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Anexo IX Arquivo Público de Uberlândia IX.1 Todo o Galpão IX

CAPÍTULO 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Baranoski (2008), em sua dissertação de mestrado intitulada ANÁLISE DO RISCO DE INCÊNDIO EM ASSENTAMENTO URBANOS PRECÁRIOS – DIAGNÓSTICO DA REGIÃO DE OCUPAÇÃO DO GUARITUBA – MUNICÍPIO DE PIRAQUARA – PARANÁ, aplicou o Método de Gretener em uma pesquisa cujo cenário de campo foi uma área com ocupação irregular, com assentamentos precários no município de Piraquara, PR.

Segundo o autor, o objetivo da pesquisa é o diagnóstico dos fatores que potencializam o risco de incêndio em assentamentos urbanos precários, com proposição de um conjunto de medidas capazes de reduzir o risco de incêndio nesses assentamentos.

A definição da unidade-caso, Setor Jardim das Orquídeas, adveio da impraticabilidade, segundo o autor, de se efetuar a análise de risco incêndio em toda a região do Guarituba, que, segundo a Companhia de Habitação do Paraná – COHAPAR, em levantamento de 2005, registrou 8.258 lotes com um total de 13.008 residências. Com apoio de representantes da associação de moradores da região, e da Prefeitura Municipal de Piraquara, o autor identificou o Setor Jardim das Orquídeas como representativo do todo, para aplicação de sua pesquisa.

Para início dos trabalhos de campo, o autor dividiu a área (Setor Jardim das Orquídeas) em 8 setores, cada um constituído por 30 lotes, identificados por cores (Setor 1 – Amarelo; Setor 2 – Verde; Setor 3 – Laranja; Setor 4 – Vermelho; Setor 5 – Azul; Setor 6 – Roxo; Setor 7 – Marrom; Setor 8 – Rosa), em conformidade com a técnica denominada “Amostragem por Conglomerados”.

A grande parcela das edificações situadas no Setor Jardim das Orquídeas é caracterizada pela falta de infraestrutura básica, precariedade das instalações prediais e ausência de elementos construtivos capazes de oferecer resistência mínima ao fogo. As edificações

em madeira (121), alvenaria (84) e mistas (35), correspondem a 50%, 35% e 15%,

respectivamente, de um total de 240 construções avaliadas.

A aplicação do Método de Gretener na pesquisa realizada pelo autor permitiu o conhecimento da carga de incêndio específica média relativa às 240 edificações residenciais do Setor Jardim das Orquídeas, no valor de 2.182,32 MJ/m2 e, portanto, de uma forma geral, uma referência de valor para carga de incêndio específica associada a edificações em assentamentos precários, com utilização expressiva da madeira como material de construção. Em conformidade com a norma NBR 14432:2000, esse valor acima apresentado está 7 vezes maior que o preconizado para a ocupação residencial, que é de 300 MJ/m2.

Embora não se tenha atingido o nível de segurança mínimo aceitável, de acordo com os parâmetros de risco e de segurança utilizados na análise global de risco de incêndio, o autor determinou os fatores que potencializam o risco de incêndio no assentamentos urbano avaliado (basicamente: carga de incêndio específica elevada; risco de ativação devido à presença de instalações elétricas precárias e/ou clandestinas; risco de ativação devido à falta de treinamento de segurança de moradores), alvo do objetivo de sua pesquisa acadêmica.

Claret e Andrade (2007), em artigo intitulado Fire Load Survey of Historic Buildings: A

Case Study, mostraram o resultado de uma pesquisa de campo realizada na cidade

histórica de Ouro Preto, Minas Gerais, com o objetivo de conhecer e levantar a carga de incêndio fixa e móvel em 43 edificações (amostra) situadas na rua São José, logradouro público dedicado ao comercio em geral, de notório conhecimento local. Embora as edificações da rua São José tenham uma ocupação variada, há predomínio para os usos residencial e comercial.

Efetivamente, 39 edificações tiveram suas respectivas cargas de incêndio específicas (ou densidade da carga de incêndio) levantadas, chegando-se a um valor médio de 2.989

MJ/m2 e um desvio-padrão de 2.833 MJ/m2, com os extremos em 14.560 MJ/m2, para umafarmácia, e 520 MJ/m2, para uma moradia.

