• Nenhum resultado encontrado

INTRODUÇÃO

O levantamento da flora fanerogâmica, em duas áreas de Floresta Atlântica (Gurjaú e Complexo Catende) no Estado de Pernambuco, foi realizado como parte do grande projeto “Composição, Riqueza e Diversidade no Centro de Endemismo Pernambuco”.

Os vegetais fanerogâmicos representam o maior grupo de plantas que ocorrem na natureza e consistem daquelas que produzem sementes, as Gimnospermas e Angiospermas. As Gimnospermas encontram-se representadas por cerca de 720 espécies viventes (Raven et al. 2001), enquanto as Angiospermas são constituídas pelas Dicotiledôneas (Classe Magnoliopsida) com cerca de 165.000 espécies distribuídas entre 318 famílias e Monocotiledôneas (Classe Liliopsida) com aproximadamente 50.000 espécies em 65 famílias (Cronquist 1988).

Por se tratarem de áreas ricas em biodiversidade, apesar do curto período de coletas, os resultados obtidos neste levantamento foram surpreendentes. Para este capítulo, algumas famílias foram selecionadas sob o critério de maior representação nas áreas estudadas e são comentadas com relação à forma de ocorrência, ora com distribuição restrita ao interior das matas ou à condição de borda de mata, ora sem restrições; foram observadas também aquelas famílias que prevaleceram nos diferentes estratos da mata; e foram realizadas comparações, entre algumas das famílias escolhidas, quanto ao registro de espécies na área deste projeto e nas florestas serranas de Pernambuco, através do levantamento da flora fanerogâmica de brejos de altitude realizado por Sales et al. (1998a, b). As demais famílias ocorrentes nas áreas de Floresta Atlântica do Centro de Endemismo Pernambuco encontram-se relacionadas na lista geral das espécies apresentada pelos coordenadores do projeto, e todas as informações obtidas durante a realização do trabalho encontram-se dispostas no extenso banco de dados criado.

Este levantamento teve como objetivo final gerar dados que subsidiarão a proposta de ações e diretrizes para a elaboração de um plano de conservação da diversidade biológica do Centro de Endemismo Pernambuco.

MATERIAL E MÉTODOS

A flora fanerogâmica foi estudada em duas áreas de Floresta Atlântica, consideradas prioritárias para a conservação: Gurjaú/Camaçari, no Estado de Pernambuco, e Complexo Catende, nos Estados de Pernambuco e Alagoas. Tais estudos foram procedidos através da metodologia usual, que foi desenvolvida em cinco etapas: levantamento do acervo dos herbários locais, coletas de campo, identificação do material botânico, montagem do banco de dados e preparação das exsicatas.

O levantamento dos acervos do Herbário Geraldo Mariz - UFP, Herbário Vasconcelos Sobrinho - PEUFR e do Herbário Dárdano de Andrade Lima - IPA foi realizado nos três primeiros meses do projeto. As informações encontradas foram armazenadas no banco de dados utilizando- se o programa Excel. Para cada espécime encontrado relacionado com os fragmentos foram anotadas as seguintes informações: família, espécie, autor, determinador, data, coletor e número, nome e número do herbário unidade da federação, município, habitat, vegetação, substrato, hábito, nome popular, floração e frutificação.

As coletas de campo foram realizadas em expedições que tiveram a duração de 4 a 5 dias, com um esforço de coleta mínimo de 8 horas/dia, sendo toda a área do projeto incluída nesse levantamento em dois períodos diferentes ao longo do ano, com o objetivo de serem observados diferentes estágios do ciclo de vida das espécies locais.

Para o levantamento florístico, foram realizadas caminhadas aleatórias dentro dos fragmentos pré-determinados, em toda a extensão da mata. Com o objetivo de se obter uma maior variabilidade de ambientes, as coletas foram sempre realizadas no sentido da menor para a maior altitude, abrangendo toda a extensão da encosta de cada fragmento. As periferias também foram coletadas e anotadas separadamente, para se observar o efeito de borda em cada um dos fragmentos. O material coletado era prensado de imediato, sendo diariamente levado à estufa de campo, que era montada todas as noites no alojamento. As informações obtidas em campo sobre os espécimes foram anotadas em cadernetas e, posteriormente, repassadas para o banco de dados.

