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Para cultivar a sabedoria, é preciso força interior. Sem crescimento interno, é difícil conquistar a autoconfiança e a coragem necessárias. Sem elas, nossa vida se complica. O impossível torna-se possível com a força de vontade. Dalai Lama

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Citando o Livro Branco sobre o Desporto,

“A Europa é o berço do ideal olímpico. O desporto atrai a maioria dos cidadãos da Europa e aqui se pratica grande parte das disciplinas e competições desportivas de destaque internacional. O desporto desempenha um importante papel social, complementar das suas dimensões desportiva e económica.”(European Comission, 2007, p. 5).

Ján Figel (Comissário Europeu responsável pelo desporto em 2007) no prefácio do Livro Branco, referencia desta forma a importância do desporto no âmbito Europeu e particulariza a sua vertente social.

Este documento tem por objectivo propor linhas de orientação para políticas reguladoras do desporto na UE, uma das consequências foi o surgir do MDE (Modelo Europeu de Desporto) que de acordo com Tenreiro (2012, p. 27) se caracteriza por ser uma federação de organizações associativas que se relacionam de forma piramidal, criando e desenvolvendo competitividade, bem estar social e garantindo um desempenho eficaz dos mecanismos financeiros de solidariedade em relação às organizações hierarquicamente mais baixas.

De relevância o facto de a UE a partir dos anos 90 ter consigo legislar sobre o desporto sobrepondo-se às políticas do Concelho da Europa, colocando-se na posição de regulador público para toda a comunidade, sendo este um caso único no mundo, dado sobrepor-se aos sistemas desportivos nacionais (Tenreiro, 2016, P. 28).

O Livro Branco é pertinente para o nosso estudo porque pelo atrás referido, nos OE constam verbas destinadas ao desporto que se destinam às Federações desportivas, organismos associativos que fazem parte da estrutura referida naquele documento.

Focando-nos agora no nosso estudo científico, cujo âmbito é nacional iremos avaliar como os sucessivos governos viram o desporto e qual a consequência das suas decisões em Portugal Continental.

Percebemos quais os organismos que tomam decisões e quais as colocam em prática, visando o desenvolvimento da prática desportiva no nosso país bem como noutros países que encontram no desporto o veículo para colmatar uma série que situações relacionadas com a saúde

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da população, bem-estar social, desenvolvimento regional e local, sob a orientação de linhas de orientação traçadas pela UE e legisladas pelos governos nacionais.

É sobejamente reconhecido a boa influência do desporto na melhoria do comportamento Humano, ao nível pessoal, da saúde e social, indo à essência do Ser, formando-o enquanto peça fundamental de um puzzle que é a Sociedade. Este reconhecimento hoje em dia está consolidado, sendo objecto de recomendações e referências em variadíssimos documentos e publicações nacionais e internacionais tendo obrigado a CE a criar organismos ou grupos de trabalho que visam

a regulação do desporto e da prática desportiva3.

No âmbito do princípio da descentralização da acção do Estado, encontramos no poder autárquico um parceiro privilegiado na definição e implementação de políticas públicas centrais e locais para a área do desporto, constituindo um valioso contributo para o bem-estar dos portugueses (Teixeira, 2009, p. 27).

Diz Matos (2013, p. 91), referindo o exemplo de Braga onde há uma priorização do desporto, na função social da autarquia através de processos de cooperação com as entidades promotoras do desporto, corroborado por Sousa (2013, p. 136) em que este afirma que é prioritário o desporto para todos e secundariza o desporto de elite, devendo este ser da responsabilidade dos clubes e associações desportivas.

Vamos dar uma perspectiva de como o desporto é visto noutras realidades e como chega à população.

1. EUA

Nos EUA, o desporto é vivido de forma muito intensa e mediática pela população em especial quando esta está envolvida na actividade ou evento. É absorvido pela população local, os valores das equipas que marcam a actividade desportiva, por exemplo, os Cleveland Indians que em 1948 ganharam a World Series, tinham toda a população da cidade envolvida num sentido de comunidade nunca antes visto. Este sentido de pertença leva à valorização da actividade

3 A HEPA, Convenção contra a Dopagem do Conselho da Europa, grupos de trabalho <<Desporto e Diplomacia>> e <<Desporto de Base>> de entre outros grupos de trabalho.

