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Revisão de Literatura

2 REVISÃO DE LITERATURA

No Brasil, o asinino é constantemente utilizado na realização de trabalhos de transporte e tração, submetendo rotineiramente seu aparelho locomotor a tensões diversas, que culminam em lesões de graus variados, levando a problemas que os impossibilitam de realizar suas funções de forma eficiente (ZANELLA; HELESKI; ZANELLA, 2003).

Com o intuito de melhor localizar tais lesões, Stashak (1994) lembra que para o estudo radiográfico das alterações que ocorrem na região distal dos membros anteriores de eqüinos, deve-se obter inicialmente a história clínica, bem como a realização de um exame físico bem apurado. Posteriormente deve-se fazer uma correlação entre esses dados, para chegar-se a um diagnóstico. Dyson (1997) verificou que a técnica de bloqueio anestésico pode ser utilizada, como forma de identificação do ponto de origem da lesão, podendo este protocolo ser realizado nas avaliações de asininos.

Utilizando técnicas de injeção de contraste radiográfico, autores como Said et al. (1983) e Breit (1996) determinaram a origem, inserção, posição, relações e mensuração de bainhas tendíneas dos principais músculos que compõem a região distal dos membros torácicos dos asininos, bem como o estudo das articulações adjacentes a essa região, classificando-os e sugerindo sua nomenclatura, facilitando o acesso regional para exame diagnóstico e medidas terapêuticas. Quando comparados com os eqüinos observaram alguma similaridade, com relação às estruturas estudadas (ABDALLA, 1988a, 1988b).

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Inúmeras são as alterações que podem acometer as estruturas da região distal dos membros torácicos de eqüinos e asininos, destacando-se a laminite, osteítes, calcificações das cartilagens alares, bem como as fraturas do processo extensor (HOOD, 2002; RUOHONIEMI, 1997). Nesse contexto, Dyson (1997) percebeu a importância do conhecimento anatômico e radiográfico desta região, como uma ferramenta para a observação da morfologia das estruturas encontradas, seu grau de comprometimento e suas conseqüências para a locomoção.

A região distal dos membros anteriores dos eqüídeos inicia-se a partir da extremidade proximal dos ossos metacarpianos, englobando também ossos sesamóides proximais, articulações interfalangeanas proximal e distal, bem como o osso sesamóide distal (navicular) (DYCE; SACK; WENSING, 1997).

Ainda de acordo com esses autores, anatomicamente, a região distal dos membros torácicos de eqüinos é formada por uma série de estruturas que contribuem direta ou indiretamente para manutenção do equilíbrio desse animal. Segundo as observações realizadas por Getty (1986); Nickel et al. (1986) e Clayton et al. (1997), a articulação metacarpofalangeana é uma articulação do tipo gínglimo, sendo formada pela superfície articular do terceiro osso metacarpiano com a extremidade proximal da falange proximal e os dois ossos sesamóides, ligados pelo ligamento metacarpointersesamóide palmarmente. König (2004) e Getty (1986), descreveram a cápsula articular como estando inserida ao redor das margens das superfícies articulares. Sendo espessa e ampla, apresenta uma bolsa interposta entre ela e os tendões extensores digitais, contudo os últimos também se encontram inseridos na mesma. Palmarmente, forma uma bolsa fina, de parede delgada,

estendendo-se proximalmente entre os ossos metacarpianos e tendão interósseo, até seu ponto de bifurcação. Lateralmente, a cápsula apresenta um reforço extra, proporcionado por dois ligamentos colaterais.

Vários ligamentos também se encontram associados ao mecanismo de sustentação, muitas vezes denominados de aparelho suspensório. Dentre eles o ligamento metacarpointersesamóide ocupando o espaço entre os ossos sesamóides e emitindo contribuições para a articulação do boleto (CLAYTON et al., 1997; GETTY, 1986; NICKEL et al., 1986). Os ligamentos colaterais, que surgem ao lado da eminência distal do terceiro metacarpiano seguem até uma área rugosa distal, a margem da superfície articular da falange proximal, cobertos por porções do ligamento suspensório ou sesamóideo superior (CONSTANTINESCU, 1991; SMALLWOOD, 1992). O tendão interósseo ou ligamento suspensório surge em sua maior parte no sulco metacárpico, no qual forma uma faixa espessa, inserido parcialmente na superfície proximal do terceiro metacarpiano e fileira distal dos ossos do carpo, dividindo-se em dois ramos divergentes no quarto distal desse osso que se insere na porção abaxial dos ossos sesamóides proximais (FRANDSON, 1967; KÖNIG, 2002).