A determinação dos espécimes coletados foi procedida, em primeira instância, ao nível de família, seguindo-se pela identificação do gênero, ou até espécie, quando possível, pela própria equipe e os demais taxonomistas participantes. Algumas famílias foram identificadas por especialistas. Os nomes dos gêneros e seus respectivos autores foram conferidos através de Brummit (1992).

A montagem do banco de dados foi iniciada logo após a realização do levantamento dos herbários locais e continuada com a inclusão das informações geradas pelo projeto. Foram incluídos, sempre que possível, os seguintes campos: Estado, Município, localidade, ambiente físico, coletor, número do coletor, data de coleta, família, gênero, espécie, uso da planta.

O material coletado foi devidamente preparado para que as exsicatas fossem introduzidas no Herbário Geraldo Mariz - UFP, sendo os exemplares costurados em cartolina, com suas respectivas fichas nas quais constam as anotações feitas em campo, bem como as suas identificações. Uma coleção de duplicatas foi doada ao acervo do Herbário Dárdano de Andrade Lima - IPA.

RESULTADOS

As áreas de Floresta Atlântica estudadas abrangem três sítios: Reserva Ecológica de Gurjaú, Município do Cabo de Santo Agostinho, RPPN Frei Caneca, Município de Jaqueira, ambos no Estado de Pernambuco, e Usina Serra Grande, Município de Ibateguara e São José da Laje, em Alagoas. Os sítios foram subdivididos em doze fragmentos: Café, Cuxio, São Brás e Xangô (Gurjaú), Ageró, Espelho, Fervedouro e Quengo (RPPN Frei Caneca), Aquidabã, Bom Jesus, Cachoeira e Coimbra (Serra Grande). Entre os vegetais fanerogâmicos, foram registrados apenas representantes das angiospermas, através de 403 espécies pertencentes a 260 gêneros distribuídos em 102 famílias, entre as quais Orchidaceae, Bromeliaceae, Rubiaceae, Leguminosae e Melastomataceae apresentaram maior diversidade (Tab. 1, Anexo 6).

Tabela 1. Famílias de fanerógamos com maior representatividade de gêneros e espécies nas

áreas estudadas do Centro de Endemismo Pernambuco.

Famílias Número de gêneros Número de espécies

Orchidaceae 100 Bromeliaceae 39 Rubiaceae 23 Leguminosae Mimosoideae 05 Leguminosae Caesalpinioideae 02 Leguminosae Papilionoideae 12 Melastomataceae 51 18 11 02 02 08 07 20

A família Orchidaceae tem sido estudada por Felix (2001) e, por ser uma das famílias mais bem representadas na área em estudo, contou com a participação direta do referido autor, que compôs a equipe do levantamento fanerogâmico e apresenta seus resultados num capítulo distinto.

As Bromeliaceae ocorrentes no Nordeste, especialmente em Pernambuco, têm sido pesquisadas por Siqueira Filho (1998, 2003), que, igualmente, tratou-se de uma das famílias mais numerosas da área, compondo a equipe de Fanerógamos e escrevendo um capítulo isolado sobre seus representantes.

A família Rubiaceae se destaca como um grupo muito abundante no sub-bosque, ocorrendo predominantemente no interior da mata. Nos fragmentos estudados, encontra-se representada por 11 gêneros, entre os quais Psychotria L. se destaca pelo número de espécies, e Palicourea

crocea (Sw.) Roem. & Schult. por ser encontrada na borda da mata. Chiococca alba (L.) Hitch., Emmeorhiza umbellata (Spreng.) Schum., Faramea multiflora A. Rich., Palicourea crocea (Sw.)