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desportiva, dos atletas, do clube e como retorno a localidade ou cidade é valorizada tal como a província, podendo mesmo atingir o país como um todo, de acordo com a projecção que o acontecimento desportivo atinja (Leeds, Allmen, & Matheson, 2018, p. 159).

No domínio local, dizem os autores, que ao se ter uma equipa com esta valorização, a mesma torna-se num “bem público”. Esta valorização, ultrapassa a dimensão do clube, no entanto, está nele a mais valia neste processo desportivo, tendo hoje em dia um peso enorme na perspectiva do desenvolvimento desportivo (Leeds et al., 2018, p. 158).

Para percebermos melhor o que se pretende dizer e entendermos a dimensão financeira do contexto desportivo internacional Lourenço & Guadalupe (2017, p. 53), referem que são astronómicas e inimagináveis os montantes por trás da actividade desportiva de alto nível.

A Forbes4 divulga números relativos, por exemplo à liga NBA, que entre 2016 e 2025

receberá 24 mil milhões de dólares americanos de direitos televisivos, em termos de atletas, o pugilista Floyd Maywater ganhou no último combate 140 milhões de dólares americanos, Cristiano Ronaldo recebeu 85 milhões de euros em vencimentos e direitos de imagem na época 2015-2016, em termos de empresários desportivos Jorge Mendes na mesma época facturou 40 milhões de euros em comissões de compra e venda de jogadores e o empresário norte americano Scott Boras facturou 200 milhões de dólares americanos em transferências na NFL (Lourenço & Guadalupe, 2017, p. 53).

Pelo atrás exposto, facilmente se entende que a ligação entre o desporto e a sociedade se tornam profundas com consequências mais sérias no clube da cidade, do que apenas numa equipa ou num atleta de sucesso e de projecção nacional ou mesmo internacional. Temos como exemplo desta relação a equipa “The Montreal Canadiens” ou o FC de Barcelona símbolos de algo muito superior a eles, tendo minorias étnicas usando-os como símbolos nacionalistas (Barça é um símbolo do separatismo Catalão) (Leeds et al., 2018, p. 160).

4 Revista da área dos negócios e economia com sede em NY, que documenta as áreas da finança, indústria investimentos e marketing (https://www.forbes.com/#7cae0e3e2254).

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A valorização do Atleta, do Treinador, da Equipa Técnica, do suporte Administrativo, da direcção da entidade promotora, para além de outros agentes que estão na escala hierárquica (vertical e horizontal), levou ao longo do tempo a que outras dimensões paralelas a todo este processo, surgissem e se desenvolvessem, como por exemplo o marketing desportivo, a publicidade directa e indirecta, as condições contratuais nas suas diversas frentes e as condições das instalações.

As cidades beneficiam desta situação, na sequência do investimento feito em instalações desportivas. A qualidade dessas instalações e o que as mesmas permitem, em termos da prática desportiva, da realização de eventos desportivos, até mesmo a realização de outras actividades não referidas, como concertos musicais, espectáculos alternativos, (Leeds et al., 2018, p. 160), são o motivo da fixação de clubes, equipas e atletas à localidade/cidade, pois têm a possibilidade de usufruírem dessas instalações a título gratuito ou por um montante simbólico. Diz (Barros, 2006, p. 288) que a dimensão da cidade e dos clubes está intimamente correlacionada, sendo que as maiores cidades têm os maiores clubes que por sua vez ao terem melhores condições económicas conseguem contratar os melhores jogadores, os melhores técnicos e portanto atingem melhores resultados que os clubes de cidades com outras dimensões menores. Este facto tem associado os adeptos dado que estes também colaboram no suporte financeiro do clube local.

Naturalmente, que o objectivo é que as mesmas sejam rentáveis e o seu potencial aproveitado ao máximo. Sob este ponto de vista, Conceição (2007, p. 118) afirma que se deve procurar a melhoria na gestão dos equipamentos, tornando-a mais eficaz, racional e integrada, articulando os diversos tipos e categorias de prática desportiva de modo a promover uma utilização, no tempo e no(s) espaço(s) mais sustentada. Isto leva a que, para um investidor privado, o retorno do capital investido seja muito baixo ou mesmo deficitário, sendo necessária a intervenção do Estado no sentido de apoiar através de subsídios a sustentabilidade destas instalações (Januário, Lopes, & Carvalho, 2012, p. 340).

