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2.10 ACÚSTICA DE SALAS

2.10.1 Tempo de Reverberação

O tempo de reverberação (TR) faz a medição de quanto tempo a densidade de energia leva para decair 60 dB (sessenta decibels), devido a isso, é que este conceito também é chamado de T60 (BRANDÃO, 2016). Kowaltowski (2011) complementa esta ideia relatando que o decaimento de energia de 60 dB ocorre depois de a fonte estar cessada, além de advir uniformemente no ambiente a que a fonte está exposta, não dependendo da posição do ouvinte no local. Contribuindo com a definição, Costa (2003, p.44) conceitua o tempo de reverberação como “o tempo necessário, para que a intensidade energética de um som puro de 512 Hz se reduza a um milionésimo de seu valor inicial (60dB), a partir do momento no qual a fonte cessa de emiti-lo”.

A NBR 12179 (ABNT, 1992) define o tempo de reverberação (TR) como o “tempo necessário para que um som deixe de ser ouvido, após a extinção da fonte sonora, e expresso em segundos. O TR é medido como o tempo necessário para que o som sofra um decréscimo de intensidade de 60 dB” (NBR 12179, ABNT 1992, p. 2). Além disso, há ainda o Tempo de Reverberação Ótimo, que de acordo com a mesma norma nada mais é do que o TR tido como ótimo para determinado ambiente e atividade, expresso em segundos.

Kowaltowski (2011), menciona que o tempo de reverberação também está relacionado ao volume da sala, materiais de que são feitas as paredes, o teto e piso, das pessoas que ocupam este ambiente, além dos objetos e móveis e dos coeficientes de absorção de todos estes fatores. Dito isto, a autora reitera também que o tempo de reverberação está associado à inteligibilidade da fala e existem tempos ótimos de reverberação que são sugeridos para determinados locais, que como dito anteriormente, dependem do volume da sala e da absorção do local, além de poderem ser medidos ou estimados. Ademais, quando se trata de sala de aula, não há recomendações no Brasil a respeito de tempo de reverberação (KOWALTOWSKI, 2011).

Assim como outros fatores, o tempo de reverberação também deve ser adequado ao uso a que se destina determinado local. No caso das salas de aula, se o tempo de reverberação é longo, torna-se impróprio e não só em salas de aula, como em outros locais onde a inteligibilidade da fala é imprescindível (BISTAFA, 2011).

2.10.2 Inteligibilidade da palavra

Costa (2003) define a inteligibilidade da palavra ou da fala como a relação das palavras ouvidas pelo número das palavras que foram ditas e somente quando é superior à 0,8 é que a percepção é tida como segura, no entanto, quando a inteligibilidade é menor que 0,7 a acústica da sala não é considerada adequada. Além disso, o autor coloca que os fatores que atuam na inteligibilidade da palavra são a distribuição da onda sonora, o tempo de reverberação (TR), a intensidade do som e os rumores externos.

A inteligibilidade da palavra é algo sério e que pode afetar o rendimento no ambiente de trabalho, bem como a eficiência e ocasionar erros por falta de comunicação. Além disso, também pode causar irritação, perturbação ou frustração (BISTAFA, 2011).

2.10.3 Ruído de fundo

Zwirtes (2006) conceitua o ruído de fundo como todo ruído que está presente em um espaço e não faz relação ao objeto de apreciação ou medição e, ainda, consegue mascarar a fonte de interesse, fazendo com que o indivíduo tenha mais dificuldade de interpretar e compreender o som a ele transmitido. A autora ainda cita que se tratando de ruído de fundo no ambiente escolar, o mesmo consiste em todo e qualquer ruído presente na sala com exceção da voz do professor.

2.11 AUDIÇÃO

A frequência, a intensidade e o timbre sonoros são distinguidos de forma aproximadamente perfeita pelo ouvido humano, porém, a audibilidade tem suas limitações (COSTA, 2003). O ser humano irá ouvir as vibrações no ar, somente se a sua frequência estiver entre 20 Hz e 20.000 Hz, ou seja, 20 e 20 mil ciclos por segundo e a intensidade da vibração do ar deverá ter no mínimo 0,000000000001 W/m² para que seja audível, é o que se conhece como o limiar da percepção auditiva (SCHMID, 2005). De acordo com Costa (2003), se tratando de intensidade, o ouvido humano não captura sons de intensidade muito baixas, entretanto, quando a intensidade é relativamente alta, o som causa uma sensação de dor.