Roem. & Schult., Psychotria bahiensis DC. e Psychotria carthagenensis Jacq. também foram referidas para as matas serranas do Estado (Zappi et al. 1998), bem como espécies dos gêneros

Coccocypselum P. Browne e Coussarea Aubl., cujo material coletado nas áreas do projeto não foi

identificado.

A família Leguminosae compõe diferentes estratos na mata, embora prevaleça o hábito arbóreo. Nos herbários, foram encontrados registros de algumas das espécies em matas

serranas, tais como Bowdichia virgilioides H.B.K., Desmodium axillare (Sw.) DC. e Inga

thibaudiana DC. Outras espécies coletadas nas áreas do projeto foram referidas por Lewis (1987)

para variados ambientes no Estado da Bahia: Andira nitida Mart., Bowdichia virgilioides, Clitoria

falcata Lam., Desmodium axillare, Inga capitata Desv. e Inga thibaudiana, para a restinga, Canavalia brasiliensis Mart., para a Caatinga. Para as matas da Bahia, o autor indicou a presença

de mais algumas espécies que também foram registradas no Centro de Endemismo Pernambuco:

Dialium guianense (Aubl.) Sandw., Inga edulis Mart., I. thibaudiana, Parkia pendula Benth. ex

Walp., além de Clitoria falcata e Inga capitata, já indicadas para a restinga, Crotalaria juncea L. e

Mucuna pruriens (Medik.) DC. foram referidas por Lewis (1987) para áreas cultivadas na Bahia.

Os representantes da família Melastomataceae, registrados na Reserva Particular do Patrimônio Natural Frei Caneca (RPPN Frei Caneca, Município de Jaqueira, PE) foram estudados por Oliveira (2004) que descreveu 18 espécies, distribuídas entre sete gêneros, sendo algumas dessas referidas anteriormente por Araújo (2001), para um fragmento de Floresta Atlântica, localizado no Município de Paulista (Pernambuco): Bertolonia marmorata (Naud.) Naudin,

Clidemia capitellata (Bonpl.) D. Don., C. hirta (L.) D. Don., Henrietta succosa (Aubl.) DC., Leandra rufescens (DC.) Cogn., Miconia albicans (Sw.) Triana, M. ciliata (Rich.) DC., M. hypoleuca

(Benth.) Triana, M. minutiflora (Bonpl.) DC. e M. prasina (Sw.) DC.

Através do levantamento realizado nos herbários locais, Herbário Geraldo Mariz - UFP, Herbário Vasconcelos Sobrinho - PEUFR e Herbário Dárdano de Andrade Lima - IPA constatou-se um número baixo de registros para os fragmentos estudados, sendo encontradas 51 famílias e 64 espécies, correspondendo a 15,88% do total de espécies coletadas durante o desenvolvimento do projeto, sendo que a grande maioria desses registros anteriores é referente à Gurjaú.

As famílias Orchidaceae e Bromeliaceae destacam-se pela predominância de espécies epífitas. Outra família constituída por epífitas e hemiepífitas, Araceae, ocorre comumente em ambientes úmidos, sendo também de significativa representação na flora brasileira. Nas áreas do projeto, foram encontrados apenas cinco gêneros, embora se saiba que com um esforço maior de coletas esse número poderia aumentar consideravelmente. Entre as espécies coletadas nos fragmentos estudados, apenas Anthurium gracile (Rudge) Schott e Monstera adansonii Schott foram citadas para as matas serranas de Pernambuco, ambas epífitas (Mayo et al. 1998).

Outro destaque é dado às Arecaceae, por apresentarem formas de hábito peculiares e encontrarem-se representadas nos fragmentos do projeto pelas espécies Bactris acanthocarpa Mart. ex Henderson, B. pickellii Burret., Desmoncus orthacanthos Mart., D. polyacanthos Mart. e

Geonoma blanchetiana H. Wendl. Medeiros - Costa (2002) registrou a ocorrência destas espécies

para diferentes locais no Estado de Pernambuco, mas os únicos registros para os Municípios incluídos neste projeto foram Bactris acanthocarpa, referida para a mata de Gurjaú, e Desmoncus

orthacanthos, para o Município do Cabo de Santo Agostinho, sem indicação do local de registro.

