• Nenhum resultado encontrado

Se eu pudesse só estudaria, meu sonho é fazer um curso de computação e até,

No documento O trabalho juvenil em perspectiva (páginas 77-83)

quem sabe, poder ir para uma faculdade.

(AP)

Diante disso, hoje, mais do que nunca, pensar a questão da capacidade de trabalho representa papel fundamental à vida de todos que pretendem viver do trabalho neste novo cenário da economia mundial.

De Mari (2001) ressalta a importância da competência, afirmando que ela é ‘a moeda da vez’. “Ser competente é mais do que gerar resultados e ter resposta pronta para qualquer problema. Competência significa a soma de conhecimentos, habilidades e comportamentos para gerar um resultado superior nas mais diversas situações’’ (p.36).

Aprofundando sua análise, a mesma autora aponta que o tripé que sustenta a aquisição de competência é:

77

• a experiência, entendida no sentido da aplicação do conhecimento, como forma de melhorar relacionamentos, estimular o conhecimento coletivo e compartilhar idéias e fazê-las acontecer;

• educação, compreendida como base de sustentação, dotada de conhecimento técnico, domínio da tecnologia e busca de excelência;

• autodesenvolvimento, relacionado à questão do empenho individual, voltado ao interesse, motivação e necessidade.

De Mari (2001, p.38) destaca ainda que, em pesquisa realizada pela

Pricewaterhouse Coopers junto a empresas brasileiras, “ficam evidenciadas dez

competências fundamentais: capacidade de realização; criatividade e inovação; gestão de pessoas; compromisso com resultados; orientação para o cliente; pensamento estratégico; trabalho em equipe; gestão de mudanças; gestão de projetos; liderança”.

Na realidade, as transformações que vêm ocorrendo não sinalizam o fim do emprego, mas uma mudança na cultura do trabalho, ou seja, o fim da empresa antiga e do emprego vitalício. Essa nova empresa passa a oferecer oportunidades de trabalho e as pessoas passam a vender para o mercado a sua capacidade de trabalho. Conforme ressalta Figueiredo (2000, p.37), “a nova empresa passa a precisar muito mais das pessoas do que as pessoas precisam dela. O sucesso de uma empresa está centrado na qualidade do seu ativo humano.

Este, deverá ser formado por poucos e excelentes profissionais, que agreguem valor através de seus conhecimentos”.

Referindo-se à realidade nacional, Alves (1997, p.68) ressalta que:

O Brasil vem fazendo um esforço enorme, e com resultados satisfatórios até agora, para modernizar seu aparelho produtivo. As empresas são guiadas pela necessidade de sobreviverem ao aumento da competitividade em uma economia globalizada, recorrendo à inovação tecnológica e a novas formas de organização de produção.

Esses processos guardam em comum uma característica: são movidos pela produção de conhecimentos. A disponibilidade de trabalhadores com grau de conhecimento condizente com as necessidades desse modelo assegura a rapidez com que se dará a aprendizagem e a capacitação, peças fundamentais para o sucesso da modernização e garantia de um emprego de qualidade.

Figueiredo (2000), ainda nessa perspectiva, reforça que hoje o trabalho significa conviver com constantes transformações, destacando que:

... temos que nos manter em constante alerta sobre as novidades impetradas no mercado de trabalho e estar sempre nos aperfeiçoando para atendê-las. (p.17)

A era da informação rompe com todos os paradigmas impostos pela era industrial e exige que as pessoas sejam empreendedoras, sejam livres e corajosas para enfrentar o desconhecido. (p.23)

79

Alves (1997), com propriedade, aponta as exigências do novo perfil de qualificação do trabalhador no novo contexto econômico:

• capacidade de trabalhar em grupo; • capacidade de interpretar instruções;

• habilidade para utilizar equipamentos e materiais mais sofisticados;

• maior capacidade de auto-aprendizagem; • compreensão dos processos;

• capacidade de observar, interpretar, de tomar decisões e de avaliar resultados;

• domínio da linguagem técnica;

• capacidade de comunicação oral e escrita; • polivalência cognitiva;

• versatilidade funcional no trabalho;

• criatividade para identificar e solucionar problemas; • capacidade decisória;

• ser informado culturalmente; e

• outros, que propiciem a integração do homem no trabalho e na sociedade, hoje globalizada.

De acordo com Oliveira (2000), numa pesquisa organizada pelo jornalista Dimenstein, 178 profissionais, formadores de opinião (jornalistas, editores, publicitários, pesquisadores e especialistas em recursos humanos) apontaram as características de maior importância para o trabalhador do século XXI, destacando

quatro variáveis básicas: personalidade, formação, habilidades e atitudes. No item formação, 46% considera como característica mais importante “nunca parar de aprender”, sendo que 79% dos pesquisados indicara esta mesma característica como uma das cinco mais importante. Ainda foram apontados como características importantes: o domínio da língua inglesa (64%), cultura geral (60%) e necessidade do trabalhador ter uma “visão clara do que espera de si mesmo” (39%).

Diante dessas novas exigências do mercado de trabalho, fica explícito que educação é fundamental, como aborda Singer (1999, p.96): “O nível de escolaridade da mão-de-obra constitui um indicador importante na qualidade da força de trabalho. No Brasil o nível de escolaridade é tradicionalmente baixo, apesar da expansão do tempo de instrução dos últimos anos”.

Alves (1997, p.25) também reforça a questão quando destaca que “...em especial as novas exigências estão concentradas num maior grau de escolaridade, na medida que este atributo confere ao trabalhador maior capacidade de reciclar seus conhecimentos e, com isso manter seu emprego ou estar apto para disputar com maiores chances novas oportunidades de trabalho”.

Atualmente, um dos maiores empecilhos no mundo do trabalho é a questão educacional, já que é fundamental uma escolaridade qualitativa, que tenha como propósito maior a formação da cidadania. O que vem se delineando é que alguns quesitos dominarão as relações de trabalho: o perfil esperado do trabalhador é o de alguém participante nas etapas de produção, na prática do diálogo, da negociação, da criatividade.

Sob essa ótica é que esta pesquisa traçou seu olhar, pois diante de tantas transformações rápidas e evolutivas, um grande desafio se impõe, já que do mundo do trabalho emergiram duas facetas: a dos incluídos e beneficiados e, outra,

81

dos excluídos. Pensar na qualificação do homem de amanhã é pensar nas possibilidades de ampliação de oportunidades de empregabilidade e dignidade. Para tanto, se faz necessário um olhar aguçado sobre o processo de inserção do adolescente no mundo do trabalho, envolvendo os atores desse cenário, pois, só conjuntamente é que se delineará o caminho a ser trilhado.

C

APÍTULO

3 – O

TRABALHO JUVENIL

... A gente não quer só comida

No documento O trabalho juvenil em perspectiva (páginas 77-83)