• Nenhum resultado encontrado

Segurança ciclável e vida humana Zuleide O Feitosa 1 , José Carlos Mota

1 Departamento de Processos Psicológicos Básicos-PPB, Universidade de Brasília, Brasil • zld.feitosa@gmail.com, 2 Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território, Universidade de Aveiro, Portugal • jcmota@ua.pt

RESUMO

No contexto da mobilidade, a bicicleta é parte do ambiente urbano compartilhado. Nessa perspectiva, a segurança viária é tema de forte interesse da comunidade científica por se tratar tanto dos fatores humanos (o comportamento), quanto do planejamento urbano que influencia o modo como as pessoas se deslocam (Yang et al. 2019). Dessa maneira, a mobilidade das grandes cidades tem sido um constante desafio para os planejadores, decisores e pesquisadores (Useche et al., 2018; Lanying Sun et al., 2019). Embora a bicicleta faça parte do espaço urbano compartilhado, os meios de deslocamentos ainda estão predominantemente focados na mobilidade motorizada (Feitosa et al., 2014). O que tem produzido de um lado, alguns resultados negativos, por exemplo, o aumento expressivo da acidentalidade e do número de óbitos ( Brasil, 2020), o que evidencia falha na segurança viária e forte impacto à vida em sociedade (Steg & Vleck, 2009). Por outro, existe também a necessidade de diversificação dos meios de transporte em função das necessidades humanas, por exemplo, no estado atual da crise sanitária mundial se observa que a bicicleta tem sido um meio alternativo de transporte utilizado com maior frequência. Nesta perspectiva, o crescimento do uso da bicicleta é apreciado como um fenômeno positivo para a mobilidade. Entretanto, em várias cidades identificam-se que o planejamento, a distribuição e uso do solo ainda não possibilitam a segurança viária adequada para preservacao da vida, inclusive da vida do ciclista, que por vezes não desempenha comportamentos seguros ao compartilhar uma via (Souza, 2012). Desse modo, o comportamento do ciclista como usuário do espaço urbano compartilhado é alvo da referida invetigação. Por isso, objetiva-se investigar o Comportamento dos Usuários da Bicicleta e a Segurança Ciclável. De modo mais específico, procura-se levantar os indicadores da percepção de riscos e identificar os comportamentos de erro, violação e comportamentos positivos do ciclista ao utilizar no espaço urbano. O delineamento metodológico, do referido estudo, consiste em duas etapas: validação semântica e estatística do Cycling Behavior Questionnaire-CBQ. O procedimento de validação semântica inclui: a) traduzir o CBQ do inglês para o português por meio de três experts nas línguas inglês e português; b) aplicar o CBQ, após ser traduzido, a uma amostra reduzida para testar sua validade estatística (Hair et al., 2010). O procedimento de realização do pré-teste consistiu em analisar as respostas da amostra (N=84 ciclistas). Os resultados do pré-teste evidenciaram que a escala apresenta resultados de confiabilidade estatística significantes: alfa de cronbach=0,934; Alfa de Cronbach com base em itens padronizados 0,948; KMO=0,838; Qui- quadrado=2331,879; df=406; sig=0,000. Portanto, os resultados da Análise Fatorial Exploratória (AFE) corroboram que os fatores de comportamento de risco (Erro, Violação e Comportamento Positivo) se confirmaram no Brasil de modo análogo como o foram nos países da Europa. Desse modo, conclui-se que a Escala CBQ pode ser aplicada a uma amostra ampla, visto que revelou boa confiabilidade para os indicadores de comportamento de risco do ciclista. Nossa expectativa futura será aplicar a escala novamente, no Brasil, a fim de se obter resultados que venham explicar os comportamentos de risco do ciclista ao utilizar a rede viária urbana. Por fim, espera-se que a partir da realização de um estudo amplo, os resultados futuros possam viabilizar maneiras de se pensar a regulação do espaço físico bem como medidas interventivas de políticas públicas de mobilidade mais favoráveis à vida dos ciclistas.

PALAVRAS-CHAVE

Segurança Ciclável, Vida Humana; Mobilidade Urbana.

REFERÊNCIAS

Brasil (2020). Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito Federal – PDOT – Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e

Habitação http://www.seduh.df.gov.br/plano-diretor-de-ordenamento-territorial/3

Feitosa, O. Z, Mota, D. R., Gomez, J. P. E., Arruda, F. S., & Brasil, A. C. M. (2014). Consciência verde e qualidade de vida urbana: percepção acerca da utilização intensificada do transporte individual Comportamento verde. In Anais do XXVIII Encontro Anual da ANPET (45-49). Curitiba: ANPET.

Hair, J.F., Black, W.C., Babin, B.J., & Anderson, R.E. (2010). Multivariate Data Analysis: A global Perspective. Pearson Education Inc., 2010. Lanying Sun., Xing Zhou., & Zhoohui Sun. (2019). Improving cycling behavior of dockless bikesharing usersbased credit -based supervision

policies in China. Frontiers in Psychology, volume (10), 2189 doi: 10.3389/fpsyg.2019.02189

Sousa, P. B. D. (2012). Análise de Fatores que Influem no Uso da bicicleta para Fins de Planejamento Cicloviário. (Tese de Doutorado) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.

Steg, L., & Vleck, C. (2009). Encouraging pro-environmental behaviour: An integrative review and research. Journal of Environmental

BEM-ESTAR, QUALIDADE DE VIDA E CAPITAL HUMANO |

WELL-BEING, QUALITY OF LIFE AND HUMAN CAPITAL

90 Useche, S. A., Montoro, L., Tomas, J. M., & Cendales, B. (2018). Validation of the Cycling Behavior Questionnaire: A tool for measuring cyclists’

road behaviors. Transportation Research part F, volume 58, 1021-1030. doi.org/10.1016/j.trf.2018.08.003

Yang, Y., Wu, X., Zhou, P., Gou, Z., & Lu, Y. (2019). Towards a cycling-friendly city: An updated review of the associations between built environment and cycling behaviors (2007–2017). Journal of Transport & Health, volume (14), 100613. doi:10.1016/j.jth.2019.100613

NOTAS SOBRE O(S) AUTOR(ES)

Zuleide O. Feitosa. Professora substituta da Universidade de Brasília-PPB, UnB. Doutora em TRANSPORTES - UnB (2017) parceria com a University of Michigan, US (2016-2017). Mestre em Psicologia, UnB (2010). Especialização em Gestão da Cultura, Clima e Bem-estar Organizacional, UnB (2005). Psicóloga, U. Federal do Maranhão- UFMA (2001). Atualmente, dinamiza parceira em pesquisa sobre a bicicleta com as Universidades: UA, Portugal, UnB, Brasil, UV , Espanha.

José Carlos Mota. Docente no Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território, UA. Mestre em Planeamento e Projecto do Ambiente Urbano, U. de Porto (1998). Desde 2008 tem estado envolvido em vários projectos de investigação ligados com o tema da mobilidade cicl ável, do planeamento colaborativo e o envolvimento cívico e da regeneração de centros urbanos. É actualmente um dos dinamizadores da parceria da UA com a ABIMOTA.