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Já foi referido que a primeira tratativa de descarte da UEMA aconteceu em sua forma embrionária de FESM, em 1975, numa tentativa de fusão da FESM com a

436 MEDEIROS, 2016a, l. 75-81

UFMA, como parte de um entendimento entre a SIDERBRAS438 (Siderurgia

Brasileira S/A), a Secretaria de Assuntos Universitários (SAU) do MEC e o Governo do Estado, na pessoa do então Secretário de Estado da Educação, Prof. Jerônimo Pinheiro, o qual era docente da UFMA. Seriam transferidas as escolas de Administração, de Engenharia, de Agronomia e a Faculdade de Educação de Caxias e seus respectivos patrimônios para a UFMA.

Tomando distância no tempo dá para perceber nessa iniciativa uma tentativa de aproximação da universidade com o campo empresarial, como reflexo do modelo americano de universidade sensível às demandas da comunidade, tal como recomendou Atcon439 em seu relatório de 1966, cujas orientações foram absorvidas

em parte pela Reforma Universitária de 1968.

Mas como um campo, enquanto microcosmo social, embora não comporte homogeneidade, pois é um campo de lutas entre seus próprios agentes para a conservação ou a transformação de sua estrutura, também seus agentes se reconhecem mutuamente e ao se reconhecerem num mesmo projeto, como campo de força, serão propensos a se imporem para delimitar suas fronteiras diante dos demais campos440, foi percebido divergências de interesse entre o campo

acadêmico, a FESM, e o campo político, o Governo, em que o campo político exorbitou as fronteiras ao impor à FESM, desconhecendo sua autonomia legal garantida pelo Estado441, sua incorporação à UFMA e, consequentemente, sua

dissolução.

Também foi denotada uma competição entre um campo já estabelecido, a UFMA, e um que estava começando a se estabelecer, portanto, recém-chegado, a FESM. Nessa primeira tentativa de dissolução dessa instituição de ensino superior mantida pelo Estado não havia concordância entre uma ala do Governo,

438 SIDERBRAS foi uma Sociedade de Economia Mista, vinculada ao Ministério da Indústria e do Comércio,

criada pela Lei No. 5.919, de 17 de setembro de 1973, para, entre outros objetivos, promover e gerir os interesses da União em empreendimentos siderúrgicos e de atividades afins.

439 ATCON, 1966, p. 8 e 9. “A missão da universidade moderna é “Promover contatos estreitos com a

comunidade, para servir às suas instituições espirituais, sociais, artísticas, econômicas, científicas e industriais”. Em suma, “... a universidade tanto deve dirigir-se à satisfação das necessidades do indivíduo, como às da

comunidade, sem prejudicar um objetivo em nome do outro” (grifos do autor).

440 BOUDIEU, 1996, op. cit. p. 50.

441 “Dado que concentra um conjunto de recursos materiais e simbólicos, o Estado tem a capacidade de regular

o funcionamento dos diferentes campos, seja por meio de intervenções financeiras (como, no campo econômico, os auxílios públicos a investimentos ou, no campo cultural, os apoios a tal ou qual forma de ensino), seja através de intervenções jurídicas (como as diversas regulamentações do funcionamento de organizações ou do comportamento dos agentes individuais)”. Ibid. p. 51.

capitaneada pelo secretário de educação, e a FESM, cujo presidente gozava de prestígio junto ao governador, haja vista que era juiz de carreira, embora afastado da função por força do regime militar, e filho de desembargador influente, em pleno exercício.

Porém, nessa relação de força, o campo acadêmico embrionário sobrepujou o campo político, e houve a garantia de continuidade da FESM. Mas vale lembrar que essas investidas contra a continuidade dessa instituição nos anos anteriores à criação da UEMA partiram do campo político do governo de forma indireta, seja através de um secretário de estado, de um membro do conselho ou de um requerimento de um deputado.

Entretanto, a investida para descartar a UEMA, em 1984, partiu diretamente do próprio governador do Estado do Maranhão, Luiz Coelho Rocha (1983-1987), por considerá-la onerosa demais, em carta dirigida à Esther Figueiredo Ferraz, Ministra de Estado da Educação do governo do Presidente João Batista de Oliveiro Figueiredo, um ano antes do final da Ditadura Civil-Militar, propondo a encampação da UEMA pelo Governo Federal.