Outras famílias apresentam formas de hábito variadas, ora prevalecendo espécies arbóreas, ora arbustivas ou ainda herbáceas e trepadeiras, compondo os diferentes estratos da mata (Tab. 2).

Tabela 2. Número de espécies de árvores, arbustos, ervas e trepadeiras em famílias

com maior diversidade no Centro de Endemismo Pernambuco.

Famílias Árvores Arbustos Ervas

Annonaceae Apocynaceae Asteraceae Begoniaceae Commelinaceae Clusiaceae Cucurbitaceae Cyperaceae Euphorbiaceae Lauraceae Leguminosae Mimosoideae Leguminosae Caesalpinioideae Leguminosae Papilionoideae Marantaceae Melastomataceae Myrtaceae Passifloraceae Piperaceae Poaceae Rubiaceae 2 1 - - 8 7 - - 1 4 5 2 3 - 7 5 - - - - 2 5 6 - - - - - 3 - - - 2 - 12 1 - 7 - 19 - - - 4 - - - 8 1 - - - - 9 1 - - 5 8 12 - 3 3 - - - 6 - 2 - - - 6 - - - 6 - - - Trepadeiras

Entre as espécies arbóreas, as famílias de maior destaque são Clusiaceae, Leguminosae, Myrtaceae e Lauraceae. A Família Clusiaceae encontra-se representada nos fragmentos que constituem a área do projeto pelas espécies Clusia intermedia G. Mariz, Clusia nemorosa Meyer,

Clusia sp., Symphonia globulifera L. f., Tovomita brevistaminea Engler, Tovomita cf. triflora Huber,

coletadas no Município de Jaqueira (PE), e Vismia guianensis (Aubl.) Choisy, no Município de Ibateguara (AL). Mariz (1974) indicou a ocorrência de seis gêneros e doze espécies da família no Estado de Pernambuco, sendo Symphonia globulifera registrada nos Municípios do Cabo de Santo Agostinho e Itambé, Tovomita brevistaminea, nos Municípios de Paulista e Rio Formoso, enquanto Vismia guianensis foi encontrada em Vitória de Santo Antão (Tapera). Andrade (1987) estudou o gênero Clusia L. em Pernambuco e apresentou seis espécies, entre as quais, as únicas encontradas na área do projeto foram Clusia intermedia, indicada pelo autor para o Brejo da Madre de Deus, e Clusia nemorosa, encontrada em Recife, Olinda, Itamaracá, Cabo de Santo Agostinho, Rio Formoso, Bonito, Caruaru, Buíque e Goiana. Portanto, através das coletas ora realizadas, foram apresentados novos registros de ocorrência para as Clusiaceae.

Quanto à Família Myrtaceae, foram encontradas cinco espécies arbóreas e uma arbustiva, mas devido à grande dificuldade de identificação, três coletas foram reconhecidas apenas ao nível de gênero. Entre seus representantes identificados, apenas Psidium guineense Sw. foi referido para as matas serranas de Pernambuco por Barroso & Lughadha (1998).

Estudos taxonômicos sobre a Família Lauraceae no Estado de Pernambuco foram realizados por Barreto (1985) que reconheceu 18 espécies, distribuídas em seis gêneros, ocorrentes em diferentes zonas fitogeográficas do Estado. Entre as espécies referidas pela autora, algumas foram encontradas recentemente nas áreas do projeto, sendo Cinnamomum chana Vatt.,

Ocotea gardneri (Meissn.) Mez e O. opifera (Nees) Mart. coletadas no Município de Jaqueira e O.glomerata (Nees) Mez, no Município de Ibateguara, todas constituindo primeira referência para

