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RITUAL: ANHANGÁ, O CONDUTOR DA DANÇA DA VIDA E DA MORTE

No documento praticas-wicca-brasil.pdf (páginas 60-64)

O Deus Anhangá também nos pode trazer valiosas lições a respeito da vida, morte e dos seus ciclos. Como um Deus da Caça, ele está no ponto de equilíbrio entre vida e morte, e conhece bem ambos os lados. este ritual visa honrar Anhangá como o Deus que recolhe as almas dos mortos para partilhar de suas lições.

Altar: se veste de branco, com uma representação de

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de pata-de-vaca e casca de cedro. No centro do altar está o caldeirão com um pouco de álcool de cereais para ser aceso (certifique-se que o caldeirão esteja sobre algo que possa reter seu calor de modo a não queimar o altar), e ao norte, um pouco de tabaco desfiado para ser queimado como oferenda, além de algumas sementes. Ao redor do caldeirão há quatro velas dispostas em círculo, intercalando suas cores: duas brancas e duas verdes. Tenha também um espelho e tinta branca para o rosto.

Limpeza e harmonização: Use a fumaça do incenso

para limpar o ambiente e se purificar.

Antes de começar, se harmonize com o espaço onde o ritual será realizado e faça uma pequena oferenda aos seres deste local. Trace o Círculo Mágico, invoque Cy e Anhangá.

Conexão com o Deus: Acenda as duas velas verdes

dizendo:

Eu saúdo Anhangá, consorte amado e guardião do corpo de Cy.

Alma Viva da Floresta, Senhor do equilíbrio e da proteção, Espírito indômito das matas, chama de fogo ardente e vibrante,

Deus cujo corpo é feito de todos os animais que foram, são e serão.

O verde da floresta é seu olhar vigilante que espreita nas sombras.

O farfalhar do vento nas folhas é o anúncio de sua presença. Soberano da Terra, as rochas são seus ossos acolhidos no abraço da Mãe,

As vidas de todos os filhos da terra são guardadas por você. Ensine-nos sempre sua lição de equilíbrio

Para que possamos caminhar no mundo em harmonia e beleza.

Práticas de Wicca Brasil - Saberes da Terra Brasilis 62 · •

Contemplando seu reflexo no espelho, medite com o Deus sobre o que é ser parte do Corpo Vivo da Terra, como você interage com ela e está intrinsecamente conectado ao corpo da Mãe. invoque sua própria essência selvagem e veja seu rosto se modificar no espelho, assumindo a forma de um animal. Medite por alguns minutos sentindo esta energia e aprendendo suas lições. Veja a beleza da vida, celebre sua força e vigor.

Acenda, então, as duas velas brancas, enquanto diz:

Vida que se alimenta de vida, terra que se alimenta de terra, Deus que alimenta a si mesmo.

Imortal sempre morto e sempre renascido.

O canto da morte é seu, o último suspiro do abate te pertence. Para você não há véus, pois você é o próprio véu;

Dança selvagem e furiosa onde vida e morte se mesclam e se confundem,

Fome insaciável, devorador de cadáveres, assassino sem igual. Teu espírito é a loucura da morte e a serenidade da entrega. Promessa do retorno e certeza do final. Caçador de Almas. Ensina-nos a ver a beleza da morte e a compreender seus ciclos.

Grande Anhangá de face branca como a Lua, traga-nos suas lições.

Usando o espelho, pinte seu rosto com a tinta branca consagrada a Anhangá e medite sobre o poder da morte em sua vida. Reflita sobre como a morte é tão presente quanto a vida em seu dia-a-dia, e como muitas vezes ela passa despercebida. Honre todas as formas de vida que morreram para te alimentar e que formam o seu corpo. Medite sobre seus ancestrais, cujo corpo retornou e fertilizou a terra.

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Medite sobre suas mortes pessoais e suas transformações, e como você é um agente do poder da morte no mundo. Você vê seu rosto se transformar mais uma vez na face do mesmo animal, mas agora conectando ao poder da morte que ele traz.

Acenda o fogo do caldeirão e queime um pouco de tabaco em oferenda a Anhangá, dizendo:

Anhangá ensina que assim como a vida anseia por se alimentar da morte, a morte não é estática; ela anseia em se alimentar da vida para ser mais uma vez. Vida e morte dançam juntas.

Use seu tambor ou chocalho para começar uma melodia calma, em ritmo contido e tranquilo. Dê início a uma dança para honrar a energia da morte que alimenta a vida e da morte que busca a vida para renascer mais uma vez. lentamente, aumente o ritmo da batida e da dança, entregando-se à energia selvagem do Deus e sentindo como vida e morte são unas. Dance o poder de decomposição da terra, o abate da presa, o germinar de cada semente. Dance a Caçada selvagem que percorre o mundo recolhendo as almas e renovando a terra. Torne-se o fogo, o relâmpago, o animal selvagem. Quando a energia tiver sido elevada ao pico, reduza o ritmo da melodia lentamente até parar. se necessário, aterre o excesso de energia, devolvendo-o para a terra.

Ao terminar, coloque as sementes dentro do caldeirão como um símbolo da promessa do renascimento e da nova vida que espera para renascer.

Celebre o Grande rito, partilhe Bolos e Vinho. Agradeça a Anhangá, dizendo:

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Senhor da Floresta, obrigado por partilhar conosco suas lições. Que possamos sempre enxergar a vida na morte e a morte na vida, e perceber sua dança sagrada em cada momento da Lição dos Ciclos.

encerre como de costume.

No documento praticas-wicca-brasil.pdf (páginas 60-64)