Na carta, o governador lamentava que a UEMA estivesse consumindo 9,4% dos parcos recursos do Estado destinados à educação, “acarretando sérias dificuldades, diante da situação de precariedade econômica atravessada pelo Maranhão”442, quando o Estado envidava “todos os esforços para diminuir a taxa de

analfabetismo, que atinge um índice em torno de 50% da população adulta”443,

acrescentando que “qualquer distribuição de recursos para a área e não aplicados na educação básica terá reflexos restritivos sobre esta”444.

Essa argumentação evidenciava falta de visão estratégica quanto ao controle dos meios para impulsionar o desenvolvimento do Maranhão e/ou ausência de vontade política do referido chefe do executivo estadual, porque já havia acontecido, na década de 1960, de o governador ter proposto à UFMA parceria para formar professores para o ensino médio e a mesma ter se esquivado, razão pela qual, para por em funcionamento a FFPEM de Caxias, foi necessário buscar a colaboração da FFCL da USP. E embora seja verdade que o Governo Luís Rocha tenha acontecido num momento de extrema crise econômico-financeira

442 ROCHA, Luís Coelho. Carta enviada à Ministra da Educação Ester Ferraz. Arquivos da Diretoria do

CESC/UEMA, 2016.

443 Ibid. 444 Ibid.

experimentada pelo Brasil, a visão estratégica não recomendaria o descarte do controle da UEMA como ferramenta de impulso à debelação do analfabetismo e da melhoria do ensino de 1° e 2° graus, além do atendimento das demandas de mão de obra e de pesquisa para um Maranhão potenciado como fronteira agropecuária e metalúrgica, haja vista que os gaúchos chegavam ao sul do Maranhão, e o Porto de Itaqui era o grande escoadouro da produção do decorrente do GPC.

Como foi dada uma resposta positiva à missiva do governador, em 17 de abril de 1984, o então reitor Jacques Inandy Medeiros solicitou que todos os segmentos da universidade formassem comissões para acompanhar a federalização da UEMA. Assim, já numa sessão solene de comemoração do 4° aniversário da APRUEMA, foi criada uma comissão de docentes para Acompanhar a Federalização da UEMA445, quase um ano antes por término do mandato do Presidente João

Figueiredo.

Porém, depois desse momento, não foi encontrada fonte alguma dando conta de algum debate em torno dessa questão durante todo o ano de 1984. Mas, por que essa mobilização não foi adiante? Como nada ocorre por acaso, há que ser lembrado que, no início do segundo semestre daquele ano, o senador José Sarney, por não vislumbrar a possibilidade de disputar a presidência da república como candidato oficial, abandonou a base do governo, com sua legião de correligionários, e foi chamado para compor a chapa de oposição no Colégio Eleitoral, o que tornava nada interessante ao Governo Federal tocar essa empresa, pois seria contraditório para o jogo sucessório. Dessa forma, a proposta ficou hibernando.

E também o assunto “federalização da UEMA”, como se fosse um “tabu”, não foi mencionado uma única vez espontaneamente, quando os sujeitos desta pesquisa foram solicitados a pontuar acontecimentos significativos experienciados, que eles julgavam relevantes, na trajetória da Universidade. Esse comportamento manifesta a seletividade da memória, enquanto uma experiência interior do sujeito que recorda, o qual nem sempre tem interesse em rememorar experiências não

445 Ata de 17/04/1984. Convocação para sessão solene do 4º. Aniversário da Associação dos Professores da

UEMA, a qual foi criada em 29 de abril de 1980 com a denominação de APROFESM. Nesta Ata há registro da criação de uma “Comissão para Acompanhar a Federalização”, composta por Bolbi Miranda do Nascimento, Raimundo Negreiros Vale e José de Ribamar Santos Vaz; da Comissão de Reivindicação junto ao governador, composta por Bolbi Miranda do Nascimento, Hamilton Brito Leda, José de Ribamar Moreira Lima e Nicanor Azevedo Filho. (Acervo da APRUEMA, 2016).

exitosas, por isso está aberta à lembrança e ao esquecimento446, como nesse caso,

porque a maioria da comunidade universitária, beirando a unanimidade (Cf. Tabela 5, p. 173), desejou a federalização, pois a viu como altamente relevante para si, naquele primeiro momento, uma vez que era vislumbrada a obtenção, em grau bem mais elevado, de capital econômico e de capital simbólico.

