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Apêndice A A Internet

A.1 Síntese Histórica

A Internet é uma rede de redes computadores, à escala mundial, que se encontram interligados através de linhas comuns de telefone, linhas de comunicações privadas, canais de satélite, entre outros meios de telecomunicações. A sua evolução histórica ao longo de pouco mais de três décadas, encontra-se esquematizada na Fig.A.1.

Tudo começou no período da “Guerra Fria”. A grande rede, hoje conhecida por

Internet, foi idealizada em 1957 pela ARPA (Advance Reasearch and Projects Agency),

uma agência do departamento de defesa dos EUA, no sentido de estabelecer a liderança americana no campo da pesquisa militar, em resposta ao Sputnik - primeiro satélite espacial soviético. Em 1969, o departamento de defesa dos EUA promoveu a criação de um sistema de comunicação que permitisse interligar os computadores dos principais centros da ARPA, surgindo deste modo a ARPAnet, uma rede de computadores que

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A estimativa de computadores ligados à Internet no final do ano de 1998 era de 35 milhões, em 1999 de 50 milhões e em 2000 de 100 milhões. <http://www.nua.com/surveys/how_many_online/index.html> (Julho de 2001).

deveria funcionar mesmo em situações de quebra parcial de troços de rede. A ARPAnet baseava-se no protocolo NCP (Network Control Protocol) precursor do TCP, dispunha de serviços básicos, tais como a execução remota de funções e transferência de ficheiros. Entre 1974 e 1978, Vincent Cerf e Bob Kahn da ARPA estudaram a possibilidade de um novo protocolo de comunicação, tendo surgido aquele que veio a prevalecer até aos dias de hoje - o protocolo TCP/IP (Trasmission Control Protocol / Internet Protocol). Mas só em inícios de 1983 o protocolo NCP, que até então apoiou as comunicações da ARPAnet, foi totalmente substituído pelo protocolo TCP/IP, vindo este a constituir o protocolo oficial de comunicação entre redes. Nesse mesmo ano (1983) a ARPAnet interligou-se com outras redes entretanto surgidas, dando origem à designação de Internet. Também o protocolo TCP/IP foi incluído no sistema Unix da universidade de Berkeley e posteriormente adoptado nos meios académicos e industriais, acontecimentos que marcaram decisivamente o início do crescimento da Internet. Em 1986 a NSF (National Science Foundation) dos EUA promoveu a criação da rede NSFnet, de modo a fornecer a principal estrutura (backbone) de comunicações da Internet. Entretanto em 1990, na sequência do fim da “Guerra Fria”, a ARPnet terminou oficialmente as suas funções, altura em que a generalidade das principais universidades e centros de investigação de todo o mundo já se encontravam interligados. Em 1992/1993, a NSF promoveu a criação de um conjunto de organizações que permitissem uma melhor gestão e coordenação da Internet, devido ao seu crescimento. Foi então fundada em 1992 a ISOC (Internet Society), no sentido de coordenar e supervisionar todos os esforços e desenvolvimentos realizados no âmbito da

Internet. Segue-se, em 1993, a criação do InterNIC, um organismo responsável pela gestão

e atribuição de endereços Internet à escala internacional e nos diferentes domínios mantidos nos EUA, sendo paralelamente atribuídas responsabilidades idênticas a organismos similares no contexto continental e nacional (ex: RIPE - Réseaux IP Européens

- a nível continental e a FCCN - Fundação para o Cálculo Científico Nacional - em

Portugal). Devido às pressões dos grandes grupos económicos, que começaram a fazer uso da Internet, em 1994 a NSF levanta as restrições da utilização do tráfego comercial sobre a NSFnet, vindo a terminar oficialmente as suas funções em 1995, altura da sua substituição por operadores privados, Fig.A.1.

Fig.A.1 - Evolução histórica da Internet [Silva e Delgado, 1997; Silva, 1999; Monteiro e Boavida; 2000].

A história da Internet pode-se, então, dividir em três grandes períodos: (i) um primeiro período que vai desde 1969 até cerca de 1983, conhecido por Internet dos Militares; um segundo período, desde 1983 até aproximadamente 1993, em que prevaleceu a Internet dos Cientistas e Académicos; e finalmente (iii) o período desde 1993 até aos dias de hoje, onde o grande domínio dos empresários sobre essa gigantesca rede, concedeu-lhe o nome de Internet Comercial. Actualmente a Internet é dinamizada, principalmente, pelos grupos de telecomunicações, empresas de software, empresas de comunicação, contando com milhões de computadores, milhares de redes comerciais e académicas, e vista como uma rede aberta, democrática e disponível para todos.

Depois de pouco mais de três décadas, a Internet é considerada como um dos mais importantes e revolucionários desenvolvimentos da história da Humanidade, devendo-se o seu sucesso, fundamentalmente, a dois grandes e decisivos factores [Silva e Delgado, 1997; Silva et al., 1998; Silva, 1999]: por um lado, a vertente tecnológica estável e madura assente num conjunto de protocolos de comunicação adequados a redes heterogéneas, em mecanismos de atribuição e gestão de endereços hierarquicamente descentralizados e num conjunto alargado de serviços baseado no paradigma cliente- servidor; por outro, a vertente política e de gestão que assenta numa rede aberta e democrática, ou seja, a sua propriedade, gestão e responsabilidade encontram-se distribuídas pelos diferentes países, instituições, empresas e grupos individuais, não existindo, portanto, uma entidade central responsável pela manutenção e gestão dos conteúdos que aí se encontram.

1969 1974/1978 1983 1986 1990 1992 1993 1994 2001 t

ARPAnet Designação Internet

TCP/IP

NSFnet

(backbone)

ISOC InterNIC

Domínio

partilhado partilhado Domínio

Domínio militar (ARPA)

Domínio científico e académico (NSF)

Domínio comercial

Protocolo NCP Protocolo TCP/IP

Fim

ARPAnet

Fim

O conjunto de características enunciadas anteriormente contribuem para que a

Internet seja, notoriamente, um excelente meio de comunicação e uma importantíssima

fonte de informação. Na sua gestão e funcionamento existe um conjunto de tecnologias que se agregam segundo três componentes básicas [Silva e Delgado, 1997; Silva 1999]: (i) um protocolo de comunicação que se adapta e suporta ambientes computacionais heterogéneos; (ii) uma forma de gerir, atribuir, e referenciar recursos de forma descentralizada e dinâmica; e (iii) um suporte de serviços básicos de comunicação e de interacção entre uma comunidade dinâmica de utilizadores. Estas componentes são descritas, de forma breve, nas subsecções seguintes.