratam da função social da terra?

5. Utiliza-se a expressão “ocupação” ou “invasão”? Quantas vezes aparece na ementa?

6. Sob a ótica do senso comum, foram usados termos ou juízos de valor negativos em referência ao movimento, suas causas ou ações? Quais?

7. Existem expressões jurídicas que possuem conotação negativa quando empregadas em relação aos integrantes do MST ou aos seus atos? Quais?

8. As informações prestadas pela mídia são levadas em consideração na decisão?

Em relação à primeira pergunta, a pesquisa demonstrou que o MST era parte em 26 processos, em uma ação consta como autor e todas as ações restantes como réu. Destes, 20 processos são autores os proprietários de imóveis rurais, 03 são de autoria do Ministério Público e 02 são promovidos por concessionária de rodovias. MST (Parte) MST (Autor) Proprietário (autor) MP (Autor) Concessionária (autora) 52% 3,84% 76,92% 11, 54% 7,69% Quadro 1.

Nos outros 24 processos nos quais o MST não atuou: 20 são ações promovidas por proprietários contra o Estado, 02 são ações promovidas pelo Ministério Público contra seguranças da fazenda, e 02 são ações com discussões entre particulares (não envolvendo o MST, apesar de ter sido citado na ementa).

MST (Não é parte) Proprietário (autor) MP (autor) Particulares (autor)

48% 83,33% 8,33% 8,33%

Quadro 2.

Portanto, das 50 ementas pesquisadas os proprietários rurais figuram como autores em 40 ações (correspondente a 80% do total), o que demonstra a capacidade, possibilidade e interesse em maior grau de buscar o judiciário em relação ao MST para resolver os conflitos nos quais estão envolvidos. Deste modo, os donos de terra têm maior acesso ao Poder Judiciário do que os militantes, restando a estes apenas contestar as alegações daqueles em situação de

desvantagem. A única ação que o MST moveu contra o proprietário do imóvel ocupado foi para cobrar pelo cultivo de plantações na área, sendo que o magistrado de primeiro e segundo graus não deferiram o ressarcimento sob a alegação de que a ocupação era ilegal (acórdão nº 047, Anexo A).

Em relação aos recursos, vale explicar que há interesse em recorrer por parte de quem teve uma decisão desfavorável contra si e uma mesma decisão pode acarretar recurso de mais de uma parte (tanto autor quanto réu, e ainda de terceiro prejudicado pela decisão), porém todos os recursos são julgados em acórdão único. Então, apesar de serem 50 acórdãos, isto não significa que são apenas 50 recursos. Na pesquisa realizada, há 65 recursos no total, isto significa que em 15 decisões houve recurso do autor e do réu. Cabe salientar ainda que nas ações em que o Estado figura como parte, a reanálise da sentença final pelo Tribunal é obrigatória, chamando-se de reexame necessário (função similar ao recurso de apelação).

O MST recorreu em 22 processos no qual era parte (26), ou seja, em 84,62% das decisões tomadas em primeiro grau foram desfavoráveis ao movimento para ensejarem interposição de recursos ao Tribunal de Justiça. Em 19 dessas decisões, os recursos eram apenas do MST, de 02 decisões recorreram o MST e proprietários rurais, em 01 ação o MST e o Ministério Público.

Dos processos que o MST não é parte (24), há 18 recursos por parte dos proprietários rurais (sendo que 02 destes recursos se referem às ações em que o MST não está envolvido), 17 recursos do Estado – justamente nas ações onde os donos da terra cobram do Estado a responsabilidade pela ações do MST -, e 02 recursos são do Ministério Público.

Relação de recursos (65) e as partes que os interpuseram:

MST Proprietário Estado MP 22 recursos 34.4% 23 recursos 35.9% 17 recursos 25% 3 recursos 4.7% Quadro 3.

Ainda foi possível verificar que dos 50 acórdãos pesquisados, apenas 04 se referem a ações criminais (8%), sendo que as 46 restantes são da área cível (92%).

