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Secção I: Avaliação do desempenho do professor

No documento ntar Ano VII, Número 25, Junho (páginas 93-98)

AUTOREG.PLANIFICAÇÃO 1

3. Apresentação, análise e interpretação de dados

3.1. Secção I: Avaliação do desempenho do professor

Ao aluno pedia-se que assinalasse no quadrado a sua opinião; e para isso, recorria a escala contínua de 5 pontos: 1 = Nunca; 2 = Muito poucas vezes; 3 = Algumas vezes; 4 = Muitas vezes; 5 = Sempre.

1. Demonstra preparação científica /técnica de nível adequado para leccionar a disciplina de Filosofia?

A falta de professores bem preparados científica e metodologicamente, para ministrar as aulas de Filosofia é apontada como facto determinante para a desvalorização da disciplina de Filosofia. Relativamente a esta questão, grande parte de alunos (380 alunos, 76%) afirmaram que algumas vezes os professores demonstravam preparação científica ou técnica para leccionar a disciplina de Filosofia.

Ora, demonstrar capacidade técnica e científica significa que os professores devem ter assimilado os conteúdos de Filosofia que justifiquem serem por eles leccionados. E aqui, estamos numa situação em que só algumas vezes o fazem, portanto não muitas nem poucas vezes, mas na mediana. Esta questão mostra que há algo a ser feito no curso de Filosofia para que os graduados consigam ter cabalmente as ferramentas técnico-científicas para ministrarem as aulas de Filosofia. Como atrás ficou referenciado, a formação dos professores joga papel fundamental para um bom desempenho na sua função. A preparação científico-técnica de nível adequado para leccionar a disciplina de Filosofia é fundamental, visto que um bom ensino não pode ser apenas definido em termos de competências genéricas aplicáveis a qualquer tema ou disciplina. O ensino implica uma demonstração de pedagogia da substância, ou seja, capacidade de não apenas de transmitir conhecimentos, mas sobretudo a de transformar e ampliar o conhecimento (Boyer apud Abrantes &Valente; s/d: 10).

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Esta questão relaciona-se de certo modo com a anterior. Se na anterior os alunos reconhecem que os seus professores só nalgumas vezes demonstram capacidade técnica e científica, aqui ao questionar-se se expõem com clareza os conteúdos de Filosofia, eles entendem, igualmente, que só nalgumas vezes o fazem (350 alunos, 70%). Exige-se, ainda, ao professor uma linguagem clara; aliás, de acordo com Wittgeisntein a função da própria filosofia é esclarecer a linguagem e ajudar a formular proposições claras (Idem:11).

3. Relaciona o conteúdo teórico com outras disciplinas ou situações práticas do quotidiano?

Nesta questão as opiniões dos alunos se dividem (100 alunos, 20%: nunca; 100 alunos, 20%: algumas vezes; 150 alunos, 30% muitas vezes; e 100 alunos, 20% os professores de filosofia relacionam o conteúdo com outras disciplinas ou situações práticas da vida). Desta feita, concluímos que, de uma forma geral, os professores de Filosofia têm contextualizado os assuntos por eles tratados. É importante lembrar que na elaboração do plano de Introdução à Filosofia no Sistema Nacional de Educação foram definidas matérias que respondem às exigências de nosso país: lógica, teoria de conhecimento, pensamento africano, filosofia política, sempre a ter em conta o contexto moçambicano, sem, no entanto, descurar o universal.

4. Mostra-se actualizado com as novas tendências de Filosofia em relação às outras ciências humanas?

Aqui exige-se uma atitude de interdisciplinaridade dos professores de Filosofia bem como o ter em conta as novas abordagens de Filosofia. Os alunos afirmam que, regra geral, os seus professores actualizam-se relativamente ao que as outras ciências sociais abordam. Portanto, grande parte (150 alunos, 30%: algumas vezes; 150 alunos, 30% muitas vezes e 100 alunos, 20%

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sempre) dá nota positivamente a actualização das abordagens dos seus professores. Dimenstain realça a “necessidade da interdisciplinaridade que permite que a Filosofia exerça o seu papel articulador entre as demais disciplinas do ensino médio e outras áreas do saber” (Dimenstain apud Luiz &Santo, 2002: 317).

5. A metodologia adoptada pelo professor favorece a aprendizagem? 6. A metodologia adoptada pelo professor favorece a aprendizagem?