Das 39 edificações pesquisadas, os autores mostraram uma associação entre os diversos usos dos cômodos e a carga de incêndio específica correspondente. Dessa associação, ficou evidente, com base no valor mediano amostral, que os cômodos destinados a depósito, comércio e sala de televisão são os que contém as maiores cargas de incêndio por superfície, seguidos dos cômodos utilizados como quartos de dormir, sala de jantar, cozinha e escritório, nessa ordem.

Na composição da carga de incêndio presente nos cômodos, houve destaque para os materiais, madeira, espuma, papéis, plásticos e têxteis, sobretudo o primeiro. Nas construções do barroco colonial, o elemento madeira está muito presente nos pisos e forros da edificações, como também nas aberturas (portas e janela), o que responde pela alta participação desse material no cômputo da carga de incêndio fixa. Relativamente à carga de incêndio móvel, a madeira também teve sua participação expressiva, com emprego corrente no mobiliário das edificações amostradas.

Finalmente, o levantamento de campo realizado, conjugado ao emprego de técnicas para a determinação das energias caloríficas associadas às cargas fixas e móveis das edificações amostradas (em uma eventual situação de incêndio), permitiu os autores determinar, de uma maneira geral (inferindo-se para toda a rua São José), valores para carga de incêndio específica em diversos cômodos de uma edificação e, até mesmo, para os seus níveis de construção (subsolo, térreo, primeiro e segundo pavimentos), bem como, ainda, estabelecer uma comparação entre esses valores com os correspondentes na norma NBR 14432:2000 (ABNT, 2006) – Exigência de resistência ao fogo de elementos de construção de edificações – Procedimento, onde se pode constatar que as cargas de incêndio específicas encontradas superam em até 10 vezes os valores normalizados, como no caso de uma loja de roupas.

Para Silva e Coelho Filho (Ambiente Construído, 2007), em artigo técnico intitulado Índice de segurança contra incêndio para edificações (a fire safety índex for buildings), a segurança à vida e ao patrimônio podem ser verificadas por meio de métodos de avaliação de risco de incêndio e suas conseqüências. Entre esses métodos destaca-se o Método de Gretener (um dos mais conhecidos e experimentados internacionalmente), em homenagem ao seu idealizador, engenheiro Max Gretener, que, em 1960, então diretor da Associação de Proteção contra Incêndio da Suíça, deu início a estudos sobre o cálculo do risco de incêndio em indústrias e grandes edifícios. O método, publicado em 1965, visava a atender às necessidades das companhias de seguro. O Corpo de Bombeiros da Suíça, em 1968, considerou esse mesmo método na avaliação de risco e condição de proteção contra incêndio em edificações. Em 1984, a Societé Suisse des Ingénieurs et des Architects (SIA), publicou o documento SIA-81 (1984), intitulado “Método de avaliação de risco de incêndio”, revisado por um grupo de especialistas de seguradoras e da própria SIA, tendo por base os trabalhos de Max Gretener.

De acordo com Silva e Coelho Filho (2007), o método desenvolvido por Gretener também serviu de base para as normas austríacas TRVB A-100 (cálculo) e TRVB A- 126 (parâmetros para cálculo) publicadas pela Liga Federal de Combate a Incêndio em 1987 (LIGA, 1987a; LIGA, 1987b). Os valores das cargas de incêndio específicas desse método foram também aceitos na Nova Zelândia e serviram de base para a NBR 14432:2000 (ABNT, 2000).

Ainda de acordo com esses autores, o método tabular original de Gretener leva à determinação de um índice global de segurança γfi para cada compartimento de uma

edificação. A segurança contra incêndio e suas conseqüências estará verificada se o índice γfi calculado for no mínimo igual a um. O cálculo desse índice global de

segurança é determinado conforme segue:

γ

fi RxMxI NxSxE 3 , 1 = onde:

- N é um fator que depende de medidas normais de proteção (extintores de incêndio portáteis, hidrantes prediais, adução de água, hidrante público,

treinamento);

- S é um fator que depende de medidas especiais de proteção (modo de detecção, transmissão de alarme, qualidade do corpo de bombeiros, tempo-

resposta do corpo de bombeiros, tipo de equipamento de extinção, exaustão);