No âmbito criminal, dois acórdãos são de réus (seguranças da fazenda) que foram presos em flagrante delito39 por terem atirado contra integrantes do MST, sendo denunciados por tentativa de homicídio, e que receberam a liberdade provisória40. Apesar da interposição do Recurso em Sentido Estrito41

Outro acórdão negou o pedido de Habeas Corpus do denunciado (pois haveria indícios do integrante do MST ter sido um dos mandantes da emboscada contra o administrador da fazenda) e a prisão preventiva seria necessária para garantir a ordem pública, pois estaria abalada diante dos constantes conflitos entre os integrantes do MST e os fazendeiros da região e também pela apreensão de armas no acampamento.

pelo Ministério Público requerendo a prisão cautelar, o Tribunal manteve a decisão por entender que os recorridos em um ano de liberdade não teriam praticado atos que justificassem a prisão cautelar.

A quarta decisão do Tribunal de Justiça indeferiu o pedido de desaforamento42

Deste modo, apesar da tentativa de criminalização das ações do MST, os processos criminais envolvendo o movimento são em número reduzido. Denota-se que os militantes também sofrem ameaças e figuram como vitimas das ações dos (seguranças dos) fazendeiros. No caso houve flagrante de tentativa de homicídio, mesmo assim os denunciados puderam aguardar o trâmite do processo em liberdade; enquanto a única ocorrência em que consta um integrante do MST como denunciado – onde somente havia indícios de autoria –, optou-se por manter a prisão cautelar para garantir a ordem pública. Na primeira situação,consta na

por ausência de necessidade.

39

“Flagrante delito. É assim a evidência do crime, quando ainda o criminoso ou agressor o está cometendo, ou quando, após sua prática, pelos claros vestígios de o ter cometido, é surpreendido no mesmo local, ou é perseguido, quando foge pelo clamor público.” (SILVA, 2005, p. 625).

40

“Liberdade provisória. Cânone constitucional (art. 5º, LXVI), pressupõe que o acusado esteja preso e se diz provisória, porque pode a qualquer momento ser revogada, caso o acusado infrinja alguma das condições que lhe forem impostas pelo benefício (não-comparecimento obrigatório perante a autoridade quando intimado; mudança de residência por mais de 8 dias sem comunicação à autoridade do lugar onde se encontra).” (Silva, 2005, p. 844/845).

41

“Recurso em Sentido Estrito. É o remédio legal processual penal contra decisão (exceto despacho de mero expediente), sobre a qual não há recurso, e sentença extintiva do processo com ou sem julgamento do mérito.” (Silva, 2005, p. 1171);

42

O desaforamento está previsto no art. 427 do Código de Processo Penal: “Art. 427. Se o interesse da ordem pública o reclamar ou houver dúvida sobre a imparcialidade do júri ou a segurança pessoal do acusado, o Tribunal, a requerimento do Ministério Público, do assistente, do querelante ou do acusado ou mediante representação do juiz competente, poderá determinar o desaforamento do julgamento para outra comarca da mesma região, onde não existam aqueles motivos, preferindo-se as mais próximas.”

fundamentação da decisão que existiriam duas versões para o fato: os denunciados apenas estariam fazendo a segurança da propriedade e as agressões teriam partido dos integrantes do MST ao invés dos seguranças. No segundo caso, foi ressaltado o conflito entre os militantes e fazendeiros, mas somente foi mencionada a apreensão de armas no acampamento do movimento, sem constar se os proprietários de terra também teriam armamento. Portanto, observa-se o privilégio de tratamento daqueles que apoiam as causas dos latifundiários e a repressão e marginalização dos integrantes do MST.

Neste sentido, deve-se destacar o relatório da Américas Watch, “Violência Rural no Brasil”, que apurou a ocorrência de “1.565 casos de mortes de pessoas ligadas à luta pela terra em todo o Brasil, de 1964 a 1989, para mostrar a ‘impunidade’ reinante no campo, pois somente 17 casos foram julgados.” (Apud JUSTO, 2002, p. 16-17).

Justo faz uma síntese do pensamento de alguns autores acerca da impunidade pelos crimes cometidos contra trabalhadores rurais:

Basicamente para Tavares dos Santos (1992a:142; 1992b: 7) e Medeiros (1996: 140) a permanência da violência associa-se à ‘impunidade’ dos responsáveis por tal e à convivência e a participação de agentes do Estado nas ações violentas. Quer dizer, para esses dois autores, a situação demanda uma ação punitiva por parte do Estado que sirva para contê-la. Sigaud expressa que só resta aos trabalhadores rurais pressionarem o Estado para que este reconheça e aja contra aquela violência. Almeida mostra que parte dos assassinatos no campo é em locais públicos, resultantes de uma ‘criminalidade organizada’ que tem certeza da ‘impunidade’ destes atos. (JUSTO, 2002, p. 41).

