Retenção Fiscal do Imposto de Renda Na Fonte

Nos fundamentos da sentença, a Juíza da Vara do Trabalho autorizou a dedução dos valores fiscais de responsabilidade do reclamante.

A Lei n° 8.541/92 dispõe no art. 46:

Art. 46. O Imposto sobre a Renda incidente sobre os rendimentos pagos em cumprimento de decisão judicial será retido na fonte pela pessoa física ou jurídica obrigada ao pagamento, no momento em que, por qualquer forma, o rendimento se torne disponível para o beneficiário.

A Súmula n° 27 do TRT – 4ª Região dispõe: Os descontos fiscais incidem, quando do pagamento, sobre o valor total tributável, monetariamente atualizado, acrescido dos juros de mora.

Por ocasião dos cálculos de liquidação de sentença (28/10/2009) a Tabela do IRRF era a Tabela de IRRF de 2009, a seguir exposta:

Quadro 31: Tabela do IRPF 2009:

Bas e de Cálculo em R$ Alíquota % Parcela Deduzir

Até R$ 1.434,00 - R$ - De R$ 1.434,01 à R$ 2.150,00 _{7,50% R$ 107,55} De R$ 2.150,01 à R$ 2.866,00 15% R$ 268,80 De R$ 2.866,01 à R$ 3.582,00 22,50% R$ 483,75 Acima de R$ 3.582,01 _{27,50% R$ 662,85} Fonte: Dados do Processo e Site da Receita Federal – www.receita.fazenda.gov.br

O Perito-Contador elaborou o seguinte quadro, relativo às retenções para o Imposto de Renda Retido na Fonte sobre as diferenças salariais devidas ao reclamante:

Quadro 32: Retenção Fiscal – Imposto de Renda Retido na Fonte sobre as diferenças salariais devidas ao reclamante.

3.372,93 R$ Referência

Proventos Tributáveis com Atualização Juros Isentos IRF

(-) Retenção previdenciária Base de Cálculo

Alíquota de IRF (7,5%, 15%, 22,5% e 27,5%) Parcela a deduzir cfe. Tabela IRF/2009 Valor da Retenção IRF

- R$ 1.614,88 R$ 14.675,90 R$ 4.035,87 R$ 666,94 -R$ Proventos C/Encargos 16.290,78 R$

Fonte: Dados do Processo

Imposto de Renda na Fonte incidente sobre os Rendimentos pagos em cumprimento de Decisão Judicial.

Como fundamentos de direito, quanto ao imposto de renda na fonte (CRRF), tem-se o disposto no art. 43 da Lei n° 5.172/66, no artigo 46 da Lei nº. 8.541/92, e na Súmula n° 27 do TRT da 4ª Região.

Dispõe o Código Tributário Nacional, instituído pela Lei n° 5.172 de 25.10.1966, o art.

43, caput e parágrafos:

O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jur II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior.

§ 1o A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção.

§ “2o Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, alei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto referido neste artigo”.

Dispõe a Lei nº. 8.541/92, no art. 46, caput e §§ 1º e 2º:

O imposto sobre a renda incidente sobre os rendimentos pagos em cumprimento de decisão judicial será retido na fonte pela pessoa física ou jurídica obrigada ao pagamento, no momento em que, por qualquer forma, o rendimento se torne disponível para o beneficiário.

§ 1° Fica dispensada a soma dos rendimentos pagos no mês, para aplicação da alíquota correspondente, nos casos de:

I - juros e indenizações por lucros cessantes; II - honorários advocatícios;

III - remuneração pela prestação de serviços de engenheiro, médico, contador, leiloeiro, perito, assistente técnico, avaliador, síndico, testamenteiro e liquidante. § 2° Quando se tratar de rendimento sujeito à aplicação da tabela progressiva,deverá ser utilizada a tabela vigente no mês de pagamento.

Ou seja, o desconto do Imposto de Renda na Fonte segue o Regime Contábil de Caixa.

O imposto sobre a renda tem por fato gerador a existência de sentença condenatória e a disponibilidade de valores dela decorrentes do empregado. A lei ao determinar que o tributo seja retido na fonte deixa incontroverso que a sua incidência se dará sobre a totalidade dos valores recebidos. Nesse contexto, não há margem para o entendimento segundo o qual os descontos fiscais devem incidir sobre os créditos decorrentes da condenação judicial, considerado mês a mês, sob pena de se estar promovendo ilícita alteração no fato gerador da obrigação tributária, bem como na respectiva base de cálculo.

