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4 CAPÍTULO IV AVALIAÇÃO DA COBERTURA VEGETAL DE PASTAGEM DOS

4.5 A evolução da pastagem nos assentamentos rurais A diminuição da degradação

4.5.1 PA SANTA EMÍLIA

O projeto de assentamento Santa Emília foi criado em 2003, sendo o PA mais novo se comparado aos outros três pesquisados. Nesse sentido, este local guarda particularidades em

relação aos demais, muito em função do seu pouco tempo de existência, de aproximadamente 12 anos, como, por exemplo, a disposição dos beneficiários em aprimorar e melhorar o local do qual fazem parte. A busca por uma fonte de renda mensal foi um fator central nas entrevistas e muitos apontavam a potencialidade que a produção leiteira teria em diminuir essa fragilidade da renda monetária obtida nos lotes. Nesse sentido, 85% dos entrevistados neste assentamento têm a pecuária como uma atividade produtiva no lote. E deste total, 45%, além de trabalharem com a pecuária de corte (venda do gado), trabalham também com a produção de leite.

A produção animal é praticada por 92% dos beneficiários. Diante disso, nota-se a importância da atividade agrícola voltada para a produção animal, que em 77% dos casos é destinada tanto para o consumo quanto para a venda, fator fundamental para a geração de renda. Isto se torna evidente, ao analisar que a produção vegetal em 69% das famílias é destinada apenas ao consumo próprio, e, portanto, a criação de animais é a principal fonte de renda proveniente dos lotes das famílias do assentamento Santa Emília. Com efeito, nota-se que essas atividades demandam dos produtores uma parcela significativa do terreno que dispõem, principalmente em se tratando da pecuária. Em função disso, 67,3% da área total do assentamento é composta por pastagem, sendo os outros 32,7% formados por cerrado, mata e capoeira.

É por isso que a análise da degradação da cobertura vegetal se torna importante para compreender a situação atual da pastagem, que é peça fundamental no processo de produção agropecuária. Mais do que compreender a situação atual, a análise temporal permite comparar os processos ocorridos no meio ambiente, o desenvolvimento da degradação e seu estágio atual, além de gerar um panorama entre o início do assentamento e a atualidade.

Até o ano de 2003, os beneficiários selecionados não praticavam nenhum tipo de exploração agrícola na propriedade, mesmo estando dentro dos seus limites após a ocupação da área. Isto nos permite afirmar que, até esta data, as condições ambientais em que se encontrava a fazenda não eram em função da atividade destes agricultores, mas sim do seu antigo proprietário e seus antecessores. Por meio da pesquisa de campo, foi possível levantar que a propriedade desapropriada pelo INCRA era destinada basicamente à pecuária de corte, o que está em sintonia com o predomínio das pastagens quando se analisa a cobertura vegetal no assentamento. No período inicial do assentamento, as condições da pastagem se apresentavam com 93,23% de degradação, entre as suas diferentes classes. A mais expressiva dentre elas era a Seriamente Degradada, que representava 33,43% da pastagem total do

projeto, seguida por Levemente Degradada, com 30,79%, Moderadamente Degradada, com 26,37%, e, por fim, a classe Extremamente Degradada, que representava 2,64% do total da superfície de pasto no projeto. Tais dados descrevem uma área com elevados índices de degradação, contendo uma área expressiva nas classes com maior grau de deterioração vegetal. As pastagens consideradas Não Degradadas ocupavam, neste período, apenas 6,77% da superfície de pastagem no assentamento.

Ao longo dos anos, houve no assentamento Santa Emília um processo de recuperação da degradação das pastagens. Isto se torna evidente ao analisar, no ano de 2014, as áreas de maior degradação, como as classes Extremamente Degradada e Seriamente Degradada, que passaram a ocupar 0,46% e 21,14% da superfície de pastagem, respectivamente. Já a classe

Moderadamente Degradada passou a ocupar 35,79% da pastagem, enquanto a Levemente Degradada representava 36,57% da superfície total de pastagem. Entretanto, esse processo de

melhoria nas condições de degradação da pastagem não se refletiu na pastagem classificada como Não Degradada, que reduziu cerca de seis hectares, passando a ocupar uma área de 6,04%. Na

Tabela 4, é apresentada a porcentagem de área ocupada por cada classe de degradação em relação à pastagem total no período inicial do assentamento e na atualidade.

Tabela 4: Classes de degradação das pastagens no PA Santa Emília, em Porcentagem, no período inicial (2001 – 2003) e na atualidade (2014)

Fase Inicial (2001 -

2003) Atual (2015)

Classe Área (%) Área (%)

Extremamente Degradado 2,64 0,46 Seriamente Degradado 33,43 21,14 Moderadamente Degradado 26,37 35,79 Levemente Degradado 30,79 36,57 Não Degradado 6,77 6,04 Total 100 100

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

Esse processo de recuperação da pastagem durante os anos de ocupação dos beneficiários demonstra que as práticas culturais aplicadas tiveram um impacto menos nocivo ao meio ambiente do que as praticadas pelos antigos proprietários. Na Figura 18, é possível

observar a cobertura vegetal de pastagem no assentamento no período inicial de sua criação e a cobertura vegetal na atualidade. Nota-se uma diminuição no índice de degradação na porção leste do assentamento, localidade referente à antiga sede da fazenda, provavelmente o local com maior atividade pecuária no passado. O mapa da evolução da biomassa vegetal, ao longo do período de existência do assentamento, indica em quais locais do imóvel houve incremento de biomassa vegetal na pastagem e em quais locais houve perda de vegetação: observa-se que o aumento da cobertura ocorreu de maneira mais uniforme em todo o assentamento, enquanto a perda ocorreu de forma mais intensa na porção sul do projeto, evidenciando uma especificidade maior nesse local. Pode-se inferir que, nesta região, as práticas agropecuárias tiveram impacto maior no ambiente, ou ainda, que as atividades foram mais intensas provocando essa deterioração ambiental.

Figura 18: Cobertura Vegetal da Pastagem no período Inicial (2001 – 2003) e Atual (2014) e Mapa da evolução da biomassa vegetal no assentamento Santa Emília, MT