Após a produção das provas na audiência de conciliação, o juiz vai proferir a sua sentença.
Perceba, então, que NÃO há previsão legal para os debates orais, ou para que as partes apresentem alegações finais.
De modo geral, a sentença possui alguns elementos essenciais:
Art. 489. São elementos essenciais da sentença:
I – o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo;
II – os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;
III – o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem.
Muita atenção ao que vou te dizer agora:
Nos Juizados, o relatório é dispensado!
Isso mesmo: o juiz fará apenas um breve e sucinto resumo dos fatos importantes que ocorreram na audiência de instrução e julgamento.
Ex: Ele vai se referir aos informes mais importantes registrados nos depoimentos das partes e testemunhas Os fundamentos e o dispositivo, contudo, permanecem OBRIGATÓRIOS!
Art. 38. A sentença mencionará os elementos de convicção do Juiz, com breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audiência, dispensado o relatório.
As sentenças devem ser sempre líquidas.
Isso quer dizer que a sentença deve sempre determinar “o que” e “quanto” o vencido no processo deve à parte vencedora, ainda que o autor apresente um pedido genérico, que é aquele que não determina quanto se deve ou o que se deve!
Um servidor do próprio juizado fará os cálculos relativos conversão de índices, de honorários, de juros e de outras parcelas!
Art. 38. Parágrafo único. Não se admitirá sentença condenatória por quantia ilíquida, ainda que genérico o pedido.
Art. 52. I - as sentenças serão necessariamente líquidas, contendo a conversão em Bônus do Tesouro Nacional - BTN ou índice equivalente;
II - os cálculos de conversão de índices, de honorários, de juros e de outras parcelas serão efetuados por servidor judicial;
Assim como o pedido do autor, a sentença também deverá observar o “teto” de 40 salários-mínimos.
Se houver condenação em quantia superior ao “teto”, apenas a parte que o exceder será considerado ineficaz, sem efeito algum.
Em uma sentença que condene o réu a pagar 80 salários mínimos, a condenação relativa aos 40 salários mínimos excedentes não terá eficácia.
Contudo, os 40 salários mínimos restantes continuam eficazes e podem ser executados pela parte vencedora
Também no Juizado Especial, as sentenças podem ser de extinção com ou sem resolução de mérito!
S
ENTENÇAT
ERMINATIVAS
ENTENÇAD
EFINITIVA→
É a sentença que extingue o processo sem a análise e a resolução da pretensão do autor.
→
Além dos casos já previstos no Código de Processo Civil, a Lei dos Juizados estabeleceu algumas hipóteses que poderão resultar na extinção do processo sem resolução de mérito:
Art. 51. Extingue-se o processo, além dos casos previstos em lei:
I - quando o autor deixar de comparecer a qualquer das audiências do processo;
É muito importante que o AUTOR compareça a todas as audiências designadas no Juizado. Se ele faltar a uma delas, o processo é extinto sem resolução do mérito!
→
É a sentença que extingue o processo com a análise do pedido do autor.
Pode ser que o juiz que o juiz julgue procedente o pedido da parte autora, satisfazendo a sua pretensão... Pode ser que ele julgue o seu pedido parcialmente procedente... Pode ser que ele entenda que a parte autora não está com a razão, decidindo-se pela total improcedência!
→
As sentenças que julgam o mérito, quando não
mais suscetíveis de recurso, não podem mais ser
discutidas, no mesmo processo (coisa julgada
formal), ou em qualquer outro (coisa julgada
material).
Lembrete: Se o RÉU não comparecer à audiência, ele sofrerá as penas da revelia.
§ 2º No caso do inciso I deste artigo, quando comprovar que a ausência decorre de força maior, a parte poderá ser isentada, pelo Juiz, do pagamento das custas.
II - quando inadmissível o procedimento instituído por esta Lei ou seu prosseguimento, após a conciliação;
Há várias regras que definem os contornos do procedimento nos Juizados Especiais Cíveis. Se o autor infringir alguma(s) dela(s), o juiz extinguirá o processo sem a resolução do mérito.
Ex: autor ajuíza uma ação contra réu preso, o que é vedado.
III - quando for reconhecida a incompetência territorial;
As regras de competência em razão do território foram estabelecidas no art. 4º da Lei 9.099/95. Caso haja desrespeito a alguma delas, haverá extinção do processo sem julgamento do mérito.
IV - quando sobrevier qualquer dos impedimentos previstos no art. 8º desta Lei;
Se no curso do processo o autor ou o réu incorrerem em algum impedimento previsto no art. 8º (incapaz, preso, pessoas jurídicas de direito público, empresas públicas da União, massa falida e insolvente civil), o processo será extinto sem julgamento do mérito.
V - quando, falecido o autor, a habilitação depender de sentença ou não se der no prazo de trinta dias;
VI - quando, falecido o réu, o autor não promover a citação dos sucessores no prazo de trinta dias da ciência do fato.
→ Transitada em julgado, a sentença ou decisão de mérito não poderá mais ser questionada no Poder Judiciário
– ela se torna imutável eindiscutível.
→ O nosso Código de Processo Civil determina que a sentença ou decisão de mérito transitada em julgado poderá ser “rescindida” em alguns casos específicos
7por meio de uma ação rescisória que poderá reformar o que já foi decidido.
Contudo, muita atenção: a ação rescisória NÃO é admitida nos Juizados Especiais Cíveis!
Art. 59. NÃO se admitirá ação rescisória nas causas sujeitas ao procedimento instituído por esta Lei.
Vem comigo resolver uma questão:
(VUNESP
– TJ/RJ – 2016 – Adaptada)Quanto ao procedimento do Juizado Especial Cível, julgue o item abaixo.
Presentes os requisitos legais, é possível ação rescisória de decisão transitada em julgado proferida no âmbito de competência de Juizado Especial.
RESOLUÇÃO:
Negativo! Ação rescisória não tem cabimentos no âmbito dos Juizados Especiais Cíveis:
7 Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:
I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;
II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente;
III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;
IV - ofender a coisa julgada;
V - violar manifestamente norma jurídica;
VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória;
VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável;
VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos.
Veja outra regrinha:
§ 1º A extinção do processo independerá, em qualquer hipótese, de prévia intimação pessoal das partes.
Art. 59. NÃO se admitirá ação rescisória nas causas sujeitas ao procedimento instituído por esta Lei.
Veja uma questão cobrada em um concurso:
(FUNDEP – TJMG – 2005) Considerando-se a execução nos Juizados Especiais, julgue o item abaixo.
Sendo ilíquida a sentença, antes de executá-la, se procede à liquidação para apurar o valor devido.
RESOLUÇÃO:
A afirmativa está incorreta, já que o juiz não poderá proferir sentença ilíquida nos processos que correm nos Juizados Especiais e consequentemente não haverá liquidação da sentença para apurar o valor devido:
Art. 38. Parágrafo único. Não se admitirá sentença condenatória por quantia ilíquida, ainda que genérico o pedido.