Descrições realizadas por Frandson (1967); Constantinescu (1991) e Smallwood (1992) revelaram que em dissecações mais profundas podemos evidenciar os principais ligamentos sesamóideos distais: o ligamento sesamóideo reto e ligamento sesamóideo oblíquo. O primeiro apresenta-se como uma faixa plana, e mais largo proximalmente que distalmente, apresentando uma inserção proximal na base dos ossos sesamóides e ligamento palmar e sua inserção distal à

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fibrocartilagem complementar da extremidade proximal da falange média. O segundo apresenta uma característica triangular e inserindo-se também com uma área de inserção proximal na base dos ossos sesamóides e ligamento palmar e sua inserção distal na superfície palmar da falange proximal. Por último, o ligamento palmar da articulação interfalangeana proximal adota uma orientação dorsopalmar, surgindo no terço médio da falange proximal, inserindo-se distalmente no aspecto palmar da extremidade distal da falange média. Os ligamentos colateral lateral e medial apresentam sua inserção proximal em uma eminência rugosa e na depressão que se encontra de cada lado da extremidade distal da falange proximal e sua inserção distal na extremidade proximal da falange média.

A articulação interfalangeana distal é formada pela extremidade distal da falange média e proximal da falange distal. Apresenta um encaixe preciso dorsalmente e dos lados, onde se une ao tendão do músculo extensor digital comum e os ramos extensores do tendão interósseo (GETTY, 1986; NICKEL et al., 1986). Em sua superfície palmar, se observa uma discreta bolsa reforçada pelo ligamento sesamóideo reto. Outros ligamentos de menor importância, como os ligamentos colaterais, observados de cada lado da articulação e palmares, que consistem de um par central e duas faixas lateral e medial, auxiliam na estabilização dessa articulação (CONSTANTINESCU, 1991; GETTY, 1986; NICKEL et al., 1986).

Por fim, a articulação interfalangeana distal. Apresenta uma cápsula articular que se insere ao redor das margens das superfícies articulares. Dorsal e lateralmente é tensa, encontrando-se unida com o tendão do músculo extensor comum do dedo e ligamentos colaterais da mesma (KÖNIG, 2002).

Descrições realizadas por Getty (1986) demonstraram que como contribuição para estabilidade do aparelho locomotor dos eqüinos, estes apresentam grupamentos musculares bem distintos que geram um equilíbrio harmônico entre as forças de extensão (divisão extensora) e flexão (divisão flexora) tanto no membro torácico quanto no pélvico. Nickel et al. (1986) observaram que para o membro torácico, em particular, à exceção dos músculos extensor radial do carpo, músculo abdutor longo do dedo I, músculo flexor carporadial e flexor carpoulnar, todos os demais influenciam diretamente no movimento e estabilidade da região distal desse membro. Originam-se nas partes mais altas do membro e se inserem distalmente, ao nível das articulações e acidentes ósseos regionais.

De acordo com Constantinescu (1991), o músculo extensor digital comum é participante fundamental nesse conjunto, constituído por uma porção umeral e outra menor, surgida essencialmente do rádio e da ulna. Tem como principal ação para essa região a extensão da articulação digital e cárpica. Getty (1986); Dyce e Sack e Wensing (1997) demonstraram que a porção umeral apresenta um tendão que surge ao meio do seu ventre de disposição penada, orientando-se através da parte cranial da extremidade distal do rádio e sobre a cápsula articular cárpica. Para Frandson (1967) e könig (2002) passa distalmente sobre a superfície dorsal do terceiro metacarpiano, inclinando-se medialmente, até alcançar a linha média do membro próximo à articulação metacarpofalangeana. Torna-se mais largo na extremidade distal da falange proximal por encontrar-se com o tendão do ligamento interósseo nesse ponto, até inserir-se no processo extensor da falange distal. Algumas vezes recebe contribuição distal da porção menor do músculo, que também segue sobre o terceiro metacarpiano.

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Outro músculo que exerce papel importante nesse contexto é o músculo extensor digital lateral. Embora seja menor do que o primeiro, auxilia no mecanismo de suporte articular de extensão do dígito e do carpo. Apresenta um tendão que passa através do processo estilóide lateral, na extremidade distal do rádio e sobre o carpo (CONSTANTINESCU, 1991; GETTY, 1986; NICKEL et al., 1986). Inclina-se gradativamente sobre a superfície dorsal do terceiro metacarpiano, mas não chega a atingir a linha média do osso. Distalmente ao carpo torna-se mais largo e nesse ponto recebe contribuição da porção radial do músculo extensor digital comum (SMALLWOOD, 1992).

