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6. CONFIGURAÇÃO ESPACIAL E SEUS MODOS DE USO NO RESIDENCIAL

6.3. Lugar desejado?

6.3.2. Satisfação e demandas relacionadas ao apartamento

A satisfação com a estética do apartamento é de 86,44% (Tabela 2). Mas as inserções de elementos compositivos da arquitetura e a escolha dos móveis pelos próprios moradores determinaram a satisfação em 37,29% dos respondentes (Tabela 3); 47,46% afirmaram ter gostado do apartamento antes mesmo da mudança; 13,56% afirmaram ter inserido elementos compositivos no apartamento, tais como, colocação de pisos, detalhes do banheiro, gesso no teto entre outros. A estética do ambiente interno é mais valorizada quanto à satisfação do morador do que a fachada, como observado por Reis e Lay (2003). Podemos afirmar que o alto índice de satisfação com a estética do apartamento aponta para a vinculação com o lugar.

Tabela 2 – Identificação dos moradores do Residencial Atalaia com a estética do apartamento, 2014

Satisfação com a Estética do Apartamento Percentagem (%)

Gosta do apartamento 86,44

Não gosta 6,78

Não respondeu 6,78

Tabela 3 – Satisfação dos moradores do Residencial Atalaia com a estética do apartamento. Razões apontadas pelos moradores, 2014

Nuances da Satisfação com a Estética do Apartamento Percentagem (%)

Sempre gostei da aparência mesmo antes de morar 33,90

Sempre gostei, mas gosto principalmente pelos moveis/objetos 13,56

Gosto, principalmente, porque escolhemos os móveis/objetos. 20,34

Gosto da Aparência 1,69

Fiz modificações para me sentir à vontade e gostando de morar 13,56

O processo de identificação ou personalização do ambiente também foi apontado como relevante na determinação da satisfação com a UH. A personalização do ambiente relaciona-se com a poética do espaço (BACHELARD, 1993), ou com um habitar sensível a partir do que o morador cria um traço formal próprio (LEFEBVRE, 2006). Nesse sentido, a capacidade financeira do morador para personalizar seu ambiente figura como variável importante a ser considerada na política.

A satisfação garantida pelo valor estético do espaço interno (REIS; LAY, 2003) associada à relação positiva com a vizinhança do bairro, como veremos em uma próxima seção, compõem a prospecção de vínculo com o lugar. A autoestima garantida pelo laço social (TUAN, 1980) conta no estabelecimento de bem-estar do sujeito.

O desconforto quanto à territorialidade e segurança no apartamento foi expresso por 23,73% (Tabela 4). O percentual daqueles que se sentem confortáveis ou pelo menos não expressaram desconforto – 71,19% – demonstra adequação para a maioria das pessoas, quer seja pela própria configuração espacial ou capacidade de adaptação subjetiva. Cabe anotar que o impacto de uma melhoria no funcionamento da portaria, por exemplo, poderia desdobrar-se em percepção positiva na experiência de ocupação até mesmo da unidade habitacional, aumentando o número de moradores que se sentem confortáveis quanto à territorialidade e segurança.

Tabela 4 – Territorialidade nos apartamentos do Residencial Atalaia segundo a percepção dos moradores. 2014

Territorialidade no Apartamento Percentagem (%)

Sinto-me confortável 49,16

Não me sinto confortável 23,73

Tenho tranquilidade em relação aos vizinhos 10,17

O apartamento é protegido em relação às pessoas indesejadas 10,17

Fiz modificações para assegurar a territorialidade 1,69

Não respondeu 5,08

Apenas 5,08% apontaram incômodo de forma geral quanto à privacidade. A insatisfação em algum nível quanto à privacidade é de 30,51% (Tabela 5). Embora exista insatisfação quanto à privacidade por parte dos moradores, essa não foi uma queixa frequente em nossa observação direta ou walkthrough. De certa forma, podemos entender que nessa dimensão os problemas não são de grande impacto para a maioria dos moradores.

Tabela 5 – Privacidade nos apartamentos do Residencial Atalaia, segundo a percepção dos moradores, 2014

Privacidade no Interior do Apartamento Percentagem (%)

Tenho privacidade em relação aos membros da minha família 40,68

Tenho privacidade na utilização das portas/janelas, embora não seja perfeita. 23,73

Não tenho privacidade em relação aos membros da minha família 8,47

Não tenho privacidade em relação aos vizinhos 16,96

Incomoda-me a falta de privacidade no espaço interno 5,08

Mudei meus hábitos para manter a minha privacidade 5,08

A ambiência no interior do apartamento também satisfaz os moradores, e apenas 18,65% expressaram insatisfação em algum dos itens apontados (Tabela 6). Na observação direta e walkthrough a acústica figura como o mais citado entre as demandas por modificações na ambiência.

Tabela 6 – Ambiência dos apartamentos do Residencial Atalaia segundo a percepção dos moradores, 2014

Ambiência do Apartamento Percentagem (%)

Amplamente confortável 37,29

Confortável embora não totalmente 28,82

Algum item não confortável 18,65

Confortável em relação aos quatro itens apontados 5,08

Fez modificações para se sentir confortável 5,08

Confortável em relação aos 04 itens e circulação 3,39

Confortável quanto à disposição dos móveis 1,69

Quanto ao atendimento do apartamento aos hábitos e necessidades dos moradores, apenas 11,86% (Tabela 7) demonstraram insatisfação. A demanda pelo aumento do tamanho da cozinha foi de 62,72%, e sobressaiu-se como a mais importante (Tabela 8). O problema funcional do apartamento é, pois, relativo às dimensões da

Tabela 7 – Funcionalidade dos apartamentos do Residencial Atalaia, segundo a percepção dos moradores, 2014

Funcionalidade e Layout Apartamento Percentagem (%)

A divisão do apartamento me atende 25,42

Embora não seja perfeito, o apartamento me atende 32,21

O apartamento não atende 11,86

Não respondeu 30,51

Tabela 8 – Funcionalidade dos apartamentos do Residencial Atalaia. Adequações ou inadequações apontadas pelos moradores, 2014

Principais Demandas Quanto aos Cômodos Percentagem (%)

Cozinha deveria ser maior possibilitando as refeições nela 62,72

Deveria haver mais quartos 21,12

Preferia que não houvesse a abertura entre a cozinha e sala 10,17

Satisfação

O tamanho da sala é adequado às funções 32,20

O banheiro é adequado às funções 23,73

cozinha/área de serviço. O programa poderia rever as especificações mínimas dessa área, qualificando-a funcional e esteticamente. Dessa maneira, os produtos de lavanderia e de limpeza estariam menos expostos e seria garantido maior conforto na utilização das áreas.

O alto índice de abstenção da resposta relacionada à funcionalidade e layout do apartamento (30,51%) pode ser interpretado pelo lugar subjetivo de adaptação em processo ou, ainda, porque há satisfação de forma geral com o apartamento – apenas 16,95% apontaram preferência pelo endereço anterior em função da unidade habitacional.

O tamanho da sala e a funcionalidade do banheiro foram os elementos mais apontados enquanto adequação da unidade habitacional (Tabela 8). Nossa observação direta corrobora a percepção dos moradores. De fato, a sala e o banheiro são os espaços que apresentam maior adequação ao cotidiano dos moradores.