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4 ANÁLISE DOS RESULTADOS: INTERCALANDO A METODOLOGIA DEA

4.1 Análise por Envoltória de Dados (DEA)

4.1.3 Seleção e descrição dos fatores

Atentando-se aos quesitos explorados nesta seção, foram levadas em consideração unidades que estavam sob um mesmo regime administrativo. No âmbito da pesquisa, trata-se das unidades escolares dos municípios que compõem a 3ª Crede. Por conseguinte, todas as DMUs constituíram-se de escolas públicas municipais que ofertam turmas de 5º anos dos anos iniciais do ensino fundamental e que participaram do Ideb no ano de 2015. Dessa forma, o universo das unidades proposto na pesquisa ficou assim delimitado:

Tabela 11 – Representatividade das DMUs do modelo proposto

Localização Municípios Quantidade de DMUs propostas

Cr ed e Jijoca de Jericoacoara 8 Acaraú 24 Cruz 10 Bela Cruz 9 Marco 7 Morrinhos 7 Itarema 11

Fonte: Elaboração própria (2018).

Nesse escopo, respeitaram-se as ideias de Sufflebeam, para quem a avaliação deve ser planejada “[...] para ser realizada no contexto natural, em tempo dimensionado com precisão e usando um grupo técnico estritamente necessário, ou seja, a avaliação tem que ser realista, prudente, politicamente viável e realizada com parcimônia financeira” (VIANNA, 2000, p. 113). Logo, para fazer-se viável, a pesquisa em apreço buscará atender a esses apontamentos. Assim, levou-se em consideração que, além de estarem sob um mesmo regime público municipal e pertencerem a uma mesma Crede, todos os municípios supracitados apresentaram crescimento considerável no Ideb do 5º ano dos anos iniciais ao longo das edições. Desse modo, as DMUs foram as unidades escolares desses municípios que participaram do Ideb em 2015, período traçado para a análise da pesquisa. Vale enfatizar que nesses municípios há um quantitativo maior de escolas, entretanto, por não terem participado da referida edição do Ideb no ano supracitado, tais unidades não foram contempladas na pesquisa.

Ressalte-se que se considerou a disponibilidade dos dados durante o período proposto, bem como o interesse dos gestores públicos, na figura dos secretários municipais de educação, quanto à aceitação deles na realização da pesquisa nas escolas municipais. Buscou-se junto às SMEs uma base de dados que contemplasse o maior número possível de informações dos fatores avaliados.

Para comporem os fatores de inputs, foram utilizados os seguintes insumos: número de alunos em cada escola; número de professores em cada unidade escolar; quantidade de servidores técnico-administrativos; número de visitas de técnicos das SMEs às unidades escolares; número de salas de aula disponíveis para cada escola; número de turmas de 2º ano; número de alunos de 2º ano; número de turmas de 5º ano; número de alunos de 5º ano; e quantidade de formações ofertadas via SME. Para os fatores de outputs, por sua vez, foram considerados os índices do Ideb do 5º ano do ensino fundamental obtidos na edição de 2015 e as taxas de rendimento escolar, como aprovação, reprovação e abandono, registradas no Censo Escolar.

Convém ressaltar, por oportuno, que mesmo informações tidas como indesejadas, como os índices de reprovação e abandono em uma escola, podem ser indicadores importantes. Esses dados são informações de saída, figurando, por conseguinte, como outputs.

Assim, buscou-se ter o cuidado de trabalhar com o modelo DEA adotado que maximizasse os outputs. Obviamente não é desejável maximizar output de reprovação nem de abandono. Como saída para essa situação, deve-se inverter os fatores indesejáveis; para tanto, sugere-se criar uma coluna no banco de dados do documento original e realizar essa alteração.

No estudo, criou-se uma variável auxiliar denominada 1/Rep para a reprovação e 1/Ab para o abandono. Automaticamente o programa considera o inverso disso, ou seja, ele maximiza esse valor. Nesse sentido, maximizar o inverso da reprovação é pegar a menor reprovação possível; o mesmo ocorre para o abandono.