Todo este processo de investimento e desenvolvimento do desporto e da comunidade, tem implicações em termos políticos, financeiros e de mercado. A falha do mercado devido a

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externalidades5, pode ocorrer por diversas razões. Por exemplo por o mercado de consumidores

ser muito reduzido ou mesmo ineficaz na satisfação das necessidades dos cidadãos apesar dos recursos existentes. As determinações do governo, devem ir no sentido de regular o que faltou aos agentes públicos para satisfazer aquelas necessidades, constituindo-se como uma falha, quando falta da parte do estado aquela regulação levando a que por diferentes motivos agentes privados desportivos sejam prejudicados ou lesados (Leeds et al., 2018, p. 161; Tenreiro, 2016, p. 98).

Há externalidades positivas e negativas, sendo positiva por exemplo quando uma entidade não envolvida directamente na actividade desportiva recebe benefícios inesperados dessa acção (como exemplo uma empresa já existente de produtos desportivos localizada próxima do local onde se vai construir a nova instalação, vai beneficiar desse facto sem ter de fazer novos investimentos). Uma externalidade negativa ocorre por exemplo quando uma entidade assume custos de uma transacção para os quais não recebeu qualquer tipo de compensação (Leeds et al., 2018, p. 161; Tenreiro, 2016, p. 98).

À volta desta questão desportiva, de referir que, quando uma cidade assume a decisão política da construção de uma instalação desportiva, vai ter de se preparar para os efeitos a que toda a zona envolvente vai estar sujeita. E de acordo com a dimensão da mesma, os equipamentos complementares necessários. Deve projectar por exemplo, parques de estacionamento, zonas comerciais (podem estar dentro da instalação ou na zona envolvente), comércio permanente que se desenvolve em volta da instalação e o comércio específico que surge no momento dos grandes eventos, sejam eles de que natureza forem afectam custos e podem aumentar significativamente o investimento inicial (Leeds et al., 2018, p. 164).

O eventual aumento do custo do imobiliário, a eventual alteração de transportes públicos ou mesmo a necessidade de criar novas linhas de transporte público para levar a população à

5 Como exemplo de externalidades positivas e negativas: Jogadores e adeptos desportivos, acidentes e dopagem, cidadãos com uma vida desportiva activa, árbitros, dirigentes, treinadores, voluntários, corrupção desportiva, etc. (Tenreiro, 2016, p. 98). “Uma externalidade é um custo ou benefício não planejado e não intencional que uma empresa impõe a um terceiro que não tem voz na prestação de um bom serviço pela empresa” (Leeds et al., 2018, p. 161)

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instalação desportiva, para além de outras (Leeds et al., 2018, pp. 168–171), são tudo questões tidas em consideração no momento deste tipo de decisões e que valorizam o investimento público feito no sentido de proporcionar a prática da actividade desportiva.

2. Espanha / Alemanha

Segundo Martínez-Lemos & Romo-Pérez (2015, p. 71) em Espanha foram realizados muito poucos estudos macroeconómicos relacionados com o desporto. No entanto, vamos analisar estudos que nos mostram a realidade espanhola no domínio da organização do desporto em termos públicos, assim como é que na Alemanha sector público apoia o desporto. Na Alemanha à semelhança de outros países, o apoio ao desporto é das parcelas orçamentais que sofre cortes em função das necessidades de outros sectores prioritários, o governo federal dá aos 16 estados autonomia para decidirem sobre os seus orçamentos, nos quais está incluído o desporto (Dallmeyer, Wicker, & Breuer, 2017, p. 245).

Um estudo realizado por García-Unanue, L. Felipe, del Corral, & Gallardo (2016, p. 43), deu a conhecer que, desde os anos 90 que a reforma dos serviços públicos com base numa nova metodologia denominada Nova Gestão Pública, promoveu a descentralização numa estrutura organizacional autónoma de cada serviço e na adaptação da gestão para estilos e técnicas vindos do sector privado. De salientar, a importância dos serviços públicos desportivos e o enorme crescimento que sofreram nos anos recentes (Unanue et al., 2016, p. 43).