O capital econômico consistia basicamente na melhoria salarial; e o capital simbólico consistia em algo para além de uma mudança de status, pois docentes, técnico-administrativos e discentes passavam de uma universidade recém-criada e não autorizada ainda, que funcionava precariamente, para uma universidade já estabelecida e com valor simbólico reconhecido pela sociedade, pertencente à esfera federal.

Mas com ascensão de José Sarney a Presidente da República, em decorrência da doença e do óbito inesperados do presidente eleito Tancredo Neves447, a proposta do governo estadual de federalização da UEMA adquiriu força

e atraiu simpatizantes ao ponto de quererem que a questão fosse decidida às pressas, não fossem membros da comunidade exigirem uma discussão mais aprimorada antes de tomar a decisão, a qual foi feita através de um plebiscito, tendo o DCE e os DA’s se posicionado através de manifestos.

O manifesto do DCE já expressava uma clara adesão à proposta de federalização da UEMA, pois, segundo o diagnóstico que faziam, não havia possibilidade de existência para aquela instituição que era dada como falida, fazendo coro com o Governo Luís Rocha.

Durante todo seu período de vida, nossa Universidade sempre esteve mergulhada nos mais variados problemas. Que vai desde a pontualidade do ônibus até a defasagem de títulos na biblioteca, aos baixos salários dos professores à ausência e falta de manutenção dos laboratórios.

Durante todo esse período parece que a cada dia a UEMA vai emborcando ainda mais num obscuro fosso448.

446 NORA, 1993, op. cit. p. 9.

447 Como é amplamente conhecido, Tancredo Neves foi eleito Presidente da República pelo Colégio Eleitoral da

Ditadura Civil-Militar, tendo José Sarney como vice. Na véspera da posse se vê impedido de assumir o cargo e em seu lugar é empossado o vice-presidente José Sarney, que em 21 de abril de 1985, com a morte de Tancredo Neves, é empossado como presidente.

Em síntese, os problemas principais enfrentados, tais como atualização do acervo bibliográfico, manutenção dos laboratórios e remuneração dos professores, diziam respeito a tudo que se fazia necessário em quantidade desejável ao bom funcionamento de uma UEMA e implicavam os pressupostos da universidade, segundo Karl Jaspers449, a saber: pessoas, Estado e sociedade e fundamentos

econômicos. Então, se os agentes do Estado desempenham suas funções tendo em vista a melhoria da sociedade, esses problemas se superam, pois um Estado que se preza priorizaria sua universidade, assim como qualquer pessoa preservaria o seu cérebro, já que uma universidade deve ser concebida como a inteligência, o cérebro da sociedade.

O manifesto não se apresentava como uma fala de resistência, mas como um lamento de rendição acomodatícia de quem não vislumbrando mais sobrevida, como se dissesse “seja feita a vossa vontade”, num tom de conformação à imposição da realidade. Nesse primeiro momento, nem de longe o movimento estudantil da UEMA de 1985 se reivindicou como herança dos movimentos de 1918 e 1968. E o mesmo acontecia em suas unidades, pois havia uma crença na salvação que proporcionaria o Estado em esfera federal, exceto na UEEC, onde DAT Tiradentes se manifestou de uma forma crítica sobre a questão no debate que ocorreu em 30 de abril no Restaurante Universitário, no Campus de São Luís, solicitando um tempo maior para fazer uma discussão nas unidades antes do Plebiscito, bem como em seu manifesto, do qual foi extraído o trecho abaixo.

Que fosse feito uma comissão composta por estudantes, professores e funcionários, envolvendo Caxias e Imperatriz, com o objetivo de levar uma discussão mais profunda com todos da comunidade Universitária, promovendo debates, simpósios e encontros, para que depois se deliberasse em favor ou contra da Federalização.

Cabe a nós, estudantes desta Unidade, nos mobilizarmos nas discussões sobre a Federalização.

