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O ruído é um conjunto de sons, onde suas frequências não seguem nenhuma lei, ou seja, se diferem entre si por valores imperceptíveis ao ouvido humano, além disso, o ruído é também todo som de caráter indesejável (NBR 12179, ABNT, 1992).

Entretanto, Bistafa (2011) evidencia que alguns sons que estariam classificados como ruído podem ter conotação positiva, por apresentar uma informação útil, exemplo disso é o som que indica a velocidade com que se está dirigindo, além do exemplo de que o ruído de uma máquina estragada pode avisar ao técnico que vai concertá-la, qual ferramenta ele deverá utilizar, bem como, qual o problema que a afeta (BISTAFA, 2011).

Um exemplo muito interessante e que está na vida do ser humano, faz relação ao alfabeto, quem o apresenta é Costa (2003), que aponta que as consoantes do alfabeto agem como ruídos na voz humana e em contrapartida, as vogais atuam como sons, onde sempre há uma nota cuja frequência é a que denomina qual a pessoa que a está produzindo, acompanhada de algumas harmônicas que dão o timbre característico (COSTA, 2003).

A NBR 10152 (ABNT, 2017) apresenta uma tabela de valores de ruídos aceitáveis (expressos em decibels) para diversas edificações, como hotéis, hospitais, residências, auditórios, restaurantes e também escolas, parte interessante para esta pesquisa e também a

curva de avaliação de ruído (NC), que consiste no “método de avaliação de um ruído num ambiente determinado” (NBR 10152, ABNT 1987, p.1).

Ressaltando que a presente pesquisa trata do quanto o ruído escolar de ambientes externos e internos a um determinado prédio de uma escola pública afeta no processo de ensino aprendizado de discentes, através da tabela 1, verifica-se que em salas de aula o nível adequado de pressão sonora equivalente ponderada em A, 𝐿𝐴𝑒𝑞,𝑇 =35dB e nível máximo de

pressão sonora ponderada em A e ponderada em S de 𝐿𝐴𝑆𝑚á𝑥 =40 dB. Para entender melhor a tabela, que foi adaptada da NBR 10152 (ABNT, 2017), na coluna ‘dB’, o primeiro valor equivale ao 𝐿𝐴𝑒𝑞,𝑇, enquanto o segundo faz referência ao 𝐿𝐴𝑆𝑚á𝑥.

Tabela 1 – Valores dB e NC Educacionais Locais dB NC Circulações 50-55 45 Berçário 40-45 35 Salas de aula 35-40 30 Salas de música 35-40 30

Fonte: Adaptado de NBR 10152 (ABNT, 2017).

2.8.1 Ruído como agente problemático

O ruído pode afetar as pessoas de várias formas, entre estas, é capaz provocar problemas sérios que prejudicam a saúde do ser humano, como a “perda de audição, stress, hipertensão, perda de sono, falta de concentração baixa produtividade, deterioração da qualidade de vida e redução de oportunidades de repouso” (BISTAFA, 2011, p. 6).

Contudo, a audibilidade, características espectrais, duração, tonalidade, hora de ocorrência, entre outros, são fatores que interferem na reação das pessoas com relação aos ruídos, ou seja, o incômodo ocasionado pelo ruído é dependente da atividade que está sendo realizada pelo ser humano (BISTAFA, 2011). Além disso, segundo o autor, o problema de ruído ocorre quando o mesmo interfere nas atividades humanas.

2.8.2 Controle do Ruído

Quando o objetivo é controlar o ruído, é necessário dispor de elementos que provoquem a dificuldade de transmissão do mesmo, isso é indicado para ruídos que estejam

sendo gerados no interior da própria edificação ou em sua área externa (CORBELLA; YANNAS, 2013).

