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Sebastião, rei de Portugal

No documento ESTUDOS DA LITERATURA PORTUGUESA (páginas 74-82)

José Saramago: O Nobel da Literatura

D. Sebastião, rei de Portugal

‘Sperai! Caí no areal e na hora adversa Que Deus concede aos seus

Para o intervalo em que esteja a alma imersa Em sonhos que são Deus.

Que importa o areal e a morte e a desventura Se com Deus me guardei?

É O que me sonhei que eterno dura, É Esse que regressarei.

Fernando Pessoa, Mensagem

D. Sebastião, rei de Portugal

Louco, sim, louco, porque quis grandeza Qual a Sorte a não dá.

Não coube em mim minha certeza; Por isso onde o areal está

Ficou meu ser que houve, não o que há. Minha loucura, outros que me a tomem Com o que nela ia.

Sem a loucura que é o homem Mais que a besta sadia, Cadáver adiado que procria? Fernando Pessoa, Mensagem

Estudo da

Literatura

Portuguesa

O Sebastianismo

O Sebastianismo foi um movimento místico-secular que ocorreu em Portugal na segunda metade do século XVI como conseqüência da morte do rei D. Sebastião na batalha de Alcácer-Quibir, em 1578. Por falta de herdeiros, o trono português terminou nas mãos do rei espanhol Felipe II. Apesar do corpo do rei ter sido removido para Belém, o povo nunca aceitou o fato, divulgando a lenda de que o rei encontrava-se ainda vivo, apenas esperando o momento certo para volver ao trono e afastar o domínio estrangeiro. Seu mais popular divulgador foi o poeta Bandarra que produziu incansáveis versos clamando pelo retorno do Desejado. Explorando a crendice popular vários oportunistas se apresentavam como o rei oculto na tentativa de obter benefícios pessoais. O maior intelectual a aderir ao movimento foi o Padre Vieira. Finalmente em 1640, pelo golpe restauracionista liderado pelos Braganças, no Porto, Portugal voltou a ser independente e o movimento começou a arrefecer no interior do Nordeste, também ser motivo da crença na chegada de um “rei bom”. Basicamente é um messianismo adaptado às condições lusas e depois nordestinas. Traduz uma inconformidade com a situação política vigente e uma expectativa de salvação, ainda que miraculosa, através da ressurreição de um morto ilustre.

In: http://educaterra.terra.com.br/voltaire/500br/canudos7.htm

Barroco - Momento Histórico

Lisboa era considerada a capital mundial da pimenta, a agricultura lusa era abandonada. Com a decadência do comércio das especiarias orientais observa-se o declínio da economia portuguesa. Paralelamente, Portugal vive uma crise dinástica: em 1578 D. Sebastião desaparece em Alcácer-Quibir, na África; dois anos depois, Felipe II da Espanha consolida a unificação da Península Ibérica.

A perda da autonomia e o desaparecimento de D. Sebastião originam em Portugal o mito de Sebastianismo (crença segundo qual D. Sebastião voltaria e transformaria Portugal no Quinto Império). O mais ilustre sebastianista foi, sem dúvida, o Pe. Antônio

Vieira, que aproveitou a crença surgida nas “trovas” de um sapateiro chamado Gonçalo Anes Bandarra.

In: http://members.tripod.com/~netopedia/Literatura/barroco.htm

“[...] Veio depois a derrota de Alcácer-Quibir e o desaparecimento do Rei (1578). A nação caiu sob o domínio castelhano. A literatura chorou, com a perda de D. Sebastião, o desfazer das esperanças desmedidas, a ruína dum povo que, havia pouco, deslumbrara o mundo com os Descobrimentos e a criação de um grande Império. Vasco Mouzinho de Quevedo, por exemplo, recorda doridamente o Rei, «Sebastião cuja morte inda hoje é viva, / Renovando-se sempre de ano em ano». Foi então que surgiu, como instintiva reacção, o sebastianismo. Julgou-se que só a fé visionária poderia salvar-nos. Na primeira metade do séc. XVI vários pretensos profetas, desafiando os rigores da Inquisição, haviam aliciado adeptos, nomeadamente cristãos novos. Entre esses «profetas» contava-se Gonçalo Anes, de alcunha «o Bandarra», sapateiro de Trancoso (Beira Alta), homem cujas trovas,

para verberar a corrupção da época e fazer obscuras predições, entre as quais, parece, estavam a da conquista de Marrocos, a da derrota dos Turcos e a do Quinto Império. [...]