No quadro 2, visualizam-se os fatores de insumos e produtos utilizados.

Quadro 2 – Descrição dos insumos e produtos propostos para a análise de eficiência

Fatores Símbolo Descrição

In pu ts ( In su m os )

Localização Localização (S1/R2) Localização da escola, se zona rural (R2) ou

sede (S1) Quantidade de

professores Nº professores Total de docentes da instituição

Quantidade de

alunos Nº alunos Total de alunos da instituição

Número de turmas

do 2º ano Nº turmas 2º ano

Total de turmas que ofertam o 2º ano dos anos iniciais do ensino fundamental Quantidade de

alunos no 2º ano Nº alunos 2º ano

Total de alunos matriculados no 2º ano dos anos iniciais do ensino fundamental Número de turmas

do 5º ano Nº turmas 5º ano

Total de turmas que ofertam o 5º ano dos anos iniciais do ensino fundamental Quantidade de

alunos no 5ºano Nº alunos 5º ano

Total de alunos matriculados no 5º ano dos anos iniciais do ensino fundamental

Salas de aula Nº salas de aulas Quantidade de salas de aula existentes na escola

Quantidade de

formações Formações Nº

Total de formações ofertadas em 2015 pela SME e direcionada aos professores de 5º ano

O u tp u ts (P ro d u to

s) Ideb (O)Ideb escola 5º ano Proficiência obtida no Ideb no ano de 2015

Reprovação 1/Rep Percentual das taxas de reprovação

Aprovação Aprovação % Percentual das taxas de aprovação

Abandono 1/Ab Percentual dos índices de abandono

Fonte: Elaboração própria (2018).

Os valores dos fatores de inputs e outputs foram considerados para cada uma das unidades escolares selecionadas, sendo obtidos através do banco de dados fornecido pelas SMEs dos municípios dessa Crede. Portanto, todos os dados em análise foram fornecidos pelos técnicos das SMEs com autorização dos secretários municipais de educação. Logo, esses dados foram específicos para cada DMU e esse processo ocorreu em todos os municípios analisados.

Os insumos e produtos propostos para a análise de eficiência na pesquisa assemelham-se à estrutura básica do CIPP, cujas letras das palavras representam os quatro conceitos avaliativos que formam a referida sigla: Contexto, Input, Processo e Produto; “[...] a avaliação do contexto como ajuda para designação das metas, a avaliação de entrada como ajuda para dar formas às propostas, a avaliação do processo como guia de sua realização, e a avaliação do produto a serviço das decisões de reciclagem” (STUFFLEBEAM; SHINKFIELD, 1987, p. 181). Esse modelo tem orientação formativa para a tomada de decisão e orientação somativa com viés de prestação de contas (accountability)(ARAÚJO, 2016; VIANNA, 2000).

A esse respeito, Stufflebeam e Shinkfield (1987, p. 189) caracterizavam:

[...] avaliação destinada à tomada de decisões como formativa ou proativa por natureza, e a avaliação destinada à responsabilidade como somativa ou retroativa. [...] a avaliação de contexto, de entrada, de processo e de produto podem ser utilizadas tanto como guias para as tomadas de decisões, função formativa, como para fornecer informações para responsabilização, função somativa.

Convém aclarar, por oportuno, que se constitui uma inovação o uso da metodologia matemática multicritério para a tomada de decisões frente à eficiência do ensino em unidades escolares de uma corregedoria. Logo, a metodologia DEA é uma modelagem para apoio aos processos de tomada de decisões, contudo isso não impede que seja aplicada de forma processual e contínua ou mesmo longitudinal nos municípios, a fim de que possa ajudar os gestores na administração de suas unidades educativas, ou seja, também pode atuar numa perspectiva formativa, orientando os envolvidos sobre os elementos que requerem maiores cuidados. Não necessariamente precisa-se encerrar o ano letivo para utilizá-la, ao contrário, seu uso varia conforme os interesses e necessidades dos envolvidos num processo dinâmico de avaliação.

Na sequência, serão apresentadas as análises das escolas de forma individualizada por município e, ao término, uma análise contemplando todas as unidades da então Crede.