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5. PROPOSTAS DE SOLUÇÃO DO PROBLEMA

5.2. Alternativas Tecnológicas

5.2.1. RFID Radio Frequency Indentification

Para Krajewski et al. (2009), um requisito importante para a execução dos processos de atendimento de pedido é a informação precisa em relação a quantidade e a localização dos estoques, e a RFID (Radio Frequency Indentification - Identificação por radiofrequência) é um método utilizado para identificar produtos por meio de uso de sinais de rádio a partir de uma etiqueta anexa a um produto. Essa etiqueta armazena informações sobre o produto e envia sinais a um dispositivo que pode ler as informações e até mesmo gravar novas informações nela.

O princípio utilizado é de indução magnética, sendo a base entre o leitor e uma etiqueta. Um leitor passa uma corrente quando do ato da leitura, resultando em um campo magnético. Segundo Want (2006) se você colocar uma etiqueta que incorpora este campo, uma tensão alternada aparecerá em seu interior alimentando o chip de etiqueta.

Etiquetas que usam acoplamento de campo próximo enviam dados de volta ao leitor usando a modulação de carga. Como qualquer corrente extraída da etiqueta dará origem a seu próprio pequeno campo magnético, conforme demonstrado na Figura 15.

Figura 15: Mecanismo de Energia / Comunicação de Campo Próximo para Tags RFID.

Fonte: WANT (2006, pag. 29)

Os dados das etiquetas podem ser transmitidos via rádio de um lugar a outro por meio de redes de EPC (Eletronic Product Code – código eletrônico de produto) e pela internet, tornando teoricamente possível identificar de exclusivo cada item que a empresa fabrica e rastreá-lo até que a etiqueta seja destruída.

No uso prático, as etiquetas de RFID aplicadas em caixas e paletes, serão lidas quando o estoque entrar no estoque, bem quando essas caixas e paletes. Podem-se usar os dados para tirar conclusões sobre os níveis de estoque de um determinado cliente, ou mesmo para calcular se um determinado item está em excesso no estoque ou se ele está parado no estoque

por muito tempo. Os dados também podem ajudar os fornecedores a verificar níveis de estoque, bem como reduzir as perdas por furtos.

Krajewski et al. (2009), destacam que uma sincronização completa de dados usando padrões da indústria para a operação logística é crítica, pois é fator de sucesso para assegurar que informações precisas e coerentes sejam trocadas entre os elos da cadeia de suprimentos.

5.2.1.1. Visita Técnica em Campo

Com a finalidade de verificar o emprego da tecnologia RFID, foi identificada a oportunidade de se realizar de uma visita técnica em campo de forma a se capturar evidências reais da tecnologia na prática. A visita deveria ser em local onde a aplicação da tecnologia tenha apresentado resultados consideráveis ao ambiente operacional, com histórico mensurável de participantes presentes para a coleta das suas avaliações e posterior análise em comparação ao problema vivenciado na Grupo Brasil.

A definição do local a ser visitado se deu levando em considerações os seguintes critérios:

1. Criticidade em relação a acuracidade da gestão de materiais e inventário entre a Grupo Brasil e o local ser visitado;

2. Complexidade operacional equivalente;

3. Disponibilidade dos principais gestores para a coleta dos dados, custos e histórico;

4. E por fim, se possível proximidade física, para o alinhamento das agendas de todos.

Desta forma foi organizada uma visita técnica na Estação Aduaneira do Interior (EADI) Aurora, na cidade de Sorocaba no interior do estado de São Paulo. A escolha do local se deu devido a semelhanças operacionais da operação logística acima descrita, bem com a disponibilidade de a alta gestão estar disponível para nos receber e apresentar os seus dados e depoimentos acerca da tecnologia de RFID.

A visita ocorreu em 26/03/2019 e teve como objetivo verificar o processo de gestão de inventario de materiais e o uso de tecnologia adotada por eles para o aprimoramento do gerenciamento e controle da acurácia em uma operação logística.

Nessa visita foram utilizadas duas técnicas de coleta de dados. A entrevista e a observação. A entrevista segundo Lakatos (2011), é um instrumento por excelência da

investigação social que, quando bem feito, se torna superior a outros sistemas de obtenção de dados. Seu objetivo principal é a obtenção de informações do entrevistado, sobre determinado assunto ou problema. Já a observação de acordo com Ferreira, Torrecilha e Machado (2012, p. 13) “a observação pode ser uma destas técnicas alternativas, que pode ser usada tanto em conjunto com a entrevista quanto com outras técnicas. ” Nesse sentido, pode enriquecer as entrevistas e pode possibilitar aspectos das pesquisas qualitativas.

A visita teve seu início com a recepção do Gerente Geral do EADI o Sr. Luis Pigatti que apresentou a operação do EADI, explicando que o EADI se trata de um terminal privado alfandegado de uso público, que a empresa é detentora de concessão obtida mediante licitação pública realizada pela Receita Federal, e autorizada a operar os regimes aduaneiros na importação e exportação. Explicou ainda, que um entreposto aduaneiro é um provedor de soluções logísticas integradas em quatro setores:

- Armazém Alfandegado.

- Alfandegado com Anuência da Anvisa - Armazém Geral.