A divisão flexora apresenta três músculos de importância básica para a região distal dos membros torácicos: o músculo flexor digital superficial, o músculo flexor digital profundo e o tendão interósseo (GETTY, 1986; KÖNIG, 2002; NICKEL et al., 1986). Para Frandson (1967) o primeiro apresenta-se localizado no meio do grupo flexor. Seu ventre é multipenado e parcialmente fundido com o do músculo flexor digital superficial. Apresenta um tendão espesso que passa distalmente ao nível do canal cárpico, envolvido por uma bainha sinovial em comum com o músculo flexor profundo dos dedos. Segundo Nickel et al. (1986) e König (2002), distal ao carpo, torna-se achatado e mais largo, alargando-se ainda mais próximo ao boleto, onde forma um anel de passagem para o músculo flexor digital profundo dos. Em suas observações, Constantinescu (1991) verificou que na extremidade distal da falange proximal este tendão se divide em dois ramos que divergem até seus pontos de inserção na extremidade proximal e distal da falange média, palmar aos ligamentos colaterais.

Ainda na divisão flexora, o músculo flexor digital profundo é composto por três porções: umeral, ulnar e radial, das quais a primeira possui maior contribuição no trabalho muscular (DYCE; SACK; WENSING, 1997; GETTY, 1986). As descrições realizadas por Getty (1986) demonstram que porção umeral apresenta um tendão que aparece cerca de 8 a 10 cm próximo ao carpo, onde se une ao tendão das outras duas porções. Esse conjunto passa através do canal cárpico e a partir da metade do terceiro osso metacarpiano é envolvido pelo ligamento acessório. Ainda segundo relatos desses mesmos autores, esse tendão ocupa toda largura entre o II e IV ossos metacarpianos, se relacionando dorsalmente com o tendão interósseo e palmarmente com o flexor digital superficial. Passa através do anel do músculo flexor superficial do dedo até sua inserção na linha semilunar e superfície adjacente da cartilagem da falange distal, formando uma expansão terminal em forma de leque. Segundo Dyce, Sack e Wensing (1997); König (2002) e Nickel et al. (1986) ocorre ainda uma cavidade denominada bolsa podotroclear do osso sesamóide distal (navicular), que pode ser observada entre este tendão e o sesamóide distal, das proximidades desse osso até a inserção do tendão.

O último músculo do grupo é o interósseo médio. Este faz parte de um grupo muscular, do qual participam ainda o interósseo lateral e médio. Contudo, estes dois últimos não representam importância relevante do ponto de vista da funcionalidade, por serem pequenos e possuírem tendões delicados que se perdem nas fáscias da articulação metacarpofalangeana. O tendão interósseo caracteriza-se como um conjunto de fibras dispostas longitudinalmente que apresenta uma inserção proximal ao nível da articulação cárpica e sua inserção distal, após emitir seus ramos

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extensores junto ao tendão do músculo extensor digital comum (GETTY, 1986; DYCE; SACK; WENSING, 1997).

Conforme as observações de Dyce, Sack e Wensing (1997), tal qual o estudo anatômico das estruturas musculares do eqüino, compreensão do sistema circulatório da região distal dos membros torácicos desses animais é fundamental para um bom entendimento das ramificações vasculares e sua sintopia com outras estruturas encontradas na mesma região. Getty (1986) e Dyce, Sack e Wensing (1997), descreveram a artéria subclávia como o ramo que dá origem ao sistema que vasculariza o membro torácico, que após emitir a artéria cervical superficial torna-se axilar. Descrições Nickel et al. (1981); Getty (1986) e könig (2002) demonstraram que a artéria axilar surge da borda cranial da primeira costela e segue até a cavidade torácica através da metade ventral da entrada do tórax.

König (2002) relata que a artéria torácica externa é emitida na superfície ventral da artéria axilar. Frandson (1967) e Constantinescu (1991) relataram que eqüinos observa-se a artéria supra-escapular surgindo da parede dorsal da artéria axilar, no mesmo nível da origem da torácica externa. De acordo com Ashdown, Done (1987) e Clayton e Flood (1997), nos animais domésticos a artéria subescapular também surge da parede dorsal da artéria axilar, seguindo seu curso caudal a borda da escápula. Com exceção dos suínos, observa-se uma curvatura distal da artéria axilar ao nível da região flexora da articulação escápulo-umeral, originando a artéria circunflexa umeral cranial. A partir daí continua-se como artéria braquial.

