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6. Metodologias de investigação

6.2 Estudo empírico

6.2.1 Selecção da amostra, caracterização das variáveis e do modelo

SELECÇÃO DA AMOSTRA

Para a obtenção de dados económico-financeiros das PME do sector da construção, foi solicitada à Coface Serviços Portugal, SA, a disponibilização de informação constante da sua base de dados, a qual agrega mais de 360.000 balanços. Os elementos remetidos por esta entidade consistiram em balanços e demonstrações de resultados de diversas PME do sector da construção21, relativos aos anos de 2006, 2007, 2008 e 2009, não contemplando, contudo, quaisquer microempresas. No momento em que a documentação foi remetida, a Coface Serviços Portugal, SA não tinha, ainda, à sua disposição informação contabilística relativa ao final do exercício de 2010, daí existir um desfasamento de um ano entre as demonstrações financeiras disponíveis e aquelas que, na prática, seriam as mais desejáveis para a elaboração do estudo, que se pretendia que culminassem em 31 de Dezembro de 2010.

De forma a definir claramente o conceito de PME, foram utilizados, para efeitos de segregação de empresas22, os critérios constantes da Recomendação n.º 2003/361/CE da Comissão Europeia, de 6 de Maio, segundo os quais:

Tabela 6.2.1.1: Recomendação n.º 2003/361/CE da Comissão Europeia

Fonte: Ministério da Economia e do Emprego.

Uma vez que o estudo visava analisar o peso das dívidas a instituições de crédito no financiamento da actividade, foram expurgadas da amostra as observações relativas a

21C.A.E. 41, 42 e 43.

50 empresas cujo total das dívidas a instituições de crédito se apresentava inferior a 50 milhares de euros, tanto a curto como a médio e longo prazo, por se considerar que seriam observações atípicas, não representando a generalidade das PME do sector da construção. Tendo em consideração o facto de existir um desfasamento de um ano entre as observações da variável dependente e as das variáveis independentes, o que será explicado no ponto seguinte, foram também excluídas da amostra, todas as empresas que, por qualquer motivo, não tenham apresentado demonstrações financeiras em dois anos consecutivos.

Adicionalmente, foram ainda eliminadas da amostra as empresas que, por apresentarem saldos nulos em determinadas contas de balanço ou da demonstração de resultados, inviabilizavam a construção de alguns rácios ou indicadores económico-financeiros. A amostra final foi assim composta por 403 pequenas empresas e 226 médias empresas, num total de 629 PME, que se traduziram em 1.22123 observações, com o número máximo de observações por entidade a ascender a 3, desde que se dispusesse de demonstrações financeiras relativas a todos os exercícios no período de 2006 a 2009 e que o montante das dívidas a instituições de crédito no curto e médio e longo prazo fosse sempre igual ou superior a 50 milhares de euros.

De uma primeira análise efectuada à amostra foi possível concluir que, em termos médios, as empresas seleccionadas eram financiadas em cerca de 77% por capitais alheios e que dessa contribuição, cerca de 42% dizia respeito a financiamento bancário, pelo que há que referir também o importante contributo do crédito comercial no financiamento das PME do sector da construção. No cômputo do financiamento bancário, as dívidas a curto prazo representavam apenas 39% do total, indo de encontro com a média do sector24, mas apresentando-se inferior à média da totalidade das PME portuguesas, onde o peso das dívidas a curto prazo é superior a 50%.

CARACTERIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS

Para medir o grau de financiamento da actividade das PME do sector da construção através do recurso ao crédito bancário, foi utilizado um indicador de estrutura frequentemente

23 Após remoção de outliers, a amostra final totalizou 1.213 observações.

24 De acordo com dados disponibilizados pelo Banco de Portugal, entre 2007 e 2009, o peso das dívidas a

51 aplicado em análise financeira que consiste no quociente entre o total das dívidas a instituições de crédito e o total do activo líquido.

No que se refere à selecção das variáveis independentes, procurou-se, em função da documentação disponível, agrupar um conjunto de rácios financeiros usados habitualmente na análise financeira e na análise do risco de crédito que permitissem abranger diferentes tipos de indicadores capazes de influenciar de forma significativa a variável dependente e acrescentar valor para o modelo. De seguida, recorrendo à teoria e literatura existentes, nomeadamente, a estudos sobre a estrutura de capitais das PME, foram seleccionados mais alguns indicadores de referência.

Neste âmbito, apuraram-se, a partir da base de dados disponibilizada pela Coface Serviços Portugal, SA, os rácios e indicadores económico-financeiros que se apresentam de seguida.

Tabela 6.2.1.2: Selecção das variáveis independentes

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CARACTERIZAÇÃO DO MODELO

O modelo de regressão linear múltipla é o que melhor se aplica ao objecto em estudo, uma vez que permite predizer o valor de uma variável dependente, a partir dos valores quantitativos das diversas variáveis explicativas. No modelo de regressão linear múltipla, a relação funcional entre uma variável dependente e mais do que uma variáveis independentes (Xi; i = 1, …, p) é do tipo:

Yi = β1 + β2X2i + β3X3i ... + βp Xpi + εj (j = 1, …, n), onde:

Yi - Variável dependente. No caso em apreço, esta variável é dada pelo peso das dívidas a instituições de crédito no total do activo.

Xi - Variáveis independentes. No presente caso, as variáveis independentes são constituídas pelos rácios e indicadores económico-financeiros apresentados na tabela anterior, relativos ao exercício precedente das observações da variável dependente.

βp - Parâmetros a estimar εj – Termo de erro

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