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As sepulturas UEs 2712, 2803, 5206 e 7104 dis- põem-se de forma aleatória entre a área dos recin- tos n.º 1 e n.º 3 e o Recinto n.º 2.

A sepultura UE 2712 (Fig. 20) apresentava contornos sub-rectangulares com 1,84 m de com- primento por 0,8 m de largura e 1,18 m de profun- didade e estava orientada oés-noroeste – lés-su- deste (ONO-ESE). No seu interior encontrava-se

sepultado um indivíduo adulto do sexo masculino em posição de decúbito lateral esquerdo, seguin- do a orientação Oeste (crânio) – Este (pés). Em associação registou-se a presença de uma fíbula de bronze, junto ao antebraço direito Esta cor- responde a um exemplar do tipo Ponte 3b, com cronologia dos séculos VII-VI a.C.86 Encontra-se completa com arco de secção retangular, com os seus extremos num enrolamento paralelo forman- do quatro voltas em cada; cada uma das molas unilaterais desenvolve-se no pé e fusilhão. Alguns dos paralelos deste tipo de fíbula mais próximos encontram-se na necrópole do Senhor dos Márti- res (Alcácer do Sal).87

86 Ponte 2006: 98 e 424

87 Estrela et al. 2012: 248; Ponte 2006: 424

A sepultura UE 2803 (Fig. 21.1) estava orien- tada Nordeste-Sudoeste (NE-SO) e dispunha de uma planta sub-rectangular com 1,88 m de compri- mento por 0,65 m de largura e 0,56 m de profundi- dade. Esta possuía um escalonamento na cabeceira e nos pés da sepultura que reduzia o seu compri- mento para 1,44 m. Tal como em outros exemplos já aqui referidos, este escalonamento parece ter servido para assentamento de uma tampa.

Atestou-se a presença do esqueleto de um indi- viduo adulto, muito provavelmente do sexo mas- culino. Apresentava-se com o tronco deposto so- bre as costas, o crânio sobre o lado direito, com a face voltada a sudeste e orientado no eixo sudoeste (crânio) – nordeste (pés). Não se encontrava qual- quer espólio votivo em associação.

A sepultura UE 5206 (Fig. 21.2), de planta sub- rectangular, encontrava-se disposta numa orienta- ção Este-Oeste (E-O). Apresentava um compri- mento de 2,36 m por 0,64 m de largura e 0,50 m de profundidade. O seu enchimento permite-nos afi rmar que esta sepultura foi alvo de violações e que continha dois indivíduos. Foram registados os seguintes níveis de restos ósseos:

UE 5201. Conjunto de peças ósseas desarticu- ladas e sem qualquer tipo de organização, encon- trado junto à cabeceira da sepultura e que terão resultado, muito provavelmente, da violação da sepultura. Foram recuperados e identifi cados frag- mentos de um crânio, um dente superior solto, uma mandíbula, uma omoplata direita, um metacárpico, dois ilíacos (um esquerdo e um direito), um sacro e um fémur esquerdo. Estas peças ósseas pertencem, a avaliar pela sua maturação e pela não repetição de peças ósseas, a pelo menos um indivíduo adulto.

UE 5202. Ossos longos dos membros inferiores de uma inumação primária, que terá sido efetuada seguindo a orientação Oeste-Este, muito provavel- mente, em posição de decúbito lateral direito, a ava- liar pela disposição dos mesmos, fl etidos à direita.

UE 5203. Fémur direito.

UE 5205. Esqueleto parcial que apresentava em continuidade anatómica as tíbias, os perónios e al- guns ossos dos pés. As restantes peças ósseas terão sido removidas e/ou destruídas aquando do enter- ramento do indivíduo UE 5202 e/ou da violação da sepultura, eventualmente, numa tentativa de saque. Apresentavam-se fl etidos à direita e orienta- dos no eixo Oeste-Este e pertencem, a avaliar pela sua dimensão e morfologia, a um indivíduo adulto.

Ou seja, estamos perante o sepultamento de dois indivíduos, um sobre outro, obedecendo à mesma posição – deitados para o lado direito com os mem- bros fl ectidos e numa orientação Oeste-Este.

No que diz respeito ao espólio, apenas foi recu- perado parte (peça fêmea) de um fecho de cinturão tartéssico de ferro com três garfos, correspondente ao tipo 3 de Cerdeño,88 com cronologia dos séculos VII-VI a.C. (Fig. 21, n.º 3).

A sepultura UE 7104 (Fig. 22) não foi detec- tada no decurso da escavação. Só quando foi re- alizada a abertura de vala é que foi possível a sua identifi cação, mas também a sua destruição parcial. O seu enchimento muito semelhante ao substrato, foi pontuado pela presença de um bloco pétreo e de uma tigela cerâmica. Estes elementos permitiram

88 Cerdeño 1981: 49.

comprovar que estávamos perante uma sepultura. Não foram recuperados restos osteológicos hu- manos e a sua confi guração suscitam-nos algumas dúvidas, uma vez que nesta área existiam veios de argila de cor de laranja de tonalidade clara.

A tigela de fabrico manual possui perfi l tronco- cónico, bordo arredondado simples e um pequeno fundo plano simples (Figs. 22 e 23, n.º 6). Como particularidade especial, esta peça apresenta uma única perfuração pré-cozedura sob o bordo, carac- terística que se generaliza nas tigelas ao longo de toda a Idade do Ferro, sendo no entanto geralmen- te compostas por duas perfurações pré-cozedura sob o bordo e não por uma única, estando esta ca- racterística atribuída à função de suspensão destes recipientes.89 O facto de possuir apenas uma per- furação e não duas como é habitual, poderá consti- tuir uma marca arcaizante dentro do universo das tigelas da Idade do Ferro, à semelhança do que já foi proposto para uma necrópole do Baixo Alente- jo com uma tigela com características distintas ao nível da solução para suspensão,90 estando assim possivelmente vinculada a uma época de experi- mentalismo, em que novos modelos, morfologias e maneiras de utilizar os recipientes chegavam à região, as quais seriam alvo de reinterpretação e reprodução local, conduzindo desta forma a peque- nas variantes (quer fossem acidentais ou intencio- nais) e adaptações, as quais se terão esbatido com o tempo, predominando o modelo exógeno inicial. 3. SEPULTURAS ESCAVADAS NA EMPREI-

TADA TROÇO DE LIGAÇÃO PISÃO-BEJA

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