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3 CONSUMO SUSTENTÁVEL

3.3 Produtos ecologicamente corretos

3.3.1 Rotulagem ambiental

Rótulos ambientais, também conhecidos por selos verdes, selos ambientais e rótulos ecológicos, são alternativas encontradas pelos fabricantes para a divulgação de suas práticas menos agressivas ao meio ambiente, ou seja, é através deste recurso que, segundo Baena (2000), as empresas buscam diferenciar seus produtos “ambientalmente corretos” dos concorrentes.

A Rotulagem Ambiental é uma das ferramentas utilizadas que pode contribuir para a implementação de políticas públicas em prol do desenvolvimento de novos padrões de consumo que envolvem condições ambientalmente mais saudáveis e, ainda contribuem para a evolução da produção industria. (KOHLRAUSCH, 2003)

A ABNT ISO 14020 (2002 p. 1-2), explicita que

Rótulos e declarações ambientais fornecem informações sobre um produto ou serviço em termos de suas características ambientais gerais, ou de um ou mais aspectos ambientais específicos. [...] pode aparecer sob forma de um texto, um símbolo ou elemento gráfico no rótulo de um produto ou numa embalagem, na literatura sobre o produto, em boletins técnicos, em propaganda ou publicidade, entre outras coisas. [...] A meta geral dos rótulos e declarações ambientais é [...] promover a demanda e fornecimento dos produtos e serviços que causem menor impacto ambiental, estimulando assim, o potencial para uma melhoria ambiental contínua, ditada pelo mercado.

São os selos verdes que se propõem a atestar determinada característica ambiental ou socioambiental em produtos comerciais e empresas, indicando que a produção foi realizada de acordo com diretrizes pré-estabelecidas pela organização que emite o selo. (GREENPEDIA DO GREENVANA, 2012)

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Ao rótulos ambientais não devem ser enganosos e sim esclarecedores para o consumidor. Se não for assim, não serão eficazes. Eles devem ser objetivos, com informações relevantes, devem ser compreensíveis, facilitando assim a comunicação e a linguagem ambiental para que o consumidor entenda e se familiarize com as questões ambientais. O consumidor não pode fazer uma escolha consciente sem compreender o sentido das declarações, símbolos ou dos termos estampados nos produtos. (KOHLRAUSCH, 2003)

Existem alguns selos de certificação que tem o objetivo de informar o consumidor sobre a qualidade dos produtos e os eventuais riscos que ele oferece. É importante aliado para o consumidor se certificar dos benefícios que o produto proporciona. (COLTRO, 2006)

São desenvolvidos vários critérios para os programas de rotulagem ambiental para várias categorias de produtos, como, por exemplo, tintas, ar condicionado, máquinas de lavar roupas, etc. (KOHLRAUSCH, 2003)

Araújo (2007) afirma que não existe um Selo Verde válido para vários produtos de aplicações diferentes. Dois segmentos que contam com certificação no Brasil são o da agricultura orgânica, que os produtos orgânicos são certificados pelo IBD (Instituto Biodinâmico) e o setor madeireiro que certifica produtos plantados com plano de manejo sustentável pelo Conselho de Manejo Florestal (FSC – Forest Stewardship Council).

Os selos de qualidade de produtos orgânicos, atenta para os processos mais ecológicos de plantar, cultivar e colher alimentos, além disso, oferece a certeza ao consumidor estar levando para casa um produto isento de contaminação química (COLTRO, 2006).

Atenta à necessidade de normatizar a relação entre produtos e consumidores ou relações B2B (Business to Business) a ISO criou a série de normas 14020 (CEMPRE, 2008), que são adequadas no Brasil pela Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT). No escopo da ISO, os tipos de rotulagem ambiental são três, a saber:

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 Rotulagem Tipo I – Programas de Selo Verde  Rotulagem Tipo II – Auto-declarações ambientais  Rotulagem Tipo III – Inclui avaliações de Ciclo de Vida

Segundo a classificação da ISO 14024, os rótulos Tipo I, chamados selos verdes, possuem caráter voluntário e indicam que o produto é ambientalmente preferível. Estão baseados em múltiplos critérios que podem levar em conta considerações sobre o ciclo de vida, tomando por base informações do setor produtivo como um todo.

