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Estrutura e composição funcional da comunidade de plantas arbóreas/arbustivas.

Foram identificadas no total, 16 espécies arbóreas/arbustivas (Levantamento de espécies em cada unidade amostral - Apêndice I). Entretanto, foram coletados dados referentes aos atributos funcionais para 11 espécies (69 %), visto que as demais apresentaram número muito reduzido de indivíduos, inferiores ao mínimo recomendado por

Perez-Harguindeguy et al. (2013). Assim, foram amostrados 796 indivíduos vegetais pertencentes a

6 famílias: Apocynaceae, Anarcadiaceae, Burceraceae, Combretaceae, Euphobiaceae, Fabaceae.

Todas as espécies arbóreas amostradas têm como principal polinizador, as abelhas. Em relação à forma de dispersão das sementes, sete espécies são autocóricas, três são

anemocóricas e apenas uma é zoocórica. São espécies autocóricas: Cnidoscolus quercifolius, Croton blanchetianus, Croton heliotropiifolius, Jatropha molíssima, Mimosa tenuiflora, Poincianella bracteosa, Piptadenia stipulacea. As espécies anemocóricas são representadas

por: Myracrodruon urundeuva, Combretum leprosum, Aspidosperma pyrifolium, enquanto

Commiphora leptopholeos foi a única espécie cuja dispersão é zoocórica. Os espinhos são encontrados em quatro espécies: Cnidoscolus quercifolius, Commiphora leptopholeos, Mimosa tenuiflora e Piptadenia stipulacea.

A análise de anova fatorial aplicada sobre os valores de CWM dos traços (Tabela 2) mostrou que a interação dos fatores intensidade de pastejo e desmatamento têm efeitos significativos sobre todas as variáveis, exceto fósforo foliar e altura (P> 0,05), estas apresentaram influência significativa do fator desmatamento e pastejo, respectivamente.

Tabela 2. Resultados da anova fatorial entre as diferentes intensidades de pastejo e graus de desmatamento para a média ponderada de cada atributo (CWM). Nível de significância p< 0,05.

Pastejo Desmatamento Pastejo* Desmatamento

F valor P F valor P F valor P

Área foliar 23.55 < 0,01 15.67 0.0019 19.34 0.0002 Área foliar específica 17.27 0.0003 1.62 0.2269 4.58 0.0333 Espessura 10.74 0.0021 9.65 0.0091 5.83 0.0170 Resistência foliar 15.46 0.0005 22.60 0.0005 29.54 < 0,01 Nitrogênio foliar 28.37 < 0,01 0.03 0.8585 11.46 0.0016 Fósforo foliar 2.39 0.1334 4.99 0.0452 2.53 0.1212 Altura 28.62 < 0,01 4.51 0.0551 0.67 0.5304 Anemocoria 18.09 0.0002 0.94 0.3518 12.56 0.0011 Espinho 2.70 0.1075 13.05 0.0035 6.76 0.0108

Comparando as médias dos atributos entre as diferentes áreas sob o efeito interativo dos fatores observamos que nas áreas de pastejo alto e desmatamento antigo, as plantas possuem menor área foliar total (Figura 1a.), resistência foliar (Figura 1c.), espessura (Figura 1d.) e maior presença de espinhos (Figura 1i.). Já as áreas de pastejo baixo e sem desmatamento apresentam plantas com baixa área foliar específica e concentração de nitrogênio (Figura 1b; Figura 1e.) e maior proporção de plantas anemocóricas (Figura 1h.). Ao contrário, os indivíduos dos locais com pastejo alto e sem desmatamento possuem folhas de maior tamanho (Figura 1a), com elevada área foliar específica (Figura 1b.), resistência (Figura 1c.) e concentração de nitrogênio (Figura 1e.). O CWM de fósforo foliar apenas diferiu estatisticamente com o efeito principal desmatamento, onde a área não desmatada

apresentou maiores valores do traço (Figura 1f.). O atributo altura, por sua vez, apresentou efeito significativo quanto à intensidade de pastejo e diferiu com a presença de menor altura das plantas sob pastejo intermediário (Figura 1g.)

Figura 1.Valores médios de cada atributo ponderado pela comunidade (CWM) referente às espécies arbóreas. a. área foliar; b. área foliar específica; c. resistência foliar; d. espessura foliar; e. nitrogênio foliar; f. fósforo foliar; g. altura; h. anemocoria; i. espinhos. Barras verticais são intervalos de confiança, se as barras se sobrepõem não há diferenças significativas.

Tanto a intensidade de pastejo (p = 0,01) quanto a interação entre os fatores (p = 0,02)

apresentaram efeitos significativos sobre a diversidade funcional. O local de pastejo a . b . c . d . e . f . g . h . i .

intermediário apresentou maior valor de diversidade funcional e com o aumento do pastejo a diversidade diminui em áreas de desmatamento antigo (Figura 2a.). Comparado os valores de RaoQ observado aos valores das expectativs aleatórias (SESRaoQ) pode-se verificar o efeito significativo da intensidade de pastejo ( p= 0,0009) e a interação do pastejo e desmatamento (p= 0,02). Observamos que os valores dos traços tendem a convergir com o aumento do pastejo e sob o pastejo baixo as espécies são mais divergentes (Figura 2b).

