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5. Resultados

5.6. Síntese de resultados

Caracterização da amostra

Na amostra da presente dissertação, 51% são indivíduos do sexo masculino e 49% são indivíduos do sexo feminino com idades compreendidas entre os 18 e os 80 anos. Nesta população em estudo, 28,3% tomam medicação para a dislipidemia (28,4% no sexo masculino e 28,2% no sexo feminino). Nestes indivíduos encontra-se uma prevalência de excesso de peso de 64,7%, sendo que 22,8% são obesos. Quanto à prática de atividade física na população em estudo, verifica-se 70,7% cumpre as recomendações (67,9% do sexo masculino e 73,5% do sexo feminino).

Caracterização do perfil lipídico

A análise do perfil lipídico da população em estudo (Quadro 21) revela que os valores médios de CT e LDL estão ligeiramente acima das recomendações para o perfil lipídico e que os restantes parâmetros se encontram dentro das recomendações para o perfil lipídico. Por sexo, os homens apresentam um perfil mais aterogénico que as mulheres visto que têm valores superiores de LDL (p=0,003), TG (p<0,001), apoB (p<0,001) e apoB/apoA1 (p<0,001). Por sua vez as mulheres apresentam valores superiores que os homens para HDL (p<0,001) e apoA1 (p<0,001) (Quadro 22).

Caracterização do perfil lipídico por fator de risco vascular

No estudo do perfil lipídico de acordo com a distribuição dos fatores de risco vascular na população em estudo verifica-se que de um modo geral a presença do fator de risco no indivíduo está associada a alterações no metabolismo lipídico.

Quanto à pressão arterial elevada, os indivíduos com HTA apresentam, de um modo geral, um perfil mais aterogénico que os indivíduos sem HTA, tanto no sexo feminino como no sexo masculino (Anexo D). Na análise do perfil lipídico de acordo com as três categorias de alteração do metabolismo da glicose verifica-se uma tendência para o aumento dos níveis de CT, LDL, não-HDL e apoB dos indivíduos sem DM para os indivíduos com Pré-DM para depois diminuir nos indivíduos com DM. Na análise do HDL e da apoA1 verifica-se que diminuem dos indivíduos sem DM para os indivíduos com Pré-DM e destes para os indivíduos com DM, apesar de a diminuição da apoA1 dos indivíduos sem DM para os indivíduos com Pré-DM não ser estatisticamente significativa (Anexo E). Uma análise do perfil lipídico de acordo com as classes de PO e Obesidade evidencia que para todos os biomarcadores os valores são estatisticamente superiores nos homens e nas mulheres com PO e Obesidade exceto na apoA1 que apesar de haver diferenças não são significativas (Anexo F). No que diz respeito ao perfil lipídico dos indivíduos com Obesidade em comparação com os indivíduos com Baixo Peso, Normoponderalidade e PO verifica-se que

os primeiros apresentam um perfil mais aterogénico que os segundos (Anexo G). De acordo com o consumo de tabaco, a análise revela que os fumadores têm um balanço aterogénico superior ao dos não fumadores apesar de a diferença não ser estatisticamente significativa, sendo que o grupo com pior balanço aterogénico é o dos homens fumadores. No entanto, os biomarcadores apresentam valores bastante semelhantes entre si, exceto no que diz respeito aos valores inferiores de HDL e de apoA1 dos homens fumadores em relação aos homens não fumadores (Anexo H). Em relação aos hábitos alimentares verifica-se que, de um modo geral, os indivíduos que consomem menos de 5 refeições por dia apresentam os níveis dos biomarcadores mais inferiores (Anexo I). Quanto ao consumo de frutas e hortícolas por dia os valores são muito semelhantes entre os dois grupos, exceto no LDL, em que os valores das mulheres que consomem menos de 5 peças de fruta e hortícolas por dia são inferiores aos valores das mulheres que consomem mais de 5 peças de fruta e hortícolas por dia (Anexo J).

Quanto ao perfil lipídico de acordo com o nível de AF, observa-se valores muito semelhantes entre os grupos e entre os sexos. Quanto aos biomarcadores do perfil lipídico, verifica-se que no total dos indivíduos em estudo os valores de HDL e apoA1 são superiores nos níveis de AF moderada e vigorosa em relação ao nível de AF leve. Na análise por sexo, só se verificam diferenças nos valores de LDL dos homens que praticam um nível de AF moderada para um nível de AF vigorosa (Anexo K).