Na área cível foram encontradas 10 ações de reintegração de posse43; 20 ações de indenização por danos (morais44, materiais45 e lucros cessantes46

43

“Reintegração da posse. Juridicamente, é a restituição, recuperação ou reocupação da coisa, de cuja posse se foi, violentamente, privado. Assim, na terminologia forense, designa ainda a ação, de que se utiliza o possuidor esbulhado, para recuperar a posse perdida ou ser restituído nela. Dessa forma, a reintegração de posse é admitida diante do esbulho, do desapossamento violento ou clandestino.” (Silva, 2005, p. 1191).

); 10

44

“Dano moral. Assim se diz da ofensa ou violação que não vem ferir os bens patrimoniais, propriamente ditos, de uma pessoa, mas os seus bens de ordem moral, tais sejam os que se referem à sua liberdade, à sua honra, à sua pessoa ou à sua família.” (Silva, 2005, p. 410).

45

“Dano Material. Assim se diz da perda ou do prejuízo que fere diretamente um bem patrimonial, diminuindo o valor dele, restringindo a sua utilidade, ou mesmo a anulando.” (Silva, 2005, p. 410).

46

“Lucros cessantes. É a expressão usada para distinguir os lucros, de que fomos privados, e que deveriam vir ao nosso patrimônio, em virtude de impedimento decorrente de fato ou ato, não

ações de interdito proibitório47; 01 uma ação de alimentos48; 01 uma ação possessória49; 02 duas ações de medida cautelar incidental de produção antecipada de provas; 01 uma ação de cobrança; e 01 uma ação declaratória de inexigibilidade de débito c/c perdas e danos.

Ações (50) Percentagem

Reintegração de posse 20% Indenização por danos 40% Interdito proibitório 20%

Alimentos 02%

Possessória 02%

Cautelar de produção de provas 04%

Cobrança 02%

Inexigibilidade de débito 02%

Quadro 4.

Das duas ações não se relacionam diretamente com o MST: uma delas diz respeito à ação de alimentos, na qual o alimentante alega que não teria obtido renda dos imóveis rurais em razão da ocupação das terras pelo MST, e a outra se refere a

acontecido ou praticado por nossa vontade. São, assim, os ganhos que eram certos ou próprios ao nosso direito, que foram frustrados por ato alheio ou fato de outrem.” (Silva, 2005, p. 868).

47

“Interdito. Quer significar a ordem ou mandado, expedido pelo magistrado, para que se torne defesa a prática de certo ato, a feitura de alguma coisa, ou se proteja um direito individual.” (Silva, 2005, p. 758).

48

“Ação de Alimentos. Direito que assiste a uma pessoa para exigir de outra, diante de uma situação de parentesco, os alimentos ou provisões de que necessita para garantia de sua subsistência. Desse modo é a ação que gera o direito de exigir alimentos, diante do qual a pessoa se vê na obrigação de prestá-los, consoante determinação da própria lei.” (Silva, 2005, p. 16).

49

“Ação possessória. É a ação própria para defesa da posse provada. Por essa razão, a ação possessória tem a precípua finalidade de correr em proteção do possuidor da coisa contra os atos de violência ou de esbulho, que a atinjam ou a possam atingir. Quer isto dizer que não se faz mister que a turbação ou o esbulho hajam sido efetivados. Basta que, por justo receio, se encontre na iminência de uma violência. E seja para manter-se na posse, ou para que ela lhe seja restituída, os atos de defesa ou de esforço legal, que se efetivam pela ação possessória, devem ser imediatos.” (Silva, 2005, p. 43).

uma ação de inexigibilidade de débito, para excluir a responsabilidade contratual ante a ocupação e desapropriação de terras.