- E é um fator que depende das medidas construtivas de proteção da edificação (resistência ao fogo das estruturas da edificação, resistência ao fogo das paredes que compõem a fachada da edificação, resistência ao fogo das lajes,

presença de células corta-fogo em compartimento);

- R é um fator associado ao risco de incêndio (carga de incêndio mobiliária, combustibilidade da carga de incêndio, enfumaçamento, toxicidade, carga de

incêndio imobiliária, cota do compartimento, área do compartimento);

- M é um fator associado à mobilidade das pessoas;

- I é um fator que considera o risco de ativação do incêndio em função do tipo de uso do compartimento (tabelado).

O procedimento de cálculo do índice de segurança contra incêndio para edificações, proposto para a normalização brasileira segue o método tabular original de Gretener; no entanto, como inovação, os autores apresentaram no artigo técnico delineado acima, uma forma analítica de cálculo para cada fator interveniente na expressão algébrica de

γfi, ensejando à eliminação das “incômodas e irreais” descontinuidades decorrentes de

um método tabular, além de facilitar a mecanização do método.

Claret (2006), em publicação intitulada Análise de Risco de Incêndio em Sítios Históricos, aponta e esclarece logo de início em seu livro os conceitos “unicidade” e “aleatoriedade” dos incêndios e registra que a severidade destes é uma medida da intensidade de seus efeitos sobre usuários, edificações e meio ambientes e chama a atenção para um contra-ponto: se o início de um incêndio é um evento aleatório (fora de controle para o homem), a severidade de suas consequências não o é, pois os projetos de engenharia de incêndio bem concebidos e implementados confinarão o sinistro - caso da compartimentação -, medida de proteção passiva de grande eficiência.

Adiante no texto, o autor aborda sobre a grandeza CARGA DE INCÊNDIO, parâmetro de risco de incêndio fundamental (por ser inclusive uma váriavel que admite controle), presente na trilogia combustível – comburente – fonte de calor do conhecido triângulo do fogo.

Mais a frente, o pesquisador conceitua o método análise global de incêndio, que se aplica ao projeto de segurança das edificações ou conjunto de edificações, tece comentários acerca dos cenários de incêndio e didaticamente ensina e define mais um parâmetro fundamental de risco de incêndio: o risco máximo aceitável.

Apresentada uma série de fatores de risco e de segurança contra incêndio em edificação (ou conjunto), o autor aplicou a análise global de incêndio em um caso real: em 39 edificações (estilo arquitetônico à época do Barroco Colonial) na rua São José, na cidade de Ouro Preto, MG, seguindo a filosofia do Método de Gretener (fatores de segurança versus fatores de risco). A análise é apresentada como “global” porque satisfaz a um conjunto sistêmico [edificação + incêndio + usuário].

O levantamento de campo na rua São José permitiu o autor inferir sobre o valor das cargas de incêndio específicas médias por edificações (2.989 MJ/m2), e como estas se distribuem em função da altura das edificações. No subsolos, por exemplo, foram encontrados 6.272 MJ/m2 contra 2.793 MJ/m2 nos demais pavimentos (mais que o dobro), o que vem sugerir os proprietários de imóvel na rua São José “gerenciar” essa elevada carga de incêndio em porões, com vistas a diminuí-la rapidamente ao máximo, sobretudo pela dificuldade de acesso a esses cômodos em uma situação real de incêndio. Fica patente no texto a pontuação do autor sobre dois princípios:

Princípio da não-exclusão: “o emprego de medidas de segurança de determinada classe não exclui o emprego obrigatório de pelo menos uma medida de cada uma das classes”.

Princípio da exceção segura: “ o profissional de projeto, para atender aos objetivos de segurança, deve majorar os fatores de risco que justificativamente lhe pareçam subestimados”.

A obra de Claret (2006) em livro é, portanto, a consolidação da experiência desse autor como pesquisador, professor e orientador de mestrandos e doutorandos em temas relacionados a incêndio na UFOP e outros centros de estudo.

