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A vida é um terrível jogo do acaso, tudo que dela decorre é novo e imprevisível e o sujeito deve se adaptar a mesma. Nossos protagonistas não puderam prever seu romance, e hoje já não se imaginavam sema, mas o acaso sempre existirá!

Não que seja necessário os gostos serem iguais, amor não é isso, mas por incrível que pareça Rosa aprendeu a amar cinema pela influência de Tomas. Via muitos filmes, e em determinado momento começou a ver muito mais filmes que ele. Isso começou como uma tentativa dela de “se enquadrar” nos gostos dele, e acabou se encaixando muito nesse quadrado.

Com o tempo, ela percebeu que assistir muitos filmes era mais do que apenas uma relação passiva com a obra. Ela até começou a se entender mais enquanto assistia filmes, percebeu que o que ela sentia, que as suas lembranças, que os sentimentos que afluíam, que as suas análises ao assistir, eram somente dela. Muitos momentos se via lembrando de cenas de sua infância, que até havia esquecido, e tudo isso pelo contato com cinema.

Mergulhou de cabeça nesse universo.

Se pensarmos de forma conservadora sobre as experiências humanas para afirmarmos que o que fazemos na vida necessita-se de um sentido para aquela ação, então cinema a ela foi um deleite.

Sobre o fator “enquadramento”, vale lembrar que eles dois corriam de três a quatro vezes por semana, após

uma súplica insuportável de Rosa, que implorava para Tomas deixar de exercitar somente os dedos na escrita.

Para sua saúde corporal no início, se tornou uma prática de saúde mental; começou a ver o efeito tão forte que a prática de exercício físico o causava. Fez dessas práticas uma forma de combater o estresse, jogando para fora várias angústias que se encontravam sobre seu corpo.

Angústia essa denominada gordura lateral.

Essas realidades não exercerão nenhuma influência sobre a história, mas se torna interessante a partir do momento que os dois saíram de suas zonas de conforto para acabar agradando o outro, mas encontraram pequenos pedaços seus no meio do caminho.

Ainda que inicialmente fossem apáticos ao gosto alheio, se forçaram a compreender o seu valor, e o que significava para o outro. Acabaram se identificando e trazendo para suas próprias vidas. Pode esse ser mais um dos incidentes ocasionais que definem a nossa história...

Oito meses se passaram desde o dia que se conheceram.

Não namoravam ainda, nenhum dos dois tomou iniciativa, isso não duraria tanto tempo... No máximo oito meses, claro.

Os dois queriam o namoro e os dois sabiam os interesses um do outro. Para quê há de haver a necessidade de alguém tomar iniciativa visto que os dois gostariam de namorar, ou melhor, é realmente necessário precisar oficializar esse relacionamento, visto que os dois estavam felizes do jeito que estavam? Não digo para polemizar, é simplesmente uma dúvida...

Eles queriam normalizar o relacionamento para o mundo e para suas próprias consciências, queriam estar dentro do

que a convenção social impõe, e não se pode julgar, provavelmente essa é a vontade de qualquer um, talvez até mesmo a sua, querido leitor.

Existiu uma cena, lá pelos 5 meses de relacionamento, que vale a pena ser contada, pois é o evento que demonstrou aos dois o interesse de namoro.

Certo dia, Rosa convidou Tomas para a praia, no intuito de passarem o dia todo juntos. Era um domingo, sol saudável, amor mais ainda. Rosa aprendeu a andar sobre o slackline e Tomas... Ao menos tentou. Ele pela primeira vez experimentou ostras, e logo de cara comprou uma dúzia para comer sozinho, que no momento degustara com o maior prazer - todo lado bom tem uma outra metade que não é tão boa. Posteriormente em casa sentiu o peso de comer tantas ostras, sofrendo no banheiro.

Fizeram tudo na praia, banharam juntos, se rolaram e enrolaram na areia, alugaram aqueles carrinhos conjuntos como se fossem dois idosos apreciando. Supimpa!