É através dos serviços públicos locais que são feitos os investimentos no desporto ultrapassando os 90% do gasto neste sector. Sendo o desporto municipal o pilar do desporto em geral, são os ayuntamentos que detêm 80% das instalações desportivas e é nestas que mais de 50% da população usufrui dos serviços colocados disposição e que são os mesmos do sector privado (Unanue, Felipe, & Gallardo, 2015, p. 113).

A gestão, na sequência da descentralização levada a cabo, foi delegada ao sector privado e para controlar o desempenho destes, foram criadas pequenas entidades municipais, com grande autonomia, flexibilidade, orientação para o cliente e cultura do negócio, sendo que a aplicação

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deste modelo depende das características de cada cidade e município. De salientar que aquelas entidades são empresas publicas sujeitas a legislação do sector privado, organizações autónomas que funcionam de acordo com as regras dos governos municipais e fundações que se regem por legislação própria. Toda esta reforma foi acompanhada pela aplicação de uma métrica que visa o desempenho e de grande importância para a gestão, tendo permitido que se fixassem objectivos realistas, promovendo transparência, identificando oportunidades e promovendo a melhoria dos serviços prestados (Unanue et al., 2016, p. 44).

O modelo Alemão não encontra no estado directivas para o apoio formal ao desporto em termos financeiros, a promoção desportiva é levada a cabo pelo governo federal que se foca no desporto de elite, em conjunto com os 16 estados, tem a responsabilidade de promover o desporto amador e as grandes opções desportivas. A despesa pública no desporto agrupa-se em quatro grandes grupos, o primeiro respeitante à promoção desportiva, o segundo e terceiro grupos, incluem despesas indirectamente relacionadas com a actividade desportiva e de substituição (alternativas para quem não pratica desporto – actividades culturais, museus, teatros, etc), o quarto grupo de despesas são todas as restantes que não têm nada a haver com o desporto. No que diz respeito exclusivamente à parcela relacionada com o desporto, os estados distinguem três áreas de acção e apoio: Instalações desportivas (não se incluem as piscinas), despesas em piscinas e a terceira área que compreende tudo o resto que inclui quase em exclusivo o subsídio a clubes desportivos (Dallmeyer et al., 2017, pp. 246-247).

Martínez-Lemos & Romo-Pérez (2015, p. 73) no seu estudo referem que o tecido empresarial no desporto é constituído por 18.167 empresas, que compreende empresas unipessoais, profissionais individuais e microempresas, ou seja, entidades com menos de 10

colaboradores6. A conclusão do estudo foi que a maioria dos profissionais se encontram nas

quatro comunidades com melhores condições, Catalunha, Madrid, Andaluzia e Valência comunidades estas com maior número de habitantes e PIB.

6 Não nos foi possível fazer uma associação com a mesma perspectiva com dados relativos aos profissionais em Portugal.

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Na Alemanha existem mais de 91.000 clubes desportivos, que recebem subsídios do governo e são os mais importantes “fornecedores” de atletas, com 27,3 milhões de membros (um terço da população alemã) (Dallmeyer et al., 2017, p. 246).

Sendo Espanha constituída por dezassete regiões, o planeamento das instalações desportivas, é feita tendo em consideração o Plano Director Local, o Plano Geral de Ordenamento Urbano e o Plano Director Autonómico das Instalações Desportivas esta hierarquização funciona em todas as comunidades de Espanha. De referir que em termos locais não são construídas instalações sem que se tenha em consideração as já existentes e o seu impacto junto da população do município. Esta hierarquização organizativa mostra o nível de evolução em que se encontram (Gallardo, Burillo, García-Tascón, & Salinero, 2009, p. 298).

O facto de as autarquias apostarem em infra-estruturas desportivas demonstram um elevado nível económico em termos regionais e locais, dado que se mexe em interesses económicos quando se projecta e localiza geograficamente uma instalação desportiva (Burillo, Barajas, Gallardo, & García-Tascón, 2011, pp. 1755–1756). Na conclusão deste estudo, é referido que há uma relação importante entre o grau de desenvolvimento económico em cada região espanhola e o nível dos serviços das infra-estruturas desportivas. Refere ainda, que um investimento insuficiente em infra-estruturas desportivas, leva a poucas oportunidades para Actividades Físicas pela população (Burillo et al., 2011, pp. 1755–1756).