Agostinho, assim como Cryptocarya moschata Nees et Mart. ex Nees, cuja última coleta foi realizada em 1952 por A. Ducke e D. de Andrade Lima (Barreto 1985). Algumas das espécies encontradas nos fragmentos estudados foram também registradas para as florestas serranas de Pernambuco, sendo Cinnamomum chana registrada no Município de Caruaru e Ocotea glomerata, nos Municípios de Caruaru, Pesqueira e São Vicente Férrer (Barreto & Werff, 1998). Mais recentemente, Barreto (2002) apresentou um diagnóstico para a Família Lauraceae em Pernambuco, sem indicação de novos registros para a área aqui estudada.

Entre as famílias nas quais prevalecem espécies de porte arbustivo, destacam-se representantes de Rubiaceae, Melastomataceae, Piperaceae, Asteraceae, Apocynaceae, Euphorbiaceae e Annonaceae. Na área estudada, a Família Piperaceae encontra-se representada por seis espécies, pertencentes a três gêneros: Ottonia propinqua Kunth, Peperomia pellucida (L.) HBK, Piper aduncum L., P. arboreum Aubl., P. caldense C. DC. e P. marginatum Jacq. Entre as espécies observadas, P. aduncum ocorre exclusivamente no interior da mata, P. caldense foi encontrada tanto no interior quanto na borda da mata e as demais espécies são restritas à condição de borda de mata, dentre as quais P. marginatum foi registrada nas três áreas do projeto.

P. caldense e P. marginatum são as espécies que apresentam maior freqüência na área

(Nascimento et al. 2004).

As Asteraceae representadas nos fragmentos foram Eupatorium carnosifolium B. L. Robinson, Mikania cf. biformis DC., Mikania sp., Trixis antimenorrhoea (Schrank.) Mart., Verbesina

macrophylla (Cass.) S.F.Blake, Vernonia acutangula Gardn., V. brasiliana (L.) Druce, V. scorpioides Pers. e Vernonia sp., entre as quais, Eupatorium carnosifolium, Vernonia acutangula e

V. scorpioides são herbáceas. Verbesina macrophylla, Vernonia acutangula, V. brasiliana e V. scorpioides já haviam sido referidas para as matas serranas de Pernambuco (Hind & Robinson

1998).

Foram coletadas nove espécies da Família Apocynaceae: Himatanthus sp., Mandevilla

dardanoi M. F. Sales, M. lasiocarpa (A. DC.) Malme, M. scabra (Hoffmanns ex Roem. & Schult.) K.

Schum., Mandevilla sp., Rauwolfia grandiflora Mart., R. pernambusencis Mello-Filho, ocorrendo predominantemente em borda de mata, enquanto Mandevilla microphylla (Stadelm.) M. F. Sales e

Peltastes sp. foram encontradas no interior da mata. A única espécie entre aquelas referidas, para

as matas serranas de Pernambuco e encontrada também nos fragmentos foi Mandevilla scabra (Sales 1998).

A Família Euphorbiaceae encontra-se representada por sete espécies na área estudada, sendo as três que apresentam hábito arbustivo referidas também para as matas serranas:

Aparisthmium cordatum (A. Juss.) Baill., Euphorbia insulana Vell. e Phyllanthus acuminatus Vahl

(Webster et al. 1998).

As espécies de Annonaceae são observadas predominantemente no interior da mata e entre elas destaca-se Anaxagora dolichocarpa Sprague et Sandw., que apresentou maior número de coletas, estando presente em todos os fragmentos. Raros exemplares de Cymbopetalum

brasiliense (Vell.) Benth. ex Baill., Guateria pogonopus Mart. e Xylopia sp. foram encontrados em

Quanto às espécies herbáceas, destacam-se as famílias Marantaceae, Commelinaceae, Cyperaceae, Poaceae e Begoniaceae. Foram coletados nove representantes da Família Marantaceae. Recentemente, Arns (2003) realizou uma revisão dos gêneros Ctenanthe Eichler e