Tomas tinha certeza de que Rosa havia planejado aquele encontro por algum motivo, pelo seu alto grau de especial, e se forçava a acreditar que ela iria fazer o pedido de namoro. Ele sentia que ela lhe preparara algo especial. Pensava na frente, enquanto os momentos presentes já eram o presente que ele poderia almejar.

Certo momento, já ansioso pela cena tão importante do pedido, Tomas perguntou precipitadamente:

- Mas então, para finalizar um dia tão lindo como esse, só um acontecimento muito inesperado para a gente se surpreender, não é?

- O que têm em mente?

- Acho que você poderia falar.

Silêncio. Rosa começou a pensar. Tomas nervoso. Ele começou a ficar na dúvida se aquele dia foi feito para ela pedir, ou ele.

-Acho que já sei – respondeu Rosa -, fecha os olhinhos.

Ele fechou, sem saber o que esperar. Talvez ao abri-los veria Rosa ajoelhada o pedindo em namoro. Qualquer coisa se passa na mente desesperada de um homem.

Realmente aquela dúvida o deixava aflito. Justo com a resposta mais certa que ele daria na vida...

-Abre. – Afirma Rosa sentada com um algodão doce, que comprara com um senhor que havia passado próximo a eles.

Rosa estava com a fisionomia mais dócil que se podia imaginar. Tomas até se surpreendeu com o olhar angélico que lhe era disposto. Não se decepcionou com o que vira, nenhum pouco. Estava feliz por ver que independente de dar nome ao relacionamento, eles tinham um, e que era o melhor que poderia ter. Estava feliz. Decidiu namorar a ideia de desenvolver ainda mais o amor por Rosa.

Começou a encará-la com um profundo olhar apaixonado e apaixonante. Ele a apertara tão firmemente com os olhos como se a estivesse segurando com seus braços...

Rosa o encarou de volta em silêncio, de maneira tão apaixonada quanto a dele. Percebeu que a estabilidade daquele relacionamento, que suas conversas, que a confiança que um possuía no outro, que a conexão espiritual entre os dois, que o entrelaçamento de suas almas, que a forma de expressar o amor de cada um estava permitindo com que ela alcançasse níveis de felicidade e paixão que controlavam seu corpo e enchiam seu coração. E aquela tarde foi a prova cabal. Olhava a

melancolia daqueles olhos, que a desnorteava e a guiava ao mesmo tempo.

Começaram a sentir a noite se inclinando para os dois;

ouviam os sons das ondas se quebrando, que estrangulava as rochas. Se afogariam caso não fosse as redes daquele forte amor. Fora isso o silêncio perpetrou-se. Os clamores do vento desencadeavam nos ares aquelas respirações que vinham do uníssono de suas almas. Um horizonte imenso, cheio de mistérios, adentrou seus corpos. Entregaram todo o seu ser e transcenderam a um só sentimento. Naquele momento não havia nada nem ninguém que pudesse fazê-los enxergar fora a cegueira de suas apaixonadas visões.

Lua, Sol, estrelas, uma dica: apenas se permitam seguir suas órbitas naturalmente... os dois precisam saber distinguir entre dia e noite, pois o mundo inteiro lentamente caminha quando estão juntos.

E deitados sobre a grossa sedimentação das rochas, olhando para cima, sentem o imenso horizonte misterioso ressoando sobre suas almas, e percebem que nada é capaz de abalar a unidade de seus corpos.

Pausa para confissões

O amor merece ser contado em todas as suas formas, graus de profundidade e circunstâncias. Às vezes é difícil transcrever em palavras o que significa o amor para o interior de nosso corpo. O que é esse outro ser dentro da gente tomando conta de nossas ações, e de nossas sensações. Não me darei o trabalho nesta obra de apenas afirmar o que é esse tal amor. Essa é a complexidade que

autores dos mais diversos da filosofia tentam há séculos justificar ou mensurar. Então não sou eu, um mero autor de passagem, que irei dar a forma geral da abstração mais poderosa da alma, do sentimento que perfura, que destrói, mas que ao mesmo tempo fecha feridas e reconstrói o que perdemos pelas desilusões ou tristezas da vida. Do sentir que nos aprisiona e liberta. Do peso que não é palpável, mas é sentido, não é pesado, mas em nosso peito se apregoa como uma carga de toneladas. Do efeito que determina como encaramos a passagem do tempo. Do que faz a mente passar a vagar no espaço ou estar enfiada no fundo da terra. No ouvir de rouxinóis arfantes ou em gritos estrépitos e delirantes. No caminhar com o peso do vazio na alma ou rastejar com o eterno mundo nas costas. Do bater de asas livres voando por estrelas a mil ou se afogar na profundeza de um denso mar de gelo. Do tilintar de arcanjos em um campo livre na primavera ou do estrondo belicoso de uma bomba na sua casa interior.