Vasconcelos, C. M. P. et al (2006), em monografia intitulada SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO EM EDIFICAÇÕES PROTEGIDAS PELO PATRIMÔNIO HISTÓRICO- CULTURAL apresentada ao final do Curso de Especialização em Gestão de Segurança Contra Incêndio e Pânico da FUMEC, aplicaram a IT 35 para a determinação do risco global de incêndio em um casarão sede do Museu Histórico Abílio Barreto que, segundo as autoras, “é o único exemplar arquitetônico remanescente do antigo Arraial do Curral Del Rei”1.

A edificação estruturada em madeira do Museu Histórico Abílio Barreto situa-se na rua Bernardo Mascarenhas, esquina com Rua Josafá Belo, bairro Cidade Jardim, Belo Horizonte, possui área construída de 342,00 m2 em um terreno de 4.570,00 m2. As autoras após empreenderem minucioso levantamento in loco, computaram uma carga de incêndio específica total em 54.858,34 MJ/m2, sendo 44.886,01 MJ/m2 para carga de incêndio específica fixa (associada à edificação) e 9.972,33 MJ/m2 para carga de incêndio específica móvel (contéudo da edificação). A madeira foi expressivamente utilizada (81%) no cômputo total da edificação (construção + conteúdo).

O resultado da análise global de risco de incêndio demonstrou estar a edificação do Museu Histórico Abílio Barreto muito desprotegida contra o risco de incêndio, pois o coeficiente de segurança calculado para a situação encontrada foi de 0,06, quando o mínimo deveria ser 1,00. Dessa forma, o produto dos fatores (“pesos”) de risco de

1 Curral Del Rei: povoado formado a partir de 1701, no entorno da Fazenda do Cercado, de propriedade do

bandeirante João Leite da Silva Ortiz, que veio dar origem a cidade de Belo Horizonte, em 1897, a nova capital de

incêndio foi extremamente mais elevado que o produto dos fatores (“pesos”) de segurança contra incêndio.

A partir do 2º ensaio, com introdução crescente de medidas de proteção no cálculo, é que o coeficiente de segurança ficou superior a 1,00 (3,40), pelo emprego de medidas de segurança como “alarme manual” e “brigada de incêndio durante o expediente”.

As pesquisadoras concluíram que, apesar de se tratar “de uma edificação de proteção nacional, em bom estado de conservação, bem cuidada, localizada numa grande metrópole, está exposta ao desenvolvimento de incêndio severo com perda total” por não dispuser de elementos e meios necessários e suficientes em termos de segurança para neutralizar o risco de incêndio. Finalmente, sugerem a diminuição da carga de incêndio na edificação, treinamento dos usuários permanentes e vigilantes em prevenção e combate a incêncio e primeiros socorros, manutenção periódica das instalações prediais e de segurança e o afastamento de peças de valor histórico e cultural expostas próximo da edificação (risco de generalização).

Mattedi (2005), em sua dissertação de mestrado UMA CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DO PROCESSO DE PROJETO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO BASEANDO EM DESEMPENHO, assevera e enfatiza que medidas e soluções técnicas em termos de segurança contra incêndio em edificações, em nível mundial, ainda estão adstritas a códigos prescritivos. Dessa forma, requisitos ou exigências são postos sem se considerar claramente, e a priori, as metas de segurança esperadas em um determinado contexto.

Segundo a pesquisadora, desde os anos setenta, uma mudança no paradigma prescritivo referente à segurança contra incêndio vem ocorrendo em países europeus e asiáticos, como também destacadamente nos Estados Unidos e Canadá, com a utilização de conceitos e princípios de projeto baseado em desempenho ou performance-based design (PBD). Há, nesses países, edições autorizadas de performance-based codes (PBC) cujo emprego é alternativo aos códigos de projetos tradicionais, marcadamente prescritivos.

Enquanto no modelo prescritivo o projetista busca estar em conformidade com as normas, que ditam como o edifício deverá ser projetado, construído, mantido, e quais as exigências de soluções de projeto deverão ser observadas e onde se aplicam; no modelo baseado em desempenho o projetista tem libertade para analisar, avaliar e demonstrar, por exemplo, a solução em termos de segurança que melhor se adequa ao problema proposto, quer do ponto de vista técnico ou econômico. Dessa forma, há uma ênfase sobre como o edifício deve funcionar globalmente, pelo segundo modelo, considerando as interações entre edificação, sistemas de segurança contra incêndio, ocupantes e meio ambiente, prescindindo de soluções padronizadas (Mattedi, 2005, apud Meacham, 1997).

