• Nenhum resultado encontrado

Seletividade toponômica

INTERAÇÕES HERBICIDA-PLANTA

7. INTERAÇÕES DESFITOTOXICANTES

9.3. Seletividade toponômica

A seletividade toponômica é um conjunto de técnicas cujo objetivo é separar a planta cultivada do mato, na ocasião do tratamento herbicidico, de modo que, ou somente o mato receba o tratamento, ou também a cultura o receba, porém, em condições de não ser injuriada. Isto se consegue conhecendo-se o hábito de crescimento, tanto da cultura como do mato, de modo a proteger aquela das injúrias do herbicida. Por exemplo, o CIPC pode ser aplicado em pré-emergência, em cultura de arroz. Aplicado ao solo, ele fica localizado na camada superficial, onde germina o mato. O arroz e o capim-arroz podem germinar abaixo dessa camada, mas, para emergir, devem atravessá-la. O arroz produz o seu primeiro nó abaixo da camada tratada (Figura 19), ao passo que o capim-arroz vai produzi-lo mais próximo da superfície, já na região em que se encontra o herbicida. O arroz não sofre a ação do herbicida, na camada tratada, porque seu meristema apical está protegido pelo coleóptilo e seu mesocótilo, que é a região vulnerável à entrada do herbicida, situa-se abaixo da referida camada. O capim-arroz, no entanto, possui um mesocótilo longo, que atinge a camada tratada.

O mesocótilo do capim-arroz fica, pois, exposto à entrada do herbicida, que nele penetra e se transloca para cima indo matar o meristema apical e o primeiro nó.

Figura 18 – Efeito de três níveis de nitrogênio, em soja, sobre a sua susceptibilidade aos herbicidas auxínicos. A susceptibilidade aumenta com o nível de nitrogênio fornecido à planta (Adapt. de WOLF et alii, 1950).

O conhecimento das condições agronômicas para o bom desenvolvimento das plantas cultivadas, bem como das condições ecológicas e hábito de desenvolvimento do mato permitem conseguir-se a seletividade toponômica, usando-se de várias modalidades ou tipos de aplicações de herbicidas.

Em geral há dois tipos de tratamentos com herbicidas, que são o tratamento no solo e o tratamento na folhagem.

Figura 19. Arroz e capim-arroz; a – arroz; ca – capim-arroz; m – mesocótilo; n – primerio nó; col – coleóptilo; st – solo tratado; snt – solo não tratado.

Ao se adotar esta divisão, considera-se somente a emergência da cultura, e define-se como emergência a fase em que as plântulas da cultura estão rompendo a fina crosta superficial do solo e começam a ser notadas pelo lavrador. Em relação ao mato, considera- se pré-emergência o período que vai da semeadura da cultura até o aparecimento das plântulas de mato na superfície do solo, e pré-emergência tardia, até a fase em que o mato está com os cotilédones abertos (dicotiledôneas), ou com uma só folha totalmente distendida (monocotiledôneas).

As aplicação ao solo podem ser feitas em pré-plantio e em pré-emergência, este, em

cobertura ou em faixas; e aplicações em pré-emergêcia-do-mato, em jato dirigido, para não afetar a cultura.

As aplicações à folhagem podem, conforme os caos, ser feitos sobre a cultura ou

sobre o mato. Considera-se somente a emergência da cultura. Neste caso, o herbicida pode ser aplicado em pré-plantio, ou em pré-emergência, ambas em cobertura; a aplicação na

emergência, em cobertura, se faz depois que o mato já passou e a cultura começa a surgir na superfície do solo.

A aplicação em pós-emergência, em cobertura, se faz sobre a folhagem do mato e da cultura, desde que o herbicida seja bioquimicamente seletivo para a cultura. Este tratamento pode ser feito também em faixas cobrindo apenas as linhas da cultura.

Se o herbicida não é bioquimicamente seletivo para a cultura faz-se a aplicação em pós-emergência em jato dirigido sobre o mato sem atingir as plantas da cultura.

Além dessas modalidades, há casos especiais de combinações de tratamento de pré- plantio com pré emergência, e outros, tais como, incorporação ao solo, do herbicida aplicado em pré-plantio ou em certos casos em pré-emergência.

A incorporação do herbicida ao solo, geralmente se faz quando o herbicida é fotodecomponível não devendo portanto permanecer à superfície, recebendo raios solares. Também, quando o herbicida é de muito baixa solubilidade em água, permanecendo na camada superficial do solo após a aplicação, ele deve ser incorporado à profundidade desejada para que possa atingir as plântulas de mato que se encontram a essa profundidade. 10. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ASHTON, M.F. & CRAFTS, A.S. Mode of action of Herbicides. – John Wiley & Sons. New York, 1973.

AUDUS, L.J. (Editor) – The Physiology and Biochemistry of Herbicides, Academic Press. New York. 1964.

BEHRENS, R.W. – The Physical and Chemical Properties of Surfactants and Theis Effects of Formulated Herbicides Weed 12 (4): 255-58. 1964.

BONNET, J.A. – Chemical Concept About Sucrose Formation and Maturity of Harvested Sugarcane in Puerto Rico. Sugar Jour. 25 (1): 45, 1962.

CAMARGO, P.N. – Fisiologia de Herbicidas. ESALQ-USP. Piracicaba, SP. Brasil. 1970.

CAMARGO, P.N. – Fisiologia da Cana-de-açúcar – ESALQ-USP. Piracicaba, SP. Brasil, 1970.

CAMARGO, P.N. – (coordenador) Texto Básico de Controle Químico de Plantas Daninhas. 3ª ed. ESALQ-USP, Piracicaba, SP, Brasil, 1971.

CAMARGO, P.N. & SILVA, O. – Manual de Adubação Foliar. Editora e Distribuidora Herba. Piracicaba, SP, Brasil. 1975.

CURRIER, H.B. & DYBING, C.D. – Foliar penetration of Herbicides-review and present status. Weeds 7(2): 195-213. 1959.

DEVLIN, R. – Plant Phisiology. 3rd. ed. D. Van Nostrand Company. New York, 1975.

FOY, C.L. & SMITH, L.W. – The role of surfactants in Modifying the activity of herbicidal Sprays-Pesticidal formulations research. Am. Chem. Soc. Washington, 1969.

KLINGMAN, G.C. – Weed Control; As a Science. John Wiley & Sons. New York. 1960.

KROGMAN, D.W. – The Biochemistry of Green Plants. Prentice. Hall Inc. New Jersey, U.S.A.. 1973.

Louis, E.S.A. 1974.

MEYER, B.S. & ANDERSON, D.B. – Plant physiology – 2nd ed. D. Van Nostrand Company Inc. New York, 1958.

SARGENT, J.A. – The Penetration of Growth Regulators into Leaves. Ann. Rev. Plant. Phys. 16: 1 - , 1965.

STREET, H.E. – Metabolismo de las Plantas. Versión Española de Maximiano R. López. Editorial Alambra – Buenos Aires. 1969.

WOLF, D.E., VERMILLION, G., WALLACE, A. & AHLGREN, G.H. – Bot. Gaz. 112, 118093, 1950.

WORT, D.J. – Effects of Herbicides on Plant Composition and Metabolism. In Audus (editor) – “The Physiology and Biochemistry of Herbicides” Academic Press. New York. 1964.

ZELITCH, I. – Photosynthesis, Photorespiration and Plant Productivity. Academic Press, New York. 1971.