Bistafa (2011) destaca que a forma mais eficiente de controlar o ruído é no local de onde ele vem, ou seja, na própria fonte sonora (máquinas, equipamentos, instalações industriais, etc), todavia, geralmente o problema do controle do ruído ocorre após a instalação da mesma e devido ao fato da troca da fonte sonora ser inviável, se parte para a trajetória de transmissão (ar, paredes, divisórias, tubulações, líquidos, entre outros), cuja solução é utilizar de barreiras acústicas, silenciadores, etc; por fim, é possível controlar o ruído diretamente no receptor (normalmente, o ser humano), o que só é possível no ambiente de trabalho e através de equipamento de proteção individual (EPI).

2.8.3 Ruído interferente nas salas de aula

Bertoli (2001) afirma que são realizados vários estudos acerca da acústica de salas de aula, estudos estes que informam os causadores do ruído que afeta tais ambientes. De acordo com a autora, o ruído pode vir de ambientes internos à edificação escolar, ou seja, os impactos, vozes nos corredores e pátios e também reverberação, além de ruídos advindos de ambientes externos, como atividades industriais, comerciais e de lazer, além do trânsito.

Complementar à afirmação acerca de ruídos externos, há também o fato de as instituições de ensino ainda estarem localizadas próximo ao tráfego intenso e, tendo em vista o crescente aumento no número de veículos e outros elementos que culminam no ruído excessivo, isso se torna prejudicial àqueles que são os principais ocupantes destes ambientes, os professores e alunos (NOGUEIRA et al., 2008).

2.9 ‘MEDIÇÃO’ E AVALIAÇÃO DO RUÍDO

A grandeza acústica que determina a sensação subjetiva de intensidade sonora é o nível de pressão sonora, que pode ser verificado através de medições acústicas. Um instrumento para medições acústicas possui um sensor de pressão sonora, que é o componente básico para este tipo de equipamento. Este sensor nada mais é do que o conhecido microfone, também chamado de transdutor eletroacústico, ele objetiva transformar a pressão do som em um sinal elétrico equivalente, que posteriormente é condicionado e expresso em termos de NPS. Este instrumento utilizado para medição sonora é o medidor de nível sonoro, denominado sonômetro, conhecido entre as pessoas como ‘decibelímetro’ (BISTAFA, 2011).

Os sonômetros podem ser encontrados no mercado basicamente em quatro tipos, sendo eles: Tipo 0, que consiste em um equipamento de referência padrão, possui custo elevado e executa a calibração de outros sonômetros; Tipo 1, destinado à medições de laboratório ou de campo em locais em que as condições ambientais sejam controladas; Tipo 2, realiza medições em campo em geral e o Tipo 3, que possui custo baixo e realiza avaliação simples, para que se tenha uma noção aproximada do nível sonoro (BISTAFA, 2011).

As medições sonoras permitem que sejam identificadas uma vasta lista de especificações de determinado ambiente, as quais são apresentadas por Bistafa (2011)

 Identificar e localizar fontes de ruído dominantes;

 Selecionar métodos, dispositivos e materiais para o controle de ruído;

 Avaliar e comparar soluções de controle de ruído;

 Verificar o atendimento a normas e legislações de controle de ruído;

 Determinar a potência de fontes sonoras;

 Avaliar a qualidade acústica de um recinto, sua adequação para determinado uso etc. (BISTAFA, 2011, p. 87)

Um medidor de nível sonoro simples não possui filtros de análise e frequência, gerando apenas o nível sonoro total do som que reflete no microfone, este nível total consiste em um único número que representa toda a energia sonora que faz parte da faixa de frequências que o medidor capta (BISTAFA, 2011).

Com a finalidade de realizar a avaliação dos espectros sonoros, é que se utiliza os filtros passa-banda e os comumente utilizados são os 1/n de oitava, onde, de acordo com Bistafa (2011, p.94) “a largura de cada banda é sempre uma porcentagem constante da frequência central de cada filtro” e os filtros que mais são encontrados no mercado são os filtros de 1/1 de oitava, onde o n=1, comumente chamados de uma oitava e 1/3 de oitava, cujo n=3. Outro dado importante que o autor cita é de que “a banda de oitava mede a energia sonora contida na banda de passagem de um filtro passa-banda, cuja frequência de corte superior da banda é o dobro da frequência de corte inferior da banda, daí o nome oitava” (BISTAFA, 2011, p. 94).