Durante o séc. XIX, o sebastianismo foi passando da esfera política para os domínios literário e culturológico. O sonho heróico de D. Sebastião, a sua morte na batalha, o mito do seu regresso e a quimera do Quinto Império inspiram poetas e prosadores. [...] No Frei Luís

de Sousa de Garrett, é Telmo, o velho criado, quem associa à fé no retorno do Rei a convicção

de que D. João de Portugal, seu amado amo, um dia aparecerá.” (Coelho, Jacinto do Prado, DICIONÁRIO DE LITERATURA) Alexandre Herculano: em busca das origens

Um exército de homens, montados em cavalos e armados com lanças, atiradeiras e escudos, põe-se em fileira. Em suas bandeiras vêem-se brasões e o símbolo da cruz. À sua frente, coloca-se outro exército de homens de feições diferentes, com turbantes na cabeça, roupas compridas e largas, falando uma língua estranha e defendendo um deus diferente: Alá.

Não se trata de um filme da “sessão da tarde” na televisão, embora esse seja um tema de filmes de aventura. Trata-se de uma das situações criadas por Alexandre Herculano (1810--1877), escritor português que se interessou por temas históricos, principalmente aqueles cujo cenário é a Idade Média, mundo de fantasias em que cavaleiros heróicos lutam contra o exército árabe e procuram salvar donzelas indefesas.

Embora também tenha cultivado a poesia, foi na prosa de ficção que Alexandre Herculano deixou sua maior contribuição. Nela o autor fez uso de seu largo conhecimento da história de Portugal, particularmente a relativa à Idade Média, introduzindo o romance histórico no país.

Esse gênero renovou e revigorou a prosa de ficção portuguesa, dado o desgaste das novelas de cavalaria e das novelas sentimentais. Herculano é autor dos romances O

bobo (situado no século XII), Eurico, O presbítero (situado no século VIII) e O monge de Cister (situado no século XVI).

Cereja & Magalhães, 1999:20

Os Lusíadas

Os Lusíadas são considerados a

principal epopéia da época moderna devido à sua grandeza e universalidade. As realizações de Portugal desde o Infante D. Henrique até à união dinástica com Espanha em 1580 são um marco na História, marcando a transição da Idade Média para a Época Moderna. A epopéia narra a história de Vasco da Gama e dos heróis portugueses que navegaram em torno do Cabo da Boa Esperança e abriram uma nova rota para a Índia.

As armas e os barões assinalados Que, da ocidental praia lusitana, Por mares nunca de antes navegados Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados, Mais do que prometia a força humana, E entre gente remota edificaram Novo reino, que tanto sublimaram. (...)

Cantando espalharei por toda a parte, Se a tanto me ajudar o engenho e arte Camões, Lusíadas, Canto I.

Estudo da

Literatura

Portuguesa

D. Sebastião

Décimo sexto rei de Portugal, filho do príncipe D. João e de D. Joana de Áustria, nasceu em Lisboa a 20 de Janeiro de 1554, e morreu em Alcácer Quibir, a 4 de Agosto de 1578. Sucedeu a seu avô D. João III, sendo o seu nascimento esperado com ansiedade, enchendo de júbilo o povo, pois a coroa corria o perigo de vir a ser herdada por outro neto de D. João III, o príncipe D. Carlos, filho de Filipe II de Espanha.

De saúde precária, D. Sebastião mostrou desde muito cedo duas grandes paixões: a guerra e o zelo religioso. Cresceu na convicção de

que Deus o criara para grandes feitos, e, educado entre dois partidos palacianos de interesses opostos - o de sua avó que pendia para a Espanha, e o do seu tio-avô o cardeal D. Henrique favorável a uma orientação nacional -, D. Sebastião, desde a sua maioridade, afastou-se abertamente dum e doutro, aderindo ao partido dos validos, homens da sua idade, temerários a exaltados, que estavam sempre prontos a seguir as suas determinações.

Nunca ouviu conselhos de ninguém, e entregue ao sonho anacrónico de sujeitar a si toda a Berbéria a trazer à sua soberania a veneranda Palestina, nunca se interessou pelo povo, nunca reuniu cortes nem visitou o País, só pensando em recrutar um exército a armá- lo, pedindo auxílio a Estados estrangeiros, contraindo empréstimos e arruinando os cofres do reino, tendo o único fito de ir a África combater os mouros.

Chefe de um numeroso exército, na sua maioria aventureiros e miseráveis, parte para a África em junho de 1578; chega perto de Alcácer Quibir a 3 de Agosto e a 4, o exército português esfomeado a estafado pela marcha e pelo calor, e dirigido por um rei incapaz, foi completamente destroçado, figurando o próprio rei entre os mortos.

