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A retórica da Igreja Católica no papado de João Paulo II durante a mediação no canal de

A retórica da Igreja Católica no papado de João Paulo II

durante a mediação no canal de Beagle (1979) e invasão do

Iraque (2003)

“A retórica ressurge sempre em período de crise”

Michel Meyer

Introdução

Neste capítulo serão analisados, à luz da teoria de Tereza Halliday (Atos Retóricos – mensagens estratégicas de políticos e igrejas. Summus, 1988), os atos retóricos referentes ao período do papado de João Paulo II. Os atos retóricos escolhidos foram: o discurso relativo à mediação no Canal de Beagle no início dos anos 80, quando a Santa Sé foi convidada a mediar o conflito entre Chile e Argentina, conflito que quase terminou em guerra no final dos anos 1970. Será mostrado como a retórica se mostrou adequada na mediação entre Chile e Argentina em disputas territoriais no Cone Sul; o segundo ato retórico a ser analisado se deu durante a invasão norte-americana ao Iraque no ano de 2003. Neste fato, a Santa Sé tentou evitar que tal invasão ocorresse por meio da prática retórica e diplomática. O interessante é que este fato se deu já no final do papado de João Paulo II, pois ele faleceu dois anos após o conflito, e que o conflito envolvia duas nações não-católicas; com forte influência protestante presente nos Estados Unidos, e o Iraque, onde majoritariamente o islamismo predomina. Foram dois momentos distintos do papado. Um deles situado bem no início e o outro já no final. Porém, ambos os eventos foram relevantes para a Santa Sé e neles a retórica pode ser perfeitamente separada para uma análise do discurso católico.

3.1 - O Caso do Canal de Beagle

O caso do Canal de Beagle ganhou notoriedade entre os anos 1970 e início dos anos 1980 quando dois países vizinhos quase entraram em guerra por questões de limites e soberania.

3.1.1 - Os Antecedentes da Situação Retórica no Canal de Beagle

A situação retórica em questão teve sua origem no conflito pela posse do Canal de Beagle, no extremo sul da América do Sul, nos limites entre Chile e Argentina. A beligerância em questão era a disputa pela soberania das ilhas Picton, Lennox e Nueva, situadas na entrada oriental do Canal de Beagle e do Cabo Horn, entre os Oceanos Atlântico e Pacífico.

A questão da soberania e a disputa entre Argentina e Chile sobre o canal já é antiga. Porém, o objeto desta pesquisa é focar especificamente a mediação da Santa Sé e a sua prática retórica. Entretanto, para melhor contextualizar o conflito, um bosquejo histórico sobre os antigos tratados, negociações e questões de soberania se faz necessário. Retomaremos aqui algumas informações contidas no texto de Salmo Caetano de Souza em seu livro Mediação da Santa Sé na questão do Canal de Beagle, publicado no ano de 2008.

Os limites entre a Argentina e o Chile foram estabelecidos no século XIX, onde foi levada em conta a linha natural que é formada pela Cordilheira dos Andes, a qual se estende por aproximadamente cinco mil quilômetros. Entre 1822 e 1833, os chilenos estabeleceram como seu limite sul o Cabo Horn, o ponto mais antártico das Américas. Desde 1840 o país começou a utilizar a zona do Estreito de Magalhães, um canal que liga os Oceanos Atlântico e Pacífico, local que foi fundamental para a navegação internacional da época porque livrava as embarcações de cruzarem a temida Passagem de Drake, entre o Cabo Horn e a Antártida, famosa por ser o local com as piores condições meteorológicas marítimas do mundo. Em 1856 foram instalados assentamentos militares chilenos em Punta Arenas, cidade próxima ao Estreito de Magalhães, ocasionando um mal-estar nas relações com a Argentina, que afirmava serem suas estas possessões. Neste mesmo ano, ambos os países firmaram um Tratado de Paz, Amizade, Comércio e Navegação, onde se aplicava o princípio de que a cada Estado corresponderiam os territórios efetivamente ocupados por eles em 1810. Em caso de conflito, eles seriam resolvidos pela via diplomática o u arbitral. Nesta época, a região da Patagônia era somente ocupada por pequenas populações indígenas.