Relativamente às infra-estruturas estas muitas vezes são integradas em escolas e universidades que desenvolvem programas destinados à população, despesas que estão no segundo grupo são consideradas externalidades e na sua maioria relacionam-se com a promoção da prática desportiva associadas à saúde, outro tipo de despesas são as ligadas ao meio ambiente, tais como a construção de parques verdes recreativos e de actividades outdoor (Dallmeyer et al., 2017, p. 247).

No Anuário Deportivo de 2017 (Espanha) e relativo ao período de 2011 a 2016, demonstra- se que esta política desportiva, levou a um aumento significativo do mercado de emprego no desporto, aumento do numero de empresas na área desportiva (79,2%), seguida de empresas na área do comércio de artigos desportivos (20.2%) e por fim mas numa proporção muito reduzida,

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empresas de fabrico de artigos desportivos (0.6%), localizadas nas províncias da Andaluzia, Catalunha e a Comunidade de Madrid. Relativamente ao número de praticantes, em 5 anos houve um aumento de 9% de praticantes na totalidade, sendo de aproximadamente 19% na faixa etária dos 15 aos 24 e em relação ao género, foi entre as mulheres que se registou maior aumento de praticantes 14% no mesmo período (Subdirección General de Estadistica y Estudios, 2017, p. 29). De referir que, Sanchez (2007) apresenta um esclarecimento sobre este paradigma, que assenta nas teorias seguintes (Sanchez, 2007, p. 39-44):

. Teoria da Escolha Pública. Baseia-se na reflexão sobre os problemas que deram origem à burocracia administrativa e a eficiência, criticando especialmente os monopólios. Defende a necessidade de introduzir mecanismos de mercado, independentemente de ser uma entidade pública ou privada (Buchanan, 1954 citado por Unanue, J. 2014, p. 31).

. Teoria dos Custos de Transacção. Qualifica a teoria anterior, apontando que em determinadas situações a competência pode não melhorar os objectivos da eficiência. Esta teoria argumenta que em função dos objectivos do serviço e as características dos contractos e as externalizações, podem surgir mais custos do que a manutenção da produção no âmbito público, chamando a estes custos “Custos de Transacção” (Sánchez, 2007; Williamson, 1981 citado por Unanue, 2014, p. 32).

. O Neo-Taylorismo. Defende que as carências da gestão pública têm origem na própria organização e administração. Os problemas têm por base a falta de informação, a carência de um sistema de gestão adequado e gestores públicos com um comportamento tradicional. A solução passa por reinventar o governo criando um “governo empresarial”, alterando os seus propósitos, os seus incentivos, a sua responsabilidade, a sua estrutura, o poder e cultura (Osborne & Plastrik, 1998).

. Teoria da Agência. Baseia-se de modo geral, na necessidade de definir a relação entre os agentes, bem como delimitar as suas responsabilidades e controlar a relação entre eles (Mayston, 1993). Esta teoria expõe um problema que pode estar relacionado com os diferentes níveis da política e administração o que provoca comportamentos orientados para beneficiar partidos, em

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vez do interesse geral. Defende-se, portanto, que esta teoria melhora a transparência e a comunicação com os cidadãos.

Vimos acima, três realidades diferentes da realidade portuguesa (USA, Espanha e Alemanha), de referir que no estudo realizado por Azevedo (2012, p. 123) é referido que as realidades de outros países não devem ser comparadas dados os contextos distintos, conforme se pode constatar pelo atrás apresentado – as realidades americana e espenhola.

Ao mapear e analisar pesquisas académicas relacionadas com este tema e sobre os municípios portugueses de norte a sul do país, Sousa (2013, p. XV), baseando-se no modus

operandi e nas políticas municipais à escala supramunicipal (CIM do Tâmega e Sousa), conclui que

existe uma clara ausência de planos estratégicos de desenvolvimento desportivo. Em Braga, a política desportiva prioriza a organização e coordenação de actividades desportivas conjuntas com os núcleos desportivos de base, dirigidas aos vários segmentos populacionais (Matos, 2013, p. 74), denotando também a falta de linhas de orientação estruturadas para a actividade desportiva. Conceição (2007, p. 119), no seu estudo sobre a GAMP, conclui que o ideal seria a criação de um conselho composto pelos vereadores do desporto que fazem parte da GAMP de modo a coordenar políticas comuns com o apoio da Universidade do Porto e o Instituto Superior da Maia.

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