Stromanthe Sond., onde algumas das espécies listadas são descritas e diferentes tipos de habitat

são apresentados para as mesmas, entre essas Ctenanthe casupoides Petersen, referida para a Floresta Atlântica, mata de tabuleiro e restinga arbórea, C.compressa (A.Dietr.) Eichler, para a Floresta Amazônica, Floresta Atlântica, restinga arbórea, mata de tabuleiro e brejo de altitude,

Stromanthe porteana Gris., para a Floresta Amazônica, Floresta Atlântica, restinga arbórea e mata

de tabuleiro. No levantamento realizado no Centro de Endemismo Pernambuco, Ctenanthe

casupoides constitui primeira referência para o Estado de Pernambuco.

Os representantes da Família Commelinaceae ocorrentes nos fragmentos são Callisia

monandra (Sw.) Schult. f., Commelina rufipes Seub. var. glabrata (D. R. Hunt) Faden & D.R. Hunt., Commelina rufipes Seub. var. rufipes Seub., Dichorisandra hexandra (Aubl.) Standl., D. puberula

Nees et Mart. e D. thyrsiflora J.C. Mikan. Commelina rufipes var. glabrata constitui a primeira referência para Pernambuco. Dichorisandra hexandra e D. thyrsiflora, que apresentam uma distribuição mais ampla, foram referidas pela primeira vez para a área estudada. Neste Estado,

Callisia monandra, até então só havia sido coletada nos Municípios de Arcoverde, Floresta e Inajá; Commelina rufipes var. rufipes era referida apenas para o Município de Bonito; D. puberula apenas

para o Município de Triunfo (Barreto 1997; Barreto & Faden 1998). A significativa representação da Família Commelinaceae na composição florística do Estado de Pernambuco também foi destacada no diagnóstico apresentado por Barreto (2002), onde foi indicada a ocorrência de 21 espécies em diferentes ambientes.

A Família Cyperaceae apresentou sete espécies na área do projeto: Becquerelia cymosa Brongn., Bulbostylis scabra (Presl.) C.B. Clarke, Calyptrocarya glomerata (Brongn.) Urb.,

Rhynchospora cephalotes (L.) Vahl, R.comata (Link.) Roem. & Schult., Scleria leptostachya Kunth

e S. secans (L.) Urb. Entre estas, apenas Becquerelia cymosa foi referida para as matas serranas do Estado de Pernambuco (Strong et al. 1998).

As Poaceae representadas nos fragmentos compreendem: Olyra ciliatifolia Raddi, O.

latifolia L., Ichnanthus ichnodes (Gris.) Hichc. & Chase, I. nemoralis (Schrade ex Roem & Schult.)

Hichc. & Chase, I. cf. petiolatus Doell., I. tenuis (J. Presl.) Hichc. & Chase, I. pallens (Sw.) Munro ex Benth., Pharus latifolius L. Ichnanthus nemoralis e I. tenuis foram encontradas também em matas serranas (Renvoize 1998).

Constituindo ainda uma das famílias que compõem o estrato herbáceo, as Begoniaceae encontram-se representadas por Begonia convolvulacea (Klotzsch) A. DC., B. egleri Brade, B.

hirtella Link. e B. saxicola A.DC., todas coletadas no interior da mata.

Algumas famílias encontram-se representadas por cipós e trepadeiras, principalmente as Cucurbitaceae e Passifloraceae. A família Cucurbitaceae Juss. está representada nos fragmentos por seis espécies: Cayaponia tayuya (Vell.) Cogn., Cayaponia sp., Gurania bignoniacea (Poepp. & Endl.) C.Jeffrey, G. subumbellata (Miq.) Cogn., Gurania sp. e Momordica charantia L. Para as florestas serranas de Pernambuco, já haviam sido citadas Gurania bignoniacea, G. subumbellata e

Momordica charantia (Sales et al. 1998b). Seus representantes apresentam ampla distribuição em

matas úmidas, ocorrendo tanto no interior como em borda de mata e, por se tratarem de plantas dióicas, sua identificação é dificultada pela necessidade de coleta de exemplares masculinos e femininos.