A classificação Tipo II é definida pela ISO 14021 como “qualquer declaração ambiental que descreve ou implica, por qualquer meio, os efeitos que a extração das matérias-primas, a produção, a distribuição, o uso ou o descarte de um produto ou serviço têm sobre o meio ambiente” (ABNT NBR ISO 14021, 2004). Os termos e definições utilizados nas auto-declarações são referentes à qualidade e atributos ambientais que um produto ou serviço possa ter, os mais comuns se referem a material “reciclável”, “reutilizável”, “degradável”, “biodegradável”, etc (BARRA; RENOFIO, 2008). Este tipo de rotulagem é a que mais gera polêmica, e cria uma ilusão ao consumidor, pois partem direto do fabricante que, muitas vezes, divulga como atributo ambiental a reciclabilidade do produto, quando, na realidade, a fase de extração da matéria-prima é o processo mais poluente. (BARRA; RENOFIO, 2008)

A Figura 4 apresenta os símbolos mais comuns de auto-declarações no cenário brasileiro:

Figura 4 - Simbologia para diversos tipos de embalagens.

Fonte: CEMPRE. A Rotulagem Ambiental e o Consumidor no Mercado Brasileiro de Embalagens, 2006. A rotulagem Tipo III, já aprovada pela ISO, é cercada por polêmicas por parte de países em desenvolvimento e países desenvolvidos uma vez que as questões

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referentes à análise do ciclo de vida estão muito mais desenvolvidas nestes últimos. (BARRA; RENOFIO, 2008) Como a Avaliação do Ciclo de Vida tem um alto grau de complexidade, ainda não foram adequadas corretamente em muitos países.

Para Kohlrausch (2003), muitas empresas acabam fazendo uma análise limitada ou simplificada acerca do ciclo de vida, nem sempre identificando a fase de maior impacto ambiental, apesar da ISO recomendar que os programas utilizem a análise do ciclo de vida (ACV) em sua totalidade, poucos efetivamente a utilizam.

Para que haja efetivo controle dos programas de rotulagem, as normas regulamentadoras devem estabelecer que a ACV seja completa, com o detalhamento de todas as fases, de todos os processos inerentes ao produto, pois aceitá-lo parcialmente, pode não refletir as reais condições e os impactos que o mesmo gera. (BARRA; RENOFIO, 2008)

Araújo (2007) acredita que para um produto realmente pudesse receber a tarja de ecológico, a empresa fabricante deveria planejar o produto em todo seu ciclo de vida útil, incluindo a fase pós-consumo. Essas medidas afetariam não apenas a empresa, mas também seus fornecedores e consumidores, em suma, todos os elos da cadeia produtiva.

Impactos ambientais ao longo de todas as etapas do ciclo de vida do produto como: o uso, a manufatura, a embalagem, a distribuição, o descarte e o serviço ao cliente estão diretamente ligados para a determinação de um produto ser verde ou não. Pode ser observada, ainda, a esfera global de uma empresa: se ela promove a economia de energia, se há eliminação do uso de substâncias danosas em seus processos produtivos e se existe uma melhor eficiência em reciclagem. (BEDANTE; SLONGO, 2004)

Uma proposta feita pelo IDHEA (Instituto para o Desenvolvimento da Habilitação Ecológica) apud Araújo (2007, p. 2) para classificar e certificar os produtos em categorias para o melhor conhecimento do consumidor da proporção do impacto ambiental daquele produto é a seguinte: Produto 100% Ecológico; Produto Parcialmente Ecológico; Produto Reciclado; e Produto de Baixo Impacto Ambiental. Cada produto teria seu coeficiente de ecologicamente correto elevado à medida em que todos seus

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componentes e processos empregados para obtenção fossem sustentáveis ou próximos de um indicador considerado como excelente. (ARAÚJO, 2007)

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