Os primeiros conflitos que se tem conhecimento na região datam do ano de 1888, sete anos após a assinatura do Tratado de Limites, no momento em que um mapa argentino surge com as ilhas em questão (Picton, Lennox e Nueva ) sob a soberania argentina. Tal tratado leva em consideração conceitos de Direito Internacional, como o

Uti possidetis iure – ―como possuía, possuirás‖. Embora as ilhas possuam pequenas extensões, seu valor estratégico por estar entre os oceanos Atlântico e Pacífico é muito grande, o que ocasionou um longo conflito entre ambos os Estados no final do século XIX, e durante grande parte do século XX, pois a cada novo Tratado assinado, uma série de contestações e interpretações se seguia. Isso provocou crises diplomáticas e aumento da tensão militar na região.

No ano de 1959, depois de uma série de incidentes, foi consolidada a declaração dos Cerrillos, onde os governantes dos dois países se co mprometeram a buscar uma solução por meio da arbitragem. Em março de 1960, os países concordaram que a Ilha Lennox seria de soberania do Chile e que se submeteria a decisão inapelável da Corte de Haia a questão sobre a soberania das Ilhas Picton e Nueva. Porém, este acordo não foi ratificado por nenhum dos dois países.

No ano 1970, a fim de resolver a questão pacificamente, nomeou-se como árbitra a Rainha Elizabeth II da Grã-Bretanha, quem em 1977 considerou como chilena a posse das três ilhas em litígio, pois eram vistas como uma unidade. Restou à Argentina a posse da Ilha Becasses e a livre navegação para o acesso ao Ushuaia. Porém, para os argentinos, através da projeção territorial, a posse por parte chilena destas ilhas atrapalharia suas futuras reivindicações e seus direitos na divisão da Antártida. Assim, a decisão favorecendo a República do Chile não foi bem recebida pelos argentinos, que declararam no início do ano seguinte inválido o laudo arbitral e se mostraram dispostos a tomar posse das ilhas pelo uso da força.

3.1.2 - O Problema Retórico no Canal de Beagle

O problema retórico em questão é conhecido como ―Conflito de Beagle‖, um desacordo entre a Argentina e o Chile sobre a entrada oriental do canal de Beagle, o que inevitavelmente afetava a soberania das ilhas ali localizadas e seus espaços marítimos adjacentes. O conflito chegou a seu ponto culminante quando as Forças Armada s da Argentina se dispuseram a ocupar as ilhas pelo uso da força.

Segundo Souza143, a mediação da Santa Sé, na figura de João Paulo II, foi formalmente assinada em Montevidéu no dia 8 de janeiro de 1979. Para o autor, o esforço bilateral da resolução do conflito perdia terreno para um conflito bélico. A mediação do Papa foi aceita por unanimidade em ambos os governos, pois a opinião pública nos dois países era favorável à resolução do conflito. Houve um grande alistamento nas Forças Armadas Argentinas, enquanto o Chile já procurava a Organização dos Estados da América (OEA) a fim de solicitar intervenção, pois as

143 SOUZA, Salmo Caetano de. Mediação da Santa Sé na questão do Canal de Beagle. Minha Editora.

relações diplomáticas entre ambos os Estados estavam à beira da ruptura. Souza afirma que ―faltavam apenas algumas horas para o desfecho do conflito, motivo pelo qual surgia a decisão do Santo Padre de intervir no litígio‖. Assim, algumas autoridades da Argentina foram convencidas e enviaram a contra-ordem dos ataques que, naquele momento, já havia até se iniciado, porém sem grandes danos.

