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Em 2002, após a descoberta de fraudes contábeis/financeiras ocorridas em grandes

empresas mundiais, como as citadas no subitem 2.3.1, numa das poucas vezes em que

republicanos e democratas norte-americanos uniram-se com tanto afinco para sancionar uma

lei. A Sarbanes-Oxley, junção dos dois sobrenomes dos políticos envolvidos na sua

promulgação, modificou as regras para a governança corporativa daquele país e

consequentemente para muitas empresas pelo mundo.

Ações relativas à divulgação e emissão de relatórios financeiros, tornando lei o que

antes estava vinculado apenas às práticas éticas do negócio. Aumentou consideradamente a

responsabilidade dos executivos nas avaliações dos controles internos e fez com que empresas

mesmo não obrigadas a segui-la, mantivessem os controles por ela descritos. Essa lei é

composta por 11 seções conforme mostra o Anexo 1 e criou regras para todos os níveis para

evitar a fraude de geração de informações.

A SOX trata desde o mapeamento dos processos de avaliação dos controles,

responsabilizando os executivos pelas informações e gerando obrigações também às

auditorias envolvidas.

Todas as empresas com ações nas bolsas norte-americanas NYSE (New York Stock

Exchange) e NASDAQ ou empresas registradas na SEC (Securities and Exchange Comission)

deverão seguir a SOX para continuar fazendo parte desse grupo.

A aplicação da legislação está sendo monitorada, delimitada e operacionalizada no

âmbito do mercado de capitais norte-americano pela SEC.

No Brasil, estão obrigadas a se enquadrar à Sarbanes, empresas que possuem ações em

forma de ADRs (American Depositary Receipts) na bolsa de valores de Nova Iorque ou

empresas subsidiarias

Conforme Labbate, apud Moura (2005, p. 34) “As empresas brasileiras ainda estão

distantes de implantar tudo que é solicitado pela lei, o entendimento já está claro, mas em

relação à área de TI está faltando muita coisa ainda”.

A SOX é vista por muitas empresas como um custo, e para Rodrigues (2005, p. 20):

O mundo corporativo prioriza as iniciativas que agregam valor aos negócios

ou reduzem riscos inclusive legais. Portanto, entre as causas principais que

ainda impedem maiores avanços rumo a boas práticas de governança

corporativa está a falta de entendimento correto do seu valor para os

negócios.

A Lei ficou rigorosa e atingiu organizações em todo o mundo, esperando assim um

maior nível de transparência pela adoção de controles internos mais eficientes, envolvendo

diretamente a área de TI das empresas e seus responsáveis, para fornecer ferramentas de

monitoramento, gerenciamento e segurança, com vistas a reduzir os riscos.

A SOX não é direcionada somente para as grandes empresas. Há empresas que

voluntariamente estão adotando a lei, por considerarem-na importante ou por entender que em

algum momento precisarão se adequar. Importante ressaltar que as empresas que prestam

serviços a empresas públicas estão se adequando a Lei.

Marlin (2005, p. 44) salienta que,

a Lei está mudando até as decisões de permanência no mercado das

empresas, algumas que pretendiam se tornarem publicas, foram vendidas ou

continuaram como companhia privadas a terem que se adequar a SOX.

Tudo isto pelo trabalho, de adequarem-se à Lei em ter que se concentrarem

em atividades que geram lucro a empresa e por considerarem este custo

muito alto.

De acordo com Silva (2006, p. 111) “As empresas nacionais com papéis negociados

no mercado de capitais americano devem pagar em média US$ 3 milhões para se adequar às

normas da Lei americana de governança corporativa Sarbanes-Oxley.” Esse valor será gasto

com auditoria, consultoria, mão-de-obra de funcionários e até sistemas.

Pelo alto custo desse processo pequenas empresas americanas poderão até deixar seus

negócios. Como os bancos americanos de pequeno porte.

A Sarbanes trata pontos como a transparência, independência de

conselheiros de administração, alinhamento de interesses com a diretoria e

prestação de contas aos acionistas, a SOX colocou na pauta das boas

práticas uma preocupação essencial para que os investidores voltassem a

sentir-se seguros quanto à conduta dos executivos e as informações das

demonstrações (OLIVEIRA JUNIOR, 2005, p. 5).