O QUINTO IMPÉRIO - Ontem como Hoje Realizador - Manoel de Oliveira

Ano de Produção - 2004

www.madragoafilmes.pt

Sinopse

Este filme a que dou o título de O QUINTO IMPÉRIO - ONTEM COMO HOJE, baseia- se na peça teatral EL-REI SEBASTIÃO, de José Régio. José Régio (1900 a 1968) foi crítico, poeta, dramaturgo, romancista e ensaísta, figura cimeira do seu tempo e de hoje, que segundo uma sua própria declaração, pretendeu analisar o Rei, o Homem e a mítica personagem. O rei Sebastião, depois da estrondosa derrota na batalha de Alcácer-Kibir (1578), mais conhecida pela Batalha dos Três Reis, e por jamais ter sido identificado o seu corpo após a batalha, se tornou no mito do encoberto ele que fora antes o desejado e o destinatário ao mito. Mito, aliás cantado e exaltado nos sermões do Padre António Vieira

como ainda por estudiosos estrangeiros. Curiosamente, este mito também faz parte da mitologia muçulmana com a mesma nomenclatura do encoberto e, tal como o rei Sebastião, é suposto vir a acontecer o mesmo com o Iman muçulmano (o da décima segunda geração) cuja crença comum é a de que virá num cavalo branco, em uma manhã de nevoeiro para derrubar definitivamente o mal do mundo e estabelecer a concórdia entre os povos.

Alcácer Quibir battle.

Estudo da

Literatura

Portuguesa

Etapa 1

Os acontecimentos da História de Portugal estão intimamente ligados a sua produção literária. A fim de colher informações a respeito da atividade proposta, observe os quadros e textos acima e escolha um dos temas, para em seguida discutir o tema e criar as duas primeiras partes do jornal/painel informativo-cultural: o editorial e a reportagem. Para isso veja algumas dicas e sugestões.

PRODUZINDO UM EDITORIAL

Leve em conta as características de um editorial:

 

Expressa a opinião do jornal sobre um assunto quase sempre polêmico;

 

Tem intenção de persuadir os leitores, esclarecer ou alterar seus pontos de vista, alertar a sociedade e, às vezes, até mobilizá-la;

 

É uma tese ou ponto de vista fundamentado por comparações,

exemplificações, depoimentos, pesquisas e dados estatísticos, citações, retrospectiva histórica, etc.;

 

Possui uma estrutura convencionalmente organizada em três partes:

introdução, desenvolvimento e conclusão;

 

Deve ter linguagem clara, objetiva e impessoal;

Com base nas informações colhidas, na pesquisa e no próprio conhecimento a respeito do tema elabore um editorial apresentando aos leitores os assuntos que serão abordados. Sugere-se que o editorial possua entre 20 a 30 linhas, que seja empregado o padrão culto e formal da língua portuguesa, como é próprio desse gênero literário.

PRODUZINDO UMA REPORTAGEM

Leve em conta as características de uma reportagem:

  

Normalmente, apresenta título, lead e, em seguida, desenvolve de modo

mais aprofunda- dos fatos que interessam ao público a que se destina o jornal ou a revista;

  

Costuma estabelecer conexões entre o fato central e fatos paralelos, por

meio de citações.

  

Trechos de entrevistas, boxes informativos, dados estatísticos, fotografias;

  

Pode ter um caráter opinativo, questionando as causas e os efeitos dos

fatos, interpretan-do-os, orientando os leitores;

  

Apresenta versões e opiniões diferentes sobre um mesmo fato;

  

Predomínio da função referencial da linguagem;

Se necessário, busque informações em jornais, revistas e livros, além dos textos disponibilizados. Escreva a reportagem, considerando as características do gênero e, se possível, ilustre-a com fotografias, gravuras ou figuras. Dê-lhe um título que atraia a atenção do leitor e, ao mesmo tempo, anuncie o assunto. Coloque um subtítulo, se julgar necessário. A linguagem deve ser impessoal, objetiva, direta, de acordo com o padrão culto da língua.

Etapa 2

Para complementar o jornal/painel informativo-cultural é necessário criar agora algumas produções de caráter mais pessoal como a crônica e a crítica, conforme orientação a seguir.

PRODUZINDO UMA CRÔNICA

Leve em conta as características de uma crônica:

   

Texto publicado geralmente em jornais e revistas;

   

Relata de forma artística e pessoal fatos colhidos no noticiário jornalístico e no cotidiano;

   

Consiste em um texto curto e leve;

   

Tem por objetivo divertir e/ou refletir criticamente sobre a vida e os

comportamentos humanos;

   

Pode apresentar os elementos básicos da narrativa: fatos, personagens,

tempo e lugar;

   

O tempo e o espaço são normalmente limitados;

   

Pode apresentar narrador-observador ou narrador-personagem; às vezes,

emprega a 2ºpessoa.

