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APÊNDICE XVI: CABEÇALHO APRESENTADO NA INTERNET 198 APÊNDICE XVII: QUESTIONÁRIOS APRESENTADOS NA INTERNET

APRESENTADA NA INTERNET 202 APÊNDICE XIX PLANOS DE AULA – AFS

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 SAÚDE DO TRABALHADOR E QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO

A literatura esclarece que os modelos produtivos conquistados pelas revoluções industriais vieram acompanhados por danos à saúde do trabalhador, principalmente por provocar e alastrar doenças ocupacionais e ou profissionais sejam de ordem biológica, psicológica ou social (VILARTA & GONÇALVES, 2004; GONÇALVES et al., 2005).

Após a segunda guerra mundial surge uma nova abordagem da saúde focada nos determinantes dos riscos ocupacionais visando minimizar o impacto negativo dos esforços exagerados sofridos pelos trabalhadores. O modelo da saúde ocupacional inclui aspectos além dos considerados pela medicina do trabalho como a multicausalidade, classificados em fatores de risco físicos, químicos, mecânicos e biológicos sobre o estímulo das doenças, centrada nas relações técnicas do trabalho, baseada na redução da frequência e do nível de exposição (LINO & PIANTA, 2012).

Tambellini (1987) reconhece que, sob a perspectiva da saúde do trabalhador, os fatores presentes no ambiente de trabalho transcendem o espaço do processo de produção, sendo valorizada a importância das determinantes sociais sobre o processo de saúde – doença.

Após a I Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, ocorrida no Canadá em 1986, o modelo assistencialista e reducionista de saúde centrado na doença e no tratamento, é ampliado para o modelo de promoção da saúde que tem como premissa a prevenção, a equidade e o fortalecimento da população para que a mesma receba informações sobre os cuidados para ter saúde e oportunidade de acesso a espaços que possibilitem as práticas, contribuindo para a modificação do estilo de vida dos indivíduos, melhorando a sua QV e promovendo a sua saúde (OMS, 1996).

Ora vivemos o momento da saúde do trabalhador focado na transdisciplinaridade e multiprofissionalismo, apoiado pela epidemiologia crítica e discussões das ciências sociais, onde o processo de saúde - doença é determinado pelo

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processo produtivo e pelas relações de produção (sociais) do trabalho como fatores de risco para gerar as patologias. Cabe a esta prática considerar o processo de saúde-doença de forma sistêmica à luz dos preceitos da promoção da saúde com foco na prevenção de doenças e na educação para a saúde dos trabalhadores (LINO & PIANTA, 2012).

Neste propósito, as visões dos cuidados no campo laboral caminham na direção da promoção da saúde do trabalhador e de sua QV, com possibilidades de inovação sobre as intervenções no local de trabalho que contribuam para este fim.

A QV tem sido um tema evidenciado pela maioria das áreas de conhecimento. Apesar das ciências sociais primeiramente tomarem para si a reflexão sobre o conteúdo, os domínios científicos recentes são referenciados pela área de saúde (GUTIERREZ et al., 2011; MONDENEZE, 2011).

Atualmente o conceito de QV é reconhecido pela literatura como um assunto interdependente ao da saúde, sendo analisada sob o viés dos fatores determinantes, identificados como fundamentais para ambos os conceitos, em especial os fatores da alimentação, moradia, saneamento básico, meio ambiente, trabalho, renda, educação, transporte, lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais (VILARTA & GONÇALVES, 2004).

O conceito de QV é apresentado como a “percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (WHOQOL, 1994).

A subjetividade da percepção da QV se mostra importante por esclarecer as dimensões da vida do indivíduo que subsidiarão a criação de intervenções específicas às reais necessidades das comunidades (DANTAS et al., 2003; CAMFIELD & SKEVINGTON, 2008).

No ambiente de trabalho o termo QV recebe um olhar especial, sendo reconhecida como QVT “um conjunto de ações de uma empresa que envolve a implantação de melhorias e inovações gerenciais e tecnológicas no ambiente de trabalho” (LIMONGI-

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FRANÇA, 1997). Para tanto QV e QVT são conceitos amplos, disciplinares, multidisciplinares e às vezes interdisciplinares, portanto polissêmicos.

Sirgy et al. (2001) descrevem duas categorias de necessidades básicas da QVT sendo o nível 1 constituído por saúde, segurança, condições socioeconômicas e família e o nível 2 que considera aspectos sociais de satisfação, motivação, estilo de liderança e respeito entre outros como estresse, condições de trabalho, ecologia, (GONÇALVES et al., 2005) que permeiam seus conceitos sob interpretação biopsicossocial conforme apresentado na figura 2.

As variáveis da QVT são citadas por Gonçalves et al. (2005) como: • satisfação do trabalhador quanto ao desempenho do seu trabalho; • ambiente de trabalho seguro;

• respeito pessoal e profissional mútuo;

• possibilidades de treinamento e crescimento na carreira;

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FIG 2. Esferas biopsicossociais do trabalho

Fonte: LIMONGI-FRANÇA & ZAIMA, 2002. P.46

Encontra-se na literatura ensaios da descrição de modelos diferenciados de determinantes da QVT. O autor pioneiro foi Walton (1973), que define uma análise do nível de QVT compreendida por aspectos como:

 compensação satisfatória e adequada;

 condições de saúde e segurança no trabalho;

 uso e desenvolvimento das capacidades;

 oportunidade de crescimento e garantia de emprego;

 integração social na organização;

 constitucionalismo na organização;

 trabalho e espaço total de vida;

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A literatura concorda que os trabalhos, compreendidos como espaços de vida social foram extremamente afetados pelos efeitos da globalização, desde os modelos produtivos até a denominação da sociedade quanto à classificação de uma “empresa de qualidade” (OUPPARA & SY, 2012).

Na primeira metade do século XX o fator financeiro era indicador suficiente para classificar a imagem de uma “boa empresa” para se trabalhar, condição alterada a partir de meados dos anos de 1960, quando se passou a considerar outros indicadores como ética e QVT para valorizar e qualificar uma empresa (KOONMEE et al., 2010).

Nos dias atuais os estudos apresentam argumentos sobre o fato que os programas de QVT levam ao melhor bem estar dos trabalhadores e que a satisfação, envolvimento e garantia de emprego tem grande parcela na percepção dos seus benefícios (NOOR & ABDULLAH, 2012).

Salienta-se que os benefícios dos programas de QVT não são percebidos unilateralmente, pois a empresa empregadora também observa seus ganhos com aumento da força de trabalho, ocasião de crescimento devido a melhor participação dos trabalhadores (BAGTASOS, 2011), além de transcender a empresa e contribuir para uma posição otimista na vida que reflete na família e sociedade (BEAUREGARD, 2007).

Diante da classificação primordial de necessidade da saúde no trabalho, as intervenções direcionadas para a promoção da saúde e QVT devem ser abrangentes e englobar programas conforme a demanda da empresa com ações antitabagismo, controle da dependência química, nutrição, segurança no trânsito, planejamento financeiro, atividade física e outros, objetivando contribuir para a mudança do comportamento em relação à sua saúde (SILVA, 2008).

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2.2 FATORES DE RISCO NO TRABALHO: SEDENTARISMO VERSUS