A artéria braquial segue um percurso reto até o nível da articulação umero- rádio-ulnar, forame supracondilar transverso e sobre a cobertura do músculo peitoral transverso (SMALLWOOD, 1992). Ao longo de seu curso emite ainda outros ramos; a artéria braquial profunda e subseqüentemente a artéria colateral ulnar (ASHDOWN; DONE, 1987; CLAYTON; FLOOD, 1997). A artéria bicipital é um vaso calibroso que vasculariza a metade distal do músculo bíceps braquial. Outros de seus ramos podem seguir para as regiões vizinhas, particularmente o músculo coracobraquial e articulação do cotovelo (GETTY, 1986). Em eqüinos pode ser observada, ainda, a artéria nutrícia umeral, que segue distalmente a artéria bicipital (NICKEL et al., 1981).

De acordo com Getty (1981); Dyce, Sack e Wensing (1997) e König (2002), após dar o ramo da artéria interóssea comum, próximo ao espaço interósseo, a artéria braquial segue como artéria mediana. Junto ao nervo e veia do mesmo nome, segue caudomedialmente ao longo do rádio, em uma direção distal, onde é coberto por fascias do músculo flexor radial do carpo. Em suas observações, Nickel et al. (1981) descreveram que na fossa formada entre o tendão do músculo flexor digital superficial e profundo, esta continua sobre o aspecto flexor da articulação cárpica e região metacarpiana passando a seguir um trajeto paralelo ao eixo desse osso. Neste nível, esta contribui para a formação do arco palmar, do qual origina-se a artéria digital palmar comum.

Estes mesmos autores ainda relatam que nos eqüinos o arco palmar é formado pelo ramo palmar profundo da artéria radial e pelo ramo palmar profundo do ramo palmar que se origina da artéria mediana. O arco palmar profundo dá origem à

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artéria metacárpica palmar II e III que terminam junto da artéria digital lateral. Ramos perfurantes proximais e distais podem estar presentes. Seguem perifericamente ao redor da cabeça do segundo e quarto ossos metacarpianos formando dois ramos comunicantes através de anastomoses para as artérias metacarpicas dorsais.

A rede carpal dorsal é formada pelo ramo carpal dorsal da artéria radial proximal, pelo ramo distal da artéria ulnar transversa e pelo ramo carpal da artéria interóssea cranial e artéria colateral ulnar (DYCE; SACK; WENSING, 1997; NICKEL et al., 1981). A partir desta rede originam-se as artérias metacárpicas dorsais II e III que terminam ao nível da cabeça do segundo e quarto ossos metacarpianos (GETTY, 1986; KÖNIG, 2002).

O ramo superficial da artéria radial termina na artéria mediana, na parte proximal do metacarpo (ASHDOWN; DONE, 1987; CLAYTON; FLOOD, 1997). Um ramo palmar superficial muito delgado, que algumas vezes junta-se a artéria mediana, forma o arco palmar superficial. Quando isto acontece, este se localiza ao longo do ramo comunicante do nervo palmar, que se continua diretamente para a artéria digital palmar comum III. Havendo ou não um arco palmar superficial a artéria mediana continua-se como artéria digital palmar comum, mais tarde originando as artérias digital palmar lateral e medial, que irão emitir ramos dorsais para a falange proximal após a articulação metacarpofalangeana. A superfície dorsal da extremidade distal do membro é vascularizada pelos ramos proximal, médio e distal das duas artérias digitais próprias emitidas para a falange média e distal (NICKEL et al., 1981). Esses mesmos ramos foram denominados ramos dorsais e ramos palmares para a falange proximal por Schaller et al. (1999).

Todo o conjunto desenvolvido a partir da interação existente entre o sistema muscular, agente realizador das funções mecânicas, e pelo sistema circulatório, agente responsável pela manutenção desse conjunto contribuem para o equilíbrio biodinâmico corpóreo do eqüino. Nesse contexto, os tendões e ligamentos têm uma função primordial durante o estado de estação ou movimento, visto que atuam como transmissores de forças e coaptares da articulação, envolvidos especialmente na suspensão do boleto (DENOIX, 1994). De acordo com Riemersma (1988) por apresentarem propriedades elásticas, têm como maior função à absorção de impactos, apresentando, ainda, a característica de armazenar ou liberar energia, reduzindo assim o gasto de energia na locomoção, especialmente em velocidades mais elevadas.