2.11.1 Ouvido Humano

De forma a compreender como se dá a audição pelo ouvido humano, é necessário conhecer alguns elementos de que ele é composto (Figura 2), como o tímpano, os ossículos conhecidos como estribo, martelo e bigorna, a cóclea que é semelhante a um caracol, onde a

vibração aérea passa a ser a vibração de um líquido e por fim, o elemento que transmite o impulso elétrico ao cérebro, chamado de nervo auditivo (SCHMID, 2005).

Figura 2 – Anatomia do ouvido humano

Fonte: BISTAFA, 2011, p.44

Em suma, Brandão (2016) denomina de sensação auditiva o processo pelo o qual o som chega ao sistema e posteriormente passa pelas orelhas, ainda antes de chegar ao cérebro. Já Costa (2003) relata que a sensação auditiva é uma impressão causada pelo som no ouvido humano e que pode ser maior ou menor. Após a sensação auditiva, Brandão (2016) informa que ocorre a percepção auditiva, que é quando a informação chega ao córtex cerebral e é então interpretada, tornando-se uma percepção, ou seja, a forma como o indivíduo a compreende.

Bistafa (2011) descreve o processo pelo qual o som passa para ser interpretado no cérebro humano, onde primeiramente o som é emitido em forma de ondas sonoras, que consiste no nível ou fenômeno físico; posteriormente, é codificado pela orelha, o nível fisiológico e por fim, enviado ao cérebro através das fibras nervosas auditivas, que é o nível psíquico (Figura 3).

Figura 3 - Níveis físico, fisiológico e psíquico do processamento do som pelos Seres Humanos

Brandão (2016) apresenta um gráfico para representar a que níveis de pressão sonora, dados em dB e de frequência em kHz (quilo-hertz) o ouvido humano pode vir a suportar, de um nível mínimo abaixo de 0 dB (zero decibels) e aproximadamente 4kHz (quatro quilo- hertz) de frequência, até o máximo limiar da dor, acima de 140dB (cento e quarenta decibels) e em um ‘pico’ de mais ou menos 1,5kHz (um quilo-hertz e meio) (Figura 4). Ainda na figura 4, é possível perceber que a fala humana é audível nas frequências de 200 Hz a praticamente 10kHz, mas o pico encontra-se em 500Hz, o equivalente à 80dB.

Figura 4– Curvas de níveis de audibilidade da audição humana e faixas aproximadas de conteúdo espectral da música e fala em hachurado

Fonte: BRANDÃO, 2016, p.61

2.11.2 Perda Auditiva

A perda de audição pode ocorrer de duas formas distintas, a primeira delas é a perda condutiva, que decorre devido a uma anormalidade, fazendo com que o som não chegue à orelha interna e causa lesões fora da cóclea, ocorrendo nas orelhas média e externa. Em geral, pessoas que sofrem deste tipo de perda costumam falar baixo, isso se deve ao fato de não ouvir claramente outras vozes, fazendo com que falem no mesmo “nível sonoro” que ouvem. A outra forma de ocorrer perda auditiva consiste na perda neurossensorial, que é causada devido a lesões na cóclea ou no nervo auditivo e ao contrário da perda condutiva, aqui as pessoas costumam falar alto, para que consigam ouvir a própria voz (BISTAFA, 2011).

Bistafa (2011) acrescenta que quando exposto a níveis elevados de pressão sonora continuamente, o ser humano pode vir a ter perda de audição induzida por ruído, cujo nome advém do fato de o NPS ser provocado por ruídos intensos. Os ruídos intensos podem

provocar perda de audição temporária ou até permanente, na temporária, o indivíduo tende a recuperar a audição após a exposição a ruídos intensos, já a permanente causa lesão das células ciliadas, causando até o desaparecimento das mesmas e não há recuperação destas células (BISTAFA, 2011).

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