Atividade Física e Perfil Lipídico

A análise da relação entre a atividade física e o perfil lipídico foi realizada através de uma análise estratificada da amostra para o sexo e para a medicação para a dislipidemia. Assim, com os 4 grupos de análise (sexo masculino: ♂NM e ♂M; sexo feminino: ♀NM e ♀M) realizou-se uma análise intragrupos e intergrupos.

Assim, as Figura 3, 4 e 5 anteriormente apresentadas, representam a distribuição de cada grupo de análise de acordo com nível de AF.

Elaborou-se uma comparação das medianas de cada parâmetro lipídico de acordo com o nível de AF (Anexo L). Esta análise permitiu encontrar diferenças estatisticamente significativas entre os homens medicados para a dislipidemia e os homens não medicados para a dislipidemia no que diz respeito aos níveis de CT, LDL, TG, não-HDL, apoB, apoA1 e apoB/apoA1. Entre as mulheres medicadas para a dislipidemia e as mulheres não medicadas para a dislipidemia encontrou-se diferenças estatisticamente significativas entre os níveis de HDL e de TG.

A análise da relação da AF com o perfil lipídico permitiu demonstrar que existem correlações estatisticamente significativas (embora de magnitude reduzida) entre alguns parâmetros (Anexo M). Na população total em estudo, estas correlações caracterizam-se por um aumento dos valores de CT, LDL, apoA1 e HDL aquando do aumento dos indicadores de AF (METs/semana e min/semana).

Analisando por grupo observamos que nas mulheres medicadas para a dislipidemia o aumento da AF se correlaciona positivamente com o aumento dos valores de HDL, de apoA1 e CT. Estes resultados podem sugerir que um aumento da AF está associado a um aumento do HDL e da apoA1. No grupo dos homens medicados para a dislipidemia verifica- se que um aumento dos indicadores de AF se correlaciona positivamente com o aumento dos valores de apoA1. Estes resultados podem sugerir que um aumento da AF está associado a um aumento dos níveis de apoA1. A análise do grupo dos homens não medicados para a dislipidemia permite descrever uma correlação positiva entre o aumento dos indicadores de AF e o aumento dos valores de CT, LDL, HDL e apoA1. Estes resultados sugerem que um aumento da AF está associado a um aumento do CT, do LDL, do HDL e da apoA1. Não se verificaram correlações estatisticamente significativas no grupo das mulheres não medicadas para a dislipidemia.

Análise multivariável

De acordo com os objetivos propostos, e após uma análise bivariável das variáveis dependentes e independentes, elaborou-se modelos de regressão logística binária dentro do grupo de homens não medicados para a dislipidemia e dentro do grupo de mulheres medicadas para a dislipidemia.

Para o grupo dos homens não medicados para a dislipidemia foi obtido um modelo em relação à variável HDL_AltoRisco (Quadro 40), que incluiu as variáveis do IMC EP e o IPAQ. Este modelo demonstra que a prática de AF vigorosa é duas vezes mais benéfica que a prática de AF leve para aumentar os valores de HDL e o excesso de peso é prejudicial para manter as concentrações sanguíneas de HDL acima do valor de risco.

Quanto à variável apoA1_AltoRisco, o modelo incluiu as variáveis da Idade e IPAQ (Quadro 41.2). Os resultados sugerem que nos homens não medicados para a dislipidemia a prática de AF vigorosa é duas vezes mais benéfica que a prática de AF leve para aumentar os níveis de apoA1 e que aumento da idade é prejudicial para manter as concentrações sanguíneas de ApoA1 acima do valor de risco.

Para o grupo das mulheres medicadas para a dislipidemia foi obtido um modelo em relação à variável CT_Risco que incluiu as variáveis do IPAQ e da Idade (Quadro 42.2) em que os

resultados sugerem que o aumento da idade está associada a piores níveis de CT e que a prática de AF vigorosa aumenta o risco de ter níveis de CT acima do recomendado.

No modelo da variável TG_Risco, que incluiu as variáveis do IPAQ e da DM e Pré-DM (Quadro 43). Os resultados evidenciam que valores de DM estão associados a piores níveis de TG e que a prática de AF moderada é quatro vezes mais benéfica que a prática de AF leve para reduzir os valores de TG.

Neste grupo também se obteve um modelo em relação à variável HDL_AltoRisco, que incluiu as variáveis do IPAQ e da DM e Pré-DM (Quadro 44). Neste modelo a análise revela que a DM é prejudicial para manter as concentrações sanguíneas de HDL acima do valor de risco e sugere que a prática de AF vigorosa é três vezes mais benéfica que a prática de AF leve para aumentar os valores de HDL.