As Passifloraceae registradas nos fragmentos pesquisados foram Passiflora foetida L., P.

misera Kunth, P. raddiana DC., P. watsoniana DC., Passiflora sp. e Tetrastylis ovalis (Vell.) Killip. Passiflora foetida, entre estas, foi a única também encontrada nas matas serranas (Laurênio &

Sales 1998).

As famílias destacadas neste trabalho tiveram seus representantes comparados com aqueles encontrados no levantamento da flora fanerogâmica de nove brejos de altitude no Estado de Pernambuco, realizado por Sales, Mayo & Rodal (1998) e as espécies registradas nos dois ambientes são apresentadas na Tabela 3.

Tabela 3. Espécies de fanerógamos encontradas nas áreas de Floresta Atlântica no Centro de Endemismo Pernambuco e

nos Brejos de Altitude de Pernambuco.

Famílias Espécies Áreas do Centro de

Endemismo Pernambuco Brejos de Altitude de Pernambuco Apocynaceae Araceae Araceae Asteraceae Asteraceae Asteraceae Asteraceae Commelinaceae Commelinaceae Commelinaceae Commelinaceae Cucurbitaceae Cucurbitaceae Cucurbitaceae Cyperaceae Euphorbiaceae Euphorbiaceae Euphorbiaceae Lauraceae Lauraceae Leguminosae Leguminosae Leguminosae Marantaceae Myrtaceae Passifloraceae Poaceae Poaceae Rubiaceae Rubiaceae Rubiaceae Rubiaceae Rubiaceae Rubiaceae Mandevilla scabra Anthurium gracile Monstera adansonii Verbesina macrophylla Vernonia acutangula Vernonia brasiliana Vernonia scorpiodes Callisia monandra

Commelina rufipes var. rufipes Dichorisandra hexandra Dichorisandra thyrsiflora Gurania bignoniacea Gurania subumbellata Momordica charantia Becquerelia cymosa Aparisthmium cordatum Euphorbia insulana Phyllanthus acuminatus Cinamomum chana Ocotea glomerata Bowdichia virgilioides Desmodium axillare Inga thibaudiana Monotagma plurispicatum Psidium guineense Passiflora foetida Ichnanthus nemoralis Ichnanthus tenuis Chiococca alba Emmeorhiza umbellata Faramea multiflora Palicourea crocea Psychotria bahiensis Psychotria carthagenensis Serra Grande Serra Grande RPPN Frei Caneca, Serra Grande Serra Grande RPPN Frei Caneca RPPN Frei Caneca Serra Grande RPPN Frei Caneca Serra Grande RPPN Frei Caneca Gurjaú

Gurjaú, RPPN Frei Caneca, Serra Grande

Gurjaú, Serra Grande Gurjaú Serra Grande Gurjaú RPPN Frei caneca Serra Grande RPPN Frei Caneca Serra Grande RPPN Frei Caneca Serra Grande

Gurjaú, RPPN Frei Caneca Gurjaú, RPPN Frei Caneca, Serra Grande

Serra Grande Serra Grande

Gurjaú, Serra Grande Serra Grande RPPN Frei Caneca RPPN Frei Caneca Gurjaú

Gurjaú, RPPN Frei Caneca, Serra Grande

Serra Grande RPPN Frei Caneca, Serra Grande

Buíque, Pesqueira Bonito, São Vicente Férrer Caruaru, São Vicente Férrer, Taquaritinga do Norte Bonito, Floresta Bezerros, Caruaru Caruaru, São Vicente Férrer Bonito, Caruaru

Floresta, Inajá Bonito

Bonito, Brejo da Madre de Deus, Caruaru, Floresta, Jataúba, Pesqueira Bonito, São Vicente Férrer

Bonito, Caruaru, São Vicente Férrer