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3. METODOLOGIA

3.6. Rotinas de organização e tematização

Na primeira seção deste capítulo, a AHFC foi apresentada como orientação metodológica da presente pesquisa, a partir de seus princípios teóricos e suas rotinas de organização e interpretação. Esta seção apresenta detalhadamente como essas rotinas foram desenvolvidas nesta pesquisa, tendo como material os textos coletados a partir do relato dos sujeitos, conforme detalhei na seção anterior.

Nesse sentido, é preciso destacar, primeiramente, como foram organizados os textos e registros conforme cada instrumento utilizado e as relações que há entre esses instrumentos durante o processo de interpretação. A Figura 3 apresenta o modo como os textos permitiram levantamentos, verificações e confirmações sobre os temas e subtemas durante o processo de interpretação:

FIGURA 3: UTILIZAÇÃO DOS INSTRUMENTOS DA PESQUISA

Fonte: elaborada pela autora

Como é possível observar na Figura 3, apresentada acima, todos os textos se articulam durante o processo de interpretação de forma recursiva, por isso as cores das setas são apresentadas diferentes, porém são os textos do instrumento Relato que foram selecionados para o processo de tematização, devido ao tipo de informação que continham’ e da pertinência das informações em relação ao fenômeno em foco neste estudo. Dessa forma, a organização dos textos e informações de cada instrumento será detalhada a seguir:

a) as informações do instrumento Questionário 1 foram separadas e formatadas em gráficos que foram utilizados para o delineamento do perfil dos sujeitos, de suas expectativas e de suas habilidades com os recursos tecnológicos, pois essas dimensões são importantes para que se conceba os sujeitos a partir da visão hologramática de Morin (2005), de forma que, no processo de tematização e interpretação, essas dimensões possam servir como ponto de articulações entre eles e seus textos, em uma relação dialógica e recursiva, como permite a AHFC. As Observação das interações,

ações e discursos dos sujeitos no AVA Informações sobre os perfis dos

sujeitos, detalhadas individualmente.

Informações sobre a ação da tutoria a partir de questões direcionadas.

Textualização das reflexões, descrições, narrativas e detalhamento da ação de tutoria no AVA

informações desse instrumento também possibilitam apresentar as características dos sujeitos a partir dessas dimensões que envolvem a tutoria.

b) os textos coletados pelo instrumento Questionário 2 foram organizados e registrados por meio da ferramenta Lime Survey, de forma que mantêm as identidades dos tutores e dos registros textuais de cada pergunta aberta e fechada, tornando possível buscar de forma individual e coletiva os registros textuais. Esses registros permitem estabelecer uma relação dialógica e recursiva no processo de interpretação, quando a contextualização dos temas que emergem da tematização precisa ser posicionada e explicada conforme determinada perspectiva, fazendo parte do processo de descrição do fenômeno de forma hologramática e dialógica com os temas durante a interpretação. Nesse sentido, é possível que as informações do Questionário 2 revelem os sentidos e os significados que permeiam, por exemplo, quando dois temas antagônicos constituem a essência do fenômeno, revelando mais uma dimensão complexa da sistematização proposta por Freire (2007). Assim, são textos utilizados de forma articulada aos temas no processo de interpretação e descrição do fenômeno.

c) as informações capturadas no AVA, igualmente as do Questionário 2, revelam aspectos das interações dos sujeitos com o ambiente, com os outros sujeitos e com os recursos tecnológicos, complementando o processo de descrição e interpretação do fenômeno. Estão organizadas em arquivos de imagem, capturados no AVA, que permitem a visualização do recurso e dos discursos que envolvem determinadas interações de um sujeito da pesquisa.

d) os textos dos relatos foram organizados primeiro em um arquivo em colunas divididas por sujeitos, tendo sempre visível a pergunta de pesquisa, também disponibilizada em colunas, seguindo as rotinas de organização e interpretação de Freire (2007).

Os textos eram abundantes e precisavam ser organizados. Ao trabalhar, inicialmente, com a tabela do processador de textos, houve algumas dificuldades em organizá-los em colunas, de forma que ficassem disponibilizados adequadamente durante o processo de tematização. O uso do recurso tabela do processador de texto foi abandonado, pois começou a dificultar as leituras e registros. Logo optei por organizar os textos em caixas de textos, facilitando a comparação e releitura, por serem mais dinâmicas, podendo ser movidas, aumentadas, coloridas e sobrepostas, como é possível observar no Quadro 13:

QUADRO 13: PRIMEIRAS UNIDADES DE SIGNIFICADO

. Fonte: elaborado pela autora

Assim, os textos e as caixas de textos eram coloridos e, conforme cada refinamento e ressignificação, eram interrompidos, sendo salvos em arquivos diferentes com data e etapa realizada. As cores das caixas de textos foram sendo atribuídas conforme a ordem da leitura (exemplo, décima leitura) e as marcações nos textos foram destacando as unidades de significados identificadas, que também passavam pelos refinamentos e ressignificações até a nomeação dos temas e subtemas hermenêuticos-fenomenológicos.

O processo de interpretação envolveu muitas leituras, consultas aos arquivos, questionários, textos e imagens do AVA, dentre outros registros, sempre no sentido de apoiar a confirmação e confrontação das unidades de significado que se destacavam, num processo de refinamento, conforme apresento no Quadro 14:

QUADRO 14: PRIMEIROS REFINAMENTOS

Fonte: elaborado pela autora

As rotinas de organização e validação propostas por Freire (2007) envolvem um movimento circular recursivo, de confrontação e complementaridade entre unidades de significados contraditórias e, ao mesmo tempo, complementares, revelando que os temas hermenêuticos-fenomenológicos se constituem uma parte em si e também parte do todo que envolve a experiência da ação da tutoria em ambientes virtuais no contexto da educação profissional e tecnológica a distância. No próximo capítulo, apresento as descobertas que a interpretação permitiu, por meio dos temas e subtemas revelados, e também alguns detalhes sobre a própria experiência de interpretação vivenciada durante o desenvolvimento da pesquisa.