Não devemos defender a Federalização como um milagre que venha ocorrer, na verdade está contribuindo para que a Educação não seja prioridade do Governo, também não podemos nos posicionar contra sem antes discutirmos o verdadeiro motivo desta mudança. Os prós e os contra450.

449 JASPERS, op. cit. p. 159-231.

450 UEMA. DAT. Manifesto sobre a Federalização da UEMA. Maio de 1985. Acervo do Diretório Central dos

É possível que nessa tênue resistência na UEEC tenha havido a interferência dos seguintes fatores: a) a distância do centro de decisões da UEMA e a proximidade da UFMA; b) a existência de um subcampo que disputava espaço de poder no campo da UEMA e se protegia das tentativas de eventuais interferências, reivindicando certa autonomia; c) ser espaço de predomínio do cultivo do saber humanístico sob a perspectiva de uma pedagogia histórico-crítica.

Lutas e disputas tomaram conta da comunidade universitária da UEMA451,

não em torno da produção simbólica, enquanto seu objeto próprio, mas quanto à decisão da UEMA existir ou não existir como instituição do campo acadêmico. Nesse caso, agentes apenas desejaram sobreviver à instituição, algo impossível, uma vez que é a relação dialética entre ambos que os sustentam. Entretanto, o pensamento dominante foi que a UEMA fosse incorporada à UFMA, que era entendida como federalização, de forma equivocada, contanto que docentes e agentes administrativos tivessem seus salários garantidos e melhorados, e que os alunos tivessem um diploma com maior valor simbólico, uma vez que a UEMA nesse tempo ainda não havia sido autorizada pelo Governo Federal, fato que só ocorreu em 1987. Numa reunião do CONSUN-UEMA, de 03 de maio de 1985, registrada em Ata, foi concedida autorização, por unanimidade, ao Reitor para que outorgasse, em épocas oportunas, o título de Doutor Honoris Causa ao então Presidente da República José Sarney. Essa outorga de título honorífico remonta à Idade Média, como forma de agradecimento e/ou de estímulo às pessoas que, de alguma forma, tenham contribuído ou viessem a contribuir para que a universidade cumprisse sua missão. E, nesse caso, não deixava de ser a antecipação da concessão de um bem simbólico, na perspectiva de que o supremo mandatário da Nação, como que numa troca, olhasse com maior atenção para a solução dos problemas da UEMA, dissuadindo-o da ideia de federalização enquanto absorção da UEMA pela UFMA, uma vez que não havia nenhum sentido ou seria constrangedor para alguém ser laureado com a mais elevada honraria que uma universidade pode conceder a um cidadão e, em seguida, essa mesma pessoa voltar para ordenar o requien452 da instituição que o distinguiu.

451 Nessa época a UEMA estava criada pela Lei 4.400/30.12.1981, mas ainda precisava ser autorizada pelo MEC,

algo que só aconteceu em 1987.

452 Esse termo originado do Latim requiem significa “descanso” ou “repouso”, o qual inicia o ritual de

Após esse ato, veio à tona, com muita força, a opinião de que o movimento realizado na Universidade em prol da “federalização” reforçava o pedido que o governador fez ao Ministério de Educação, no Governo Figueiredo, em 1984, inclusive com a comissão composta por cinco representantes dos segmentos da comunidade universitária, “para levantar dados, manter contatos com as autoridades e melhor esclarecer a comunidade sobre questões relacionadas com a Federalização, tendo em vista a realização do plebiscito em 30 de maio do corrente exercício”. E o Conselheiro Bolbi Miranda do Nascimento acrescentava que a SEEDUC solicitou à comissão um documento para reforçar a solicitação do governador, bem como expôs o problema dos baixos vencimentos dos professores. Logo após, o Presidente do Conselho explicou: “A Reitoria, reconhecendo o problema, levou ao CEPE vários pedidos de Incentivo à Produção Científica, e ainda foi encaminhado ao Senhor Presidente da República um plano emergencial solicitando recursos”. Essas eram medidas paliativas para dar aos professores condições de permanência, haja vista que os ordenados estavam defasados. A representação discente no Conselho apostava firmemente na federalização como uma solução para o problema, compreendendo “federalização” como transformação da universidade estadual em universidade federal, denotando não ter compreendido que o processo consistia apenas na transferência do capital aquela para esta, conforme segue.