Em suas observações, Denoix (1994) verificou que em membros torácicos de eqüinos adultos dentre diversas raças e individualmente, a área de secção transversal do tendão flexor digital superficial, flexor digital profundo e tendão interósseo varia consideravelmente na direção proximodistal. Conforme as observações de Riemersma e Schamhardt (1985) e Riemersma; Schamhardt e Hartman (1988), existe uma correlação inversa entre a secção de área transversal, o número de fibras tendíneas e a quantidade de colágeno, sugerindo que a área de secção de área transversal não seja representativa de força para os tendões em eqüinos.

Descrições realizadas por Denoix (1994) demonstraram que a correta orientação do membro é controlada pelo tendão flexor digital superficial que induz a flexão da articulação interfalangena distal a restaurar o posicionamento do membro,

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no final da fase de suspensão. Durante essa ação o tendão extensor digital lateral e digital comum mantêm a articulação do boleto estendida. Silver, Brown e Goodship (1983) observaram que em pôneis, ao caminhar, a atividade muscular precede o contato do membro com o solo, cujo principal objetivo é de prevenir a distensão e vibração no tendão, sendo esta prevenção particularmente auxiliada pela fáscia metacarpal palmar e ligamento anular.

Durante a máxima extensão o boleto induz alta tensão no tendão flexor digital superficial e em seu ligamento acessório. Dessa forma, todo o aparelho suspensório fica sobre alto estresse (DYSON, 2003). Em acordo com este ultimo, Denoix (1994) verificou como conseqüência, alta distensão do tendão interósseo, ossos sesamóides e ligamento sesamóide distal. A flexão da articulação interfalangena distal é limitada pela tensão da parte distal do tendão extensor digital comum e ramo extensor do tendão interósseo, que contribui para a estabilização da articulação interfalangeana proximal. Evans e Barbenel (1975) lembram que embora se observe uma importante contribuição para a estabilização interfalangeana e suspensão do boleto, por parte do tendão flexor digital superficial e seu ligamento acessório, a maior contribuição dar-se-á através da ação do tendão interósseo e tendão flexor digital profundo.

Rooney, Quddus e kingsbury (1978) em seus estudos com eqüinos observaram que durante o último período da fase de suspensão, que promove uma verticalização da articulação interfalangena proximal, a elevação do boleto é induzida pelo comportamento elástico passivo do aparelho suspensório, tendões flexores e ligamentos acessórios, que são fortemente distendidos anteriormente a

fase de máxima extensão, havendo ainda uma contribuição adicional promovida pela contração dos ventres do músculo flexor digital. Evans; Barbenel (1975) acreditam que no final da propulsão, a flexão do boleto é acompanhada por um relaxamento do aparelho suspensório. Por causa do deslocamento proximal do osso sesamóide proximal, o tendão interósseo torna-se relaxado, também devido à extensão da articulação interfalangeana distal.

De acordo com a condição estática observada tanto em eqüinos vivos, quanto em membros isolados, modificações da orientação do membro em seu plano sagital, induzem deslocamento articular distal e rearranjo das tensões dentro dos tendões flexores e aparelho suspensório (DENOIX, 1994; LECH, 1983).

A elevação do talão promove a flexão da articulação interfalangeana distal, induzindo um parcial relaxamento do tendão flexor digital profundo (BUSHE et al., 1988; DENOIX, 1985). Assim, a contribuição desse tendão para a suspensão da articulação do boleto diminui e a articulação estende (RIEMERSMA; SCHAMHARDT, 1988). Essa extensão é responsável por uma grande participação do aparelho suspensório na suspensão do boleto (KEEGAN, 1991; RIEMERSMA; SCHAMHARDT, 1988; THOMPSON; CHEUNG; SILVERMAN, 1992).

A avaliação da distensão do tendão interósseo durante o movimento demonstrou que tal distensão encontra-se positivamente correlacionada com o ângulo de inclinação da muralha do casco quando esta assume valores acima de 65 graus e que um aumento de 10 graus na muralha do casco corresponde a um aumento de 0.6% na tensão do tendão (DENOIX, 1985, 1994; DENOIX;

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BERTHELET, 1987; KEEGAN, 1991; RIEMERSMA; SCHAMHARDT; HARTMAN, 1988).

Estudos realizados por Rooney (1978); Lochner et al. (1980) e Denoix (1994), constataram que, In vivo, a mensuração da distensão do tendão de cavalos adultos em posição de estação e, enquanto caminhavam, demonstrava uma diminuição na tensão do tendão flexor digital profundo, quando se aumentava a angulação da

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