DESCONTOS FISCAIS. BASE DE CÁLCULO. Os descontos fiscais incidem, quando do pagamento, sobre o valor total tributável, monetariamente atualizado, acrescido dos juros de mora. Resolução Administrativa nº. 10/2002 Publicado no DOE-RS dias 29 de novembro, 02 e 03 de dezembro de 2002.

Diz a Súmula 27 do TRT – 4ª Região: “Sobre descontos fiscais. Base de cálculo. Os descontos fiscais incidem, quando do pagamento, sobre o valor total tributável, monetariamente atualizado, acrescidos juros de mora. Resolução administrativa nº 10/2002 Publ. DOE-RS dias de 29 de novembro, 02 e 03 de dezembro de 2002”.

O Juiz do Trabalho, nos fundamentos, autorizou a dedução de IRRF, com base no art. 46 da Lei 8.541/92.

Para tanto, inicialmente o Perito-Contador somou os valores que compunham o Principal Bruto devido ao Reclamante em FACDT´s, sujeitos à tributação do Imposto de Renda Retido na Fonte (conforme Quadros anteriores já expostos):

Quadro 33: Apuração do Principal Bruto devido ao Reclamante

Encargos Salariais Em FACDT´s

Horas Extras 15,9453

Salário In Natura 0,2357

13° Salário Proporcional (8/12) 0,4351

Adicional de Periculosidade 1,1251

Férias Proporcionais (8/12) 0,5799

Total dos Encargos Salariais 18,3211

Fonte: Dados do Processo

Em seguida, o Perito-Contador somou os valores que compunham o Principal Bruto devido ao Reclamante em FACDT´s, não sujeitos à tributação do Imposto de Renda Retido na Fonte (conforme Quadros anteriores já expostos), ou seja excluídos da Base de Cálculo do IRPF :

Quadro 34: Parcelas Devidas ao Reclamante não sujeita a IRRF

Encargos Salariais Indenizados Em FACDT´s

Aviso Prévio sobre Horas Extras 0,7170

Aviso Prévio sobre Salários In Natura 0,1631

Total Encargos Salariais Indenizados 0,8801

Fonte: Dados do Processo

A seguir, o Perito-Contador converteu o Principal Bruto, Tributável e Não-Tributável, devido ao Reclamante, em Reais, com base no valor da FACDT em 28 de outubro de 2009 (R$ 934,0511), data da elaboração do Laudo Pericial Contábil de Liquidação de Sentença.

Quadro 35: Encargos Salariais Base de Cálculo do IRRF.

Encargos Salariais Em FACDT´s

Total dos Encargos Salariais 18,3211

(-) Totais Encargos Salariais Indenizados 0,8801

(=) Principal Bruto em FACDT´s 17,4410

Valor da FACDT em 28.10.2009 R$ 934,0511

(=) Principal Bruto em Reais (Base de Cálculo do IRRF)

R$ 16.290,78

Fonte: Dados do Processo

Após, o Perito-Contador deduziu os valores retidos das parcelas devidas ao Reclamante, conforme item anterior (4.2.10.1.).

E, finalmente, o Perito-Contador acrescentou o valor dos juros, calculados na base de 1% ao mês, incidentes a partir do ajuizamento da ação, conforme consta nos fundamentos da sentença.

Quadro 36: Encargos Referentes ao IRRF. Foi acrescentado juros de 1% a partir do ajuizamento da ação.

Tributáveis Não Tributável Total Encargos P/IRF 17,4410 0,8801 18,3211 16.290,78 R$ R$ 822,06 R$ 17.112,84 1.614,88 -R$ R$ - -R$ 1.614,88 14.675,90 R$ R$ 822,06 R$ 15.497,96 3.081,94 R$ R$ 172,63 R$ 3.254,57 17.757,84 R$ R$ 994,69 R$ 18.752,53 REFERÊNCIA

Principal Bruto FACDTs Principal Bruto em Reais - R$

(-) Dedução INSS em Reais - item 3.5. Principal Líquido em 28/10/2009 - R$ Juros da autuação até 28/10/2009 = 21,00% Total Apurado em Reais

Fonte: Dados do Processo

Valor da FACDT em 28 de Outubro de 2009 = 934,0511.