O representante discente também manifestou sua preocupação com a questão salarial achando que a Universidade não pode esperar muito do professor que tem um salário abaixo do mínimo. Em seguida, quanto à questão “federalização” manifestou a posição da representação estudantil da seguinte maneira: aceitava a federalização pelo fato de afastar mais as influências políticas político-partidárias, de elevar a Universidade como centro tecnológico, centro de cultura e não como uma despesa a mais para o Estado. Os investimentos feitos por uma instituição em uma Universidade, mesmo em médio prazo, só virão a beneficiar o desenvolvimento do estado453.

Nessa exposição, o discente vislumbra três benefícios da federalização: fim da ingerência político-partidária, isto é, da extrapolação da fronteira do campo acadêmico pelo campo político; a melhoria da universidade como centro tecnológico,

em decorrência das possíveis inversões do Governo Federal em capital financeiro para aquisição de equipamentos tecnológicos; e haveria uma desoneração do Estado na esfera estadual, incorporando o discurso oficial que via a UEMA como uma despesa e não como investimento.

Entretanto, um pensamento firme de quem tinha uma experiência desde a criação das escolas isoladas foi a do Prof. Celso Beckman Lago, manifestando claramente sua posição contrária à federalização, principalmente quando solicita a presença dos fundadores das escolas e da FESM, num claro protesto contra a falta de memória daqueles que orquestravam o fim da instituição, pois “A necessidade de memória é uma necessidade de história”454, de conhecimento da experiência no

tempo.

O conselheiro Celso Beckman Lago solicitou a participação do CONSUN nesse estudo, explicando que toda a comunidade universitária deve participar da elaboração do documento, lembrando ainda que este Conselho tem um papel muito importante nas decisões da Universidade, estando o Reitor em 1º. lugar. Falou também de várias pessoas que tiveram uma participação muito ativa na criação da FESM. Na oportunidade sugeriu que essas pessoas fossem ouvidas, pois elas trabalharam, lutaram pela criação de cada curso, os quais surgiram para atender necessidades do próprio Estado que na época não encontrou respaldo do Governo Federal, tanto que olhando a história do Ensino Superior no Estado, constatamos um total de sete cursos no interior mantidos pelo Estado contra dois cursos mantidos pelo Governo Federal. (...) E, considerando a oportunidade oferecida pela História, com a presença do Dr. José Sarney na Presidência da República, a Universidade deve tirar o máximo de proveito propondo coisas novas em um documento que venha interessar ao desenvolvimento do Estado do Maranhão455.

O chamamento de Celso Lago, como era conhecido na universidade, quanto à responsabilidade do reitor naquele momento crucial, como que dispensando pouca atenção do reitor Jacques Medeiros, não deixou este menos impassível, haja vista que nas atas do CONSUN não fez intervenção pró ou contra, fazendo denotar que o campo acadêmico era terra por demais movediça, em se falando da autonomia universitária, e, portanto, que o campo político exorbitava as fronteiras da

454 NORA, 1993, op. cit.

universidade com a prática do clientelismo, como já foi dito anteriormente456. Mas

naquele momento, em que Celso Lago vislumbra uma oportunidade ímpar para a UEMA aproveitar em seu favor, pelo desenvolvimento do Maranhão, Luiz Rocha já havia rompido com Sarney457, e este nada fez em favor do Maranhão e muito menos

da UEMA, pois esta foi criada e estava sendo administrada por ex-aliados, respectivamente, pois num governo clientelista o Estado é colocado a serviço dos interesses políticos de quem está no campo do poder, funcionando na base da “troca de dádivas”, própria da economia das trocas simbólicas458, que é o mesmo

que “troca de favores”, muito comum na “economia política”.

Também Arthur Ribeiro Bastos, seguindo a conclamação anterior, manifestou o desejo de continuidade da Universidade, e desafiou os demais conselheiros a lutarem para tornar a UEMA uma instituição forte, como se a memória reavivasse na existência dos agentes envolvidos os ideais dos fundadores que