Bernstein e Politi defendem que para o papado, e até pessoalmente para João Paulo II, a mediação ia além da resolução da controvérsia dos países católicos da América Latina. Eles afirmam que o conflito em si não era o objeto principal desta questão, mas a mediação se mostrara um sinal de novos tempos para a Igreja. Segundo os autores, embora alguns críticos fossem contra tal mediação por se tratar de ditaduras militares, João Paulo II sabia que uma empreitada bem sucedida era o próximo passo para dar seguimento ao seu pontificado.

João Paulo II apoiava a ação humanitária do cardeal [Raúl Henríquez Silva144], porém achava que, quando a Santa Sé estava envolvida em

iniciativas pela paz e a justiça, tinha que tratar até com os regimes mais antipáticos. A questão do canal de Beagle, em função da qual chilenos e argentinos tinham quase chegado aos tapas algumas semanas antes, era importante para o Vaticano porque, depois de um século de insignificância diplo mática, o Papado estava uma vez mais sendo chamado a desempenhar um papel em negociações internacionais. (...) Do ponto de vista territorial, a disputa pelo canal de Beagle era u m assunto periférico; para João Paulo II o que contava era o sinal que emanava disso – a Igreja tinha que fazer sua voz ser ouvida na cena internacional.145

A mediação da Santa Sé tornou-se, assim, um ato diplomático. João Paulo II é o porta-voz que fala ou indica quem pode falar em nome da instituição Igreja Católica, no caso, representada na figura da Santa Sé. O cardeal Antonio Samoré foi o encarregado da questão, pois foi figura presente na região do conflito.

A eminência de um conflito militar aberto finalmente forçou os governos, em janeiro de 1979, a assinarem o Tratado de Montevidéu, pelo qual eles aceitaram a mediação da Santa Sé na pessoa do cardeal Antonio Samoré, representante especial do Papa João Paulo II. Os governos

144 Raúl Hen ríquez Silva era arcebispo de Santiago, opositor de Pinochet e havia instigado a fundação do

Vicariato da Solidariedade para auxiliar as vítimas do regime e defender os direitos humanos.

congratularam-se com a oferta de assistência intermediária na solução dos problemas na região sul e prometeram ‗considerar qualquer idéia a ser expressa pela Santa Sé‘.146

3.1.3 - Anatomia e Fisiologia do Ato Retórico no Canal de Beagle

Segundo Souza147, quando o Papa aceitou ser o mediador da questão e escolheu o Cardeal Antônio Samoré, pediu a ambos os países envolvidos no conflito que enviassem representantes junto ao processo mediador. O pontífice solicitou que fossem pessoas ―entendidas nos aspectos técnicos da disputa, mas que fossem também hábeis negociadoras, com imaginação e boa margem de independência‖. A partir desta solicitação, pressupõe-se que esta solicitação corrobore com a adoção da via diplomática como meio de resolução da beligerância, vez que o processo de mediação seria com negociadores interados da situação de litígio e não simplesmente representantes de cada nação.

Um fato curioso é que, ainda segundo Souza148, o representante que o governo chileno desejava enviar deveria ser de ―idade madura, católico e possuir ampla experiência diplomática‖. Entretanto, o representante escolhido realmente foi de idade madura e possuía ampla experiência diplomática, porém não era católico, era judeu. Na Santa Sé, seu nome foi muito bem visto mesmo não sendo católico, mesmo porque em um processo de mediação internacional não poderia haver diferenciações por causa de credos ou raças, embora seja praticamente impossível dissociar a figura do mediador da figura do representante chefe da Igreja Católica Romana, em negociações com um representante judeu do governo chileno.

Um processo de mediação caracteriza-se, segundo Muszkat149, como um

―procedimento que traz em si a potencialidade de um novo compromisso político capaz de reduzir a desigualdade e a violência‖. A autora afirma ainda que seu objetivo é ―buscar acordos entre pessoas em litígio por meio da transformação da dinâmica

146 JONHSTON, Douglas M. The Theory and history of the ocean boundary-making. Quebec,

Canadá. Mc-Gill-Queen‘s University Press. 1988. p.194 Tradução livre.