A metodologia usada pelo professor contribui significativamente para a aprendizagem dos alunos. Assim, (100 alunos, 20% muito poucas vezes; 100 alunos, 20%, algumas vezes; 125 alunos, 25% muitas vezes e 125, 25% sempre) os alunos são da opinião que a metodologia usada pelos professores favorece a aprendizagem. Metodologicamente, uma das dificuldades que o professor de Filosofia pode ter é entrar no mercado de trabalho sem ter desenvolvido o filosofar, sem se deixar envolver pela própria praxis filosófica, tornando-se um mero transmissor de conteúdos, mas que não consegue levar o aluno à abstracção e problematização necessárias para que se realize efectivamente o filosofar.

6. Permite a participação, discussão e expressão de ideias sobre o assunto em estudo?

Uma das exigências de uma aula de Filosofia é a dialogicidade. E permitir que os alunos intervenham na aula é fundamental para que aprendam a filosofar. Um professor de Filosofia não ensina a filosofia, ou seja, doutrinas filosóficas, mas sim, a filosofar, a pensar por si. As doutrinas devem servir apenas de orientações para que o aluno possa reflectir por si em diferentes situações. E o que se vê é que os professores permitem (embora os que dizem sempre sejam poucos) a participação, a discussão e expressão de ideias sobre o assunto. Ora, 160 alunos, 32% muito poucas vezes; 160 alunos, 32% algumas vezes; 120 alunos, 24% muitas vezes

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admitem que os professores permitem a participação na aula. A aula de Filosofia deve ser um espaço democrático no qual o importante não é o conteúdo, mas o exercício da discussão, do debate, da crítica e da problematização, ou do filosofar visto que aquando do processo de educação, educadores e educandos devem, juntos, construir e reconstruir os conhecimentos, baseados numa totalidade; ninguém educa ninguém; educando e educador tornam-se sujeitos do processo, crescem juntos e os argumentos de autoridade já não valem mais (Freire apud Luiz & Sant, 2012:319).

7. Durante as aulas, indica a bibliografia para o aprofundamento dos conteúdos?

Uma bibliografia à altura do tema joga papel fulcral para uma excelente abordagem dos conteúdos. E um professor que se actualiza deve necessariamente encontrar uma nova e boa bibliografia para o assunto em debate. Os alunos reconhecem um esforço dos seus professores em indicarem os livros por eles usados para a leccionação. Portanto, 140 alunos, 28% algumas vezes; 120 alunos, 21% muito poucas vezes, 100 alunos, 20% muitas vezes; 100, 20% sempre defendem que os professores indicam a bibliografia por eles usada para a leccionação.

8. Demonstra disponibilidade para esclarecer dúvidas aos alunos?

As opiniões dos alunos relativamente à disponibilidade do professor são diversas; trata-se de uma questão que não colhe consensos. Contudo, grande parte de alunos entende que muitas vezes os professores demonstram disponibilidade para esclarecer dúvidas dos alunos (138 alunos, 28%). Esclarecer dúvidas trata-se de uma atitude requerida na actividade docente, pois ser professor é ser um guia, é ser um orientador que tem de apoiar os alunos em todos os aspectos ( Mesquita, apud Rego, 2014: 15).

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9. Analisa com os alunos os resultados de provas, testes, corrigindo erros e esclarecendo dúvidas?

Os professores de Filosofia têm, de uma forma geral, analisado, discutido, corrigido os testes e, ainda, esclarecem as dúvidas dos alunos decorrentes das avaliações. Excluindo os 16% de alunos (sendo que 7% entende que nunca e 9% muito poucas vezes), a maioria (84%, perfazendo 423 alunos) afirmava positivamente que existe esta prática docente naquele grupo de professores.

10. Apresenta atitudes (atenção, respostas, cortesia, etc.) favoráveis à aprendizagem?

A atitude de um professor diante de seus alunos joga papel fulcral para a aprendizagem. Assim sendo, os alunos afirmam haver uma atitude favorável à aprendizagem. Assim, 21%, 105 alunos muito poucas vezes; 28%, 140 alunos algumas vezes; 20%, 100 alunos muitas vezes e; 20%, 100 alunos sempre, isto é, os alunos entendem que a atitude demonstrada pelos professores é favorável à aprendizagem. Deontológica e profissionalmente, exige-se ao professor respeito aos valores culturais, ideológicos, religiosos e morais dos alunos e da família (Rego, 2014: 19). E para estabelecer uma relação de confiança entre professor e aluno torna-se necessário que o professor demonstre afectividade, assumindo múltiplos papeis: amigo, compreensivo, pai, mãe, advogado, juiz, companheiro, prestativo, conselheiro (Idem: 30).

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