Além da transparência, os demais itens do Código de Boas Práticas de Governança

Corporativa (2003) são quesitos básicos para a SOX. E, para esse fim, o Guia conceitua os

seguintes itens:

Transparência, mais do que a obrigação de informar, a Administração deve cultivar o

desejo de informar, sabendo que a boa comunicação interna e externa, particularmente, reflete

nas relações da empresa com terceiros. A comunicação não deve restringir-se ao desempenho

econômico-financeiro, mas deve contemplar também os demais fatores (inclusive intangíveis)

que norteiam a ação empresarial e que conduzem a criação de valor.

Conselho de Administração, independente de ser uma companhia aberta ou fechada,

toda sociedade deve ter um conselho de administração eleito pelos sócios, sem perder de vista

todas as demais partes interessadas (stakeholders), o objeto social e a sustentabilidade da

sociedade no longo prazo. Ao analisarem-se as tarefas deste conselho, percebe-se que há

pequena divergência entre o que é considerado conselho no Código de Governança

Corporativa das tarefas dadas pela SOX. O Conselho imposto somente pela Governança

trabalha diretamente (quase que somente) com a diretoria, abrangendo a situação regimentar

da empresa, comercial e societária, não estando habituados a lidar com a discussão de

controles internos, auditoria e gestão de risco.

Existem outras leis e regulamentos, que tratam de controles internos. Entre elas,

podem-se citar:

- Resolução 2554

- Resolução 2817

- Resolução 3081

- Modelo brasileiro de gerenciamento de riscos operacionais da previdência

social

- ISO 17799

- Gestão de Segurança, adotada por Banco Central, ITI, Susep, CFM,

- Instrução 358 CVM

O quadro a seguir demonstra os artigos mais relevantes da SOX.

Relatórios Regras Conduta

302

Certificação do CEO/CFO nos relatórios anuais 204 Relatório da auditoria independente ao Comitê de Auditoria 303

Conduta dos dirigentes da empresa em relação ao auditor

401

Relatórios Financeiros de acordo as normas contábeis e recomendações da auditoria

301

Criação do Comitê de Auditoria 306 Dá limitações para planos de benefícios a empregados 404

Avaliação dos controles internos pela auditoria externa

402

Proíbe empréstimos para conselheiros e diretores 403 Divulgação envolvendo a gestão e os principais acionistas 409

Divulgação imediata de dados que afetem os relatórios financeiros

407

Divulgação no relatório do Comitê de Auditoria se existe um especialista financeiro compondo o Comitê

406

Adoção de um código de ética para os gestores financeiros

307

Regras para o procurador da empresa

806

Proteção aos empregados para as empresas que apresentem fraudes

804

Determina prazos de prescrição ao direito de ação

Execuções extra-empresa Penalidades Relacionamento

101 e 102

Registro dos auditores em órgão (PCAOB) e divulgação das empresas que serão auditadas e quanto receberão de honorários

304

Penalidades para Conselheiros e Diretores no caso de violação do dever de conduta

201

Proibição das empresas de auditoria de prestar alguns serviços específicos

104

Inspeção das empresas de auditoria registradas

906

Penalidades para CEO e CFO sobre os relatórios financeiros

202

Aprovação do Comitê de Auditoria para todos os serviços prestados pelas empresas de auditoria 408

Avaliação pela SEC (CVM) dos relatórios anuais para fins de proteção do investidor

1102

Penalidades para alteração, destruição ou cancelamento de registros e documentos.

203

Rotatividade a cada 5 anos da auditoria independente 105 e 802

Penalidades por não prestar esclarecimentos, negar entrega de documentos ou informações aos órgãos fiscalizadores Quadro 2 - Artigos de maior relevância da SOX

O cumprimento ao artigo 404, o mais relevante para a realização de todo este trabalho,

pode ser conseguido através da seleção de uma metodologia de avaliação de controle interno,

como por exemplo, a COSO, que é a escolhida pela maioria por já ter sido aplicada por

diversas empresas. Selecionar os processos-chave, documentar todos os processos, testar os

controles internos e avaliar são imprescindíveis.

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