147 SOUZA, Salmo Caetano de. Ibid. p.158 148 Idem, Ibid. p.159

adversarial, comum no tratamento de conflitos, em uma dinâmica cooperativa, improvável neste contexto‖.150 Necessariamente, a mediação consiste no envolvimento

imparcial de um terceiro membro: a figura do mediador. Ele tem por função assistir e conduzir duas ou mais partes envolvidas no litígio a identificarem os pontos de conflito e, assim, desenvolver de forma mútua propostas que tenham por finalidade encerrar o conflito. O mediador, ou melhor, o representante de quem foi escolhido a mediar (no caso a Santa Sé), participa de reuniões com as partes conflitantes, apresenta propostas sobre a questão, coordena a discussão, facilitando a comunicação entre eles. Em casos de impasse, sua função é intervir para auxiliar uma fácil compreensão e reflexão dos assuntos e propostas. O mediador também não impõe às partes uma solução ou sentença, sugestões e conselhos se enquadram melhor nesta situação.

Souza151 afirma ainda que a mediação é um método diplomático de solução de controvérsia. Sua natureza é política e comporta todo tipo de argumentação além da argumentação jurídica. Para que aconteça a mediação, é necessário um acordo prévio entre as partes, na forma de um pedido formal de um mediador, o que demonstra uma predisposição de ambas as partes em solucionar o litígio. Assim, continua o autor, a ―essência da mediação consiste em aproximar possíveis divergentes e propostas‖.

O processo de mediação no Caso de Beagle começou, segundo Souza152, com

viagens do cardeal Samoré entre as capitais da Argentina e do Chile para recolher informações e se interar e colocar em andamento as posições de ambas as partes. O cardeal também tinha que apresentar idéias e projetos para ambos os Estados. A fim de reforçar a imagem de imparcialidade, quando o cardeal assistia a algum ato religioso em um país, assistia também no outro. Souza afirma ainda que o mais difícil para o Cardeal foi ―desbancar a desconfiança entre as partes, infundindo nelas a virtude contrária, ou seja, a confiança na gestão do Papa e a credibilidade entre Chile e Argentina‖.

Em maio de 1979 chegam a Roma as duas missões dos dois países para se iniciar o processo de mediação da Santa Sé. A primeira fase da mediação foi entre maio e junho deste ano. Embora o processo de mediação começasse apenas em maio, a prática

150 Idem, Ibid. p.13

151 SOUZA, Salmo Caetano de. Ibid. p.179 152 Idem, Ibid. p.188

retórica de João Paulo II se iniciou no momento do Ângelus153 de primeiro de janeiro

daquele ano. O interessante é que em um momento de expressão de fé para os católicos, o Papa se expressa sobre um conflito acerca de soberania estatal sem fazer menção a qualquer ato político no conflito.

(...)y a la más reciente controversia surgida entre Argentina y Chile sobre la Isla del Canal de Beagle. Las Misiones enviadas por la Santa Sede han tenido, en uno como en otro caso, una cordial acogida, tanto por parte de las autoridades, como por parte de la población. Es necesario ahora que la plegaria de todos obtenga de Dios abundantes dones de clariv idencia, equilibrio y fortaleza para que puedan recorrer los caminos de la paz, y se alcance cuanto antes la meta de una solución justa y honrosa.154

Segundo Souza155, em setembro de 1979 o Papa recebeu novamente as duas delegações, em audiência privada em sua biblioteca, a fim de estabelecer um método de trabalho na mediação. Novamente em um momento do Ângelus João Paulo II faz menção ao conflito entre os países. Aqui, o Pontífice já mostra um discurso mais aprimorado, fazendo menção indireta até às ditaduras militares, no momento em que toca no tema das pessoas desaparecidas. Diplomaticamente, através de construções retóricas, temas que não possuíam ligação com a religião são mencionadas em um momento de expressão de fé.