- Transportes.

Foi passado também, que o EADI – Aurora é uma empresa dotada de grande e avançada estrutura, logística e tecnologia e está em operação desde 2000 e faz parte de uma grande corporação empresarial especializada em transporte, terminais de cargas e condomínios industriais.

Coube ao Gerente Operacional o Sr. Fernando Sanches, funcionário desde 2006 informando que o Armazém possui capacidade de armazenar 10.000 paletes, que processa 800 processos (de importação e exportação) por mês e que atualmente possui um acurácia de inventário de 99,9% nas movimentações de armazenagem e 100% nos processos de carregamentos e expedição aos clientes. No que se refere a gestão e controle de materiais, o Sr. Fernando afirmou que caminho até chegar a este nível de acuracidade foi longo e de muito trabalho. Relatou que o processo se iniciou em 2006, onde os processos eram realizados por meio de registro manual sem suporte de qualquer sistema eletrônico de gerenciamento eletrônico.

O gerente Fernando citou como exemplo que; um processo de carregamento de um veículo para atendimento ao cliente, demandava em média três horas, pois em muitas vezes os materiais não eram localizados no armazém. Nesta época alguns funcionários com mais

experiência, eram denominados como “Heróis”, pois devido ao tempo de serviço na função, conseguiam identificar e localizar os materiais perdidos com maior facilidade.

Este processo foi alterado em 2010 com a aquisição do sistema de Gerenciamento do armazém – WMS da empresa INFOR (https://www.infor.com/products/supply-chain- management/cloudsuite-warehouse-management) pelo EADI - Aurora, sendo este o mais completo e definido pelo Gerente Fernando como uma verdadeira “Ferrari” em analogia com um automóvel.

O sistema apresenta gestão por meio do RFID (Radio-Frequency IDentification), onde o WMS (Warehouse Management System) gerenciava e rastreava o material, indicando inclusive automaticamente onde cada material recebido deveria ser armazenado e endereçado. O sistema também realizava o gerenciamento das janelas de recebimento e a programação de separação e preparação das cargas.

Contudo, na prática o sistema apresentou várias falhas ao longo dos três anos que foi utilizado. Conforme informado pelo Sr. Fernando, o sistema com RFID apresentava um custo elevado de manutenção (não foi apresentado o valor nominal ou percentual devido à questão de confidencialidade) e várias falhas em seu funcionamento, sendo a principal falha citada por ele, era a indicação de locais de armazenamento já ocupados, onde o operador de empilhadeira era impossibilitado de realizar a armazenagem física, gerando assim desvio de inventario físico versus sistema. Segundo o Sr. Fernando a acurácia de inventário na época era de apenas 93,0%.

Após três anos de uso; o sistema com RFID fornecido pela INFOR - Empresa global especializada em softwares para empresas em mercados específicos da indústria com sua sede em Nova York, e mais de 68.000 clientes (https://www.infor.com/about); foi substituído por outro sistema WMS de maior simplicidade.

Em 2013 o sistema escolhido foi o da empresa ALCIS (https://www.alcis.com.br/), empresa também especializada em softwares, e que teve um investimento aproximadamente R$ 300.000,00, foi implementado na operação do EADI conforme foi informado pelo Sr. Fernando.

O sistema da empresa ALCIS - Empresa 100% brasileira e com foco no desenvolvimento de soluções de tecnologia (https://www.alcis.com.br/grupo-alcis/) é o sistema atualmente utilizado no EADI - Aurora, apresenta menos recursos tecnológicos em comparação ao sistema anterior, como por exemplo, o uso de etiquetas com códigos de barra unidimensional no local de etiquetas com RFID, contudo segundo o gerente Fernando, o

sistema tem maior aderência a operação de recebimento, armazenamento e expedição, o que segundo a sua avaliação resultou em uma melhora na operação de uma forma geral.

Ao final, foi informado que seria um diferencial, se o sistema de gestão de armazéns – WMS tivesse a disposição à localização “on-line” dos materiais em forma de mapa e, superaria a expectativa se a informação estivesse disponível para consulta via celular e com a imagem do produto – como, por exemplo, uma foto.

5.2.1.2. Considerações da Visita Técnica

Durante a visita técnica, foi possível verificar que a empresa visitada, EADI - Aurora apresenta alta organização, limpeza e layout ajustado à operação existente, o que facilita e vem ao encontro a necessidade da acuracidade e produtividade necessária para o atendimento do mercado de atuação.

Contudo foi evidenciado, por intermédio dos relatos recebidos pelos entrevistados e as observações feitas durante a visita, que o sistema com RFID não apresentou o resultado esperado na gestão da operação logística de recebimento, armazenagem e expedição. As causas expostas não são conclusivas, mas expressam as avaliações dos profissionais que vivenciaram a experiência “in loco”, em sua implementação, uso e substituição.

Ao final, pode-se entender que a tecnologia de RFID apresenta vantagens incontestáveis, contudo a sua modelagem na aplicação de controle de estoque deve ser realizada com um mapeamento completo e sistêmico, levando em consideração o layout físico do armazém, fluxo de matérias, capacidade técnica dos funcionários e os custos totais envolvidos.

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