No tocante à natureza dos recursos (65), observa-se a seguinte distribuição: 03 embargos de declaração (ED)50, 36 apelações (AC)51 – 15 reexames necessários52 (Reex), 07 agravos de instrumento53 (AI), 01 desaforamento, 02 recursos em sentido estrito54 (RESE), 01 Habeas Corpus55(HC).

AC Reex AI ED RESE HC Desaforamento

55,4% 23,1% 10,8% 4,6% 3,0% 1,5% 1,5%

Quadro 5.

Nas ações movidas contra o Estado, os proprietários visavam responsabilizar civilmente o Estado por omissão em não prestar reforço policial para desocupação das áreas, requerendo indenização por danos materiais, morais e lucros cessantes, obtendo êxito em 18 recursos. Logo, cabível uma critica ao sistema, porque é sabido que o MST é composto em sua grande maioria por famílias e pessoas de baixa renda, por trabalhadores com anseio de ter a própria terra para cultivar e conseguir ter o básico para uma vida digna (alimentação, moradia, acesso à saúde, educação e lazer) (CARTER,2010), contudo o Estado não é penalizado pela omissão em prestar assistência. Entretanto, o Estado foi condenado a pagar indenização por danos aos proprietários de terra, incluindo àqueles em que foram efetivadas as desapropriações pelo INCRA, ou seja, além de não cumprirem com a

50

Embargos de declaração é o instrumento jurídico utilizado para requerer ao magistrado que sane obscuridade, contradição ou omissão na decisão, com base no artigo 535 do Código de Processo Civil.

51

A apelação é o recurso cabível contra a sentença e é dirigida a um Tribunal Superior, para permitir a reanalise da matéria posta na ação, conforme artigos 513, 514 e 515 do Código de Processo Civil.

52

Quando o Estado é parte no processo a sentença somente produz efeitos depois de reanalisada pelo segundo grau, por isso a denominação de reexame necessário, segundo o artigo 475 do Código de Processo Civil.

53

O agravo de instrumento é o recurso cabível contra decisões interlocutórias, não colocam fim ao processo, e que possam causar lesão grave ou de difícil reparação, segundo o artigo 522 do Código de Processo Civil.

54

É o recurso utilizado no âmbito criminal contra as decisões interlocutórias, conforme o artigo 581 do Código de Processo Penal.

55

O Habeas Corpus é o instrumento jurídico utilizado para assegurar a liberdade de ir e vir da pessoa, sendo utilizado quando alguém sofre ou está para sofrer coação, prisão, conforme o artigo 647 do Código de Processo Penal.

função social, os latifundiários recebem pela terra desapropriada e ganham indenização por danos morais pela ocupação do MST.

Todos os recursos que tratavam da questão da posse (35 acórdãos – 70%) reforçavam a ideia de garantia à propriedade privada e nenhuma decisão fez qualquer menção ou reflexão acerca do princípio da função social da propriedade.

Justo disserta acerca da pressão jurídica dos mandatos de reintegração de posse contra os camponeses posseiros:

Uma das formas comuns de ‘violência’ contra o camponês posseiro é uma série de pressões jurídicas dos mandatos de reintegração de posse. Sendo assim, a população camponesa continua sendo alvo comum dos aparelhos de controle coercitivo do Estado desde o Império (Cf. Franco, 1969), mudando o contexto histórico e o motivo da violência. No contexto atual, o camponês procura o Judiciário, luta por justiça e, no entanto, fazendeiros quase não figuram nos processos penais. (JUSTO, 2002, p. 161)

Morissawa (2001, p. 132) explica a diferença entre as expressões “ocupação” e “invasão” de terras; esta “significa um ato de força para tomar alguma coisa de alguém em proveito particular”, possui conotação negativa, enquanto aquela diz respeito ao “preenchimento de um espaço vazio”, no caso, o MST apenas ocuparia as terras que não cumprem a função social (terras griladas, latifúndios por exploração, fazendas improdutivas ou terras devolutas).

No site oficial do MST há uma explicação quanto ao porquê da utilização do termo “ocupação” em vez de “invasão”:

O termo invasão é utilizado pelo Código Penal para identificar o crime de esbulho possessório. O termo ocupação é utilizado pela sociologia e geografia para designar o processo de apropriação do espaço geográfico pelo homem. É possível dizer que todo espaço territorial que está sendo utilizado em desacordo com a lei, está vazio, e, portanto, pode ser ocupado, desde que tal ocupação seja com a intenção de dar àquele espaço uma utilidade social. (MST, 2006).

