• Nenhum resultado encontrado

3 LEVANTAMENTO DA SITUAÇÃO ATUAL

3.1.4 Rodovias

Como já foi referido, as linhas do sistema intermunicipal, em número de 859, estão disseminadas por todo o território estadual, percorrendo um razoável número de rodovias dotadas apenas de revestimento primário. Porém, cabem, ainda, algumas considerações decorrentes de certas características físicas do Estado e suas cidades.

Santa Catarina tem seus maiores centros geradores de viagens localizados na região mais próxima ao litoral, dado que ali concentram-se as cidades mais populosas e os maiores centros industriais do Estado50. Certamente é a região com o maior volume de tráfego estadual de veículos de passageiros. Foi nesta região e através destes municípios que se deu o processo de ocupação e urbanização do Estado. Muitos deles são relativamente antigos e, em nada diferindo do restante do país, tiveram seu ordenamento urbano bastante conturbado. Apresentam um deficiente planejamento urbano, com vias de tráfego tortuosas, confusas e apertadas, que desafiam e impedem a implementação, na escala necessária, de bons projetos viários, que sejam exeqüíveis do ponto de vista econômico.

Nos perímetros urbanos dessa região, em razoável proporção, as rodovias e os TRP’s existentes apresentam pavimentação e estrutura razoáveis. Porém, dada a localização centralizada dos terminais, a acessibilidade dos veículos é comumente dificultada por outras características,51 que tomam a operação do ônibus bastante insegura e desconfortável. Note-se que nessas cidades, geralmente, existem empresas de transporte urbano, que dispensam, em parte, a atuação das operadoras intermunicipais no atendimento da demanda do interior dos municípios, cujas rodovias, em contraponto àquelas dos pequenos municípios, têm um percentual de pavimentação bem maior.

A região mais a oeste do Estado, composta por cidades mais novas - com menos de 50 anos de existência -, apresenta topografia plana, com vias urbanas bastante amplas e ordenadas. Essa região têm uma enorme carência de pavimentação rodoviária, principalmente, no interior dos municípios, onde o atendimento através do sistema intermunicipal é fundamental, dada a falta de empresas locais. Nesta região há poucos TRP’s, sendo que a acessibilidade é facilitada pelo projeto geométrico das vias, e dificultado pela pequena parcela de vias pavimentadas.

49 Dados pesquisados junto ao Deter, em setembro de 1995.

50 Cidades de Joinville, Blumenau, Itajaí, Florianópolis, Criciúma, Tubarão, Balneário Camboriu, etc. 51 Projeto geométrico inadequado, alta demanda de automóveis e outros veículos urbanos, excessiva presença de barreiras de velocidade (semáforos, lombadas), falta de serviço de transporte integrado, etc.

A região central do Estado, que separa as duas áreas anteriores, é composta, no geral, por uma mescla dessas duas partes: a conformação das vias urbanas é medianamente boa e o interior é servido, em parte, por linhas municipais. Porém, há um agravante no projeto geométrico das vias locais, mesmo àquelas estaduais e pavimentadas: a topografia bastante “dobrada” (montanhosa) da região faz com que a velocidade diretriz das rodovias seja bastante baixa, tomando morosos os serviços de médio e longo percursos.

Uma constatação válida para qualquer região analisada é a falta de sinalização vertical nas rodovias, destinada a veículos e usuários do sistema.

Tanto o sistema intermunicipal, quanto o internacional, utilizam-se imoderadamente das poucas rodovias federais existentes no Estado. Basicamente, Santa Catarina é servida por 6 rodovias federais: BR’s 101, 116,153, 163,282 e 470.52

De modo geral, todas essas rodovias são pavimentadas e apresentam projetos geométricos de bom padrão, permitindo restrições quanto ao estado de conservação (na pavimentação, sinalização, acessos, acostamentos, etc.), como de resto ocorre com mais da metade das rodovias federais brasileiras, atualmente, segundo declarações veiculadas insistentemente pela imprensa comum.

A concentração do tráfego do sistema internacional dá-se na BR - 101, que, teoricamente, é utilizada diariamente por 24 das 30 linhas do sistema, ou seja, 80% do total (ver Anexo B - Itinerário das Linhas Internacionais). Nos últimos meses, realizaram-se algumas obras de recuperação do revestimento asfáltico dessa rodovia, em vários trechos críticos. Porém, todos os esforços dos órgãos governamentais têm sido no sentido de executar a duplicação da via, uma vez que sua capacidade veicular de projeto há muito foi ultrapassada. Por ser local de constantes acidentes do trânsito em geral, e pela falta de obras destinadas à conversão (viadutos, acessos, trevos, etc.) têm trazido grandes dificuldades e riscos ao tráfego e à operação dos ônibus que dela se utilizam.

Para outra via de interesse ao sistema internacional - ligação de São Miguel do Oeste à ponte sobre o Rio Peperi-Guaçu, em Paraíso, destinada ao tráfego com a República Argentina, numa extensão de 29,2 km -, o Departamento de Estradas de Rodagem de Santa Catarina (DER/SC), já executou o projeto final de pavimentação asfáltica e busca sua execução através do apoio do Govemo Federal, propondo sua federalização, na forma de continuação da BR - 282.53

52 • BR - 101 - percorre todo o litoral, desde a divisa com o Rio Grande do Sul, até a divisa com o Paraná, cortando o Estado na direção Norte-Sul; • BR - 282 - inicia em Florianópolis e termina em São Miguel d’Oeste, praticamente, na fronteira com a Argentina, corta o Estado na direção Leste-Oeste; • BR - 116 - percorre todo o centro, desde Lages, na divisa do Rio Grande do Sul, até Mafra, na divisa com o Paraná, cortando o Estado na direção Norte-Sul; • BR - 153 - percorre todo o meio-oeste, desde Concórdia, na divisa com o Rio Grande do Sul, até Agua Doce, na divisa com o Paraná, cortando o Estado na direção Norte-Sul; • BR - 470 - inicia em Navegantes, no litoral, indo até Campos Novos, na divisa com o Rio Grande do Sul, cortando o Estado na direção Leste-Oeste; • BR - 163 - inicia em São Miguel d’Oeste, no extremo-oeste, indo a Dionísio Cerqueira, divisa com o Paraná, na direção Norte-Sul. 53 SECRETARIA DE ESTADO DOS TRANSPORTES E OBRAS. Vinculações e rodovias de acesso aos passos de fronteira com a República Argentina. Florianópolis: maio de 1995. p. 23.

Documentos relacionados