Geralmente os sonômetros possuem filtros ponderadores usados para que o espectro sonoro seja modificado visando a semelhança com a resposta do sistema auditivo humano às várias frequências que incorporam o som, em outras palavras, estes filtros buscam deixar a sensação subjetiva de intensidade do som o mais próximo possível. Entretanto, a grandeza que é fornecida pelo equipamento segue sendo o nível de pressão sonora, porém ponderado (BISTAFA, 2011).

Visando explanar o conhecimento a respeito dos filtros ponderadores, são apresentadas as quatro denominações destes, cada qual com suas características, são elas: Filtro ponderador em A, que assemelha a resposta do sistema auditivo para sons cujos níveis sonoros são ‘moderados’, o que se observa nas tarefas do cotidiano, fazendo com que este filtro ponderador seja o mais recomendado nas medições de ruído; B, assemelha a resposta do sistema auditivo a sons com níveis sonoros médios e dificilmente é utilizado nas medições de ruído; C, assemelha a resposta da sensação auditiva a sons com níveis sonoros muito altos, devido ao fato de possuir função de transferência praticamente plana, ou seja, o nível sonoro apresentado com este filtro é praticamente igual ao obtido sem nenhum filtro ponderador e D, filtro ponderador que penaliza altas frequências elaborado objetivando a avaliação de ruídos de sobrevoos de aeronaves. Quando os resultados das medições de nível sonoros são expressos em dB (x), isso quer dizer que foi utilizado um filtro ponderador nestas medições e o ‘x’ equivale ao tipo de filtro ponderador utilizado, sendo ele, como já citado, A, B, C ou D; outrossim, quando o resultado é expresso em dB ou dB (linear), quer dizer que o filtro ponderador não foi utilizado, ou seja, pode-se entender que o nível sonoro medido representa a energia sonora total inclusa no sinal captado no medidor (BISTAFA, 2011).

Para a realização das medições é imprescindível que se utilize as normatizações apresentadas pela ABNT, são elas, NBR 10151:2000 – Acústica – Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o conforto da comunidade – Procedimentos e também a NBR 10152:2017 – Acústica – níveis de pressão sonora em ambientes internos a edificações.

Kowaltowski (2011) ressalta que para se realizar medições e avaliações do conforto ambiental em seus campos acústico, térmico e luminoso, é importante que as mesmas sejam executadas na parte da manhã, no horário de 8hs (oito horas), ao meio dia e na parte da tarde, às 16hs (dezesseis horas), para que sejam analisadas as diversas condições ambientais e que haja o mínimo de interrupção das atividades escolares.

Em termos de avaliação de conforto acústico, segundo Kowaltowski (2011) devem ser observados diversos critérios, são eles: existência de equipamentos de ventilação ligados, como ventiladores e exaustores, os ruídos percebidos, condições das aberturas, níveis sonoros, reverberação sonora, interferência sonora dos espaços internos e externos e os materiais de acabamento do piso, paredes e do teto. Além disso, a autora acrescenta que visando à avaliação de conforto acústico de determinado ambiente, é imprescindível averiguar a

qualidade interna do mesmo, bem como a influência que o meio externo tem para com este ambiente.

Conforme Bistafa (2011), métodos de avaliação de ruídos vêm sendo desenvolvidos, levando em consideração fatores físicos e comportamentais com acentuada relevância para situações diversas e específicas. O autor complementa que a avaliação do ruído é objetiva devido aos métodos, aos critérios e às escalas de aceitação que definem o grau de incômodo ou de interferência às atividades humanas, este fator permite sua classificação, além de permitir a comparação de medidas que causam alívio e formar uma base de normas e legislações a serem aplicadas.

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