O amor se define como o sentimento que quanto mais se descreve, mais surge formas de tentar descrevê-lo, mais ideias, experiências, mais narrações; muitas das vezes completamente sem sentido, ou diferentes do que me proponho a dissertar nesse humilde conto.

Permaneçamos sem definição exata.

X

Em oito meses, no que se concerne à realidade de Rosa com sua mãe, tudo caminhava de uma forma tranquila.

Renata estava sendo acompanhada por psicólogo, já havia tido diversos resultados positivos. Mas, aparentemente, também era paciente fora do consultório; pois muitas vezes tinha ainda que suportar a petulância da formanda em psicologia dentro de sua própria casa. Com muita calma e uma compaixão maior ainda, respondia aos questionários que sua filha apresentava, cheio de perguntas que expressavam sua ansiedade para o dia que encararia o mercado de trabalho.

Aquelas discussões, conversas, convivências das duas se tornava presente praticamente todos os dias. Rosa estava profundamente dedicada a passar momentos juntos com sua mãe, a acompanhando, cuidando, estando próxima.

Y

A família de Tomas pode se caracterizar por ser altamente desconjuntada. Ninguém suporta um ao outro dentro de casa. Ninguém conversa, ninguém ouve, apenas deixam ressoar os gritos dos silêncios, na maior parte do tempo.

A outra parte era de brigas que ganhavam caráter agressivo. Às vezes esse desgosto de se relacionar era particularmente notável no modo de tratamento do pai de Tomas com sua mãe. Cada vez mais agressivo e inconsequente, se dedicava a passar as noites bebendo em bares com amigos. Chegando em casa, causava um estardalho. Tomas sempre ouvia as barbaridades ditas à beira da porta de seu quarto, se controlando para não sair

e entrar na discussão. Aquela raiva nascia no coração de Tomas no momento em que abria a porta de casa, à noite.

Quando estava com Rosa era como se libertasse para um céu divino, tranquilo, controlável, e que sentia prazer em viver. Chegar em casa, conviver com pessoas que claramente não se suportam, que beiram o ódio, era como descer para o inferno - um lar de intrigas, angústia e desunião. Ficava trancado em si mesmo, não falava com nenhum deles, apenas o necessário para a lógica de vida conjunta. De seu pai simpatizava com a ideia de confrontá-lo, de interrogar-lhe o porquê de sua agressividade, de sua necessidade de controlar sua esposa.

XY

Já fazia alguns dias que Rosa estava se sentindo angustiada, acordava incomodada consigo mesma.

Passava seu café com a mente distante, confrontava-se com os mesmos questionamentos e dúvidas sobre sua autoconfiança.

Fato é que, nos últimos tempos, Tomas fizera amizade com uma menina de sua turma, e estava cada vez mais próximo dela. Rosa o esperava nos dias em que sua aula acabava mais cedo, e aquela cena de Tomas saindo de sua turma rindo com uma amiga a causara um desconforto que até então desconhecia – uma dúvida sobre o comprometimento de Tomas com ela, mesmo que o relacionamento deles fosse o melhor possível, e pensar nisso a torturava.

Não interprete mal, caro leitor, nossa personagem não odiava Tomas por ter uma amiga, muito pelo contrário, a deixava feliz que Tomas finalmente tenha conseguido se comunicar de forma sólida com outra pessoa, de ter constituído uma amizade, e ela mesma sabia da relevância de seu papel para esse amadurecimento pessoal da parte dele.