Co mo es bien sabido, Argentina y Chile tienen que resolver un problema, que los divide, sobre la zona austral de sus territorios. Desde los primeros meses de este año he aceptado la invitación a asu mir la tarea de med iación. También los obispos se están afanando para crear un clima de distensión en el que sea más fácil superar la controversia. En la o ración del

153 Ângelus é o momento que corresponde às 06hs, 12hs ou 18hs do dia, no qual os católicos relembram o

mo mento em que o anjo Gabriel anunciou a Maria a concepção de Jesus Cristo. Trata-se de uma hora celebrada diariamente através de preces e orações. O Papa tem por hábito fazer seu pronunciamento também nesses mo mentos.

154 O discurso do Angelus de 1º de Janeiro de 1979 na íntegra encontra-se disponível em:

<http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/angelus/1979/documents/hf_jp - ii_ang_19790101_sp.html>. Acessado no dia 11 de Janeiro de 2011.

Angelus de hoy, además de la aleg ría, debemos hacernos eco también de las

preocupaciones, inquietudes y sufrimientos que no faltan en el mundo de hoy. No podemos olvidarnos cuando nos ponemos ante Dios, nuestro Padre, y cuando nos dirig imos a la Madre de Cristo y Madre de todos los hombres.

Así, con ocasión de los encuentros con peregrinos y obispos de América Latina, en especial de Argentina y Chile, se recuerda frecuentemente el drama de las personas perdidas o desaparecidas.

Roguemos para que el Señor conforte a cuantos no tiene ya la esperanza de volver a abrazar a sus seres queridos. Compartamos plenamente su dolor y no perdamos la confianza de que los problemas tan dolorosos sean esclarecidos para bien no sólo de los familiares interesados, sino también para el b ien y la paz interna de esas comunidades tan queridas para nosotros.

Pidamos que se acelere la anunciada definición de las posiciones de los encarcelados y se mantenga un compro miso riguroso de tutelar, en cada circunstancia en que se requiere, la observancia de las leyes, el respeto a la persona física y mo ral, incluso de los culpables o indiciados de infracciones.156

Até o momento, as alocuções sobre o assunto proferidas por João Paulo II foram em ocasiões especificamente religiosas. A proposta papal para a solução do conflito foi feita em dezembro de 1980, diretamente às delegações da Argentina e do Chile presentes em Roma. Diferentes aspectos e temas aparecem nesta construção retórica que caminha entre ―vontade divina‖ e ―guerra entre os homens‖. João Paulo atribui em diversos momentos do discurso a Deus o fato de que os países nunca estiveram em guerra.

É verdade que, desde o mo mento em que os vossos povos adquiriram a independência no concerto internacional, não faltaram d ivergências entre eles. É verdade que nem sempre se verificou, nas relações mútuas, uma

156 Este discurso do Angelus de 28 de Outubro de 1979 encontra-se disponível em:

<http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/angelus/1979/documents/hf_jp - ii_ang_19791028_sp.html>. Acessa no dia 11 de Janeiro de 2011.

completa e lu minosa «tranquilitas ordinis», expressão concisa consagrada por Santo Agostinho para definir de maneira insuperável a paz.

Mas também é verdade — e salientei-o em setembro do ano passado perante membros destas representações governamentais que «é belo e consolador constatar que nunca houve um conflito bélico entre os dois Países». Trata-se de um facto singular, talvez único na história das relações entre as Nações limítrofes. Quase me atrevia a dizer que vejo nisto especial assistência da Providência de Deus misericord ioso.

Perante este facto, penso que ninguém poderá encontrar infundada ou carecida de lógica esta consideração: se Deus assistiu durante este tempo com tanto carinho ao desenvolvimento das relações entre as vossas duas Nações, como poderíamos eximir-nos nós a fazer tudo o que está nas nossas mãos para não perder esse dom inestimável da paz, priv ilég io da vossa his tória comu m?157

Analisando retoricamente este trecho, João Paulo II inicia o seu discurso com uma alegoria. Segundo Olivier Reboul158, alegoria é ―uma descrição ou uma narrativa

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