1ª Opção: Pensar em uma situação corriqueira, semelhante às narradas nos textos acima, que tenha sido presenciada por vocês no decorrer do curso, diretamente relacionada com o estudo desse módulo. Escreva uma crônica sobre ela.

2ª Opção: Tomar como base um fato ocorrido e amplamente divulgado pela imprensa escrita (exemplificada nos textos). Elabore uma crônica que revele uma visão pessoal do acontecimento.

Aborde o fato ou a situação escolhida procurando ir além do circunstancial, narrando com sensibilidade ou, se quiser, com humor. Terminando o texto, dê a ele um título sugestivo. Lembre-se que a linguagem, geralmente, está de acordo com o padrão culto e informal da língua.

PRODUZINDO UMA RESENHA CRÍTICA OU CRÍTICA LITERÁRIA

Leve em conta as características de uma crítica:

 

Texto de natureza argumentativa, que tem por objetivo informar o leitor

sobre um objeto cultural e avaliar seus pontos positivos e negativos;

 

Estrutura livre; normalmente se faz um resumo do texto, apresentando um

breve histórico de seu(s) autor(es) seguido de uma avaliação, na qual aponta os aspectos mais importantes, estabelecendo relações com outros textos e contexto histórico, comentando a sua importância e defendendo um ponto de vista.

 

Linguagem clara, objetiva e dinâmica, que procura prender a atenção do

leitor até o fim;

Estudo da

Literatura

Portuguesa

Etapa 3

Agora é chegado o momento de reunir todas as produções criadas nas etapas anteriores e montar o jornal/painel informativo-cultural. Para compor a parte visual do jornal/painel, você poderá selecionar fotografias/figuras de fontes diversas. Se houver entre vocês poetas e/ou contistas, seus textos serão bem vindos para serem integrados ao jornal, pois este terá, também, cunho cultural.

ABSOLUTISMO – O chamado absolutismo, etimologicamente falando, é o ato de

governar à solta, isto é, sem limites internos, sem contra-poderes, travões ou forças de bloqueio. a forma de governo na qual um chefe de estado goza de um poder sem controle e sem limites.

ANTROPOCENTRISMO – Doutrina que coloca o homem no centro do universo e

medida de todas as coisas. Necessidade inerente à raça humana de afirmar-se como criatura suprema e acabada, o que algum dia fez com que o homem vinculasse sua imagem à dos deuses.

BUCOLISMO – Tendência poética referente às obras que fazem o elogio da vida

campestre. Essas poesias são também chamadas de pastoris, porque nelas os pastores são presenças constantes. O bucolismo foi uma das características da poesia arcádica.

CANTIGA DE REFRÃO – Forma poética caracterizada pela repetição de um ou

mais versos no final de cada estrofe, que corresponde à estrutura típica da cantiga peninsular medieval.

CARPE DIEM – “Colhe o dia”, exortação de Horácio, poeta latino da época do

Imperador Augusto; foi o lema persuasivo do galanteio e da conquista dos corações femininos, na medida em que chama a atenção para a perecibilidade da beleza, da morte de tudo.

DICOTOMIA – Divisão em duas partes de alguma coisa.

EVOLUCIONISMO – A teoria da evolução, também chamada evolucionismo, afirma

que as espécies animais e vegetais existentes na Terra não são imutáveis, mas sofrem ao longo das gerações uma modificação gradual, que inclui a formação de raças e espécies novas.

FARSA – Modalidade teatral cômica que surgiu por volta do século XIV, e se

caracteriza pelos personagens e situações exageradas, a farsa se distingue da comédia propriamente dita por não observar regras de verossimilhança e difere da sátira ou da paródia por não pretender questionar valores. Geralmente desligada da reflexão a respeito da beleza e de propósitos éticos ou didáticos, pretendendo assim, provocar o riso explorando situações engraçadas, grotescas e ridículas da vida quotidiana, apelando para a caricatura e os exageros. Às vezes ganha conteúdo crítico ou de denúncia à revelia do autor. Não tem outra intenção a não ser provocar o riso.

FEUDALISMO – O feudalismo é um modo de produção típico de sociedades

agrárias, caracterizado por relações de servidão do trabalhador ao proprietário da terra, dividida em lotes produtivos (feudos). Predominou na Europa durante a Idade Média.

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