O que a incomodava eram seus sentimentos se renderem a uma desconfiança desnecessária, um medo injustificável e a um ciúme extremamente ultrapassado... Imagino que vocês, amados leitores, também devem concordar com isso.

Sua própria consciência a julgava constantemente em lapsos que a torturavam: “Sério Rosa?”, “ciúmes porque, menina?”, “pelo amor de Deus, né?”.

Mas vamos tentar compreender. Por mais ultrapassado e injustificável que seja o ciúme em sua essência, existe a forma saudável e a destruidora de se manifestar esse sentimento.

Justamente pelo fato de ser um sentimento, não o temos em nossa mão, não sabemos controlar, apenas sentimos o desconforto que ele oferece. Podemos, assim como Rosa, entender o quão bobo muita das vezes ele é, mas se não aprendermos como lidar, seu poder irá apossar-se de nossa imaginação.

Rosa já estava cansada de sentir aquilo e resolveu falar a Tomas o que se passava em sua cabeça, enquanto os dois caminhavam pela Universidade na direção da biblioteca:

- Amor, quero te confessar uma coisa que está me incomodando já faz um tempo, e que desde já eu digo que sei que estou errada, e te peço para ter paciência

comigo e me entender. Não tenho vergonha de dizer o meu sentimento, porque confio no nosso relacionamento.

- Meu deus, amor, estou preocupado. O que foi?

- Eu ultimamente tenho me sentido um pouco desconfortável, com um certo ciúme da tua amizade com a Lúcia. Você nunca deu motivo nenhum para me fazer sentir ciúme, e esse é justamente o grande problema que estou tendo. É como se eu estivesse forçando uma sabotagem de nosso relacionamento, que eu amo tanto.

Eu fico tão feliz por tu ter uma amizade com outra pessoa, isso me deixa feliz..., Mas ao mesmo tempo, meu coração se enche de uma mescla de sentimentos confusos! Eu realmente não sei o que sentir. Eu estou muito confusa ultimamente, e não sei como lidar com isso...

Eles pararam, estavam olhando um para o outro. Tomas não fazia a menor ideia do que falar, nunca pensara que Rosa se angustiaria por algo do tipo. Sempre via nela a pessoa do relacionamento com mais controle emocional.

Ambos eram sensíveis de suas formas, mas Tomas estava incrédulo com a fala de Rosa. Ambos respiraram algumas vezes durante essa pausa, sempre olhando um para o outro. Rosa o encarava com um rosto dotado de vergonha, apesar de negar anteriormente. Até que ele rompe o silêncio e diz:

- Então quer dizer que a aluna de psicologia veio se consultar com um mero estudante de cinema...

Ambos riram. Apesar de Rosa odiar os momentos que Tomas inverte uma situação com algum comentário

“besta”, esse possivelmente foi necessário. Talvez os dois naquele momento precisassem apenas levar essa discussão na parcimônia, aprendendo a lidar juntos, e não

se esquecendo que estavam em relacionamento para se tornarem pessoas melhores. Tomas dá continuidade:

- Amor, estou surpreso, não vou mentir. Não esperava de forma alguma que um sentimento do tipo viesse de tua parte no relacionamento. Você quer me falar mais sobre isso?

- Eu passei todos esses dias tentando compreender isso, ver que eu caio de forma tão fácil a um sentimento do qual eu nem mesmo concordo ser necessário sentir, principalmente tratando do nosso relacionamento... não queria trazer essa negatividade para nossa conversa, sabe?

- Não vejo ele como necessariamente negativo, você não me acusou de nada, apenas compartilhou comigo o que sente e essa abertura entre a gente é muito boa.

- É uma sorte a gente poder ter coragem de dizer. E eu adoro tu ter amizades, inclusive eu gosto bastante dela, acho atenciosa e engraçada. Uma vez minha mãe me disse que meu pai era um otário ciumento e que tinha sentimento de poder sobre ela. Mesmo que eu esteja sentindo apenas 1 por cento do que ele sentia, para mim já é uma grande vergonha. Eu simplesmente não gosto dessa situação, nossa é muito confuso explicar...