Foi verificado que a riqueza de espécies está correlacionada positivamente com a diversidade funcional (r: 0,77) (Figura 3).

Figura 2.a. Média de valores RaoQ (eixo y) entre os tratamentos, intensidade de pastejo (eixo x) * desmatamento. b. Valores médios de SESRaoQ com efeito de interação do pastejo e desmatamento.

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Figura 3. Correlação de Pearson entre a diversidade funcional e a riqueza de arbóreas.

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a. b

Estrutura e composição funcional da comunidade de herbáceas

No total, englobando todas as 24 amostras foram levantadas50 espécies (Apêndice II) e amostradas 36 espécies (72%) para medição dos traços funcionais. As demais espécies não foram amostradas por apresentarem número total de indivíduos inferiores ao mínimo recomendado por Perez-Harguindeguy et al. (2013). Assim, foram amostrados 1.351 indivíduos distribuídos por 16 famílias, onde as famílias Poaceae (n= 7) e Convolvulaceae (n= 6) apresentaram maior número de espécies e foram encontrados em todos os tratamentos. Das 36 espécies, 83% são terófitos e outros 17% são caméfitos, a forma de crescimento mais representativa é a semi-basal com 36% das espécies, seguida do crescimento em roseta/prostrado e touceira, com 31% e 28%, respectivamente. Quanto à clonalidade, 75% são espécies não clonais, 17% são rizomatosas e 8% apresentam estolhos, estas últimas são representadas por indivíduos graminiformes das famílias Poaceae e Cyperaceae.

Foram registrados efeitos interativos significativos da intensidade do pastejo e nível do desmatamento (p<0,05) sobre a altura, área foliar total e os tipos de clonalidade (presença de estolão, rizoma curto e não clonal). Em relação à forma de vida, apenas o desmatamento apresentou um efeito significativo sobre a presença de terófitos, as demais formas de vida não foram afetadas por nenhum tratamento ou interação. A forma de crescimento (roseta/prostrado, semi-basal, basal, ereto, touceira) também não sofreu efeitos significativos dos tratamentos estudados (Tabela 3).

Tabela 3. Resultados da anova fatorial entre as diferentes intensidades de pastejo e graus de desmatamento para a média ponderada de cada atributo (CWM) na comunidade herbácea. Nível de significância p< 0,05.

Pastejo Desmatamento Pastejo * Desmatamento

F valor P F valor P F valor P

Altura 9.98 0.001 1.80 0.196 14.34 < 0,01 Área foliar 3.54 0.053 3.31 0.062 12.41 0.000 Terófitos 0.001 0.999 8.11 0.004 3.09 0.057 Basal 3.40 0.059 1.54 0.244 2.23 0.124 Ereto 0.19 0.831 1.88 0.185 0.97 0.432 Roseta 0.19 0.831 1.88 0.185 0.97 0.432 Touceira 2.35 0.127 2.15 0.149 2.72 0.079 Estolho 3.31 0.063 6.65 0.008 4.33 0.020 Não clonal 8.16 0.004 11.62 0.0007 12.14 0.0002 Rizoma curto 21.31 3.082 7.06 0.006 21.12 8.2631

Foi constatado que locais com intensidade baixa de pastejo e desmatamento antigo possuem plantas com maior área foliar (Figura 4a.), altura (Figura 4b.) e presença de espécies não clonais (Figura 4d.). Já locais sob pastejo baixo e sem desmatamento apresentaram plantas com maior presença de rizoma curto (clonalidade abaixo do solo) (Figura 4f.). Maior presença de estolho foi observada nos fragmentos sem desmatamento e com pastejo alto (Figura 4e.), enquanto que áreas de pastejo alto e desmatamento antigo e recente apresentaram menos espécies com clonalidade. A presença de terófitos diferiu, apresentando menor proporção no desmatamento recente (Figura 4c.).

Figura 4.Valores médios de cada atributo ponderado pela comunidade (CWM) referente às espécies herbáceas. a. área foliar; b. altura; c. terófitos; d. não clonal; e. estolho; f. rizoma. PA: pastejo alto; PB: pastejo baixo; PI: pastejo intermediário. ND: não desmatado; DA: desmatamento antigo; DR: desmatamento recente. Barras verticais são intervalos de confiança, se as barras se sobrepõem não há diferenças significativas. a. b. c. d . e . f .

Figura 5. a. Valores médios de RaoQ entre os tratamentos da comunidade herbácea. b. Valores médios de SESRaoQ entre os níveis de desmatamento. PA: pastejo alto; PB: pastejo baixo; PI: pastejo intermediário. ND: não desmatado; DA: desmatamento antigo; DR: desmatamento recente.

Figura 6. Correlação de Pearson entre a diversidade funcional e a riqueza de herbáceas.

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