Dos 50 acórdãos pesquisados, 40 utilizam a expressão “invadir”, “invasores” ou “invadido” (80%), totalizando 63 ocorrências. Por outro lado, as expressões “ocupação”, “ocupantes” ou “ocupado” apareceram somente em 5 acórdãos (10%), totalizando 6 ocorrências. Contudo, uma das expressões veio acompanhada do adjetivo “ilegal” (ocupação ilegal) e duas decisões utilizavam também o termo

invasão e suas variantes. Logo, somente 02 decisões (04%) empregaram o termo ocupação sem nenhum outro adjetivo de cunho negativo.

Portanto, nos acórdãos pesquisados, os magistrados empregaram uma terminologia negativa em relação aos atos praticados pelo MST. O movimento previamente avalia as terras a serem ocupadas, buscando àquelas que não cumprem a função social, conforme informado no site:

De acordo com a Constituição Federal, terras que não cumprem sua função social devem ser destinadas à Reforma Agrária. Para o MST, lembrar do artigo 184 é reiterar que a reestruturação fundiária é urgente e necessária no Brasil. “Toda propriedade que não cumpre com sua função social pode e deve ser ocupada pelos trabalhadores rurais sem terra”, afirma Juvelino Strozake, advogado e integrante do Setor de Direitos Humanos do Movimento Sem Terra.

[...]

A Constituição Federal não utiliza o conceito de terras improdutivas, mas afirma que as terras que não cumprem a função social serão desapropriadas e destinadas para a Reforma Agrária. Portanto, partindo deste conceito, é possível dizer que as terras que não cumprem a função social não estão protegidas pela lei. Ou seja, toda propriedade que não cumpre com sua função social pode e deve ser ocupada pelos trabalhadores rurais sem terra. (MST, 2006).

Além desse emprego da expressão “invadir” e variantes, existem 12 acórdãos contendo frases e termos com juízo de valor negativo e reprovação ao MST ou às suas práticas. Refletindo sobre cada frase ou termo selecionado, chega- se às seguintes conclusões:

Texto do acórdão Explicação/reflexão sobre “Cabíveis os danos morais, em

casos tais, especialmente quando a invasão e respectiva omissão do Estado causaram grande sofrimento, transtorno e humilhação ao suplicante.”

Os militantes apenas ocupam terras ociosas porque já se encontram em um estágio de “sofrimento, transtorno e humilhação” por viverem embaixo de lonas, acampamentos sem infra- estrutura adequada – com falta de saneamento básico: rede de esgoto, água e eletrificação. Nas palavras de Sigaud(2010, p. 239): “a vida no acampamento frequentemente descrita

como um estar debaixo da lona preta que indicava uma situação de penúria e de sujeição às intempéries: chuva, calor excessivo durante o dia e frio à noite.” “Na evidência de que o

agravante não tem obtido renda de quaisquer de seus imóveis rurais, uma vez que todos se encontram invadidos pelo MST”

Denota o prejuízo que a “invasão” do MST está causando ao proprietário do imóvel: ausência de renda/lucro.

“Autores molestados na posse” Observa-se a conotação negativa do verbo molestar, tendo em vista que significa “desservir; causar dano ou prejuízo; ofender, melindrar; desgostar, penalizar”.

“ [...] energia elétrica consumida pelos invasores fazenda que foi totalmente invadida inexistência de prova da alegada continuidade das atividades da fazenda”

Culpa os militantes pelo uso da energia elétrica do imóvel “invadido” e por ter impedido o desenvolvimento das atividades da propriedade rural.

“a recusa manifesta pelo Estado do Paraná representa o patrocínio da ilegalidade, contra o cumprimento da lei, a paz e o equilíbrio social, passível de reparação pelos danos causados ao proprietário da área rural invadida por integrantes do movimento sem terra.”

Taxa as ações do MST de ilegais e repreende a atuação do Estado ao apoiar os movimentos sociais.

“[...] a invasão e respectiva omissão do Estado causaram grande sofrimento, transtorno e humilhação ao

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