Relativamente à integração da segurança contra incêndio no processo de projeto, a autora constata que muitos arquitetos não condicionam seu processo de criação aos aspectos qualitativos da segurança, resultando assim uma concepção distinta daquela que poderia ser mais abrangente, com a premissa dos aspectos de segurança já incorporados.

Finaliza Mattedi (2005), constatando que a possibilidade da implantação do PBD no país decorrerá do atendimento a uma série de requisitos fundamentais e indispensáveis, como o amadurecimento da engenharia de incêndio, a qualificação técnica de profissionais (arquitetos e engenheiros, por exemlo) e de instituições (Corpo de Bombeiros e outros), políticas públicas direcionadas para a educação sobre segurança contra incêndio, investimentos em tecnologias de produtos e sistemas preventivos e, além de tudo isso, formação cultural e conscientização preventiva acerca do risco de incêndio.

Araujo (2004), em sua dissertação de mestrado, intitulada “INCÊNDIO EM EDIFICAÇÕES HISTÓRICAS: UM ESTUDO SOBRE O RISCO GLOBAL DE INCÊNDIO EM CIDADES TOMBADAS E SUAS FORMAS DE PREVENÇÃO, PROTEÇÃO E COMBATE – A metodologia aplicada à cidade de Ouro Preto”, abordou o Método de Gretener e o aplicou efetivamente para a determinação do risco global de incêndio em 29 edificações no bairro Antônio Dias.

O local onde foi feita a pesquisa, a “região de estudo”, inclui a Praça Antônio Dias, a rua Bernardo Vasconcelos, a rua do Aleijadinho, a rua da Conceição e a rua Felipe dos Santos. O assentamento local é constituído essencialmente por edificações residenciais. A partir de dados contidos no inventário de bens tombados do IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, a autora selecionou e analisou trinta edificações. Por fim, vinte e nove edificações tiveram o levantamento de suas cargas de incêndio efetuado dado uma delas ter sofrido modificações consideráveis em sua volumetria e se encontrar sob intervenção do IPHAN.

O trabalho de campo constou de anotação, quantificação e medição (cubagem) de elementos com carga combustível, presente nas edificações, como objetos, mobiliário, aparelhos eletrodomésticos e material de construção como um todo, propriamente dito. O levantamento amostral permitiu a autora identificar a composição média da carga de incêndio nas edificações do bairro e confirmar a expectativa da expressiva presença da madeira (material combustível, em 78%) nas edificações e respectivos mobiliários. Ainda pelo levantamento das cargas de incêndio nas edificações do bairro Antônio Dias, Araujo (2004) constatou que a carga de incêndio específica média, dos imóveis inspecionados (3.950,72 MJ/m2), superou em mais de 13 (treze) vezes o valor recomendado para a ocupação residencial, que é de 300 MJ/m2 (NBR 14432:2001). Segundo a autora, sua pesquisa compreendeu a Etapa II: bairro Antônio Dias, sequente ao “Diagnóstico do Risco Global de Incêndio em Ouro Preto – Etapa I: Rua São José”, que teve apoio do Movimento Chama e o financiamento da UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Ainda segundo esta, o cálculo do risco global de incêndio permitiu a visualização clara dos fatores de risco existentes nas edificações amostradas, que contribuem para o início, o desenvolvimento e a propagação do incêndio nas edificações. Entre as medidas de segurança avençadas – a primeira delas – foi a redução da carga de incêndio nos porões das edificações, seguido de outras como instalação de alarmes e brigada de incêndio, instalação de

hidrantes externos, recuperação de paredes de pau-a-pique, tratamento dos telhados e a instalação de detectores automáticos de incêndio.

O trabalho acadêmido de Araujo (2004) serviu e serve como referencial para outros pesquisadores aplicarem o Método de Gretener, além de ter contribuído para a edição da Instrução Técnica – 35 do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Minas Gerais, inédita entre os Estados da Federação, no que diz respeito a “Segurança contra Incêndio em Edificações Históricas”.

CAPÍTULO 3 - ARQUIVOS PERMANENTES