- Eu quero falar uma coisa, mas não quero parecer chato, nem parecer que quero dar sermão. Posso falar?

Ela balança a cabeça em sinal de concordância e olha nos olhos de Tomas, que engole saliva e diz:

- Eu não falava com outras pessoas antes de te conhecer, você sabe disso, ou entrava em desespero ou simplesmente odiava formular perguntas e respostas para o que devia falar. Eu sou extremamente grato como tu me

ensinou a sair de mim, a ver sentido nesses relacionamentos, a ser curioso com a vida dos outros, a apresentar as ideias que posso dispor, a demonstrar interesse e ser interessante, a mudar. Ainda sou inseguro em muitas situações, demonstro alguns comportamentos parecidos com tempos atrás e eu acho isso normal, não posso negar quem eu sou; posso amadurecer, mas sendo ainda eu mesmo. E eu acho que você foi incrivelmente madura quando decidiu falar dessa forma tão aberta comigo, provavelmente eu não seria capaz. Eu não tive esse sentimento até agora, mas não estou imune a ele, acho que ninguém está.

- Tem uma parte que eu me identifico que é eu nunca pensar que poderia sentir, porque sempre dei sermão em amigos e amigas que já sentiram, e eu aqui... sentindo.

Não sei se isso é hipocrisia ou simplesmente a gente pensar que consegue controlar sentimento, quando na verdade é mais difícil do que parece...

- Acho que o que não podemos fazer é deixar que isso tome conta da gente, porque senão iremos querer controlar o outro. Te admiro tanto, amor, por ter se expressado assim, sei que não é fácil, se tratando de relacionamento, acho que nada é fácil. O que temos que fazer é enfrentar, se não soubermos como, aprendemos a dar um jeito. Tem que ser assim, porque somos nós dois juntos para enfrentar tudo que vier no nosso caminho.

Rosa se tranquilizara com o monólogo característico de Tomas, então ela resolveu falar:

-Achei muito compreensível da tua parte, Tomas, acho que me julguei demais esses dias, devia ter vindo me abrir contigo antes. Me martirizei por esse sentimento

estúpido ficar martelando minha cabeça. Também acho que seja normal sentir isso até certo ponto. A maior angústia é eu saber que não concordo e mesmo assim sentir. Eu sempre aconselho o controle emocional para as pessoas, sempre tento investigar, dar palpite, essas coisas. Mas eu também sinto fragilidade, também me sinto fraca as vezes. Me entrego também a esses sentimentos confusos e distantes também, assim como qualquer um. Eu me cobro muito porque acho que as pessoas esperam isso de mim, ter as respostas, ser a mais resistente, a mais forte. Ou talvez não esperem nada de mim e por isso me forço para parecer “superior”. Real, é confuso. Esse peso que eu assumi, que me dói, amor, de eu querer fingir que não sinto dor, que não sou confusa.

Estou falando isso para ti, mas estou confrontando com tudo que está estabelecido na minha cabeça.

Ele toca nos dois braços dela e se aproxima de seu rosto.

Essa experiência de forçar-se a ser algo diferente na visão dos outros, mas o mesmo por “dentro” é uma confusa contradição interna que Tomas sabia muito bem como era.

Então ele se aproxima de sua orelha e extrai toda a paixão pela forma delicada e espontânea que os dois cultivavam em seu namoro, e traduz isso dizendo algo que Rosa jamais esqueceria, uma verdadeira fala que naquele momento representaria tudo aos dois. Ele sussurra no ouvido dela:

- Te amo muito!

Ele fala e se afasta um pouco e olha o rosto dela e vê que os olhos de Rosa estavam fechados, como se ela estivesse dimensionando com o coração aquilo o que seu amigo e

amante havia dito. Ficou alguns segundos de olhos fechados, e depois, quando os abriu, já calma, disse:

-Acho que sei o que estou sentindo, acho que entendo onde está o meu medo. Tenho um tremendo medo de perder as pessoas que estão próximas de mim. Já foi com

-Acho que sei o que estou sentindo, acho que entendo onde está o meu medo. Tenho um tremendo medo de perder as pessoas que estão próximas de mim. Já foi com

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